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terça-feira, 19 de setembro de 2023

O FENÔMENO DA VEZ

 

Foto: Reprodução/Mercedes

Mais um da série “anote esse nome”, como já aconteceu com tantos outros pilotos que vingaram (ou não).

Você conhece Andrea Kimi Antonelli? Pois deveria. Com 17 anos, ele já é piloto Mercedes e os alemães decidiram estrear o italiano na F2 já na próxima temporada. Ele já venceu a Formula Regional Europeia e corre na F4 italiana e alemã, onde já venceu corridas em ambas.

Filho do piloto Marco Antonelli, que fez carreira nos carros de turismo em categorias europeias, o jovem Andrea Kimi (vocês imaginam a influência do nome, certo?) nasceu no dia 25 de agosto de 2006 (!!!) em Bolonha, na Itália.

Ele começou no kart aos sete anos e venceu em diversas categorias, inclusive um bicampeonato europeu organizado pela FIA em 2020 e 2021.

A precocidade é a marca do rapaz. Apenas três semanas depois de completar 15 anos, ele já estreou em um monoposto, numa etapa da F4 italiana, na Áustria. Ele impressionou marcando pontos naquele final de semana. Ele também correu em Mugello, mas se destacou em Monza, onde fez pódios e brigou com o líder do campeonato, Ollie Bearman.

Mesmo sem disputar a temporada inteira, Antonelli ficou apenas seis pontos atrás do titular da Prema, Conrad Laursen.

Um adendo: desde os 13 anos que ele já é piloto assinado pela Mercedes, em 2019!

Em 2022, ele foi campeão da F4 italiana. Ele teve como companheiro de equipe um outro brasileiro talentoso e piloto da academia da Ferrari, o Rafael Câmara. Um ano antes, ele já havia participado da F4 dos Emirados Árabes, onde também causou boa impressão com vitórias e terminando em oitavo, mesmo participando só de metade do campeonato.

Em paralelo com a F4 italiana, ele também disputou a alemã. Em Hockenheim, venceu todas as corridas, largou na pole em todas e também fez a volta mais rápida em todas as etapas daquele final de semana. Uma temporada avassaladora, onde Kimi foi campeão antecipado mesmo não participando de um final de semana.

Nesse ano, já conquistou a F-Regional, que é uma espécie de pré-temporada da FRECA, onde é o atual líder da temporada, com 3 poles, 3 vitórias, 7 pódios e 4 voltas mais rápidas.

Todos esses resultados avassaladores com tão pouca idade fizeram com que a Mercedes, então, acelerasse o garoto.

Já no ano que vem, ele vai direto para a Prema disputar a F2. Ele pula a F3, portanto, quando geralmente é feito o contrário. Alguns pilotos chegaram na F1 depois de vencer a então GP3, como por exemplo Daniil Kvyat e Valtteri Bottas.

No paddock, Andrea Kimi é comparado a Max Verstappen, que vocês sabem, estreou na F1 ainda com 17 anos e não passou por F3 ou F2. Esse é o tamanho que o italiano de nome finlandês tem no automobilismo internacional.

Outro fator que justifica esse processo acelerado em Andrea Kimi é que a F2 vai mudar ano que vem. O carro vai ser diferente em relação aos últimos anos. Assim, todo mundo vai precisar se adaptar ao novo bólido partindo do zero. Não há vantagem de adaptação dos anos posteriores igual agora.

Dependendo do que fizer, a chegada de Andrea na F1 pode ser mais rápida do que a gente imagina. É italiano e afiliado da Mercedes. Oportunidades e caminhos não vão faltar. Só vai depender dele. Sem pressão. Lembrem-se: apenas 17 aninhos, um adolescente. Muita calma.

Mas o paddock já decretou: é o novo Max Verstappen. Durmam com essa. Estaremos de olho. Certamente, Andrea e Bortoleto serão alguns dos nomes que vão tornar a F2 algo mais sedutor do que foi essa temporada.

Ele é o fenômeno da vez.

Até!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

PUNIDO POR SER BOM

 

Foto: Divulgação/F2

Quando um jovem piloto vence a F3, o passo natural é chegar na F2, o último antes da F1. Dependendo do carro e do talento, teoricamente vira uma questão de tempo para chegar na principal categoria do automobilismo.

Quando você tem talento, vence a F3 e é filiado a uma academia de pilotos, tudo fica mais fácil, principalmente se você vence a F2 na primeira temporada, certo? Não tem nem discussão.

O australiano Oscar Piastri repetiu o feito de Charles Leclerc, por exemplo, mas a recompensa não foi a mesma. Por quê?

Bom, primeiro vamos analisar a conjuntura onde Piastri está inserido. Sendo piloto da Alpine, juntamente com Lundgaard, o brasileiro Caio Collet e outros, já existe uma pequena desvantagem em relação a Ferrari e Mercedes, que possuem influências em outras equipes. A Alpine/Renault só tem a própria equipe, então as vagas ficam limitadas aos dois titulares.

O caso de Zhou é diferente: ex-Alpine, conseguiu muito dinheiro dos patrocinadores e foi parar na Alfa Romeo, então não foi uma ascensão puramente técnica, fecha parênteses.

Esteban Ocon, outrora piloto da Mercedes e sempre relacionado a Renault, tem um pódio e uma vitória nas últimas duas temporadas. Vem evoluindo junto com a equipe. A confiança é tanta que renovou até 2024.

No outro lado, está simplesmente Fernando Alonso. Ele define quando vai sair de cena. A princípio, 2022 pode ser definitivamente o último ano do espanhol na categoria. Vai depender de como vai estar o carro francês em relação aos demais.

Como o campeão da Fórmula 2 não pode correr na categoria no ano seguinte, Piastri ficou num beco sem saída. A Super Fórmula, do Japão, seria uma alternativa, o problema é que o Covid acabou com os planos. Deixar o jovem australiano na Fórmula E, WEC ou DTM também não é o ideal porque são carros diferentes.

É por isso que Piastri, em tese, foi alavancado para piloto de testes, ou piloto reserva, como queiram. Na teoria, o australiano vai aprender ainda mais e se preparar para provavelmente substituir Alonso no curto prazo. Na prática, duvido.

Ser piloto reserva e nada é a mesma coisa. Depender de alguém se acidentar ou ter covid é demais. Lembro que um outro campeão da antes GP2 esteve na mesma situação. Davide Valsecchi virou o reserva da Lotus para 2013. Quando Raikkonen brigou e saiu do time no final da temporada, era natural o jovem ter a grande chance. Realidade: a Lotus optou por contratar Kovalainen.

É por isso que não empolgo com essa situação de Oscar Piastri. Ele teve “azar” de não estar em uma montadora mais influente na F1, mas tudo isso poderia ser resolvido se a categoria não fosse um clubinho de três montadoras, uma DTM com grife. Com mais equipes, há mais chances para jovens e experientes pilotos, o que amenizaria alguns casos, principalmente esse, que é bizarro.

Oscar Piastri está sendo punido por ser bom. A F1 deveria se preocupar com essas situações ao invés de forçar falsas competitividades e finais netflixeanos.

Até!