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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

VÁ LÁ...

 

Foto: Getty Images

A F1 insiste em virar notícia em meio a Copa, embora hoje não tenha jogos. A questão foi a confirmação dos lugares onde agora vão ter seis (!) corridas de classificação, o dobro em relação ao que foi implementado em 2021 e nesse ano.

Não sei de onde tiraram que o público adorou, mas a FIA e a Liberty insistem que também é uma decisão econômica deixar o final de semana mais "atrativo" na sexta também. Bem, não quero repetir minha opinião, mas a corrida classificatória só deixa tudo morno no sábado. Ninguém vai dar a vida para não ter o domingo prejudicado.

Enfim, hoje a FIA anunciou os seis circuitos que foram agraciados com esse formato xodó dos americanos. O Brasil continua com as corridas classificatórias pelo terceiro ano consecutivo, provavelmente impulsionado pelo fenômeno Magnussen. Convenhamos, no Brasil qualquer coisa pode dar certo. Interlagos tem uma aura diferente.

Os outros cinco lugares são: Áustria, que já teve em 2021, e outras estreias: Spa, Austin, Baku e Catar. 

Além de Interlagos, Spielberg é outro circuito rápido e curto. Austin é um local já tradicional, um autódromo estruturado. Achei interessante a escolha de Spa, a meca da F1, e também Baku, corrida de rua onde o caos costuma acontecer todos os dias e na interrogação Catar, que volta definitivamente ao calendário depois de sediar a atual Copa.

A escolha das corridas classificatórias pode fazer a diferença numa eventual disputa de campeonato. Afinal, na reta final do certame, teremos três de quatro corridas em sequência com esse modelo: EUA, Brasil e Catar, onde só o México está de fora. Esse formato pode mudar a disputa do título, afinal são abordagens completamente distintas no final de semana entre o formato tradicional e o estipulado pelo showbiz americano.

1/4 das corridas ou quase isso terão essa fórmula. Diante de tantos e intermináveis GPs hoje em dia, é um número razoável. Se ele veio pra ficar ou ser ainda mais expandido, infelizmente, ao menos a escolha das corridas foi bem feita. Vá lá, pelo menos tenho mais boa vontade com esse formato. Espero que seja mais suportável também, na prática.

Até!

domingo, 13 de novembro de 2022

CONSISTÊNCIA DO INÍCIO AO FIM

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Interlagos é tão abençoada que não precisa somente da chuva para proporcionar uma corrida ótima, divertida e emocionante, com elementos quase naturais de competição.

A Mercedes apostava as fichas no desenvolvimento do fim do ano para vencer a primeira. O W13 é um carro problemático, mas é inegável que a evolução vem a passos largos nas últimas corridas. Tanto que Russell venceu a corrida classificatória e largou na pole pela segunda vez na carreira. Teve a questão dos problemas e erros de estratégia da Red Bull com Max, mas a sensação é que, depois de muito tempo, os alemães poderiam caminhar para a vitória de forma natural.

Com Hamilton na primeira fila, a corrida começou turbulenta. Ricciardo atropelou Magnussen e os dois ficaram fora da prova logo no miolo. Fim do conto de fadas do dinamarquês. A sexta feira jamais será esquecida, mas uma pena que o ex-piloto australiano tenha se precipitado de novo. Ricciardo pode até cair pra cima, pois as chances de ser o piloto reserva da Red Bull no ano que vem são grandes.

Na relargada, a velha rivalidade visceral. Hamilton cansou de ceder para Verstappen. Quase uma trocação franca. Sendo sincero, achei muito mais um incidente de corrida do que qualquer outra coisa. Não havia espaços para dois carros, o que poderia ser resolvido com bom senso, que não existe quando se trata dos dois. Pior para Verstappen, que teve o desempenho comprometido e o fim da série de vitórias consecutivas.

Hamilton teve que fazer uma rápida corrida de recuperação, o que serviu para ser ainda mais amado e festejado pelos agora compatriotas. No campo do "se", a batalha com Russell poderia ser mais franca, o que poderia ter só acontecido de fato no último Safety Car, duvidoso. O carro de Norris já estava quase fora da pista quando optaram por mais uma solução artificial, uma emoção forçada, o que não acho legal.

Nesse momento, o sentimento era muito de "tragam as crianças para casa, pelo amor de Deus" do que qualquer disputa. