Foto: Reprodução |
Ao mesmo tempo que a F1 cresce em audiência e no sentido de
espetáculo nos últimos anos graças a entrada da Liberty Media na categoria e a
administração à la Hollywood, essa tentativa de transformar tudo em show também
traz consequências embaraçosas para a F1.
2021 mesmo terminou com um erro humano de Michael Masi, que
passou por cima do regulamento para transformar o fim da corrida de Abu Dhabi
em algo de cinema. Foi tão equivocado que acabou sendo demitido, não só por
isso, mas por uma série de regras e interpretações errôneas nas corridas
durante aquele ano, juntamente com os comissários.
Talvez seja até repetitivo escrever isso aqui, mas temos
novos elementos para mostrar como a F1 está indo por um caminho esportivamente
equivocado. As punições (ou a falta delas), proibição de correr na chuva e
agora casos que ficaram extremos e ridicularizaram a F1 no Catar.
Primeiro: correr num calor desgraçado onde diversos pilotos
passaram mal, vomitaram e/ou quase desmaiaram durante e depois da corrida, no
centro médico. Sargeant desistiu da corrida, por exemplo. Outros diziam que
apagavam nas retas. Enfim, num clima desses, não deveria ter corrida. É colocar
a saúde de todo mundo em risco. Imagina se o cara desmaia na reta e passa reto
na curva?
A outra é o já conhecido limite de pista. Sem zebras ou
britas, a F1 tem que ficar colocando sensor pra ver se o carro fica com as
quatro rodas na pista. Se não, haja punições. Tivemos a questão ridícula de
Piastri e Norris punidos enquanto davam entrevista na classificação de sexta e
a mudança de resultados muito depois do fim da corrida.
É tão simples brita ou zebra? Ah, mas danifica o carro. É
lógico, é por isso que os pilotos não podem errar e são muito bem pagos para
isso, desde que o mundo é mundo. O que não faz sentido é não existir diferença
entre estar ou não na pista.
Aliás, outra punição inútil é o tal dos segundos
acrescentados no fim da prova para o infrator. Parece até uma tática: pega a
Red Bull do Pérez, sai batendo por todo mundo e que as “punições” não vão ser
suficientes para nada, pois o carro é tão mais rápido que os demais que é fácil
fazer mais tempo que a punição imposta pela FIA. Quem se ferra, na verdade, é
só quem teve o carro batido.
Por uma F1 menos artificial, não custa repetir. O presidente
da FIA falou que são situações inaceitáveis e que até ameaçou tirar Catar e
Áustria do calendário se algo não for feito, por exemplo.
O chefão também disse que tem muitas corridas no calendário.
Concordo demais. O problema é que sabemos o que é mais fácil de ser feito para
desinchar o calendário: tirar as corridas tradicionais como Interlagos, Spa,
Suzuka, Monte Carlo e manter aberrações como Miami, Arábia Saudita, Catar,
Holanda, entre tantas outras, porque elas pagam mais e sustentam toda essa
brincadeira.
Bom, pelo menos Spa está garantida por mais dois anos. Vamos
aproveitar enquanto dá tempo, afinal a campanha por vilanizar uma reta curva
(Eau Rouge) é uma das maiores bizarrices que eu já vi na imprensa e nas redes
sociais em muito tempo.
Até!