segunda-feira, 15 de abril de 2024

EXPLICANDO OS MOTIVOS

 

Foto: Divulgação/F1

Ah, essa vida de ter responsabilidades e sinalizar minimamente o que penso para explicar algumas decisões. Nada mais poético do que escrever isso após o GP do Japão, que estranhamente foi antecipado.

Vocês lembram: a primeira corrida com a cobertura do blog foi no fatídico GP do Japão de 2014. Lá, perdemos Bianchi. Foi também neste fim de semana que Vettel anunciou a ida para a Ferrari e, como consequência, Alonso estava livre no mercado. A Mercedes interrompia a era Red Bull e Hamilton brigava com Rosberg pelo bicampeonato, uma redenção para alguém que anos antes era chamado de “novo Mansell”.

Eu estava no segundo semestre da faculdade e aproveitei a brecha de criar algo para explicar o design das cores e tipografias para levar a sério um conteúdo que fazia tempo que gostaria de levar adiante: escrever sobre F1. Ler notícias e comentários alheios não me bastavam mais, eu queria fazer isso também. E aí tudo começou.

De lá pra cá, muitos textos e uma passagem experiência pelo Grande Prêmio. Quando fui aprovado para ficar em definitivo, declinei. Tinha compromissos mais importantes para levar a sério e estava com medo de não lidar bem com o TCC e o trabalho ao mesmo tempo. Pensava que me queimaria com alguma das duas coisas, senão ambas.

Estaria dando importância demais ao TCC, como meu irmão me alertou? O coordenador do curso, para quem eu pedi conselhos, também sentiu a situação. A experiência, né. O cavalo encilhado... mas sempre pensei: se depois dos 20 eu não vou conseguir mais nada, o que me resta, então?

O resultado vocês já sabem. Continuei por aqui, mas ultimamente o excesso de corridas e os rumos da categoria me desanimaram. Me sentia drenado. Muitos textos e muita cobertura para algo que não me rendia tanta perspectiva, a não ser o ego, que não me alimenta e nem me permite sobreviver com a mínima decência.

Pós-2021, a dominância ficou pior, porque a paixão, que anulava muita coisa, se esvaiu. Claro que continuo gostando, mas assim: pela primeira vez, não assisti nada da corrida no último fim de semana por experiência própria.

Você vê como são as coisas: a minha viagem estava marcada e Verstappen foi campeão uma semana antes do embarque. Para mim era um sinal. Fim de temporada e não perderia nada de importante. Aproveitaria para pensar sobre e me libertar um pouco.

Preciso ficar livre. Ultimamente, estou fugindo de tudo, todos e de mim. Eu não sei mais o que quero, mas sei o que não quero. No momento, não penso em escrever com frequência sobre corridas, a não ser que seja pago ou milagrosamente me chamem para algo (alô, Motorsport.com!).

Isso não significa que não aparecerei por aqui de vez em quando. Já publiquei três textos esse ano, contando com este, e mais um já está em processo, só preciso do timing certo. Spoiler: tem tudo a ver com essa crise interna da Red Bull e consequências futuras.

Só agora que me dei conta que o ciclo precisava ser encerrado oficialmente desta forma. Quase dez anos depois, tudo começou no Japão e se encerra no Japão. Parece escrito nas estrelas, o destino ou qualquer outra coisa melosa e clichê para tentar buscar explicações além do desânimo e do desencanto com a vida pessoal e profissional.

Não é hora de me despedir, mas sim de me recolher. Nunca se sabe o dia de amanhã, mas faltava essa abertura. Vou precisar de ajuda para seguir em frente e me motivar a viver uma nova vida porque, neste momento, eu não sinto mais vontade de viver. Está tudo no automático, tal qual a F1.

A diferença é que preciso reagir rapidamente. Não tenho luxo e nem tempo de esperar até 2026 ou a algum “novo regulamento” da vida. Nos vemos por aí, na Nós Na Fita, nos freelas de TV, nas redes sociais, no LSP, nos podcasts do Spotify, nos textos do Medium e qualquer outra coisa que surgir – e precisa surgir. Minha sobrevivência depende disso.

Até!