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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

O SONHO DO PAI

 

Foto: Getty Images

De tanto escrever sobre Stroll e os perigos que a jurisprudência do caso de ascensão dele poderiam proporcionar para o esporte, ainda olhei para o outro lado.

O óbvio está aí: Stroll está apanhando de Alonso (o que não é novidade), mas sequer consegue ir para o Q3 depois das férias. No Catar, estava nervoso, tratou mal a equipe e mal respondia as perguntas da imprensa. Estava irritado e de saco cheio, aparentemente. Faz parte, ele não deve estar satisfeito com o próprio rendimento.

No entanto, há meses que surgem notícias de que Stroll vai abandonar a carreira. Dizem que vai jogar tênis, dizem que cansou da F1. Dizem que é um pedido da mãe. Dizem que ele pediu para o pai, que não deixou.

Chegamos na figura do texto: o responsável, Lawrence Stroll. O homem que primeiro comprou uma vaga (Williams) e depois comprou um time para alocar o filho nem tão talentoso. Um pai que faz de tudo, inegavelmente. Está investindo pesado na estrutura da Aston Martin para a equipe ser protagonista no médio prazo. Do contrário, não teria trazido Vettel e depois Alonso. 6 títulos, somente.

Bom, se Lance não quer mais a F1, então é óbvio que Lawrence pularia fora, certo? Ele é um cara de negócios e bem sucedido, não rasgaria dinheiro por algo que não fosse a própria família.

Então, diante de todas essas informações e a postura do filho Lance, fiquei pensando: será que Lawrence e Lance não pode ser o caso do pai que vive o sonho do filho? Tipo mãe de miss ou pai de jogador, que jogam as frustrações da juventude na esperança através dos filhos para realizar o que eles não puderam ou conseguiram?

Bom, a diferença aí é que não se trata de dinheiro, e sim ambição, projeto de vida. Há negócios, claro, afinal Lawrence é acionista da Aston Martin e Mercedes e fez o maior investimento por um piloto na história, desde a base. Não falo somente de comprar vagas e equipes, mas tudo: equipamentos, estruturas, simuladores, profissionais gabaritados para extrair alguma coisa de Lance.

Não há talento que justifique a presença no grid. Todos sabem. Claro, com dinheiro e profissionais infinitos na preparação, é possível fazer um papel decente ou quase isso. Acontece que Stroll bateu no teto. Não tem mais a desculpa da inexperiência. Acreditou quem quis.

Quando que o sonho dele ou o do pai vão acabar? Estamos próximos do fim da jornada ou são apenas devaneios produzidos pela falta de relevância numa temporada chatíssima? Os dois? O meio do caminho?

Até!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

INGRESSO PARA O PARAÍSO

 

Foto: Reprodução/Aston Martin

Como escrito há tempos, Felipe Drugovich transformou o mais difícil no mais fácil. Afinal, vencer a F2 com três etapas de antecedência com a MP Motorsport já é um fato grandioso e impensável por si só. O problema é todo o contexto.

Para tudo na vida, é preciso timing e sorte, além da competência, capacidade e talento. Sem isso não se atravessa a rua, escreveu Nelson Rodrigues. Por mais impressionante que seja o feito de Drugovich, há alguns poréns: Drugo foi campeão na terceira temporada dele na F2, num grid não tão talentoso. Isso pesa.

O único com alguém potencial futuro é o próprio vice, o jovem Theo Pourchaire, francês que já está na academia da Sauber. Sem uma academia de pilotos ou muito dinheiro, fica complicado para Drugo conseguir uma vaga na F1 em 2023. O título com antecedência é um trunfo para as negociações serem cada vez mais intensificadas.

Na manhã de segunda-feira, a notícia mais quente dos últimos dias, veiculada primeiramente pelo Grande Prêmio e agora pela Band, se confirmou. Felipe Drugovich será piloto reserva da Aston Martin em 2023. Graças ao apoio da XP Investimentos, seriam desembolsados cerca de 7 milhões de euros para ocupar o assento.

Drugovich vai participar do treino livre do GP de Abu Dhabi, a última corrida do ano, no dia 18 de novembro e vai ser o representante da equipe na semana de testes dos jovens pilotos, que acontece após a corrida. O brasileiro é o primeiro membro da academia da Aston Martin.

Alguma coisa não faz sentido.

Alonso tem, no mínimo, contrato de dois anos. Stroll é o filho do chefe. Sendo otimista, Drugo estaria disponível para ser titular do time em 2025. É muito tempo parado. Até lá, surgem pilotos talentosos, com dinheiro e nas grandes academias, principalmente na Mercedes, fornecedora de motores da Aston Martin. E Toto Wolff tem uma porcentagem da companhia.

É muito caro pagar tudo isso para apenas andar em alguns treinos livres e ficar no simulador. Deveria haver uma contrapartida, ou deve ter, porque não sabemos de muito. Geralmente, ser piloto reserva não significa quase nada. Só lembrar de um caso da década passada.

2012. O italiano Davide Valsecchi estava na mesma situação: foi campeão da então GP2 e assinou pra ser piloto reserva/de testes da Lotus. Kimi Raikkonen teve problemas nas costas e, sem receber da quase falida equipe, não disputou as corridas finais da temporada 2013. Em tese, seria uma oportunidade para o reserva, certo? No entanto, a Lotus optou por contratar o experiente Kovalainen para fechar o ano.

O atual piloto reserva do time é Nico Hulkenberg... entenderam? Vamos considerar algum otimismo que aconteça algo que impeça Alonso ou Stroll de não disputarem algum GP no ano que vem, tipo uma apendicite do Albon. Quem garante que a Aston Martin não opte por alguém experiente como Hulk, principalmente se a ausência for Alonso?

“Ah, mas isso pode estar explícito no contrato, né!”. Talvez. Mas, com o tempo passando, o hype vai acabando também. O próprio De Vries, estreante celebrado da semana, saiu da McLaren e esteve no exílio da F-E. Só voltou aos holofotes porque virou piloto da Mercedes na categoria e foi campeão lá. Um protegido de Toto Wolff. A circunstância, o momento e o lugar certo.

Por outro lado, Drugo está no lucro: a terceira temporada na F2 poderia significar o fim definitivo nos monopostos europeus, até porque voltar para a MP foi um retrocesso. O brasileiro fez dos limões uma limonada e agora está numa equipe de fábrica, apadrinhado pelo rico Lawrence Stroll, que fala até em ajuda-lo até o próximo passo, citando os pilotos históricos do passado como Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna.

É bem interessante esse apoio de Lawrence Stroll. Não tinha pensado por esse lado, mas agora isso pode ser algum indicativo, nem que seja por influência em algum outro lugar do grid.

Por falar nisso, tudo que o canadense toca vira ouro. Dizem que outro motivo para Alonso assinar com a equipe foi a possibilidade de Lawrence transformar a Kimoa, grife de moda jovem que o espanhol é dono e garoto-propaganda, em uma marca global.

Bom, todas as estrelas precisam se alinhar para isso dar certo. No fim das contas, o título da F2 foi o mais fácil da jornada.

Agora, uma boa política, contatos e negociações precisam fazer o resto do trabalho. E ter a sorte, timing, a circunstância, o momento a favor. Tudo isso junto. Além de desempenhar um papel nos treinos, com os carros mais antigos da Aston Martin nos testes e os trabalhos no simulador na moderna fábrica que está sendo construída, graças ao investimento do dono da Tommy Hilfiger.

Só assim que Felipe Drugovich vai conquistar o ingresso para o paraíso.

Até!

terça-feira, 19 de abril de 2022

O DINHEIRO COMO MALDIÇÃO

 

Foto: Divulgação/Aston Martin

Lawrence Stroll é um das pessoas mais ricas do mundo. Não a toa, conseguiu fabricar a carreira do filho Lance no automobilismo. Desde sempre ele teve a disposição os melhores equipamentos e pessoas que o desenvolvessem enquanto piloto. O talento natural não existe, mas o dinheiro faz repetir algumas situações e permite um desenvolvimento tranquilo até atingir a plenitude.

Com a falida Racing Point, Lawrence viu que a Williams não seria o melhor cenário para desenvolvimento do filho e comprou uma estrutura muito competente, mesmo sem dinheiro. Com a grana, atraiu o retorno de uma montadora de peso. Uma montadora de peso precisa de um piloto de cacife para comandar o projeto e ser até mesmo uma peça chave de publicidade.

Vettel e Stroll. O veterano tetracampeão em baixa sendo líder e acionista de um projeto seria um bom cartel para o filho. Se Lance vence o alemão, não há o que questionar no talento até então baseado no nepotismo. A expectativa é animadora. Montadora, investimento e um tetracampeão = longo-prazo esperançoso.

O primeiro ano foi tímido. Sem ter como copiar o carro da Mercedes, que foi a base do sucesso de 2020 do então time rosa, o jeito é começar do zero. Um ano de transição pensando no novo regulamento. A esperança era agora, mesmo sabendo que os frutos podem ser colhidos somente mais para frente, quando a nova fábrica e o novo túnel de vento ficarem prontos.

2022 está começando de forma preocupante para a Aston Martin. Começando pelo fato de Vettel ter perdido duas corridas com o novo regulamento em virtude da Covid. É nítido que não está ambientado com o carro e o tempo fora fez a diferença na corrida da Austrália. Stroll vem batendo e fazendo o que pode, mas o erro é achar que ele vai guiar o time. É apenas o filho do dono.

Investimento, dinheiro, estrutura... o que está dando errado? É necessário ter paciência? Sem dúvida, desde que as apostas e escolhas sejam corretas. A saída do Otmar Szanafauer não parece um bom indício. É uma equipe que ainda está em adaptação em meio a um novo regulamento e covid no piloto tetracampeão acionista cada vez mais decadente. Não me parece a receita correta.

Que a Aston Martin vai crescer, não há dúvidas. Para isso, precisa acertar no carro, nos chefes e também nos pilotos. Essa é a função para o longo prazo. Stroll é uma benção e uma maldição. Sem ele, não há dinheiro e nem Aston Martin. O que fazer? Aposentar Vettel e trazer quem para liderar um processo tão centralizado no filho do dono?

Até aqui, a Aston Martin me lembra muito a Jaguar, não só pelas cores, mas por todo o contexto: pompa, grife, dinheiro, investimento e resultados aquém do esperado. É cedo e oportunista, mas ser a pior equipe do grid nesse momento não deixa de ser constrangedor para uma organização que chegou na F1 prometendo tanto.

Até!


quinta-feira, 2 de abril de 2020

REALIDADE PARALELA

Foto: Getty Images
Com a pandemia pegando, cada um ficou definitivamente na sua bolha. Me deu vontade de escrever, vamos lá:

Cancelaram/adiaram mais uma corrida. Equipes e promotores acreditam ser possível realizar 16/18 corridas em 6 meses. Eles estão no direito de tentar defender o negócio deles. Realidade paralela.

Helmut Marko: o homem teve a ideia de confinar todos os pilotos da academia Red Bull (titulares e reservas das duas equipes) com o objetivo de todo mundo pegar o coronavírus e fazer com que se curassem com os anticorpos agora, evitando de ficar doentes no decorrer da temporada. Óbvio que a ideia não foi pra frente.

Dias atrás (pensava em você) ele disse que teve coronavírus mas que se curou. Logo ele, que está no grupo de risco. Realidade paralela. Isso é uma coisa que eu imaginava que o Bernie Ecclestone diria, por exemplo.

Por falar no Bernie, o senhor de quase 90 anos disse que, por ele, nem teria F1 no ano. Sensato, mas eu achava o contrário. Se ele fosse o dono, certamente já teríamos algumas corridas por aí... Ou não, vai saber qual é o personagem da vez que o malvado favorito escolheu ser.

Além dos gastos e incertezas, ninguém está ansioso pra ver Hamilton ganhar 15 das 20 corridas no ano e ser campeão facilmente mais uma vez. Façam duas temporadas em uma e azar. O problema é que já existem conversas para que o regulamento novo só seja imposto em 2023. Aí não, meu patrão.

A Racing Point pode se despedir nesse ano sem fazer uma corrida, tudo isso porque Stroll pai ano que vem será o chefe da Aston Martin. Nome de grife, investimento de grife, dinheiro, mas o Baby Stroll em um dos carros é rasgar esse dinheiro. É o contraponto da realidade paralela.

Enquanto eu escrevo besteira, eu vivo numa minha realidade paralela por aqui. Atualizações a qualquer momento. Escrevo y escrevo. Saudades, Prior :(

Até!

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ENTRE VÍRUS E AMEAÇAS

Foto: Grand Prix
O noticiário calmo da F1 em 2020 contrasta com a ebulição que vai acontecer no próximo ano. E uma dessas bombas caiu no meio dessa semana.

Mesmo hexacampeã de pilotos e construtores e uma das principais marcas do mundo, a Mercedes pode estar de saída da F1 como equipe no fim do ano. O time ainda não chegou a um acordo com a Liberty sobre o novo acordo da categoria no ano que vem e, além disso, a Daimler (que administra a equipe alemã), deseja um profundo corte de gastos. Mesmo com títulos e prêmios de arrecadação, a conta não está fechando, com muitas demissões na empresa. Nos próximos dias, uma reunião será realizada para definir tudo isso.

É realmente uma grande bomba, que impacta o futuro de milhares de profissionais que formam uma estrutura vencedora há seis anos, além dos rostos principais, como Lewis Hamilton, Bottas e o chefão Toto Wolff, dito por muitos como o futuro chefe da F1. Imagina como seria para o mercado (aka Ferrari) o futuro maior vencedor da história da categoria e heptacampeão sem contrato? E Toto? Como e onde ficaria, pois também é acionista da Mercedes?

Uma outra parte da equação foi resolvida hoje. Lawrence Stroll, em conjunto com o grupo chinês Geely, adquiriram 16,7% da montadora Aston Martin. Não só isso. A Racing Point será rebatizada Aston Martin a partir de 2021. A montadora britânica, que há anos flertava com a F1, agora será uma equipe de fato na próxima temporada, com grande aporte financeiro de Stroll. Isso, é claro, encerra a parceria com a Red Bull no final do ano.

Com a Mercedes indo embora, pode surgir uma nova força na categoria, além de Ferrari e Red Bull. A Aston Martin, com estrutura e dinheiro, pode dar trabalho. Pode.

O problema é que, obviamente, uma das vagas será do filhote Stroll. Isso é um soco daqueles que acreditam em meritocracia. Estamos aqui, em pleno início de 2020, debatendo a possibilidade de Lance pilotar um carro e ter chances de vencer corridas e coisa e tal. É surreal. Queria torcer que Pérez também tire a sorte grande, mas acho que isso é meio complicado de projetar agora.

Mas pensando bem, mesmo com um carro bom, Stroll não conseguiria fazer muita coisa mesmo. Apenas uma ameaça e um alarde que ainda assim me deixam revoltado.

Foto: EBC
O coronavírus deixa o mundo inteiro em alerta. A nova epidemia vem lentamente se alastrando para o resto do mundo, com casos e suspeitas em todos os continentes. A China foi onde tudo isso, e o país está fazendo o que pode para conter o vírus. É claro que, além da morte e doença de milhares de pessoas, existem grandes prejuízos financeiros para o país. Comércio fechado, aulas canceladas, as pessoas não saem de casa e outros eventos estão sendo cancelados e/ou transferidos.

Em abril, tem corrida em Xangai. Tem corrida? A F1 não se manifestou oficialmente, mas fontes extraoficiais afirmam que ela está de olho no coronavírus. Caso a situação não seja controlada, obviamente que a corrida não será realizada por lá esse ano, mas isso também pode ameaçar outras corridas na Ásia e adjacências.

Que começo de ano, hein? Sem contar no Kobe... Entre vírus e ameaças, a F1 continua, mais de olho no futuro do que no presente.

Até!

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

NOVA CARREIRA

Foto: Motorsport
Você está jogando um save de F1, sendo um piloto ou administrando uma equipe. Geralmente, tudo começa no início (uma redundância). Dessa vez, acontece de você estrear no meio da temporada. É o caso da tal Racing Point Force India, equipe comprada pelo consórcio de Lawrence Stroll que substitui a simpática Sahara Force India, de Vijay Mallya e Bob Fernley, chefe de equipe que já foi mandado embora pela nova administração. Um bom nome no mercado, não é mesmo Williams?

Mas por que Racing Point e tudo novo, embora pareça tudo igual? Para comprar a inscrição da Force India "original", a nova administração teria que pedir diversas autorizações de vários bancos da Índia que possuem acordos com a Force India das antigas. Não haveria tempo hábil para tais procedimentos. Ou seja: o grupo de Stroll comprou a estrutura da equipe (carros e funcionários), e não a inscrição, que ainda pertence a Force India S.A., que foi a falência depois de vários processos contra Vijay, que chegou a ser preso em Londres e pode ser deportado para o país de origem.

No regulamento, uma equipe só pode mudar de nome sem perder os pontos do Mundial se houvesse unanimidade das equipes. McLaren, Williams e Renault acabaram vetando. Possuem diferentes interesses nisso. É uma pena, mas faz parte do jogo. Resumindo: a Racing Point Force India está no Mundial de F1, mas zerada, assim como seus pilotos, Sérgio Pérez e Esteban Ocon.

A Force India acabou. Surge uma nova equipe, com a mesma estrutura da anterior. Outra consequência disso é que a nova administração não vai receber o dinheiro dos direitos comerciais que teria direito pelos próximos dois anos, pois o regulamento diz que uma nova equipe só recebe essa parte da grana se ficar ao menos duas vezes no top 10 em três anos. Só em 2020 que a grana vai entrar nos cofres de Stroll. Convenhamos: é bem possível que a tal Racing Point já ultrapasse a Williams nessa corrida e a Sauber na próxima. Com só dez equipes no Mundial, não há mais dramas.

Foto: Race Fans
Com isso, chega oficialmente ao fim a linda trajetória da simpática Force India (por isso era tolerável esse nome). 191 corridas. Saiu do fim do grid para pódios e até o ano passado era a quarta força do grid, quase falida, apenas com a capacidade de seus profissionais. Logo no segundo ano da equipe, o melhor momento de sua trajetória: a pole de Giancarlo Fisichella justamente em Spa, nove anos atrás. O italiano chegou em segundo na corrida, o melhor resultado da história da jovem equipe, que teve outros cinco pódios, todos conquistados por Sérgio Pérez. O último foi em Baku, meses atrás.

Se o aspecto financeiro deixou a desejar nos últimos anos, fruto da picaretagem de Vijay e do alto custo da F1, a Force India fez um trabalho honesto nas pistas, subindo degrau a degrau para se tornar uma das principais equipes do meio do pelotão, sem a ajuda de uma montadora ou algo do tipo. Para se orgulhar.

E a tal Racing Point?

Que nome feio pra caralho. Nem parece coisa de corrida. Lembra Match Point ou alguma loja de produtos automotivos, algo do tipo. Dessa vez nem carisma salva, até porque isso não existe com Strolls no comando. Aliás, é hora de projetar algumas coisas.

Ao menos para a corrida da Bélgica, Pérez e Ocon seguem na nova velha equipe. Depois, as coisas se complicam. Pelo que a imprensa europeia noticia, Pai Stroll quer colocar o filho na equipe a partir do GP da Itália, no lugar de Ocon. O francês, por sua vez, iria para a McLaren substituir Vandoorne. Kubica assumiria o lugar de Stroll na Williams, que poderia ter Nikita Mazepin como titular no ano que vem, impulsionado pelo dinheiro de outro pai bilionário.

É uma viagem muito grande, uma bagunça revoltante. O que se sabe, certamente, é que o Stroll vai correr pela Racing Point, cedo ou tarde, na Itália ou em 2019. Olha só que legal o clima: correndo na Williams contra o time do pai. Onde foi que a F1 errou?

Vai ser difícil ter qualquer simpatia pela tal Racing Point Force India, mas enquanto Pérez e Ocon tentarei me esforçar. Depois, vai ser difícil. Veremos se, com dinheiro, se mantém a administração eficiente da outrora simpática equipe ex-indiana.

Até!

segunda-feira, 23 de julho de 2018

VENDENDO A ALMA PARA O DIABO

Foto: Daily Mail
Diante de uma categoria caríssima dominada pelas montadoras e bilionários que desejam colocar seus filhos ali como diversão, a única solução é juntar-se a eles para sobreviver. É o que a Force India está fazendo. Fadada a falir desde que o imbróglio envolvendo o ainda (?) dono Vijay Mallya, a equipe entrou em administração (quando alguém administra no lugar dos donos até surgir um comprador). Segundo o jornal alemão Auto Bild, o comprador é justamente Lawrence Stroll. A intenção já seria colocar o rebento na equipe ainda indiana a partir de agosto, com o retorno das férias de verão na Europa.

Hoje, a Force India já é uma espécie de Mercedes B. Usa o motor alemão e tem lá Ocon faz duas temporadas como forma de pagar menos o uso dos motores. A princípio, o francês estaria a salvo. Iria sobrar para Pérez. Hoje, o mexicano traz uma boa quantia de dinheiro para a equipe, além de ser um grande piloto, claro. No entanto, com a chegada dos Stroll, a grana já não seria necessária, o que faria Checo sair do time, agora ou no ano que vem.

Não pretendo me alongar muito nessa questão agora, mas isso com certeza teria mais desdobramentos na categoria. Se todas essas mudanças acontecem agora, como ficaria a Williams? Pérez iria para lá ou então Kubica (!) assumiria como tampão até o fim do ano? A situação da equipe já é crítica, nada é capaz de piorar, ao menos dentro da pista. Pelo contrário. A parte financeira sim sofreria um duro golpe.

Com a Martini indo embora para o ano que vem e sem o aporte dos Stroll, a Williams estaria ferrada, digamos assim. Somente com o dinheiro do russo Sirotkin (e sem resultados), a condição financeira do time de Grove ficaria mais catastrófica ainda. Claire Williams já disse que se os gastos não diminuírem, a equipe fecha em 2021. Diante do que está acontecendo, não duvido que isso aconteça antes.

Esse é o preço que se paga ao se prostituir para um bando de bilionários clientes que podem ir embora de uma hora para a outra. A lendária equipe de Frank Williams levou uma previsível invertida. A Force India vai se salvar até o momento que Lawrence se cansar. Não é uma parceria. É a contratação de um serviço. Se em determinado período os resultados não vierem, adeus. E mais uma equipe vai entrar em falência ou respirar por aparelhos.

 O rendimento técnico vai cair consideravelmente, mas quem se importa? Se o teto orçamentário não entrar em ação, a tendência da categoria vai ser essa: equipes satélites das principais e bilionários colocando seus filhotes. Muito em breve podemos ter mais Strolls: Gelael, filhos de xeques, etc. É trocar o sofá de lugar e vender a alma pro diabo. No fim, ele vai te sugar tudo, e com juros.

Ah, a Claire poderia aproveitar e pedir pra sair enquanto dá tempo, a exemplo do que fez a Monisha na Sauber. No fundo, sempre me pareceu que estão esperando apenas a morte de Frank para matar definitivamente a sua criação.

Até!

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O QUE SOBROU DA WILLIAMS - Parte 2

Foto: Reprodução
                                                                             PARTE 1

Decidi que o primeiro post do blog no ano seria o anúncio da última vaga disponível na F1 para a temporada. Em dezembro, estava convicto que esse cara seria Kubica. Entretanto, o silêncio da Williams e a ausência de notícias relacionadas fizeram todo mundo assegurar que essa não era a tendência.

E cá estamos nós, aguardando ansiosamente o anúncio oficial de Sergey Sirotkin como companheiro de equipe de Lance Stroll para a Williams em 2018. Um gesto simbólico. Quer dizer, um não, foram cometidos vários gestos pela equipe de Grove nos últimos 15 anos que culminaram em seu retumbante apequenamento moral e técnico.

Conforme apurou o GRANDE PRÊMIO, Robert Kubica era o substituto de Massa. Junto com o polonês, entrariam 6 milhões de euros (R$ 23 milhões) na conta dos ingleses. Entretanto, apesar do contrato assinado, os russos ofereceram € 14 milhões. Diante da incerteza, Kubica e Sirotkin participaram dos testes de Abu Dhabi como um vestibular para quem ficaria com a vaga.

O polonês foi o mais rápido nos long runs, enquanto Sirotkin impressionou na velocidade pura. Isso, aliado ao dinheiro que receberia, obviamente pesou para a escolha da equipe de Grove. Outra vez, Kubica ficou pelo caminho. Como prêmio de consolação, foi contratado como "piloto reserva e de desenvolvimento", o que na prática é nada além do que fazer testes no simulador. Quem pagaria 6 milhões de euros para ficar circulando na fábrica de Grove? Creio que se Sirotkin não mostrar resultados, não é improvável que o polonês dê o ar da graça em algumas corridas de 2018.

O que restou foi a vaga de piloto reserva. Foto: Getty Images
Sergey Sirotkin estava fadado a ser mais uma eterna promessa da F1. Há alguns anos atrás, chegou a ser quase anunciado como piloto da Sauber quando mal tinha completado 18 anos. Sempre com robusto aporte financeiro por trás, foi piloto reserva da equipe suíça e estava na Renault, onde chegou a participar de alguns treinos livres. Em 2017, correu as 24 Horas de Le Mans pela SMP e fez duas corridas na F2. Seu último título foi na F-Abarth Euro, em 2011.

O russo é um piloto que pode mostrar bons resultados, apesar de tudo. Mesmo inexperiente na categoria no sentido de disputar todos os treinos e as corridas, está razoavelmente ambientado a um carro de F1 há mais tempo que Stroll, além de ser melhor que o canadense. Entretanto, sabemos que elementos externos (leia-se a influência de Lawrence) podem (e devem) mostrar o contrário. Em uma equipe estruturada e com um piloto talentoso e experiente no comando, o russo teria melhores condições de se mostrar para todos.

Um novo russo na F1. Foto: Sky Sports
A Williams que todos conhecemos acabou em 2005, com o fim da parceria com a BMW. De lá para cá, vimos um declínio acentuado da tradicional escuderia britânica. Motores Toyota, Cosworth, até o que eu achava que seria o fundo do poço: a prostituição para os petrodólares de Pastor Maldonado, que inacreditavelmente é o responsável pela última vitória da Williams, há quase seis anos.

Apesar da rápida recuperação em 2014 e 2015, com Bottas, Felipe Massa e um novo corpo técnico, a Williams teve nova queda. Nada tão grave quanto o que aconteceu no passado. Pelo contrário. As contratações de Paddy Lowe e Dirk de Beer para desenvolverem o carro dessa temporada davam a impressão de que uma nova reestruturação estava por vir, apesar de Stroll. Com o seu dinheiro, era para se apostar em algum piloto de ponta experiente, em tese. Com a ausência deste, Pascal Wehrlein seria o cara ideal. Jovem, promissor, com duas boas temporadas nos piores carros do grid (Manor e Sauber) e um fato que facilitaria as coisas: ser da academia da Mercedes, que fornece os motores para os britânicos.

Entretanto, é aí que entra a prostituição para a família Stroll. Ingênuo demais o raciocínio do parágrafo anterior. Para quê contratar um piloto melhor que o seu filho? Melhor contratar uma jovem incógnita para tentar se recuperar da derrota para um piloto que saiu da aposentadoria pelas circunstâncias que todos sabemos. O FW41, que tem tudo para ser um carro superior ao seu antecessor, está nas mãos de dois novatos que certamente não irão render o máximo desse bólido. Terei a impressão de que qualquer coisa que ambos fizerem poderia ter sido melhor se houvesse um piloto minimamente bom e competitivo ao volante.

Foto: Motorsport

A pior dupla da história riquíssima da Williams, entregue ao dinheiro como uma Jordan em seus últimos dias ou a Minardi. A diferença é que as duas últimas eram equipes simpáticas, ao contrário do que o pessoal de Grove se tornou. Ah, e aquela cláusula da Martini era uma mentira pelo jeito, pois ambos os pilotos têm menos de 25 anos. Quem irá fazer as propagandas da bebida alcoólica? Kubica?

Talvez esportivamente o ano não seja tão ruim para a Williams. Vai que algum pódio milagroso caia do céu outra vez igual em Baku no ano passado... No entanto, essa é uma decisão significativa para a história da equipe, que reconhece o seu papel de equipe pequena, pagante e que deixou seu legado em um passado que está começando a ficar distante.

Ah, um lembrete: até o fim da semana será publicado um especial sobre Dan Gurney, ícone do automobilismo que faleceu no último domingo (14).

Até!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

LANCE STROLL E A COMPRA DE TALENTO

Foto: Getty Images
A Williams anunciou hoje o que todo mundo já sabia há pelo menos dois meses: o anúncio do canadense Lance Stroll, de 18 anos, como substituto de Felipe Massa para 2017. A equipe de Glove também anunciou a renovação de Valtteri Bottas por mais uma temporada. Especula-se que o finlandês deseja ir para a Renault em 2018, mas isso é papo para outros posts. Agora, vamos conhecer mais quem é o novo canadense da F1. O último representante do país na categoria foi Jacques Villeneuve na Sauber BMW, em 2006, quando foi demitido após o GP da Alemanha, substituído pelo polonês Robert Kubica.

Lance é filho de Lawrence Stroll, investidor bilionário que trouxe as marcas Pierre Cardin e Ralph Lauren para o Canadá. Apaixonado por automobilismo, ele é dono de uma vasta coleção de Ferraris e também do circuito de Mont Tremblant, onde o filho a utiliza para treinamento . Segundo a Forbes, sua fortuna é estimada em US$ 2,5 bilhões. Com essa grana, começou a investir pesado na carreira do filho.

Lance é o primeiro caso gritante da história do automobilismo de alguém que quase literalmente comprou talento para estar na Fórmula 1. Ele ingressou na Academia de Pilotos da Ferrari quando ainda estava no KART, com 12 anos. Como uma equipe do naipe da Ferrari, como todo nome e pompa, aceita abrigar uma criança só por que o pai é muito rico?

Foto: Getty Images
Dois anos atrás, Lawrence comprou a PREMA e a transformou em uma das grandes equipes de categoria de base do automobilismo europeu, correndo na F4 italiana em 2014 e na F3 europeia esse ano. Foi campeão das duas, além de levar a Toyota Racing Series no ano passado. Ainda na Ferrari, andou muito em simuladores, foi treinado por vários especialistas de primeira linha (entre eles Luca Baldisserri, da Ferrari) e teve acesso a recursos técnicos que vários pilotos atuais da F1 não tiveram. 

Stroll, por motivos óbvios, manda na equipe. A claúsula contratual de seus companheiros de equipe obrigavam a dar passagem para o canadense, que venceu a F3 com um pé nas costas. Só nessa temporada, isso aconteceu três vezes para que Stroll ganhasse corridas. Se isso já é absurdo na F1, imagina na categoria de base? Nem Schumacher ou Alonso foram tão beneficiados assim. No fim do ano passado, Stroll deixou a Academia da Ferrari e assinou com a Williams, virando piloto reserva.

Especula-se que Lawrence tenha colocado 35 milhões de dólares anuais na Williams para garantir a vaga do filho, um valor fora de cogitação até para um mundo paralelo da F1, repleto de quantias de patrocinadores e dinheiro público de governos por trás. Ele também comprou o carro de 2014 da equipe para realizar testes ao redor do mundo em pistas como Austin, Sochi e Sepang. Em uma época onde as equipes mal conseguem testar durante o ano, Lance Stroll será o estreante com mais quilometragem prévia de Fórmula 1 desde Jacques Villeneuve, quando estreou pela própria Williams em 1996. Lewis Hamilton antes de estrear pela McLaren em 2007, por exemplo, testou durante 7 meses seguidos em cinco circuitos diferentes, totalizando 1700 voltas. 

Foto: Divulgação

Lawrence também financiou um simulador para Stroll andar na F3. O equipamento é tão bom que a Williams o adotará ano que vem. Foi especulado que ele tenha comprado uma parte da equipe de Grove, virando um acionista. Ele quase comprou a Sauber anos atrás, mas o acordo não seguiu adiante.

Para não falir, a Williams "vendeu a alma" para garantir a estabilidade financeira da equipe nos próximos anos. Entretanto, é uma pena que tenha sido dessa forma. O tão tradicional time de Glove, que sempre foi tão duro nos valores das negociações com os pilotos, novamente se sujeita a rios de dinheiro para sobreviver, a exemplo do que foi com Pastor Maldonado durante três temporadas. Depois de dois anos voltando a andar na frente, a Williams reassume o papel de equipe de tradição mas atualmente mediana. Uma pena. Agora é aguardar para ver se Stroll justifica o alto investimento paternal que recebeu a vida inteira o que, convenhamos, é improvável.

Também é preciso observar se o canadense não terá regalias em relação a Bottas. Não é de se duvidar que algo tenha sido armado debaixo dos panos.

Se o "case Lance Stroll" dar certo, isso vai abrir um precedente perigoso para que bilionários sigam a receita e comecem a gastar quantias indecentes para transformar uma criança em piloto de F1: karts de ponta, aquisição de equipes na base, coachs e conselheiros, milhares de horas em treinos por monopostos e por aí vai. Será necessário um teto orçamentário até nas categorias de base do automobilismo?

E pensar que um cara como Stoffel Vandoorne entrou na F1 à forceps e com 26 anos e Giovinazzi, que pode ser o primeiro estreante campeão da GP2, provavelmente fique sem opções para o ano que vem como "recompensa" de sua conquista, pois o campeão da categoria não pode disputá-la no ano seguinte.

Por enquanto é isso, até!