Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
11 anos e um dia antes de eu nascer, foi realizado o Grande Prêmio da Áustria no circuito de Osterreichring. A corrida teve alguns fatos históricos, o primeiro deles: era a corrida número 400 da categoria. Além disso, foi a primeira corrida da história onde todas as equipes usaram o motor turbo.
Para completar, foi nesta etapa que estreou pela ATS um jovem de 25 anos que se destacava na Fórmula 2. Seu nome? Gerhard Berger. Ele se juntava a Niki Lauda e Jo Gartner e foram os representantes da casa na corrida. Vale lembrar que foi na Áustria, 13 anos antes, que Niki estreou na categoria.
Ayrton Senna, na Toleman, se virava o quanto podia, e lá já começaram a pipocar as primeiras informações de que poderia assinar com a Lotus para a temporada seguinte.
Com o motor mais potente, Nelson Piquet fez mais uma pole position naquele ano. Na primeira fila também largou Alain Prost com a McLaren, seguidos de Elio de Angelis (Lotus) e Niki Lauda (McLaren). Senna foi o décimo.
Na largada, Prost saiu-se melhor que Piquet e assumiu a liderança. Com De Angelis parado no grid, quem se aproveitou disso tudo foi Senna, que pulou para a quarta posição. No entanto, a bandeira vermelha foi agitada devido a um mau procedimento de largada, e tudo teve que ser refeito. Piquet manteve a ponta com Prost em segundo, mas Lauda largou muito mal e caiu para nono. Em nove voltas, no entanto, já estava em terceiro.
Em quarto, o motor de De Angelis foi-se embora e ficou uma mancha de óleo na pista. Na volta seguinte, a McLaren de Prost escorregou ali e bateu. Fim de prova para o francês. A esta altura, Senna já era o terceiro, atrás apenas de Piquet e Lauda, beneficiado também com os abandonos de Keke Rosberg e Derek Warwick, ambos da Williams.
Senna e Patrick Tambay também ficaram pelo caminho. Com os pneus desgastados, restou a Piquet apenas poupar o equipamento, e assim Niki Lauda o ultrapassou e disparou na ponta para vencer pela primeira e única vez em casa. A Ferrari de Michele Alboreto fechou o pódio. Com a outra Brabham, Teo Fabi foi o quarto, seguido pela dupla da Arrows: Thierry Boutsen e Marc Surer fecharam o top 6.
Foto: Getty Images
Com a vitória e o abandono de Prost, Lauda assumiu a liderança do campeonato, com 48 pontos, 4,5 a mais que o francês. Com 91,5 pontos e 62 de vantagem a vice-líder Ferrari, a McLaren TAG Porsche dominou aquela temporada de forma assustadora, o que culminou com o tri de Lauda por meio ponto, mas isso você já sabe.
Post para relembrar mais um pouco do grande Niki, que recentemente nos deixou. 35 anos da sua única vitória em casa.
De tanto escapar e driblar da morte, Niki cansou e agora está no seu merecido descanso. No céu, já está reencontrando seu amigo e rival James Hunt, Ronnie Peterson, Clay Regazzoni, François Cevert, entre outros.
Morreu hoje Niki Lauda, tricampeão mundial de Fórmula 1, aos 70 anos. Desde o ano passado, ele passou a ter complicações após um transplante de pulmão em virtude de uma forte gripe que o deixou internado dois meses. No início do ano, chegou a ser novamente hospitalizado após passar mal nas festas de fim de ano. Segundo informações da imprensa europeia, ele teve falência renal e morreu ao lado dos familiares em casa, na cidade de Viena.
Mesmo oriundo de uma família rica, Lauda não teve o apoio dos familiares e investiu sozinho na carreira, fato este que o fez romper com a família por algum tempo. Pegando um empréstimo bancário, começou a correr pela March na Fórmula 2 em 1971, sendo rapidamente convidado a pilotar para a F1, fazendo sua estreia na corrida da casa. Depois de uma temporada catastrófica, Niki pegou outro empréstimo bancário e foi correr a temporada 1973 na BRM, equipe outrora vencedora mas já decadente. Sim, Niki Lauda era um piloto pagante.
Apesar de ter feito apenas dois pontos, Lauda chamou a atenção das grandes equipes ao liderar um GP pela primeira vez na carreira no Canadá. Parceiro de equipe de Clay Regazzoni, o suíço foi contratado pela Ferrari e, perguntado por Enzo Ferrari, deu altas recomendações para que o austríaco também viesse. E assim o jovem Lauda foi de pagante para piloto da Ferrari em três temporadas.
Lauda com a BRM, em 1973. No Canadá, chegou a liderar uma corrida. Foto: Getty Images
Depois de uma temporada desastrosa, a Ferrari queria recomeçar. Com Luca di Montezemolo no comando, os resultados começaram a aparecer. Logo na estreia, na Argentina, Lauda foi o segundo. O austríaco venceu duas corridas no ano (Espanha e Holanda). Apesar de seis poles na temporada, o jovem Lauda foi vítima da inexperiência e de problemas técnicos dos italianos, terminando a temporada em quarto.
Em 1975, a temporada não era boa até a estreia da histórica Ferrari 312T. Daí em diante, Lauda deslanchou. Com cinco vitórias e nove poles, sagrou-se campeão ao chegar em terceiro na Itália com a vitória do parceiro Regazzoni, o primeiro título da Ferrari em onze anos.
Lauda no ano do primeiro título. Foto: Getty Images
O ano seguinte vocês conhecem bem a história, aposto. O post acima conta com detalhes o acidente de Nurburgring e tudo mais. Qualquer coisa, assistam 'Rush'. Vou resumir: Lauda começou a temporada arrasador. No entanto, depois do acidente, ainda estava muito debilitado e viu James Hunt encostar na tabela. Na corrida derradeira, em Fuji, diante do temporal, o austríaco não quis correr o risco de novo e não largou. Hunt foi o terceiro e sagrou-se campeão.
Lauda e Hunt: rivalidade marcante que virou filme décadas depois. Agora, o reencontro no céu. Foto: Getty Images
No ano seguinte, já recuperado, o bicampeonato veio com facilidade. No entanto, a relação com a Ferrari estava estremecida. Brigando com o diretor Daniele Audetto, Lauda não gostou de ser substituído por Carlos Reutemann na temporada passada enquanto lutava pela vida. O argentino virou companheiro de equipe em 1977 e os dois não se bicavam muito. Após garantir matematicamente o título, Lauda simplesmente largou a equipe e não viajou para as duas etapas finais, permitindo assim a estreia de um certo Gilles Villeneuve.
Vale lembrar que Lauda também confrontou os italianos ao dizer, durante testes, que o carro era lento e o motor ruim, isso ainda quando era apenas um novato e sem a moral das vitórias e dos títulos. Lauda sempre foi um exímio acertador de carro, preso aos detalhes e extremamente exigente e perfeccionista, visto por muitos adversários e fãs como alguém antipático e metido, o que de fato poderia ser verdade.
1977: ano do bicampeonato e da cisão com a Ferrari. Foto: Motorsport
Nos dois anos seguintes, aceitou uma proposta milionária de Bernie Ecclestone para pilotar pela Brabham. No entanto, se o dinheiro foi bom, o desempenho na pista não foi dos melhores, graças a carro, é claro. Em 1978, até que foi bem: duas vitórias e dois terceiros lugares. No entanto, em 1979, abandonou em todas as corridas menos duas. Na penúltima etapa do ano, final de semana do Canadá, simplesmente se cansou "de andar em círculos", pegou suas coisas e foi embora. Niki Lauda aposentado.
Na Brabham: cansado de "andar em círculos", Lauda se aposenta. Foto: Getty Images
Lauda sempre gostou também de aviões e abriu uma companhia de boeings intitulada Lauda Air. No entanto, sempre estava com o circo nos paddocks, participando como comentarista. No final de 1981, recebeu uma proposta irrecusável de Ron Dennis para assinar com a McLaren. Estava quebrado. A Lauda Air lhe tirou dinheiro. E assim Niki Lauda estava de volta ao jogo depois de dois anos aposentado.
Com muitas dúvidas sobre como voltaria a categoria, Lauda tratou de acabar logo com isso ao vencer em Long Beach logo na terceira etapa do Mundial. Também ganhou na Inglaterra. Com muitos problemas com a McLaren, terminou o campeonato em quinto.
Em 1983, foi um ano de transição entre os motores Ford e o motor Porsche. Lauda conquistou apenas um terceiro lugar na corrida de abertura, no Brasil e um segundo em Long Beach para depois acertar o motor alemão, o que tornou a McLaren a grande candidata ao título de 1984.
Tendo como parceiro um jovem Alain Prost, Lauda sacrificava os treinos para poder render nas corridas. Com 12 vitórias em 16 etapas, a McLaren dominou a temporada. Com cinco vitórias e quatro segundo lugares, o austríaco foi mais regular que o francês e foi tricampeão com 72 pontos, apenas 0,5 a mais que Prost, em virtude da corrida em Mônaco ter valido metade por ter sido interrompida pela forte chuva. É até hoje a maior diferença de anos entre um título e outro. Lauda foi o único a retornar para a categoria e voltar a ser campeão, o único com Ferrari e McLaren.
Segundo lugar em Portugal foi o suficiente para sagrar-se tricampeão. Foto: Getty Images
Em 1985, o canto do cisne. Com muitas quebras e sem a mesma motivação outra vez, Lauda se despediu com a última vitória da carreira no GP da Holanda, que semana passada teve anunciado seu retorno à categoria.
A última vitória na carreira, com Prost e Senna no pódio. Foto:MotorSport
Lauda voltou a cuidar de suas empresas e do ramo dos aviões, mas nunca esteve de fato fora da F1. Nos anos 1990, foi consultor da Ferrari. No início dos anos 2000, ocupou o mesmo cargo na Jaguar. Niki protagonizou um episódio divertido: ele criticou os carros modernos e disse que "até um macaco dirigiria esses carros". Lauda então foi pilotar a Jaguar 2002 em um teste e, bem...
Lauda seguia vendendo e negociando novas companhias de avião até que em 2012 foi anunciado como presidente não-executivo da Mercedes e detinha 10% das ações da equipe. Foi peça fundamental para convencer Lewis Hamilton a trocar a McLaren pelo projeto alemão. Junto com Toto Wolff, formam o império do maior domínio de uma equipe na história da Fórmula 1.
Lauda convenceu Hamilton a ir para a Mercedes em 2013. Agora, os dois têm oito títulos somados. Foto: Getty Images
Toto e Niki: a maior dinastia da história da F1. Foto: Getty Images
Com seu inconfundível boné vermelho, Lauda virou um "velhinho" boa praça, carismático, bem-humorado e divertido em suas aparições e entrevistas, bem diferente do que era quando piloto. O acidente o humanizou perante o público e a ele mesmo.
Como consequência das queimaduras e gases tóxicos que inalou, Lauda nos anos seguintes teve que fazer transplantes de pulmões e rins. No ano passado, após contrair uma pneumonia, ficou internado por dois meses e fez um novo transplante de pulmão.
No início do ano, foi internado após sofrer uma forte gripe. Lauda mantinha-se confiante de que logo logo estaria de volta ao grid acompanhando a Mercedes. Infelizmente, nesta semana, os problemas renais acabaram se intensificando e ele faleceu de falência renal aos 70 anos em casa, na cidade de Viena.
Lauda deixa a esposa, Birgit Wetzinger (que cedeu um rim para transplante; eram casados desde 2009) e cinco filhos: os gêmeos Max e Mia, de oito anos, frutos do atual relacionamento, e Mathias, ex-piloto, e Lukas, de 39 e 37 anos, respectivamente, frutos do antigo casamento com Marlene Knaus (entre 1976 e 1991). Lauda também teve um filho fora do casamento chamado Christopher
A história de Niki Lauda ficou mais conhecida com o lançamento do filme 'Rush', em 2013. Dirigido por Ron Howard ('Uma Mente Brilhante'), o filme contou a história da temporada de 1976, que teve o antagonismo de James Hunt e Lauda no aspecto técnico e temperamental. Um perfeccionista hardworker vs um playboy beberrão e adepto de festas e orgias. Durante meses, Howard acompanhou a F1 in loco, com Lauda contando os detalhes e falando minuciosamente sobre aquela época. O resultado foi um filme espetacular. Se não assistiu, assista. Se já assistiu, assista novamente!
Chris Hewsworth e Daniel Bruhl em 'Rush'. Foto: Divulgação
Daniel Bruhl e Niki Lauda. Foto: Divulgação
Um super herói. Um cara que driblou e matou a morte várias vezes e agora pode descansar em paz. Seu esforço sobrenatural, a capacidade técnica e o perfeccionismo o fizeram ser um dos maiores pilotos e personagens da história do esporte a motor. O acidente quase fatal, que resultou nas queimaduras e em um rosto deformado, na verdade o humanizou de vez, mostrando que mais do que vencer, a vida vem em primeiro lugar, e esta foi a 26a e mais importante conquista de Andreas Nikolaus Lauda, que também teve 24 poles e 54 pódios.
Privilegiados aqueles que o viram correr, mas o seu legado já está eternizado, na história e no cinema. Obrigado, "computador".
Depois de publicar um material especial sobre a corrida pós-morte de Enzo Ferrari, o post de hoje relembra outras corridas marcantes realizadas em Monza. Sem mais delongas:
1983. Alain Prost (Renault), René Arnoux (Ferrari) e Nelson Piquet (Brabham) chegaram na Itália brigando pelo título. Enquanto isso, os preparativos para a adoção do motor turbo na temporada seguinte já estava sendo feitos. Fora da jogada, a McLaren TAG-Porsche, de Niki Lauda e John Watson, começava os testes.
Na pole, um italiano, mas não era a Ferrari. Com a Brabham, Riccardo Patrese superou os franceses Patrick Tambay e Arnoux. Piquet era o quarto e Prost largava em quinto. Na largada, Piquet pula para a segunda posição e herda a liderança logo na segunda volta depois do motor de Patrese estourar. Líder do campeonato, Prost teve um problema elétrico em sua Renault e abandonou na 35a volta.
No fim das contas, Piquet venceu, com a Ferrari de Arnoux em segundo e a Renault de Eddie Cheever em terceiro. Faltando duas etapas para o fim do campeonato, Prost liderava com 51, Arnoux tinha 49 e Piquet 46. O resto da história vocês já conhecem...
Pulamos dez anos no tempo. A grande expectativa da época era saber quando Prost iria se tetra e se iria continuar na categoria depois disso. Um bom indício disso foi a pole, com Damon Hill fechando a fila da Williams. Alesi (Ferrari) e Senna (McLaren) na segunda fila.
Na largada, Senna, Hill e Berger se tocam, o que causa um incidente mais grave que envolve cinco carros: a Sauber de J.J. Lehto, a Jordan de Marco Apicella e Rubens Barrichello e as Footwork de Aguri Suzuki e Derek Warwick. Tentando se recuperar, Senna tenta passar a Ligier de Martin Brundle, bate e faz os dois abandonarem.
Prost se encaminhava para uma vitória tranquila quando teve um problema no motor, na volta 48, e abandonou. Enquanto isso, Damon Hill fez uma corrida espetacular de recuperação e venceu com incríveis 40 segundos de vantagem para o segundo colocado, Jean Alesi. Mais incrível ainda foi ter colocado uma volta do terceiro em diante. Michael Andretti conquistou seu melhor resultado na F1, mas foi demitido da McLaren. Um jovem finlandês de nome Mika Hakkinen o substituiu.
Mesmo assim teve tempo para um acidente espetacular. Christian Fittipaldi tentou ultrapassar o Pierluigi Martini, parceiro de Minardi. O italiano freou na reta e fez o carro do brasileiro decolar e dar um loop. Pra sua sorte, acabou caindo de frente sem grandes sustos.
Foto: Motorsport
1998. Disputa acirrada de Michael Schumacher e Mika Hakkinen. O alemão largou na pole com a surpreendente Williams de Jacques Villeneuve alinhando em segundo. A dupla da McLaren ficou na segunda fila. A corrida foi um passeio de Schumacher, que venceu sem dificuldades. Dessa vez, teve dobradinha ferrarista em Monza, pra delírio dos tifosi. Eddie Irvine foi o segundo e Ralf Schumacher, com a Jordan, chegou em terceiro. Pela primeira vez dois irmãos estavam em um pódio na F1.
Finalmente. 2008. Enquanto Hamilton, Massa e até Kubica duelavam pelo título, um temporal em Monza fez tudo mudar. Grandes surpresas e a história sendo feita. Um tal de Sebastian Vettel fez sua primeira pole na carreira, a primeira e até hoje única da Toro Rosso e o mais jovem da história a conseguir tal feito. Heikki Kovalainen (McLaren) ficou em segundo e uma surpreendente segunda fila formada por Mark Webber (Red Bull) e Sebastien Bourdais (Toro Rosso). Massa foi o sexto e Hamilton somente o 15°.
A largada com Safety Car fez Vettel disparar na frente. Hamilton, Alonso e Kubica optaram por fazer uma parada mais longa, ganhando posições. Lewis chegou a ser o segundo, mas a pista secou e os três foram obrigados a fazer um novo pit stop. No fim das contas, Vettel dominou o fim de semana todo e venceu pela primeira vez na carreira e até então o mais jovem da história a conseguir tal feito, bem como o responsável pela única vitória da Toro Rosso até aqui. Kovalainen foi o segundo e Kubica (BMW Sauber) o terceiro, com Alonso (Renault) em quarto, Heidfeld (BMW Sauber) em quinto, Massa em sexto e Hamilton em sétimo.
A vantagem do inglês para o brasileiro caiu para um ponto (78 a 77), e Cingapura prometia ser uma corrida histórica, a primeira realizada à noite. Bem, foi histórica, né?
Menção honrosa para 2003: depois de ter sido dominado na Hungria (levando uma volta do vencedor Alonso), a Ferrari reagiu e começou a caminhada do hexa de Schumi em Monza. Largado na pole, manteve a posição para vencer e seguir na liderança do campeonato. Montoya foi o segundo e Rubinho o terceiro, com Raikkonen em quarto. Faltando duas etapas para o fim, três pilotos de três equipes diferentes disputavam o título, uma raridade naqueles anos de Era Schumi.
Previamente, escrevi nos primeiros parágrafos desse texto que iria começar o ano escrevendo sobre a decadência da Williams, mas o anúncio havia demorado tanto que seria "forçado" a começar com esse. No entanto, os britânicos trataram de confirmar Sirotkin no dia seguinte, me fazendo perder alguns minutos escrevendo sobre linhas que a partir de então seriam inúteis.
Feito esse registro e sem inspiração para começar o texto de outra forma, vamos ao que interessa.
Daniel Sexton Gurney. Ou
simplesmente Dan Gurney. Nascido em Port Jefferson (Ohio) em 13 de abril de
1931, ele faleceu no último domingo (14) aos 86 anos, vítima de complicações
relacionadas a pneumonia. Qual a importância dele para o automobilismo?
Tentarei explicar.
