Foto: Joe Portlock/Getty Images |
No último final de semana, Gabriel Bortoleto venceu a
primeira corrida na F2. O atual campeão da F3 veio cercado de expectativas para
essa temporada, onde muita coisa mudou. Os bólidos são novos. Tanto os mais
experientes quanto os “novatos” da categoria partiriam do zero.
Ainda assim, o brasileiro precisou se adaptar. Ainda está
nesse processo, na verdade. Apesar da categoria dar muitas possibilidades de
pontos, erros prejudicam bastante na briga pelo título. A degradação rápida dos
pneus impediu Bortoleto de resultados melhores, assim como problemas no carro e
dificuldades em algumas largadas, principalmente nas primeiras corridas.
Depois de “tirar uma tonelada das costas” ao vencer pela
primeira vez, Bortoleto, na ex-Virtuosi, é o terceiro colocado na tabela. Na
frente, somente Isack Hadjar e o regular Paul Aron. Com esse carro, o crescimento
no desempenho e o talento que possui, o brasileiro é certamente candidato ao título
da categoria, conquistada recentemente pelo Felipe Drugovich.
Vai ser uma disputa interessante. No entanto, fica a
pergunta, por mais paradoxal e até mesmo absurda que seja: é bom ser campeão da
F2 justamente agora?
A questão é simples: com a F1 cada vez mais nichada e difícil
para jovens pilotos, ser campeão não significa muita coisa ou uma chegada
imediata na categoria. Só lembrar que Drugovich não conseguiu e Piastri teve um
ano sabático até finalmente assinar com a McLaren após uma disputa judicial.
Bom, quais seriam as possibilidades de Bortoleto, então? Se
não for campeão nesta temporada, certamente ele vai continuar na F2. Mais
experiente e adaptado, será um candidato ainda mais forte a disputar a taça. No
entanto, é fundamental convencer as grandes equipes a partir daí. Do contrário,
o holofote não é mais o mesmo. Drugovich brilhou no terceiro ano de F2, mas não
foi o suficiente para seduzir uma vaga como titular.
Bortoleto hoje é da academia da McLaren. Bom e ruim. Estar
numa equipe grande ajuda, mas sabemos que é impossível neste momento ser
titular da F1. Norris e Piastri não vão sair. Surgiram até boatos que o
brasileiro pode ser enviado para a Indy em um futuro próximo. Bortoleto precisa
considerar essa possibilidade, mas como a última opção. Sabemos que a ida para
o automobilismo americano representa, na grande maioria dos casos, o fim do
sonho europeu.
Qual seria, então, a possível alternativa do brasileiro para
ingressar na F1, sobretudo a partir de 2026, com o novo regulamento em vigor?
Aí entram duas questões. Bortoleto é contratado pela A14, a
agência de talentos de um certo Fernando Alonso. Ou seja: é um excelente contato
e com penetração pela F1 e as equipes. É simplesmente o pupilo do piloto com
mais largadas na categoria, bicampeão e um dos melhores da história, pessoal.
Não é pouca coisa.
Outro detalhe importante que surgiu nos últimos dias e
reforçou o meu devaneio para escrever esse texto: o retorno de Flavio Briatore
para a Alpine. Os franceses, em crise, confirmam Gasly e podem anunciar Sainz
para a próxima temporada. Ok, ano que vem ou o próximo talvez seja muito difícil
para o brasileiro, mas pensem só: Alonso é empresariado por Briatore, que agora
está na Alpine/Renault. Apesar de ser um “consultor”, é um cara de muita influência
e certamente vai voltar a dar as cartas na antiga escuderia onde conquistou
quatro títulos.
Se a ligação Alonso-Briatore é forte e os franceses, que
podem largar a categoria (ou a Renault, no que dá no mesmo), precisarem de
jovens pilotos para o novo regulamento caso não consigam fechar com Sainz ou
outro piloto mais experiente, Bortoleto pode ser uma possibilidade, por que
não? Talento, contatos, influência e até mesmo dinheiro são fatores primordiais
para alcançar uma vaga na F1.
Obviamente que, se toda essa imaginação virar realidade e dar
certo assim, o brasileiro vai precisar se livrar da McLaren, o que não seria um
grande problema. Do contrário, caso as coisas não se encaixem, tem sempre uma
Fórmula Indy como sombra e alternativa para continuar no automobilismo.
Espero que tenham gostado de viajar nos meus devaneios.
Afinal, sonhar não custa nada.
Até!