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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

PALIATIVO

 

Foto: Getty Images

O que era óbvio aconteceu. Michael Masi não tinha condição alguma de permanecer como diretor de provas e foi sacado pela nova gestão da FIA, eleita em dezembro passado.

As decisões de Masi sempre foram polêmicas, confusas e sem uma linearidade lógica aceitável, o que culminou no polêmico fim do campeonato do ano passado. A gestão de Ben Sulayem, aliás, promoveu outras mudanças: não tem mais membro de equipe enchendo o saco do diretor de provas e agora existe um cara, o eterno Herbie Blash vai assistir de tudo numa cabine em um prédio em Londres e pode interferir (auxiliar) nas decisões, como se fosse um VAR na F1.

Os substitutos de Masi? o português Eduardo Freitas, com muita experiência no WEC e nas 24 Horas de Le Mans e o alemão Niels Wittich, diretor de provas da DTM e que nesse ano já assumiria o mesmo posto na F2 e F3. Os dois dividem o posto, conforme o calendário.

Outras situações interessantes: agora os pilotos do Q3 podem largar com o pneu que quiser, o que ajuda o pelotão intermediário mas deixa todas as estratégias praticamente iguais para o domingo.

Além disso, uma atualização sobre o procedimento do Safety Car foi feito: agora, não é mais necessário esperar que todos os retardatários saiam para que a corrida possa ser reiniciada. Basta o aviso e o SC se retirar no final da volta. 

O que ficou mantido foi, segundo a informação e a interpretação da Julianne Cesaroli, "que o diretor de prova tem 'autoridade derrogatória', ou seja, suspensiva, em alguns casos. Esta regra tem cinco subitens, falando sobre suspensão de uma sessão ou corrida, por exemplo. Nos três primeiros, está explícito que, mesmo com essa autoridade, o diretor de prova tem de respeitar o código desportivo da FIA e o regulamento esportivo da F1. Mas isso não é citado nos dois últimos itens: em relação ao procedimento de largada e ao uso do Safety Car.

Portanto, o diretor de prova decide como quiser essas situações, em casos extremos, e essas alterações não impactariam em nada o ocorrido em Abu Dhabi. Pelo contrário, um item foi modificado justamente para que a corrida seja reiniciada mais rapidamente caso o tempo ou as voltas sejam poucas.

Sendo assim, Michael Masi agiu conforme o regulamento e a interpretação que caberia. Fim de caso e de choro. O problema foi não ter causado bandeira vermelha e outros erros grotescos desde 2020, mesmo quando Hamilton foi campeão sem adversários.

A nova gestão da FIA resolve o problema que ela mesma criou, dando o recado claro para a Liberty de que aprendeu a lição: a F1 não é igual série Netflix para forçar plot twists e finais de tirar o fôlego de forma forçada. É um esporte e precisa ser tratado como tal, não um entretenimento de 2 horas. 

A FIA usa um paliativo contra ela mesma.

Até!

domingo, 16 de janeiro de 2022

SILÊNCIO ENSURDECEDOR

 

Foto: Getty Images

Admito que perdi, porque não queria mesmo escrever sobre isso. Não faz sentido, é até contraditório: o silêncio de alguém ser notícia, fazer tanto barulho. Pois é.

Vou tentar ser sucinto, mas surgiram outras hipóteses, então lá vai:

Duvido que Hamilton se aposente. Renovou até 2023. É um competidor visceral desde que nasceu e não seria agora que ia largar. Imagina: a última imagem da gloriosa carreira sendo ultrapassado e perdendo um título. Foi só um deslize. Ninguém tem sete títulos e corre em equipes vencedoras a vida inteira sem ser um fora de série (lá vamos nós...), alguém insanamente competitivo.

Hamilton não deixaria a F1 dessa forma. Certamente o fará nos próprios termos.

Então por que o silêncio de Hamilton é tão importante e repleto de burburinho? Boatos? Com certeza. Apatia, tristeza e raiva por perder o campeonato do jeito que perdeu? Também. Desligar do mundo porque lhe foi exigido muito física e mentalmente na batalha contra Verstappen? Uma boa hipótese.

