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terça-feira, 18 de julho de 2023

MONTANHA RUSSA

 

Foto: Red Bull Content Pool

Ricciardo é um dos pilotos que eu mais escrevi por aqui em quase dez anos, por diferentes motivos. Ele estava em alta quando comecei o projeto por aqui, desbancando Sebastian Vettel na Red Bull e depois teve toda a trajetória até surgir Max e o “expulsar” para a Renault.

A aposta foi em vão e a McLaren seria uma última chance. Mesmo que tenha vencido, Ric nunca entregou o que se esperava e pelo que ainda recebe de Woking. Escrevi que a trajetória na F1 como piloto de elite tinha acabado e que um retorno não faria sentido, em termos competitivos, para projetos menores ou coadjuvantes.

Acontece que o tempo é imprevisível e as circunstâncias mudam. Lembro de, anos atrás, Ricciardo estar frustrado com o fato de que o tempo passava e ele já estava ficando “velho” para ser campeão. Tinha poucas vitórias para alguém do gabarito dele. É um pensamento compreensível. Todo mundo quer chegar na F1 para dominar e fazer história.

Acontece que nem todo mundo vai ser um Fangio, Schumacher ou Hamilton nos números absolutos. É um elemento raro, depende claro da qualidade mas também do timing. Aí, cria-se pensamentos duvidosos. Como que a carreira de Ricciardo deu errado se um menino saído da Austrália subiu para a Red Bull, desbancou um tetracampeão e venceu oito vezes na categoria e por duas equipes diferentes?

A expectativa é mãe da decepção. Se olhar pela frieza dos números e da análise, Ricciardo nunca brigou pelo título. Culpa dele, do carro, do timing, de ter Verstappen no momento errado e na hora errada? E quando teve Kvyat e o carro não era o suficiente (inclusive perdeu em pontos para o russo)?

Bom, a jornada do herói Ricciardo parece que agora tem um propósito mais evidente: voltar a ser feliz. Sete meses ausente para alguém que vive isso desde adolescente lhe permitiu repensar prioridades e conceitos. Claro, todos estão ali para ser o melhor, mas o objetivo principal do australiano parece ter sido atingido: voltar a ser feliz em um ambiente onde ele fica feliz.

O segundo passo é retomar a confiança nessas corridas que restam em 2023. Não é falta de pretensão, mas está entre a diversão de correr e o que será possível fazer com a Alpha Tauri, a nova Toro Rosso. Caso as respostas sejam positivas, será inegável para todos a comparação com Sérgio Pérez: o Ricciardo 2.0. seria páreo para Verstappen em uma Red Bull que tem alguns anos de domínio pela presente?

É possível pensar em várias óticas e critérios. Não há um lado ou um pensamento totalmente certo ou completamente equivocado. São visões, narrativas. O que é inegável, no entanto, é que a vida e a carreira de Daniel Ricciardo estão numa verdadeira montanha russa de emoções recentemente. O blog é testemunha dessa repercussão.

Até!

terça-feira, 11 de julho de 2023

DE VOLTA ÀS ORIGENS

 

Foto: Reprodução/Red Bull Content Pool

Conforme antecipado em maio e até mesmo na semana passada, Nyck De Vries era alguém marcado para dançar. A experiência na F1 durou apenas 11 corridas, 10 na Alpha Tauri e 1 na Williams. Monza parece ter "enganado" Helmut Marko diante de uma Red Bull sem opções para substituir a saída de Gasly. Não apostar em Mick Schumacher ou nos outros talentos mostra o problema atual da academia de pilotos da Red Bull: não há novos talentos.

A prova é que, com a demissão de Nyck De Vries, o escolhido é um velho conhecido, longe de ser uma surpresa: sete meses depois, Daniel Ricciardo está de volta ao grid e a Faenza. A única diferença é idade e o fato da equipe ter mudado de nome.

Oficialmente, contrato até o fim do ano. Os testes de pneu da Pirelli realizados em Silverstone nessa semana foram preponderantes para a mudança no curso na temporada. O australiano impressionou Horner e Marko. Como resultado, De Vries se junta a uma extensa lista de pilotos incinerados na Alpha Tauri/Toro Rosso, que tem Brandon Hartley, Alguersuari, Buemi, Vergne, Speed, entre outros.

De fato, a passagem do holandês foi apagada. Estrear na categoria "velho", aos 28 anos, mesmo vencido a F2 e a FE não foi o suficiente para mantê-lo ao menos até o fim do ano. O holandês teve dificuldades para se adaptar a F1, o que é normal, mas está fazendo parecer com que Yuki Tsunoda tenha dado um salto de qualidade.

A academia de pilotos da Red Bull vive uma entressafra. A escolha de De Vries foi um exemplo disso. Apesar de seis pilotos da academia estarem na F2 e Liam Lawson, teoricamente o mais próximo da vaga, estar na Super Fórmula lá no Japão, a escolha foi pelo mais experiente, o que prova que a filosofia da equipe mudou, além do nome.

Há boatos que a Red Bull quer vender a Alpha Tauri, uma equipe que hoje está jogada às traças. Franz Tost se aposenta no fim do ano, a Honda vai sair em breve e não há um projeto sólido de crescimento. A equipe é lanterna nos construtores. O retorno de Ricciardo é um teste para Tsunoda. Agora, veremos se o japonês realmente evoluiu ou apenas se aproveitou de um baixo nível de competição. É tipo a situação do Mick Schumacher na Haas com Mazepin e depois com Magnussen.

Ricciardo vai ter que se adaptar a equipe, é óbvio, mas sete meses fora da categoria não enferruja ninguém, ainda mais quem acabou de fazer um teste e está constantemente nos simuladores dos taurinos em Milton Keynes. Muito além de voltar às origens, Ricciardo tem um objetivo flagrante.

 Mostrar desempenho, mostrar a todos que está de volta e ainda é um piloto de ponta para que, no futuro, volte para os grandes assentos, seja em 2024 ou até mesmo 2025, afinal Pérez tem mais um ano de contrato, mas está cada vez entregando menos resultados. Sabemos que a natureza de Horner e Marko são de rupturas intempestivas, então a chance de Ricciardo pode aparecer mais cedo do que tarde.

O sorridente australiano retorna para onde tudo praticamente começou, se fomos fingir que ele não fez as primeiras corridas da carreira na finada Hispania. É como aquela promessa do seu time que vai para a Europa muito cedo e volta para jogar já mais experiente, quase veterano. 

Agora, é tudo com Ricciardo. A última parte da carreira tem uma grande chance de retorno ao protagonismo e a redenção. Será que ele desaprendeu? Será que na Red Bull/Alpha Tauri a confiança voltou? Na dúvida, sorria.

Até!

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O REAL SIGNIFICADO

 

Foto: Getty Images

A despedida de Sebastian Vettel teve elementos muito interessantes. O post não é sobre a carreira e o legado do tetracampeão, que já foram exaustivamente destacados ao longo do ano, quando o alemão anunciou que estava se retirando.

O simbolismo do fim ficou evidenciado em duas ações da semana. O jantar organizado por Lewis Hamilton. Um grande gesto. Reuniu todos os pilotos, sem exceção. Ali não era lugar para as birras.

Vettel, mesmo campeão e muitas vezes impulsivo nas disputas, principalmente com Hamilton naquele incidente do Azerbaijão, conseguiu mudar a visão enquanto competidor com os adversários. Claro, não ser protagonista ajuda. A vilania é substituída pela empatia, o humor, o carisma e o cuidado que o alemão tinha com todos, da saúde até as condições de pista. Foi uma das vozes dos pilotos, conforme foi amadurecendo e virando o que virou na categoria.

O reconhecimento do heptacampeão não é somente pelo número ou pela promoção pessoal. Há algo genuíno porque Vettel foi praticamente a única figura relevante a defender o heptacampeão em suas empreitadas durante a F1 dos últimos anos, principalmente na pandemia.

Desde os gestos antirracistas, os protestos pelo mundo, a luta por um esporte e uma sociedade mais igualitária e sem se calar perante aos absurdos da FIA, como encher o saco sobre piercings, Vettel foi um importante aliado. Seb não precisa de holofotes. Só criou rede social para anunciar que estava saindo e colocando luz em outra paixão: a questão ambiental, a preservação do nosso mundo.

Sai o piloto, vem o “ativista”, o “militante”. Não quero usar de forma debochada ou negativa essas palavras, que fique evidente para todos. É o novo capítulo de Vettel. Hamilton percebeu a outra luta do alemão. Ele não precisa ser tão vocal ou midiático. Mesmo discreto é o suficiente porque é Sebastian Vettel. Por isso o respeito genuíno de Lewis Hamilton.

Outra questão mais surpreendente foi Alonso. A rivalidade visceral da década. Tudo bem, o espanhol levou a pior em todas, mas foi o cara que mais fez Vettel suar lá no ápice, desde a pista até os famosos “jogos mentais” do bicampeão, que enfrentava um jovem que, no fim da jornada, virou um homem tetracampeão.

Por isso se alguém voltasse com uma máquina do tempo para Interlagos, em 2012, e falasse que:

- Em dez anos, Vettel se aposenta e Alonso vai correr com um capacete em homenagem ao alemão!

A reação seria de risadas ou simplesmente achar o autor da frase um lunático. O gesto surpreendeu porque sim, a rivalidade diminuiu, os dois viraram coadjuvantes do grid, mas nunca houve essa “amizade”.

Não digo que foi um gesto falso. Alonso também sabe manipular o jogo da atenção. A questão é o seguinte:

Hamilton e Alonso são os mais experientes no grid. Os únicos contemporâneos. Por razões diferentes, o mesmo efeito: a saída de Vettel simboliza uma parte deles que se vai junto.

Tal qual Nadal e Djokovic sentindo que a aposentadoria de Roger Federer é um pedaço da rivalidade, dos bons e dos maus momentos indo embora, um tetracampeão dar adeus ao esporte é um recado não só para os campeões, mas sim para todos nós: o tempo é implacável.

Até!


terça-feira, 25 de outubro de 2022

O FACILITADOR

 

Foto: Getty Images

Uma notícia triste dominou a F1 no final de semana. De forma surpreendente, foi anunciada a morte de Dietrich Mateschitz, aos 78 anos, criador da Red Bull. Surpreendente porque o motivo da morte não foi anunciada, somente que ele estava doente havia algum tempo.

Mateschitz criou a Red Bull nos anos 1980 depois de conhecer, na Tailândia, o criador do energético. Desde então, a história fala por si.

A Red Bull sempre apostou no marketing dos esportes radicais e do público jovem. Desde os anos 1990, Mateschitz também começou a apostar no automobilismo, patrocinando equipes da F1 e também de base.

Até o início dos anos 2000, era possível observar o logo nos carros da Sauber e da Arrows. Todavia, um patrocínio não era suficiente. Era preciso arriscar ainda mais.

A oportunidade veio em 2004. A Jaguar era deficitária e não engrenou. Mateschitz comprou e transformou uma fábrica de energéticos em equipe da F1. No ano seguinte, comprou a Minardi e transformou na Toro Rosso, a equipe B. O conceito de “academia de pilotos” foi fortemente colocado em prática por eles: em tese, formar os próprios pilotos.

O resto é história. Mateschitz foi um cara importantíssimo na era moderna do automobilismo. O time de energéticos, desprezado por pilotos importantes na época do crescimento, conseguiu contratar Adrian Newey e tem seis títulos de pilotos e cinco de construtores em uma década. Só a Mercedes, graças ao novo regulamento, consegue ter maior sucesso no período de tempo.

As tradicionais McLaren e Ferrari ficaram para trás, isso que nem contei a Williams.

Mateschitz foi responsável direto e indireto por possibilitar a ascensão de diversos pilotos a F1, desde Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e Max Verstappen, até Carlos Sainz, Pierre Gasly, Brandon Hartley, Sebastien Buemi, Vitantonio Liuzzi e Christian Klein.

Há ainda o sucesso no futebol, através do Salzburg, o Leipzig e mais recentemente o Bragantino aqui no país, além do New York.

Curioso para saber como vai ser o futuro da empresa de energéticos e, obviamente, dos outros tentáculos. Diante dos gastos e também do sucesso nos empreendimentos, não é possível imaginar que a equipe Red Bull seja afetada no curto-prazo. Certamente o novo manda-chuva é alguém da linha de Mateschitz, o que significa manter a estratégia de marketing nos esportes.

Dietrich Mateschitz: um nome muito importante para a história do automobilismo.

Até!


segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O ESPELHO

 

Foto: XPB Images

Desde o ano passado que a pedra estava cantada. O rebaixamento de Pierre Gasly, precipitado, justo ou injusto, representava também um ponto de ruptura no que ele poderia fazer na carreira e o que a Red Bull fez por ele. Max sempre foi o escolhido e sempre será, até se cansar do time dos energéticos.

É claro que não se pode subvalorizar o produto e o que vimos em dois anos e meio é a prova de quem que possui o mental muito forte. De rebaixado e humilhado na Red Bull, Gasly teve pódios e uma vitória inesquecível em Monza, elevando seu valor de mercado na Fórmula 1.

O problema agora é o senso de realidade, ao menos da boca para fora. Em várias entrevistas, Gasly ainda se lamenta do pouco tempo que teve na equipe mãe e ainda acredita que vai voltar. É óbvio que ele deveria esquecer disso. Jamais terá igualdade de condições com Max. Um segundo retorno é uma segunda surra e nova desvalorização. Mais velho, não é a decisão mais apropriada.

O que fazer então, pois o francês se encontra em um limbo na Toro Rosso? O espelho é o ex-colega de academia Carlos Sainz. Desde cedo, ele percebeu que seria ele ou Max, e Max já estava escolhido. O espanhol antecipou o passo e ele mesmo deixou a fábrica de energéticos para tentar a sorte na Renault e se estabelecer como piloto eficiente em McLaren e Ferrari, superando os prospectos Lando Norris e Charles Leclerc.

É exatamente isso que Gasly precisa olhar. Existem poucas opções atrativas fora do mundo Red Bull. A mais óbvia é a Alpine, porque Fernando Alonso cedo ou tarde se aposenta de vez da categoria e sempre diz que tudo depende de como o carro vai se comportar com o novo regulamento. Ser francês numa equipe francesa também é um trunfo interessante.

A outra opção é a McLaren. Ricciardo está pressionado e pelo custo-benefício talvez o time de Woking possa considerar uma troca, até para economizar o pouco dinheiro que pode investir. Gasly por Ricciardo, se nada for muito abrupto, seria uma troca mais rentável financeiramente e esportivamente para o time.

Gasly então precisa repetir os passos de Sainz para tentar continuar com cartaz na categoria. Hora de tirar as asas da Red Bull e colocar os pés no chão, parar de lamentar e alimentar falsas esperanças, ao menos no campo externo. Carlos Sainz é o espelho.

Até!


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

ANÁLISE FINAL DE 2019 - PARTE 2

Foto: Getty Images

Fala, galera! Estou de volta com a parte final da minha análise da temporada 2019 com as equipes que faltaram. Vamos lá!

McLAREN

Foto: Getty Images
Carlos Sainz – 9,0: o melhor do resto, sem dúvida. Em Interlagos, o pódio que faltava para coroar um grande trabalho. Se o espanhol foi vítima de desconfianças ao ser superado por Max e Hulk na Toro Rosso e Renault, na McLaren o “sucessor de Alonso” foi quase perfeito. Apesar de não muito rápido nas voltas rápidas, soube usar o grande ritmo de corrida para se afirmar perante a competição de seu calibre. Com a evolução dos ingleses, pode ser questão de tempo para que o espanhol seja o novo piloto regular mas com uma pitada de sorte, estilo Pérez, mas a concorrência é dura.

Lando Norris – 7,5: a temporada decepcionante na F2 me deixou com desconfiança, mas Lando foi muito melhor nesta temporada do que na anterior. Parece que a qualidade e o desafio que enfrentaria o fizeram entrar no nível. Muito rápido, ele mesmo admite que falta administrar melhor os pneus e o ritmo de corrida nos domingos. É normal, faz parte do processo, é da juventude. Com uma McLaren melhor estruturada, um companheiro comprovadamente capaz e um Lando mais experiente é a receita ideal para que as coisas sejam no mínimo iguais em 2020, mas a expectativa é de superação.

RACING POINT

Foto: Reprodução/Racing Point
Sérgio Pérez – 8,0: Uma primeira metade de campeonato bem apagada, onde chegou a ser superado por Stroll, o que seria uma aberração. O pódio anual não veio, mas no segundo semestre o mexicano voltou a ser regular, junto com a melhora do carro. Mesmo com o aporte do pai Stroll, a Racing Point não conseguiu superar McLaren e Renault, o que talvez seja normal. No próximo ano, a expectativa é a mesma: somar pontos e bater Stroll, o que não é difícil.

Lance Stroll – 6,5: tirando o aborto que foi o quarto lugar na Alemanha, foi o de sempre. Lento e sem ritmo de corrida, somando poucos pontos com o carro que tinha a disposição. Sorte dele (e azar o nosso) que seu emprego nunca está sob risco, mas isso prova uma questão: por mais que exista estrutura e repetição de trabalho, se não existir talento, já era. 

ALFA ROMEO

Foto: Getty Images
Kimi Raikkonen – 7,0: funcionário público batendo carteira. É bom e também estranha a longevidade do IceMan. No primeiro semestre, foi quase perfeito. Aproveitou as oportunidades e somou pontos como um líder de equipe. No verão europeu, ele e a Alfa tiveram uma queda vertiginosa, sendo Raikkonen mais lento que o próprio Giovinazzi. Pra 2020, temos que somente desfrutar da carreira e do grande personagem que é esse finlandês para a F1, não a toa será o piloto com mais largadas na história.

