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Já faz alguns anos que a F1 virou uma WEC com grife,
dividida entre duas montadoras (Mercedes e Ferrari) e a Red Bull, uma empresa
de energéticos. A única exceção é a Renault, que de tempos em tempos deixa a
categoria. De resto, todas as outras têm alguma ligação com as três citadas.
Com o alto custo da F1, principalmente do novo regulamento,
Jean Todt não se importou em agir contra o constrangimento de ter só 10 equipes
e 20 carros no grid. A F1 sempre foi sinônimo de garagistas tentando a sorte,
histórias dos “journeyman” e o lado B do glamour da F1. É óbvio que aquilo não
existe mais porque os custos não permitem, mas o clubinho protegido já passou
dos limites.
Com menos equipes, o fundo de prêmios da categoria fica
maior para todos. Essa questão ganha mais importância a partir do momento que a
F1 colocou em prática o teto orçamentário. Uma equipe a mais significa menos
receitas coletivas, o que seria pior para os times mais pobres, apesar de todos
terem alguma dificuldade, principalmente após o Covid.
Menos times, menos vagas. Seja para os pilotos talentosos,
aqueles que só têm dinheiro ou aqueles das academias. Que sonho ter 11 ou 12
times, igual em 2010 e 2011.
Claro, se é para ter uma equipe que ande muito distante do
resto do grid, melhor não ter. Por isso que a F1 e o clubinho colocaram uma
alta taxa para qualquer sonhador entrar na categoria: 200 milhões de dólares.
Um valor inviável, ainda mais no pós-Covid. Tudo para proteger o clubinho e as
principais montadoras. O último aventureiro foi Gene Haas, em 2016.
Eis que existem algumas possibilidades para isso mudar.
Tirando algumas equipes, o status quo não parece muito satisfeito com essa
possibilidade e vai tentar barrar isso o quanto for possível.
Audi e Porsche só precisam da confirmação do novo
regulamento de motores para 2026 para oficialmente anunciarem o plano de
finalmente estarem na F1. Dizem que o grupo Volkswagen vai fazer parcerias com
a Red Bull e outras equipes, mas não descarta a possibilidade de um time
próprio. Se tudo for realmente confirmado, seriam quatro anos de preparação.
Há uma outra esperança americana: Michael Andretti. No ano
passado, ele quase comprou a Sauber/Alfa Romeo, mas não deu certo. Agora, o
ex-F1 e campeão da Indy quer, assim como a Haas, ter a própria equipe Andretti
na F1. A ideia é entrar a partir de 2024.
Para isso, os americanos aguardam a resposta da FIA sobre o
pedido de entrada do grid. Uma equipe a mais, como já escrevi, significa
repartir em mais uma parte as receitas da F1, o que ninguém quer. Por outro
lado, a Andretti pode ter um trunfo dentro da própria categoria: a também
americana Liberty Media.
Depois de três circuitos americanos no calendário, falta a
cereja do bolo: pilotos dos Estados Unidos. Apesar da Haas ser uma equipe do
país, toda a sede e estrutura é da Europa, além das parcerias com a Ferrari. A
Andretti já deixou claro que pretende apostar nos pilotos do país, o que seria
comercialmente muito interessante para a F1, caso eles também consigam
desenvolver bem o projeto nos anos posteriores para brigar por pódios ou
vitórias.
Até lá, é tudo hipótese e especulação. Os Andretti, na
figura de Michael e do pai, o campeão Mario, quase imploram de joelhos pela
atenção dos europeus, que parecem céticos e querem proteger o clubinho de
investimentos.
Que a F1 pare de ser uma WEC com grife e entenda que todos
ganham com a entrada de mais equipes: mais vagas para todos, mais empregos,
desde que tudo seja devidamente controlado financeiramente, com teto
orçamentário e uma F1 menos intocável.
Por mais Andrettis, Porsches e Audis, de preferência em
várias equipes. Que volte a pré-classificação, o caos e o romantismo de antigamente
na era moderna da F1. Me deixem sonhar, porque esse grid esvaziado é um
pesadelo de olhos abertos.
Até!
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