Há também o outro lado, que captei somente agora nos últimos dias. O silêncio e o burburinho ajudam Hamilton, muito experiente no jogo e no trato com a mídia e os boatos, a tergiversar. Todos nós estamos falando do silêncio dele, ao invés de tentar entender porque ele perdeu o oitavo título. 

Que a FIA teve papel preponderante todos nós já sabemos, mas Lewis não é somente um mocinho injustiçado. Aniversariante da semana passada, é natural que a idade o faça errar algumas vezes, combinado com os erros da Mercedes, então tudo isso também contribuiu para que o trono fosse perdido para Max, ao menos por um ano.

Esqueçam a aposentadoria pela raiva e tristeza da derrota. Campeões não são feitos assim. Com toda a certeza, Hamilton volta mais forte, faminto e motivado para os próximos dois anos.

Só os grandes são capazes de se comunicar e deixar o mundo inteiro aflito, pensando, resenhando e imaginando coisas simplesmente por não fazer nada. Quantos pilotos na F1 teriam o mesmo peso se simplesmente não falassem nada? O próprio Vettel, tetracampeão mundial e sem redes sociais, é um anônimo para o fã médio e os social media, imagina o resto...

Está comprovado: o silêncio de Hamilton é maior que muita coisa. O que me estranha é que nem em 2016, quando houve uma batalha interna tão grande ou maior que a desse ano, o britânico não se comportou assim. 

Efeito aposentadoria do Rosberg ou as artimanhas da FIA? É tudo mera especulação de gente que, enquanto a pré-temporada não começar, precisa escrever desesperadamente sobre qualquer coisa, inclusive o silêncio, mesmo que se dê por vencido.

Até!


segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

O VILÃO E OS ANTI-HERÓIS

 

Foto: Getty Images

Charlie Whiting, morto às vésperas do início da temporada 2019, nunca se preocupou em fazer um sucessor, até porque sua morte foi repentina. No início como um tampão ao choque do acontecido, o australiano Michael Masi foi efetivado como substituto como o “cara das regras”.

De lá pra cá, o que estamos vendo é um desastre. Bandeiras vermelhas a todo vapor, Safety Car discutíveis, corrida que não teve e punições/interpretações que nem os pilotos e equipes entendem direito. Não há uma linearidade. É claro que Whiting tinha seus problemas (quem não se lembra de Vettel mandando ele se foder no rádio?), mas o que houve foi um movimento extremo.

Whiting era mais conservador, enquanto Masi parece tomar suas decisões com base no público e o efeito disso no campeonato, no entretenimento. Muitas vezes a F1 tomou medidas corriqueiras no automobilismo norte-americano, o que deu emoção e alguns resultados históricos e surpreendentes, mas fruto do acaso, da sorte e, claro, de uma boa forçada.

A F1 não é sobre isso, é sobre competitividade e ir até o limite, com o limite também sendo devidamente esclarecido. Algumas lógicas são difíceis de entender. Verstappen não fez a curva em Interlagos e não foi punido. Casos semelhantes foram aplicados com rigor na Áustria contra Pérez e Norris, por exemplo.

Ontem, na Arábia Saudita, parecia que tudo foi feito no grito. Não há clareza ou linearidade nas ações, e sim depende de quem o fez e como isso pode implicar com a corrida, campeonato ou final de semana.

Sempre deixo claro que não existem mocinhos e vilões, principalmente na disputa de um título. São narrativas e os números respondem melhor qualquer distorção que nós tentamos fazer. No entanto, posso afirmar categoricamente que, se existe um vilão na fantástica temporada de 2021, esse cara é Michael Masi e as decisões confusas que está fazendo há algumas temporadas.

Até parece aquele juiz pavão que, no meio de um jogo recheado de craques, quer mais holofotes e esquece o verdadeiro papel: discrição, eficiência e entendimento na aplicação do que precisa fazer para garantir um final de semana limpo e tranquilo para todos os envolvidos no final de semana de uma corrida.

Até!