Antes
da velocidade, Gurney serviu por dois anos no exército americano, atuando como
mecânico de artilharia durante a Guerra
das Coreias (1950-1953). Sua estreia no automobilismo ocorreu em 1957 quando
terminou em segundo a corrida inaugural de Riverside, superando estrelas
consolidadas da época como Masten Gregory e Phil Hill (campeão da F1 quatro
anos depois, em 1961).
A primeira corrida. Foto: Pinterest
Gurney chamou a atenção de Luigi
Chinetti, importador americano da Ferrari, que deu um assento para o americano
em Le Mans no ano seguinte. Em parceria com o compatriota Bruce Kessler, a
Ferrari estava na quinta posição na classificação geral até Dan entregar a
direção para Bruce, que sofreu um acidente. Essa e outras performances
impressionantes lhe renderam um teste para ser piloto da Ferrari na F1, onde
fez sua temporada de estreia em 1959.
Nas
quatro corridas que disputou naquela temporada, acabou conseguindo dois pódios.
Em 1960, seis abandonos em sete corridas a bordo de um BRM. No Grande Prêmio da
Holanda, seu acidente mais grave: uma falha no sistema de freio lhe custou um
braço quebrado, a morte de um torcedor e
o início de uma longa relação de desconfiança com os engenheiros. O incidente
também causou uma mudança no seu modo de pilotar: a tendência em utilizar os
freios com maior prudência do que os outros pilotos significava que eles
duravam mais tempo, o que lhe ajudava em corridas de longa duração.
Gurney guiando a Testa Rossa em Goodwood, em 1959. Foto: Classic Cars
Acidente na Holanda, em 1960. Foto: F1 History
Gurney também era conhecido por
um estilo de condução fluido. Em raras ocasiões, quando o carro enfrentava
problemas mecânicos e sentiu que não havia nada a perder, Dan passava a adotar
um estilo mais arrojado e arriscado. Para muitos especialistas da época, eram nessas circunstâncias que o americano
apresentava o seu melhor desempenho nas pistas. Um exemplo disso foi quando um
pneu furado fez Gurney ficar duas voltas atrás do pelotão na etapa de Riverside
na Indy em 1967. Ele tirou a vantagem e venceu com uma ultrapassagem na última
volta contra Bobby Unser.
Foto: Pinterest
Com novas regras entrando em
vigor para a temporada de 1961, Gurney e Jo Bonnier foram companheiros de
equipe na primeira temporada da Porsche na F1, chegando três vezes na segunda
posição. Dan quase venceu a corrida de Reims, mas sua relutância em bloquear
Giancarlo Baghetti (piloto da Ferrari) permitiu que o italiano o ultrapassasse
poucos metros antes da linha de chegada.
No
ano seguinte, com uma Porsche melhorada (motor de 8 cilindros), Gurney venceu
pela primeira vez na F1, no Grande Prêmio da França, disputado em
Rouen-Les-Essarts, a única vitória da montadora na história da categoria. Uma
semana depois, ele venceu novamente em uma corrida fora de temporada na casa
dos alemães, em Stuttgart. Foi a última temporada da Porsche na categoria. Foi
na equipe alemã que Dan conheceu Evi Butz, executiva de relações públicas da
montadora. Eles se casaram anos depois.
O único a vencer pela Porsche na F1. Foto: Getty Images
Dan também foi o primeiro piloto
contratado por Jack Brabham para correr com ele pela Brabham Racing
Organisation. Enquanto Jack foi o responsável pela primeira vitória de seu
carro em uma corrida que não valia para o campeonato, coube a Gurney a honra de
ser o primeiro a vencer pela Brabham em uma etapa válida para o Mundial em 1964,
outra vez em Rouen. Ao todo, Gurvey venceu duas vezes (as duas em 1964) e
conquistou 10 pódios (sendo cinco consecutivos em 1965) pela Brabham antes de
deixar a escuderia e começar a sua própria equipe. Com a vitória no Grande
Prêmio da Bélgica de 1967, Gurney foi o primeiro piloto da história a vencer
por três equipes diferentes: Porsche, Brabham e a All-American Racers, de sua
propriedade.
Vitória de novo em Rouen, em 1964. Foto: Flat Out
A
popularidade de Gurney fez com que a revista americana Car and Driver
promovesse a ideia dele concorrer à presidência dos EUA em 1964. A “campanha”
foi abortada quando se “descobriu” que Gurney era jovem demais para se
candidatar a presidente (tinha 33 anos na época). Entretanto, amigos e fãs
ressuscitavam essa ideia a cada quatro anos como brincadeira.
Foto: All American Racers
Adesivo da "campanha". Foto: All American Racers
Dan
desenvolveu uma moto chamada “Alligator”, que tinha o assento em uma posição
extremamente baixa. Enquanto ele não conseguiu o objetivo de obter o
design licenciado para a fabricação e
venda por um fabricante importante de motos, a produção inicial de 36 unidades
rapidamente esgotou. Hoje, são itens premiados de colecionadores.
Foto: OddBike
O pioneirismo de Dan Gurney
consiste em ser o primeiro piloto da história a vencer na F1 (4 vezes), na
Nascar (1963) e na Fórmula Indy (1967). Além disso, Gurney venceu as 24 Horas
de Le Mans junto com A.J. Foyt. Não bastasse mais uma vitória em corridas de
longa duração (havia vencido as 12 Horas de Sebring em 1959), um gesto do
americano entrou para a história.
O segundo a vencer com seu próprio carro. Bélgica, 1967
A vitória em Le Mans, com a parceria de A.J. Foyt. Foto: Pinterest
Tal
qual Bellini, capitão do primeiro título mundial da Seleção Brasileira em 1958
que foi o primeiro a erguer a taça como comemoração, Dan Gurney foi o primeiro
piloto a estourar o champanhe no pódio. Um gesto simples e banal que, todos
sabemos, virou costume do automobilismo.
Além disso, durante sua passagem pela Indy,Dan foi o primeiro a colocar uma simples
extensão de ângulo reto sobre a borda direita superior da asa traseira. O
dispositivo, nomeado Gurney flap, aumenta a pressão aerodinâmica e, se bem
projetado, impõe apenas um aumento na aerodinâmica.
Um gesto para a história. Foto: Marshall Pruett
Finalizando
a série de pioneirismo, Dan foi o primeiro piloto a utilizar um capacete
cobrindo toda a face nas corridas de Grande Prêmio, na etapa da Alemanha do
mundial de F1 de 1968.
Foto: F1 History
Excetuando
as 500 Milhas de Indianápolis disputadas entre 1950 e 1960 e que faziam parte do
calendário da F1, Gurney é o segundo americano com mais vitórias na categoria,
perdendo apenas para o campeão mundial de 1978 Mario Andretti. No entanto, Dan
é o americano com mais pódios (19).
Foto: Motor.es
Pequenos
gestos e conquistas que eternizaram Dan Gurvey na história do automobilismo
mundial. Um verdadeiro racer, cujo legado é enorme. Sua história e paixão pela
velocidade inspiram milhares de jovens pilotos, que nunca se esquecerão de
Gurney, mesmo sem saber quem ele é. Basta estourar a champanhe no pódio.
Hoje Nelson Piquet completa 65 anos. Um dos maiores pilotos da história não só do Brasil mas de todo o automobilismo. Dispensa apresentações. O post de hoje é um tributo com três vitórias inesquecíveis de Nelson. Vamos lá:
1980 - Na época, o Brasil estava há cinco anos sem vitórias. A última havia sido por Emerson Fittipaldi em 1975. Depois que fundou a Copersucar, o país vivia vacas magras. Entretanto, o jovem Nelson Piquet, aos 23 anos e na terceira temporada na F1, venceu pela primeira vez na categoria no dia 30 de março de 1980, no Grande Prêmio dos Estados Unidos-Oeste, em Long Beach. Largando na pole, liderou de ponta a ponta e venceu facilmente. Emerson Fittipaldi foi o terceiro em seu último pódio na F1. Nessa corrida, Clay Regazzoni se envolveu em um acidente com John Watson e ficou paraplégico. Tudo isso com a narração de Galvão Bueno pela Bandeirantes!
1983 - Na abertura da temporada onde seria bicampeão, Piquet largou em quarto em sua casa, Jacarepaguá. Apesar de Keke Rosberg dominar os treinos, o brasileiro deu show na corrida, onde ultrapassou o finlandês, Prost e Patrick Tambay e na sexta volta já liderava, de onde não saiu mais. Nessa corrida teve pela primeira vez a execução do Tema da Vitória para o triunfo de um piloto brasileiro.
1990 - Na corrida 500 da F1, o bicampeonato de Senna já havia sido definido no Japão, onde Piquet havia vencido com a histórica dobradinha com Roberto Pupo Moreno pela Benetton. O tricampeão também venceu a última prova daquela temporada em mais uma disputa com Nigel Mansell. Senna, pole e líder por 61 voltas até rodar e abandonar. Piquet assumiu a liderança e era atacado pelo inglês. Na última volta, pressionado, o brasileiro aproveitou a retardatária Brabham para ficar com um carro de distância sobre Mansell na última curva e ficou na parte limpa. O inglês, na parte suja, tentou passar, mas Piquet fechou a porta, forçando Mansell a ter que tirar o pé e evitar uma batida. Piquet terminou em terceiro naquele Mundial.
Por enquanto é isso, pessoal. Em breve a parte 2 da análise parcial da temporada. Até mais!
Semana de Grande Prêmio da Espanha, mais uma vez no dia das mães. Hora de relembrar alguns acontecimentos importantes dessa semana no mundo da F1.
Começando pela lembrança dos 35 anos sem Gilles Villeneuve. Para muitos, um gênio. Para outros, um porra louca superestimado por suas ousadias e barbeiragens na pista. Para fugir do clichê de postar a disputa do canadense com o Rene Arnoux no GP da França, aqui fica um tributo do excelente Antti Kalhola:
Outro aniversário importante é o da Williams na F1. A equipe de Sir Frank completou 40 anos na categoria com números impressionantes: 114 vitórias com 16 pilotos diferentes, com 7 títulos de pilotos e 9 de construtores (os últimos em 1997). O maior vencedor com a equipe é Nigel Mansell, com 28 triunfos. Abaixo, todos os vencedores pela Williams:
Damon Hill (21), Alan Jones e Jacques Villeneuve (11), Nelson Piquet e Alain Prost (7), Ralf Schumacher (6), Keke Rosberg (5), Riccardo Patrese e Juan Pablo Montoya (4), Carlos Reutemann e Thierry Boutsen (3), Clay Regazzoni, David Coulthard e Heinz Harald Frentzen (1).
E claro, para completar, Pastor Maldonado. Sua única vitória na carreira (e a última da Williams até aqui) vai completar MEIA DÉCADA. Sem dúvida alguma um dos acontecimentos mais improváveis desse esporte em toda a história. Uma atuação impecável do venezuelano, que liderou do início ao fim e segurou o ímpeto de gente como Alonso e Raikkonen. Memorável. Relembrem (como o tempo passa...):
Foto: Getty Images
Sobre o boato da Brabham: ele apareceu algum tempo atrás, sem força, e continuo duvidando da sua possibilidade. Óbvio que seria espetacular que uma escuderia histórica retornasse para a categoria (importante: os donos da marca realmente são os Brabham, diferente do caso da "Lotus" recente), mas não comprando a Force India. Mesmo que os indianos estejam com dificuldades econômicas, eles foram os únicos que não só conseguiram se manter mas também crescer na categoria.
Que os Brabham comprem o espólio de uma Manor ou Caterham da vida e recomecem sua história do zero, aumentando o grid ao invés de matar com um time tão simpático como o liderado pelo picareta Vijay Mallya.