Antonio Giovinazzi – 6,5: Um começo muito aquém das credenciais que tem na base. Pode se dizer que os dois anos inativos podem ter influenciado, mas Antonio foi lento e só começou a ter melhores resultados no final do ano. Para sua sorte, parece que fica mais por falta de opção e a perspectiva somente para 2021 do que qualquer outra coisa. Essa rápida melhorada no fim do ano pode ser o combustível que faltava para engrenar de vez na categoria. 

TORO ROSSO

Foto: Motorsport
Daniil Kvyat – 7,0: O pódio inesperado da Alemanha foi um grande alento para aquele que só estava vendo o lado ruim das coisas. Com experiência, estava superando Albon em pontos e fez boas corridas. Na segunda metade, com Kvyat, perdeu um pouco da regularidade e conseguiu poucos pontos, com alguns erros. Talvez Kvyat seja isso mesmo, um piloto irregular mas que agora ganhou mais um ano de sobrevida, graças também a estagnação do programa de pilotos da Red Bull. Seguirei na torcida.

Pierre Gasly – 7,0: se não fosse o pódio no Brasil, seria um dos piores do ano. Na Red Bull, foi uma tragédia, mas na Toro Rosso voltou a normalidade e foi brindado com um pódio. Talvez Gasly também esteja na mesma prateleira que Kvyat: irregular demais para voos maiores. No entanto, é mais jovem e ainda tem o benefício da dúvida. No entanto, com os dois rejeitados, fica improvável uma segunda chance, mesmo se acontecer algo na equipe mãe.

WILLIAMS

Foto: Autoracing
George Russell – 6,5: na verdade a nota é porque basicamente é impossível ter um critério objetivo para avaliar o inglês. Superou Kubica em todas as corridas mas não pontuou. É cruel. Com o carro fraco da Williams e um companheiro com limitações físicas, fica complicado traçar um parâmetro, apesar dos predicados da F2 serem animadores. Pra 2020 a situação não vai ser muito diferente, a não ser que talvez tenha virado o novo “ficha 1” da Mercedes, se é que isso ainda vale alguma coisa.

Robert Kubica – 6,5: o retorno valeu pela superação pessoal e o ponto conquistado na Alemanha. É o que entra nos livros de história. De resto, se não fosse pelo histórico e pela ciência de suas limitações (além do dinheiro), Robert teria sido dispensado no meio da temporada. Com um carro ruim, pertencia a outra categoria e isso é até bom, porque também foi prejudicado por ter poucos parâmetros, mas ser brutalizado por Russell não é positivo. Que seja feliz em outra categoria com o alento de que o tal Latifi não vai fazer muita coisa diferente, isso que este está com 100% das capacidades físicas e técnicas.

E essa foi a minha análise. Concorda? Discorda? Comente!

Até mais!

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

MAIS UM ALPHA

Foto: Getty Images
Apesar da única vitória da história da antiga Minardi ter sido em 2008 com Sebastian Vettel, pode-se dizer que a Scuderia Toro Rosso encerra suas atividades na Fórmula 1 na melhor temporada da história da equipe, justamente quando veio os dois pódios improváveis com os renegados Daniil Kvyat e Pierre Gasly.

Na verdade, quase tudo será a mesma coisa, apenas o nome irá mudar. A Toro Rosso vai virar Scuderia Alpha Tauri, uma marca de roupas cujo dono é o Dietrich Mateschitz, o mesmo da Red Bull. O nome, obviamente, serve para alavancar a evidência em relação a tal marca.

Toro Rosso vai virar Alpha Tauri. Foto: Reprodução/Internet

Com o novo nome, pode existir a possibilidade que a cor do carro seja diferente. Desde 2006, quando foi comprado o espólio da Minardi, a Toro Rosso sempre usou um roxo com azul escuro. Somente nos últimos anos foi adotado um azul mais claro.

Em 14 temporadas, foram 268 corridas e 1 vitória, 1 pole, 3 pódios e 499 pontos. Indiscutivelmente, pelos resultados, Vettel, Kvyat e Gasly podem ser considerados os melhores e mais importantes pilotos da escuderia.

Comprada da Minardi no fim de 2005, a Toro Rosso sempre serviu como equipe satélite da titular Red Bull. Com o tempo, passou a ser a equipe laboratório, que tinha somente os jovens pilotos da academia, que estreavam lá e poderiam ser aproveitados (ou não) no time de cima.

Tudo começou com os fracos Scott Speed e Vitantonio Liuzzi. Com as sobras da Minardi, era natural começar no pelotão de baixo, ainda mais sem experiência. No entanto, com a administração de Gerhard Berger, a equipe começou a subir.

A equipe satélite começou a andar melhor que a titular. A Toro Rosso sempre usou as sobras da Red Bull, mas o motor em algumas temporadas chegou a ser diferente e isso foi um fator desequilibrante: enquanto os taurinos usavam Renault, os "taurininhos" chegaram a usar motor Ferrari por alguns anos. Com Vettel, uma pole e vitória improvável em Monza fizeram história com a equipe "italiana" de sede em Faenza, utilizando as estruturas da Minardi.

Berger e Vettel: a única vitória da Toro Rosso na história. Foto: Getty Images
Mais do que resultados concretos, o objetivo da Toro Rosso sempre foi claro: revelar talentos para a Red Bull, tal qual uma categoria de base do futebol que abastece o time principal. Vettel foi alçado e fez história, tornando-se um padrão e exemplo de sucesso. No entanto, nem todos são Vettel na Red Bull, e alguns entenderam isso...

Helmut Marko e algumas de suas vítimas... Foto: Getty Images
A Red Bull pode ser um sonho para jovens pilotos que sonham com grandes carros, equipes, vitórias e títulos, mas também é um grande pesadelo, ao menos para a maioria deles. Para cada Vettel, vários outros foram queimados pela exigência de Helmut Marko, que também estimulava a rivalidade entre os jovens. Speed, Liuzzi, Bourdais, Buemi, Alguersuari, Vergne e posteriormente Kvyat e o próprio Gasly são exemplos da faca de dois gumes. Isso sem contar aqueles que ficaram no meio do caminho e sequer chegaram no topo, e o caso de outros que voltaram de forma inesperada, como Hartley e agora a sensação Alexander Albon.

Ricciardo e Verstappen: casos raros de sucesso, até um deles ser preterido pelo outro... Foto: Divulgação/Red Bull
Durante meia década a Toro Rosso foi constantemente cobrada por Marko pela falta de resultados. No entanto, este ano finalmente veio algum retorno depois da evolução da Honda e também de um pouco de sorte e oportunismo de seus pilotos outrora renegados.

Se antes era abundante a entrada de talentos, as dificuldades na base mostram que a Red Bull tem mais cuidado ao incinerar seus pilotos, sendo agora mais comum o "rebaixamento" do que a total ruptura. Ainda assim, a Toro Rosso/Red Bull cumpre seu papel de abastecer o grid em suas equipes (ou não), como Sainz pode muito bem provar.

Agora, a F1 tem mais uma alfa querendo se provar no bando, quer dizer, Alpha, tal qual o Athletico. De resto, segue tudo como está, com Gasly e Kvyat como pilotos. Ansioso para ver se o novo carro terá coloração diferente.

A exemplo da Force India, Toro Rosso era outro nome que nos acostumamos e vamos sentir falta. Em todo o caso, bem vinda a mais uma Alpha, a Alpha Tauri.

Até!

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

ÚNICO

Foto: Getty Images
Interlagos é único e quase sempre cumpre o que promete. A ansiedade é justificada. Hoje, quando tudo parecia que seria meio chocho e se encaminhava para uma tentativa de disputa entre Verstappen e Hamilton, um Safety Car duvidoso causado pela entrada de um trator para tirar o carro de Bottas, que estourou o motor ao superaquecê-lo sem conseguir ultrapassar Leclerc, mudou tudo e transformou uma prova de F1 em uma chegada de Indy ou de Nascar.

Antes do delicioso caos, tudo parecia uma peça de xadrez: Verstappen e Hamilton com a mesma estratégia, pareados por Vettel e Albon e Leclerc e Bottas. Lá atrás, Ricciardo foi punido por tocar em Magnussen e foi para o final do grid. Ultrapassar no meio do pelotão não é fácil.

No pós Safety Car, todo mundo colocou os macios e foi pra cima menos Hamilton, que inexplicavelmente manteve-se na pista com os desgastados pneus médios. Verstappen disparou com uma manobra à la Montoya em 2001. Albon, que sempre surge nas voltas finais, fez o mesmo com Vettel, que não conseguia devolver. Leclerc, atrás, resolveu tentar. Vettel foi dar o troco, mas existe uma espécie de inconsciente que é: entrar perder a posição para o parceiro de equipe e bater, que seja a segunda opção.

Foto: Reprodução/F1 TV
Olhando pelos vários ângulos, me pareceu um toque de corrida. Entretanto, com mais detalhes, Vettel praticamente repetiu a famosa e desastrada manobra diante do parceiro Webber quase uma década atrás: com meio carro a frente, jogou ele um pouco para a esquerda. Leclerc, reto, manteve-se na linha e acertou o dianteiro direito no pneu traseiro esquerdo do alemão.

A Ferrari cansa de desperdiçar oportunidades, seja pela incompetência dos pilotos ou problemas crônicos no carro. Como ajeitar a casa para brigar em 2020 se o novato quer mandar mais que o mais velho e o mais velho quer se impor nem que seja estragando a corrida de ambos? Binotto não é esse cara enérgico para fazer isso. Na verdade, hoje na Ferrari essa figura inexiste, um Montezemolo, Ross Brawn, Jean Todt, Marchionne e até o fumante Arrivabene tinham uma postura mais "pau na mesa" nessas horas. Quem ganha, ou melhor, ri com isso são os mecânicos da Red Bull (como foi hoje) e principalmente da Mercedes.

Um novo SC e a Mercedes chamou tardiamente Hamilton para os boxes. Honestamente, não imaginava que a corrida continuaria depois dali, mas houve a relargada. Brigando pelo segundo lugar e com pneus novos, era questão de tempo passar Albon, que conquistaria o primeiro pódio dele e da Tailândia na F1. Parecia. Meio inocente, Albon não se defendeu na última curva do miolo, o hexacampeão tentou se atravessar e bateu, fazendo o tailandês rodar e jogar para o espaço a chance do pódio. Mesmo com a asa dianteira danificada, Hamilton seguiu para caçar Gasly.

Investigado pelos comissários, ele e Bottas reclamaram a corrida inteira de falta de potência do motor alemão, e foi assim que ele foi incapaz de passar Gasly na reta de chegada. Como se fosse Nascar, milésimos definiram o primeiro pódio da carreira de Pierre. É incrível chegar a esta conclusão, mas a Mercedes hoje tem menos potência que Honda e Ferrari. Tem mais confiabilidade. Para a próxima temporada, os alemães já trabalham em uma nova solução.

Foto: Getty Images
É inacreditável. Chutado merecidamente da Red Bull pelo pífio desempenho, na Toro Rosso parece que o francês é outro piloto. Vem superando Kvyat e o "azar" e incompetência que teve na primeira metade do ano foi recompensado pelo oportunismo e ótimo ritmo de corrida agora. Apesar de ser crítico do francês, não tem como não gostar dessas histórias de superação, dos underdogs que surpreendem e dão a volta por cima, conquistando grandes resultados. Albon merecia o pódio hoje, mas certamente é questão de tempo para chegar, afinal ele está na Red Bull. Albon faz uma temporada muito melhor que Kvyat e Gasly, mas incrivelmente pode ser o único piloto taurino a passar o ano zerado no pódio. Que loucura.

A comissão, que já foi veloz em diversas ocasiões e foi responsável até por tirar Verstappen de uma cerimônia certa vez no México, dessa vez foi mal demais. Fez Hamilton participar do pódio e, minutos depois, confirmar a punição de cinco segundos que confirmou também o primeiro pódio de Carlos Sainz, o segundo espanhol a conseguir tal feito (e também na McLaren) e o primeiro da histórica equipe desde 2014, na Austrália, onde Button também só subiu ao pódio após a desclassificação de Ricciardo.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Todo mundo perdeu a chance de ver Sainz, ao vivo, comemorando um merecido pódio, e largando de último! É incrível o ritmo de corrida! É, sem dúvida alguma, o melhor piloto do "lado B". Sempre consistente, hoje ele foi também oportunista para fazer história junto com a McLaren e, assim como Gasly, tirar esse peso do "primeiro pódio" dos ombros.

Isso também mostra que o caminho da McLaren para retornar ao lugar que merece está sendo trilhado aos poucos. Isso que está com o motor Renault ainda por cima. Com uma boa dupla de pilotos e a continuação da reestruturação sendo feita com Andreas Seidl, Gil de Ferran e Zak Brown, quem sabe nos anos seguintes essa grande festa que "vimos" através das fotos seja mais corriqueira com vitórias também.

Fechando essa corrida maluca, Hamilton terminou em sétimo. Na frente dele, as duas Alfa Romeo, com Raikkonen e Giovinazzi. É o melhor resultado da carreira de Giovinazzi, outro novato que sai fortalecido para a próxima temporada, mesmo quando o carro teve uma queda na segunda metade do ano, assim como o melhor resultado de Raikkonen neste retorno a ex-Sauber.

Ricciardo, que chegou a ser o último por um erro dele, conseguiu contornar a situação para ser o sexto. Ah se a Renault tivesse carro... Hulkenberg termina sua trajetória melancólica na F1 lá atrás e vendo quase todo mundo que ele duelou nos últimos anos sendo recompensado com um pódio. É o que é. Pérez e Kvyat completaram o top 10. Nem diante de uma corrida caótica a Haas conseguiu alguns pontinhos, mesmo com Grosjean entre os 10 a corrida toda. Não pararam ele na hora do Safety Car e foi engolido na relargada, aí também é brincadeira.

No único GP do Brasil, é necessário que isso enterre de vez algo que nunca foi cavado, que é a tal lunática ideia de Deodoro. Verstappen, com a cabeça no lugar e um carro competitivo, é o grande nome a destronar Lewis Hamilton, só precisa ser menos Mansell. A Ferrari, com todo mundo se batendo e a ausência de uma liderança dentro e fora das pistas vai continuar penando.

Com um pódio todo de pilotos Red Bull, é comovente ver rostos diferentes nas primeiras posições nessas corridas caóticas, até porque a diferença das três principais equipes para o resto é gritante.

Em Interlagos, tudo é único.

Confira a classificação final do GP do Brasil:


Até!

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

GP DO JAPÃO: MUDOU TUDO

Foto:Tsunagan Japan
Geralmente, posto aqui antes dos treinos livres a programação com as notícias e tudo mais. No entanto, esqueci que tudo começaria nesta noite de quinta-feira. Pura sorte? Pois bem, durante a noite foi anunciado que, em virtude do tufão que vai chegar no país, a F1 vai cancelar os eventos no sábado, que incluem o treino livre e o treino classificatório. Portanto, nesse final de semana, não teremos apenas o terceiro treino livre, com a classificação sendo realizada na manhã de domingo (sábado à noite).

Pois bem, deixo aqui os textos que realizei para o post da programação para o GP do Japão e depois irei escrever algumas linhas sobre os treinos realizados nessa madrugada:

ALERTA DE SUPERTUFÃO

Foto: Getty Images
É o que diz Steffen Dietz, ex-meteorologista da F1. O supertufão Hagibis ganhou força e deve atingir Suzuka com força, especialmente no sábado. A previsão é de chuva forte e ventos nos três dias.

"Querido público da Fórmula 1, com o tufão Hagibis, existe uma possível ameaça na situação meteorológica em Suzuka. A fotografia mostra o pior cenário, segundo um modelo. É uma possibilidade, ainda falta uma semana, mas o modelo e a formação são impressionantes. Sigam atentos"

"Hagibis aumentou bastante e agora é um supertufão, de categoria 4. A previsão da pista no Japão e na F1 é bem consistente. A probabilidade de qualquer impacto é alta, mas os detalhes permanecem incertos. Geralmente, o sistema enfraquece bastante antes de chegar no Japão, mas seguirá forte. Os modelos de hoje mostram uma propagação um pouco mais rápida, então, o impacto na F1 pode aparecer já no sábado", alertou Dietz em sua conta no Twitter.

19º tufão do ano no Pacífico, o Hagibis veio das Filipinas e vem avançando em direção ao oeste do país, onde o autódromo de Suzuka é localizado. O último boletim divulgado pela Agência Meterológica aponta que ele se desloca a 25 km/h, com ventos sustentados de 180 km/h.

O Japão tem histórico de adiamento de treinos em virtude das chuvas e ventos fortes. Isso aconteceu em 2004 e 2010, quando os treinos foram realizados no domingo, dia da corrida. Em 2007, a corrida em Fuji foi realizada sob forte chuva.

Em 2013, na Austrália, apenas o Q1 foi realizado. Em 2015, nos Estados Unidos, o furacão Patrícia fez com que o treino também fosse na manhã de domingo.

Em 2014, o furacão Phanfone transformou a corrida do Japão num caos, com largadas atrás do Safety Car, bandeiras vermelhas e o trágico acidente fatal de Jules Bianchi.


Se chove, então provavelmente mal teremos treino e a corrida só quando os pilotos conseguirem colocar os intermediários. Não me animo muito. É muita frescura da FIA, que matou o francês graças a sua negligência e faz malabarismos técnicos para parecer que se preocupa com a segurança dos pilotos, como é o caso do Halo ou proibir corridas em chuvas fortes, o que é um absurdo.

TAPETÃO?

Foto: Getty Images
Eu tento, mas é impossível não escrever algo sobre a equipe mais simpática da F1. A nova notícia do momento é que a FIA pode punir a equipe em perda de pontos porque o chefão Gunther Steiner xingou o comissário Emanuelle Pirro (o mesmo que tirou a vitória de Vettel no Canadá) de idiota após a punição a Kevin Magnussen ao cortar uma curva e não voltar no traçado determinado lá no GP da Rússia.

Segundo o site alemão "Motorsport Total", Steiner foi até a sala dos comissários após a corrida e teve acalorada discussão com o ex-piloto, além de tê-lo xingado no rádio da equipe de "estúpido e idiota" e não ter se desculpado posteriormente.

Steiner pode ser punido por suspensão de uma corrida sem acessar o paddock, uma multa de R$ 1 milhão ou até mesmo perda de pontos de sua equipe.


É tipo o STJD afirmar que um jogador pode ser punido por 12 jogos mas no fim das contas basta pagar uma cesta básica. Se Steiner realmente xingou Pirro, ele merece um prêmio, isso sim. Mais uma punição imbecil desse cara que já avacalhou com o GP do Canadá. Por essas e outras que a Haas é a equipe mais simpática do grid, sem dúvida alguma.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 322 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 249 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 215 pontos
4 - Max Verstappen (Red Bull) - 212 pontos
5 - Sebastian Vettel (Mercedes) - 194 pontos
6 - Pierre Gasly (Toro Rosso) - 69 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 66 pontos
8 - Alexander Albon (Red Bull) - 52 pontos
9 - Lando Norris (McLaren) - 35 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 34 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 34 pontos
12- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 33 pontos
13- Sérgio Pérez (Racing Point) - 33 pontos
14- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 31 pontos
15- Kevin Magnussen (Haas) - 20 pontos
16- Lance Stroll (Racing Point) - 19 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 8 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos
19- Robert Kubica (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 571 pontos
2 - Ferrari - 409 pontos
3 - Red Bull Honda - 311 pontos
4 - McLaren Renault - 101 pontos
5 - Renault - 68 pontos
6 - Toro Rosso Honda - 55 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 52 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 35 pontos
9 - Haas Ferrari - 28 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

Os treinos: pois bem, depois de quatro poles consecutivas, a Mercedes resolveu reagir com novas atualizações apesar disso parecer inútil para esse ano, pois já são campeões. A questão é psicológica, de mostrar pra Ferrari e pro resto que são eles quem mandam ainda.

Bottas, apesar de rodar uma vez no TL2, foi o mais rápido nos dois treinos. As flechas de prata foram muito mais velozes que a Ferrari e a Red Bull com motor zerado para tentar andar bem na casa da Honda. Desse jeito, devem ser os grandes favoritos a vencer, por mais estranho que possa ser projetar uma corrida que ninguém sabe em quais condições vai acontecer. No domingo, dizem que o tempo vai estar seco.

Importante salientar que, segundo a FIA, caso não seja possível realizar o classificatório no domingo pela manhã (horário do Japão), o grid foi definido agora. Ou seja: podemos ter Bottas, Hamilton, Verstappen, Leclerc, Vettel e Albon, nesta ordem. No resto, a briga encarniçada de sempre, onde a Toro Rosso é a grande atração local junto com a Red Bull, mas me parece que a McLaren ainda leva certa vantagem na hierarquia da "quarta força" nesse instante.

Pois bem, veja bem as posições do TL2, porque pode ser a do grid de largada também. É o confuso e caótico GP do Japão, cheia de diversas lembranças...


Até!

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

DE REPENTE, VITÓRIA!

Foto: Getty Images
Existe vitória injusta? Existe, tipo a do Hamilton no Canadá esse ano. Existe vitória que caiu do céu? Aos montes na história, cada vez mais impossível diante da confiabilidade dos motores híbridos e das equipes poupando equipamento até não poder mais, como bem criticou Lando Norris. Enfim, existe a vitória de Johnny Herbert pela Stewart em 1999.

A vitória de Vettel, que encerrou um jejum de 22 etapas sem subir no lugar mais alto do pódio, pode ter dois desses elementos. Sorte, competência ou incompetência da Ferrari? Desde o início da corrida, quando Hulkenberg parou cedo com danos no carro, ele virava mais rápido com pneus duros, de Renault. Apostando no desgaste dos pneus ferraristas, a Mercedes esperou, como uma raposa velha.

A Ferrari, protegendo Vettel do terceiro lugar para evitar o undercut de Verstappen, chamou o alemão. Na volta seguinte, o surpreendente pole, Leclerc, veio fazer o mesmo. Aliás, é muito surpreendente o rendimento da Ferrari em Cingapura. Sem longas retas e o circuito com mais curvas do ano, esperava-se um domínio dos alemães e uma briga com o holandês da Red Bull. Não foi bem assim.

Enfim, voltando, a volta livre com os pneus duros foi o suficiente para Vettel retornar à frente de Leclerc. Não só se protegeu de Verstappen como conseguiu duas posições em uma tacada só! Sorte, competência da Ferrari ou injustiça com o monegasco? Geralmente o melhor posicionado tem a preferência de parar primeiro. Não foi o que aconteceu, e por isso Leclerc ficou irritadíssimo no pós-corrida. Tá chorando demais e se fazendo de vítima, apesar de ter sido mais uma vez sacaneado.

Foto: Getty Images
A 53a vitória da carreira de Vettel, a quinta em Marina Bay, surge no momento mais duro da carreira do tetracampeão, que segurou o choro no pódio. Cena bonita, logo duas semanas após uma rodada justo em Monza, onde Leclerc se consagrou o novo ídolo. Merecia ter vencido antes, no Canadá, assim como Leclerc pode reclamar de ter perdido sua terceira corrida no ano: Bahrein, Áustria e agora. Se, se, se... Pela primeira vez em onze anos a Ferrari emplaca três vitórias seguidas, a mesma coisa na era híbrida, iniciada em 2014. O campeonato e os construtores já estão definidos, mas é sempre bom a Mercedes abrir o olho, ainda mais diante dessa inesperada derrota de hoje.

Quem também reclamou da estratégia foi Hamilton. Segundo ele, seria uma vitória fácil se tivesse parado antes. Perdida, a Mercedes alongou o stint temendo voltar no meio do tráfego e perdeu as posições. Mesmo assim, já são três corridas sem vencer. Mesmo que o campeonato já esteja definido, é a primeira vez que os alemães enfrentam essa situação em cinco anos. Ah se o #44 tivesse um rival do outro lado...

Verstappen já andou reclamando da Red Bull/Honda. É um desperdício vê-lo com a possibilidade de brigar apenas por dois vitórias no ano. Com Leclerc sendo a "nova sensação" em uma equipe grande e mais encorpada que os taurinos hoje, não é de se duvidar que esse casamento possa ruir caso as coisas não tenham uma perspectiva de melhora. Albon, mais uma vez seguro, fez o que pode: o sexto lugar.

Na "zona do agrião", destaque para Norris, o melhor do resto. Hulkenberg, com uma boa corrida de recuperação, contou com o Safety Car para ficar em nono nesse clima de despedida da categoria. Gasly deve ter feito sua segunda melhor corrida no ano e conquista pontos importantes. Por falar em ponto, de um em um Giovinazzi tenta sobreviver na Alfa Romeo, apesar de todos os dramas.

Grosjean já mostrou o cartão de visitas renovado ao alijar Russell da prova e começar o caos dos três Safety Car. Kvyat e Raikkonen se estranharam e ficaram pelo caminho. A Haas segue o calvário sem perspectiva de melhora. Ricciardo parece mais preocupado em dar show e se divertir nas disputas de pista do que propriamente com a pontuação. E tá errado?

Justa ou não, a vitória de Vettel pode ser um combustível para o alemão finalmente sair da maré negativa, apesar dos prognósticos não serem bons. Afinal, para alguns ele "herdou" o resultado hoje e vem de seguidas derrotas nos treinos. Não parece estar bem adaptado ao SF90. Mesmo assim, que a cabeça volte a ficar no lugar e se imponha como um tetracampeão deve fazer.

Confira a classificação final do GP de Cingapura:


Até!



segunda-feira, 2 de setembro de 2019

ERA PARA SER

Foto: Getty Images
Com apenas 21 anos, Charles Leclerc vive muitas emoções para alguém que é tão jovem. Enquanto trilhava o caminho do kart e os primeiros passos nos monopostos, perdeu repentinamente o grande amigo e um de seus maiores incentivadores, o francês Jules Bianchi. Com a naturalidade das coisas, teoricamente era para o francês estar na posição que o monegasco ocupa hoje. Leclerc corre por Bianchi e é uma extensão dele.

Em 2017, outro duro golpe: o falecimento do pai, vítima de câncer. Meses depois, foi confirmado em um das posições de maior prestígio existente no imaginário popular: piloto da Ferrari. Monegasco, com apenas 21 anos, quebrando uma escrita dos italianos, relutantes em apostar nas promessas.

Logo na segunda etapa como ferrarista, a primeira pole para tirar a pressão. Tudo se encaminhava para uma vitória consagradora, mas um problema no motor impediu isso. Uma crueldade.

Na Áustria, o mesmo roteiro. Depois de alguma instabilidade e um erro no treino em Baku, rapidamente Leclerc tinha a chance de vencer. Sem motor problemático e liderando de ponta a ponta. Nada poderia dar errado até Max Verstappen o empurrar para a área de escape, não ser punido e vencer. Outro duro golpe para quem constantemente era escudeiro de Vettel e via uma Ferrari muito instável, desperdiçando raras oportunidades de vitória com estratégias equivocadas e um intenso problema dos pneus se desgastarem muito rápido.

No retorno das férias, a terceira pole e sete décimos para a concorrência. Com sobras. A terceira chance.

Além do pai, Hervé, e de Jules Bianchi, outros grandes contatos de Charles na vida e no automobilismo é o chamado "Os Quatro Mosqueteiros": ele, Pierre Gasly, Esteban Ocon e Anthoine Hubert. Três franceses e o monegasco, que corriam, conviviam e chegavam até a morar juntos.

Foto: Getty Images
O acidente fatal do amigo, justo depois de mais uma pole, é mais um baque emocional em Charles, tão jovem e tão acostumado a lidar com as adversidades da pista. Um jovem morrer fazendo o que gosta em algo que notabiliza pela constante evolução da segurança é chocante para todos nós que não pegamos a época onde "morria um por corrida", como diz meu pai. Um quê de triste coincidência poderia ser o chavão: vai ter que ser por ele.

Corrida controlada o tempo todo. O mesmo cenário de Bahrein e Áustria. Os acontecimentos recentes provaram que, realmente, "a corrida acaba só quando ela termina". Eis que, nas voltas finais, Hamilton, rendendo mais com os médios e desgastando menos os pneus, começa a se aproximar. O tetracampeão Vettel, renegado a escudeiro de luxo, o atrapalhou por algumas voltas até finalmente ser ultrapassado. Estava aberta a caça. Hamilton venceria de novo nas voltas finais? Leclerc perderia de novo nas voltas finais? Justo neste final de semana?

Lewis já estava a menos de um segundo, contornando o segundo setor, onde a Mercedes sobrava. O diferencial dos vermelhos era o mais potente motor ferrarista, que os mantinha na frente. Quando Hamilton poderia se aproximar para usar a asa e tentar o bote final, uma bandeira amarela e mais barreiras de pneus acertadas. Giovinazzi, que fazia a melhor corrida do ano, desperdiça mais uma chance e bate. Todo mundo precisa diminuir a velocidade. Quando iria abrir a última volta, uma crueldade acontece com Norris: o motor de sua McLaren estoura. Se isso acontecesse antes, poderia ser ultrapassado como retardatário pelo líder e chegar nos pontos. Gasly, reestreando na Toro Rosso, se beneficia disso e ganha dois pontos que não conseguiria em condições normais, onde foi superado por Kvyat em mais uma bela atuação do russo em seu grande momento da carreira, no sétimo lugar.

Era para ser. Leclerc vence a primeira na carreira. Por Hervé. Por Bianchi. Por Hubert. Pela Ferrari. A homenagem para o amigo e para tantos outros que partiram tão cedo em sua trajetória. Era para ser. Há o copo meio vazio também. A primeira vitória é justa em Spa, onde os carros não fazem aquela "volta da vitória" onde extravazam e acenam para o público. Rapidamente Bianchi vai para os boxes. Ele está muito feliz, mas não pode comemorar muito porque a vitória vem justo quando perde um amigo na véspera. Era para ser. Tão bonito e tão emocionante ao mesmo tempo. O tal do destino é caprichoso.

Foto: Getty Images
Bottas chegou em terceiro e o escudeiro Vettel em quarto. Alexander Albon, o estreante da Red Bull, fez uma corrida F1 típica no que fazia na F2: largando com pneu médio, foi conservando os pneus para no stint final, mais macio, atropelasse todo mundo. Contou com a sorte de Norris ficar fora mas mostrou arrojo para ultrapassar Pérez passando pela grama na última volta. Só hoje já fez mais que Gasly no ano.

Verstappen foi aquele Verstappen do ano passado. Até então impecável, ele largou mal de novo e tentou recuperar tudo na primeira curva. Tocou em Raikkonen, que quase capotou, e com o carro sem condições, foi se arrastando até ser tocado pelo finlandês e bater na Eau Rouge. Justo um dia depois do que aconteceu (e farei um post sobre isso amanhã), Max mostra que não se decide tudo na largada, que tem carro para recuperar as posições, especialmente diante da Alfa Romeo, que teve a corrida arruinada.

Os outros beneficiados pelos abandonos da última volta foram Hulkenberg, que achou um oitavo lugar, e Stroll, com um pontinho. Inexplicáveis as estratégias de Ricciardo e Magnussen, que praticamente andaram a corrida toda com os macios e foram sendo ultrapassados por todo mundo volta a volta. Que ano constrangedor da Renault, cada vez mais perdida. A Haas então...

Em um contexto que pode ser utilizado para quase tudo, hoje a vitória de Leclerc, a batida de Verstappen e os abandonos de Norris e Giovinazzi eram para ser. Com crueldade para uns, sorte para outros. E assim a F1 segue em um final de semana mais emocional desde a morte de Jules ou até mesmo Ímola. Era para ser.

Confira a classificação final do GP da Bélgica:


Até!

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

VESTIBULAR (A PRÓXIMA VÍTIMA?)

Foto: Getty Images
O matadouro da Red Bull/Toro Rosso voltou a funcionar. Para a surpresa de ninguém, foi feito o esperado: Pierre Gasly foi rebaixado para a satélite Toro Rosso depois de apenas 63 pontos em 12 corridas, desempenhos pífios e constrangedores, chegando até a levar uma volta de Max Verstappen, no auge da carreira. Inadmissível, sendo que os dois possuem (teoricamente) o mesmo equipamento.

Para o seu lugar, o outro novato: Alexander Albon, o tailandês nascido e criado em Londres, estreando na temporada. É uma ascensão meteórica, como você pode ler no post que fiz em dezembro de 2018 clicando AQUI. No início do ano passado, ele não tinha dinheiro para competir na F2. No fim do ano, estava acertado para correr com a Nissan na Fórmula E, até que o efeito Ricciardo mudou tudo e o fez retornar para a Red Bull, onde já foi demitido do programa de pilotos no longínquo 2014, quando era um guri.

No comunicado da Red Bull, a ideia é comparar os desempenhos de Albon e o que Gasly fez neste ano para definir o parceiro. Claramente é uma equipe perdida e que busca alguém que possa ajudar Verstappen nos construtores, mas como ajudá-lo se é proibido andar próximo dele?

"O efeito Ricciardo" cria um novo problema nos taurinos desde quando Vettel deixou a equipe. Gasly tinha a credencial de ser campeão da GP2. Albon ano passado foi o vice. São pilotos com muito talento, mas ainda muito jovens e inexperientes, o que é normal. Ninguém vai ser um prodígio igual Verstappen e não há nada de errado nisso.

Incinerar Gasly, embora seu desempenho seja indefensável, para colocar outro jovem é uma faca de dois gumes. É a chance da vida do jovem inglês-tailandês, de indas e vindas na própria Red Bull. No entanto, e se ele não estiver pronto para este nível de competição? Não há pré-temporada e nem simulador para prepará-lo. A F1 está de férias. Se era para substituir o francês, por que colocar de volta Kvyat, que já viveu todas essas emoções? O russo está mais maduro, recuperado dos traumas e sem nada a perder. Ser rebaixado de novo, qual o problema?

A Red Bull cria um "vestibular" para saber quem será o parceiro de Max Verstappen. Gasly não serviu e Helmut Marko e Christian Horner estão praticamente dizendo que ele não serve para uma equipe grande, tal qual Kvyat. Qual vai ser a motivação do francês, desmoralizado técnica e emocionalmente? Grandes as chances de virar o russo 2.0. Aliás, os dois rebaixados agora serão parceiros de equipe, e o próprio Gasly o substituiu em 2017, no que parecia o fim dele na F1. Certamente Kvyat tem conselhos para dar.

Albon é um piloto com muita qualidade e potencial. Mostrou isso na F2 e estava mostrando na Toro Rosso. No entanto, o nível de competição que irá enfrentar e sem qualquer preparação pode transformar esse sonho em um pesadelo, e os exemplos estão na agora vizinha Toro Rosso, sem contar Buemi, Vergne, Alguersuari... Gasly não serviu. E se Albon não servir e for a próxima vítima, o que farão Christian Horner e Helmut Marko, que dão a luz e ceifam carreiras na mesma proporção e velocidade?

Até!

terça-feira, 30 de julho de 2019

INFERNO E CÉU

Foto: Motorsport Images
Um ano atrás, Vettel era líder do campeonato e parecia a salvação da lavoura da F1 para brecar o domínio da Mercedes, como um certo ídolo Michael Schumacher. Na Alemanha, uma pole consagradora, enquanto que o concorrente Hamilton largaria lá atrás, com problemas no treino.

Uma corrida que parecia tranquila colocou tudo a perder no próprio erro do alemão, em casa, em frente a torcida. O que seriam 33 pontos de vantagem viraram 17 atrás. A partir dali, Vettel não se recuperou mais. Pelo contrário. Mergulhou em uma sequência de erros inacreditáveis para alguém tão gabaritado com quatro títulos.

Nada mudou neste ano, mais pressionado ainda com a chegada do jovem queridinho Leclerc. Uma vitória no Canadá seria a resposta consagradora, mas o próprio alemão voltou a errar na hora decisiva. Apesar disso, saiu por cima porque uma boa parte do público considerou injusta a punição. Portanto, um vencedor moral, mas a moral não conta em nada no fim das contas.

De volta para a Alemanha, tudo parecia para uma zica renovada. Sem treinar e largando em último, as chances do errático alemão conquistar um bom resultado eram nulas, e estavam sendo, mesmo com todos os acontecimentos caóticos. A sorte enfim decidiu sorrir (?) no último Safety Car e, com pneus mais novos, foi fácil chegar em segundo. No caso de Vettel, o resultado vale mais que o meio. Uma redenção em casa, no mesmo palco onde a maior espiral negativa da carreira começou pode ser um indício de recomeço na cambaleante confiança e motivação do alemão na categoria. Será?

O próprio Kvyat disse que a corrida resume a carreira: altos e baixos. Discordo levemente. Na corrida, o russo não lembrou nenhum pouco o arremedo de piloto que tinha virado após ter o mental quebrado pelo rebaixamento à Toro Rosso, as más atuações e também ter sido obliterado por Carlos Sainz. Tudo isso logo depois de ter feito, até então, seu último pódio, na China, em 2016. Na corrida seguinte, Verstappen foi o vencedor com o mesmo carro.

Depois, foi demitido antes do fim de 2017 para dar vaga a Pierre Gasly, que agora ocupa duas vagas que já foram a dele. Tudo isso com alguém que superou Daniel Ricciardo logo no ano de estreia. O "torpedo" já viveu essa situação de caça e caçador, todos sabemos como o programa da Red Bull é sedutor e cruel ao mesmo tempo com suas jovens vítimas.

Um ano afastado e relegado a piloto de simulador da Ferrari, a saída de Ricciardo provocou um efeito dominó que fez Kvyat retornar a F1 repleto de desconfianças, é claro. "De novo ele? Vai ser humilhado de novo!". O que estamos vendo até aqui é um Kvyat sólido, maduro, com resultados semelhantes a sua estreia na equipe B, cinco anos atrás. Por já ter feito parte e não ter dado certo, parece ser carta fora do baralho caso a equipe canse de Gasly, o que não vai demorar. Será mesmo? Não seria inteligente colocar outro jovem talento no matadouro que é enfrentar Max Verstappen.

O próprio Kvyat tem como objetivo voltar a matriz. Não sei se conseguirá. Faltava um resultado diferente, e ele veio. Bonito e simbólico ver três gerações diferentes do programa de pilotos da Red Bull no pódio, dois deles os únicos que conseguiram fazer isso com a equipe satélite (Vettel em Monza-2008 e agora Kvyat). Se até o ano passado o novo pai da praça estava no fundo do poço, no início da temporada ele conseguiu equilibrar as ações e agora passa a um grande momento, o maior diria eu, porque fazer pódio com a Red Bull é obrigação, com a Toro Rosso nunca será, mesmo em circunstâncias excepcionais.

Está tarde, mas gostaria de mencionar também no texto um caso que já abordei, o de Verstappen. Até o ano passado ele também estava por baixo e começou a amadurecer e unir o talento com regularidade e agora vive o melhor momento da carreira. Jovem e já relativamente experiente na categoria, acostumado a algumas glórias e grandes frustrações, os três pilotos estavam no inferno e agora chegaram ao céu. Ok, talvez Vettel esteja no purgatório, mas o simbolismo ainda assim não deixa de ser bonito e chamativo. As reviravoltas da vida e da Fórmula 1, que ocorrem em milhares de giros em um autódromo, representam inícios, meios, fins, recomeços e todas as coisas juntas. É por isso que é maravilhoso escrever sobre esta categoria, que resolveu me calar nas últimas três corridas.

Ainda bem. Até!

segunda-feira, 29 de julho de 2019

FOGO E ÁGUA

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

25 anos atrás, em Hockenheim, Jos Verstappen quase virou churrasquinho em um pit stop onde a gasolina acabou vazando do carro e causando uma grande explosão. Hoje, o filho Max Verstappen venceu em Hockenheim diante da chuva. Apesar da corrida caótica, foi a vitória mais cerebral de Max, que ainda teve alguns percalços, como não poderia deixar de ser.

Começando pela largada, onde o torque da embreagem (falaremos mais disso depois) fez com que o holandês saísse muito mal, caindo para quarto. Aliás, a corrida teve três voltas atrás do Safety Car porque parece proibido correr na chuva. A primeira prova do ano nesta condição, aliás. Enfim. Mesmo que a chuva trouxesse ares de imprevisibilidade, a corrida parecia estar afeição da Mercedes, que fazia 1-2. Logo na segunda volta, Sérgio Pérez, que sempre tira pódios da cartola em ambientes caóticos iguais ao que se apresentava hoje, bateu. Primeiro Safety Car da tarde.

A primeira troca foi tranquila. Dos pneus de chuva para o intermediário. Hamilton disparava enquanto Max estava preso atrás de Bottas. Com a pista secando, quem estava atrás começou a arriscar com o pneu macio, como foi o caso de Magnussen. O erro de muitos. Para quem está atrás, não há nada a perder. Vettel, que largou em último e estava em oitavo, seguiu, assim como os outros. Depois de algumas voltas, deu para perceber que, embora em alguns trechos a pista estava seca, em outros ela continuava molhado, pois chovia na parte do estádio. Os tempos não melhoravam. E assim todo mundo seguiu. Max deu um 360°, Sainz rodou, Stroll rodou. Estes conseguiram se salvar, outros...

Leclerc forçou demais. Estava com uma boa estratégia, era o quarto colocado. Rodou num ponto onde a pista parecia sabão e tinha nenhuma aderência, praticamente empurrando os carros para a brita. Lembrou vagamente o ponto onde todo mundo rodou e bateu no GP do Brasil de 2003. 

Aí a corrida virou uma algazarra. Alguns não tinham colocado os pneus macios e se deram bem, trocando apenas o intermediário, casos das Mercedes e de Hulkenberg. Outros chegaram para o topo, como Albon. Max, mesmo assim, se manteve entre os ponteiros. Não por muito tempo. Alguns também caíram na armadilha...

Foto: Getty Images
Logo ele. No mesmo ponto. Mesmo com Safety Car, Hamilton bateu. Como estava na cara dos boxes, cortou o caminho de forma insegura e foi para o pit. A Mercedes não estava preparada e bateram cabeça, literalmente. Mais de 30 segundos parado. Tinha uns caras de boina (outra ação comemorativa dos 125 anos da Mercedes no final de semana) que só depois percebi que eram mecânicos. O clima de festa estava preparado, com homenagens e patrocínio da corrida. A consagração alemã estava ameaçadíssima. Entre perder um minuto e ser punido com cinco segundos, Hamilton optou pelo lógico. Teve que remar tudo de novo. Tentou, mas rodou, bateu e caiu para o fim do grid, atrás até mesmo das Williams.

Outro que desperdiçou, mais uma vez, a chance de finalmente brilhar foi Nico Hulkenberg. É impressionante como as coisas parecem afeição dele e o alemão se borra e estraga tudo. Definitivamente não vai fazer pódio nunca, não tem jeito. Uma pena que perca tantas chances assim. 

Com a batida de Hulkenberg, ainda faltavam umas 15 voltas. Com o SC um bom tempo na pista, ela foi voltando a secar. Os ponteiros não queriam arriscar muito porque era reta final. Já quem estava atrás... 

Stroll e Kvyat botaram os macios e tacaram o foda-se. Não tinham nada a perder. Logo que a corrida reiniciou, ficou claro que era preciso botar os pneus de pista seca. E, com todo mundo nos boxes, os dois assumiram a liderança faltando umas 10 voltas! Stroll e Kvyat! Inacreditável! O canadense, por mais fraco que seja, parece capitalizar nas situações caóticas, sobretudo na chuva. Max, que tinha uma boa vantagem, conseguiu voltar próximo e rapidinho retomou a liderança. Bottas estava em quarto, pressionando Stroll, até que bateu. Incrível. Além de não conseguir passar o riquinho, o finlandês simplesmente bate de forma vergonhosa e perde a chance de tirar alguns pontos em relação a Hamilton. Não que fosse voltar a briga pelo título, mas enfim. A reação de Toto pode implicar em mudanças. Bottas pode ter escrito o seu fim na Mercedes.

Vettel, que ficou 40 voltas atrás da Alfa Romeo de Kimi Raikkonen, aproveitou o novo Safety Car para colocar pneus mais novos. Com o grid realinhado, foi questão de tempo para galgar as posições e chegar em segundo porque Max já havia se mandado para vencer pela sétima vez. Kvyat precisava deste resultado. A corrida foi a síntese da carreira: cheia de altos e baixos, de demitido duas vezes para recontratado em dois anos, o russo consegue o segundo pódio da história da Toro Rosso! O agora papai (cuja mãe é Júlia Piquet, filha do Nelson) deu um passo importante para a retomada da confiança e coroa uma temporada segura neste retorno cheio de desconfianças. De quebra, viu Gasly ficar atrás das duas Toro Rosso e ainda bater pateticamente ao tentar ultrapassar Albon. Parece que depois das férias o futuro do francês é o rebaixamento para Toro Rosso, lugar onde Kvyat parou depois de ser preterido por Verstappen. Que pódio é este, composto por três membros da academia Red Bull!

Foto: Getty Images

Para Vettel, um segundo lugar enganoso, onde teve a competência de não cometer erros mas não soube se sobressair. É estranho falar isso de alguém que não treinou e chegou em segundo largando de último. Enfim, que seja um pequeno passo mas muito importante para a retomada de confiança de Sebastian, justamente onde a perdeu no ano passado.

Coube ao rico um quarto lugar, o melhor da Racing Point no ano, fato que geralmente Pérez é o responsável. Difícil ser hater do canadense hoje. Carlos Sainz foi outro que teve altos e baixos. Caiu para último após rodar, voltou para a prova graças as circunstâncias e fica numa ótima quinta posição. Albon, ofuscado por Kvyat mas igualmente muito bem, o sexto.

Agora voltamos para o torque da embreagem na largada. Foi isso que desclassificou a dupla da Alfa Romeo. Segundo o Globoesporte.com, "os comissários detectaram que o torque na embreagem de ambos na largada não correspondia ao exigido pelo regulamento, com a liberação da embreagem tendo sido feita em 70 milissegundos, enquanto o estipulado é de 300 milissegundos.

Pelo entendimento dos comissários, essa infração pode ser comparada com uma queima de largada, o que deu uma vantagem em potencial. A decisão foi dar aos dois pilotos uma penalidade de dez segundos num pit stop, que, sem ter sido feito, foi convertido a 30 segundos somados aos tempos finais de Raikkonen e Giovinazzi na corrida."

Sendo assim, pasmem, a dupla da Haas herdou as posições, mesmo com ambos fazendo de tudo para abandonar pois se tocaram de novo. Diante do caos total, Hamilton é um sortudo até quando tem azar: subiu para nono e em décimo ficou Kubica, responsável pelo primeiro ponto da Williams no ano e o primeiro do polonês desde Abu Dhabi 2010, sendo assim o piloto que teve maior diferença entre datas de pontuação: quase nove anos.

Mesmo diante da desgraça, Hamilton sai com mais dois pontos de vantagem em relação a Bottas. A Mercedes, sortuda no sábado, teve a lei do retorno no domingo. Acredito que, depois de hoje, homenagens, pinturas especiais e boinas não estarão no centro das discussões.

Mais uma vitória da Honda, com dois pilotos no pódio. Que karma para a fênix...

Para Verstappen, a confirmação de que ele é o futuro da categoria e só precisa de um carro; para Vettel, um possível renascimento, assim como Kvyat;

O GP da Alemanha é uma das melhores coisas que já aconteceram na década. Viva a chuva, viva as áreas de escape!

Confira a classificação final do GP da Alemanha:


Até!


segunda-feira, 10 de junho de 2019

NA MÃO GRANDE

Foto: AFP
Até quando perde Hamilton ganha e até quando a Ferrari não erra tanto ela não vence. Uma boa corrida no Canadá terminou em um anticlímax lamentável e constrangedor, mas que serviu para movimentar as redes sociais com cenas que com certezas ficarão na memória dos fãs e de todo mundo por muito tempo.

Ainda bem que aconteceu no Canadá e não passou na Globo, do contrário nós aqui do Brasil teríamos perdido o ataque de fúria (justificada, diga-se) de Sebastian Vettel. Iriam cortar o pódio e mostrar alguma reportagem aleatória sobre futebol. Até do VT eles não mostraram o que talvez tenha sido a grande cena da temporada, digna de filme, mas vamos lá.

Depois da parada, Hamilton e a Mercedes estavam mais velozes com os pneus duros e passaram a atacar Vettel. Este, em uma das várias voltas de perseguição, escapou na curva 4 e acabou voltando para a pista com Hamilton do lado do muro, que precisou recolher para não causar um acidente.

Ora bolas, tentar controlar um carro que vem com os pneus sujos de grama e tentar corrigi-lo para a parte suja da pista seria quase impossível de fazer sem que Vettel sofresse um acidente. Além do mais, a ação foi tão rápida que não teria tempo de simplesmente ser proposital e bloquear quem viesse atrás. Uma disputa de corrida, salientada por Lewis Hamilton.

Mas a FIA e seus comissários não viram assim. Depois de muita análise, cinco segundos de punição. A FIA, que não faz nada para mudar os regulamentos e tornar a F1 competitiva, que coloca um instrumento até hoje inútil como o Halo vai acabando com o automobilismo por simplesmente punir disputas mais rígidas em uma corrida, coisas normais, sem a antidesportividade ou até mesmo o mal-caratismo. São os verdadeiros coveiros do esporte estes zé regrinhas, que empurraram para Hamilton a quinta vitória no ano e a ira de quase toda a torcida que passou a vaiá-lo, um símbolo errôneo e injusto de um grave erro dos comissários, estes assim que deveriam ser vaiados, como bem disse Vettel, indignado no pódio.

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Vettel fez o que qualquer ser humano sensato e puto da cara ao terem roubado uma vitória depois de tanto esforço e de tanta coisa que o alemão vem passando no último ano por culpa dele próprio. Primeiro ao não estacionar o carro no local demarcado, depois saiu em disparada pra cima dos comissários e parecia se recusar a ir para o pódio. Foi convencido. Chegou lá e trocou a placa dos carros dele e de Hamilton. Subiu puto da cara, recebeu o troféu e saiu direto. Tinha é que ter quebrado o troféu, ou então a Ferrari bater em retirada e alguém mais passional fazer ameaças do tipo "não vamos correr na França" ou abandonar o campeonato, algo mais dramático.

Bem, a equipe vai recorrer da decisão, embora isso seja praticamente impossível pelo regulamento. Enfim, a derrota da Ferrari é mais dolorosa ainda por não saber qual será a outra oportunidade que o SF70 vai ter de vencer, pois geralmente quando a chance aparece a equipe faz questão de se auto-sabotar.

Leclerc foi apagado mas completou o pódio. Bottas em um fim de semana ruim ainda foi o quarto. Verstappen teve o domingo prejudicado pelo erro de estratégia do sábado e ainda assim foi o quinto. As Renault finalmente estrearam na temporada e Ricciardo fez sua melhor atuação no ano, segurando Bottas o quanto pode e defendendo/arriscando ultrapassagens como pode, seguido por Hulkenberg. Pierre Gasly deve estar guiando uma Toro Rosso pintada de Red Bull. Não é possível ser tão mais lento que Verstappen, ficar preso em Stroll quase todo o tempo e sequer esboçar uma aproximação com as Renault. Ou o francês não tá pronto pra equipe ou Max é que está atingindo a plenitude de sua forma, ou talvez as duas coisas.

Stroll só funciona em algumas corridas, e o Canadá é uma delas. Mais dois pontos na conta do riquinho. Kvyat conseguiu um bom décimo lugar ao passar no final um exaurido Carlos Sainz, que andou quase 65 com o mesmo pneu. Norris, se não tivesse um problema na roda traseira direita, certamente deveria ter pontuado. A McLaren e sua dupla evoluem a cada GP, e isso é formidável.

Robert Kubica segue em uma outra categoria atrás da Williams, fechada em seu mundo paralelo em relação as não tão competitivas desta semana (Alfa Romeo e Haas).

Hamilton abre 30 pontos de vantagem para Bottas e além de ser um grande piloto, é muito sortudo: duas vitórias que caem no seu colo em diferentes circunstâncias. E assim o inglês se aproxima do hexa e do recorde de Schumacher... agora faltam só 13 vitórias...

Confira a classificação final do Grande Prêmio do Canadá: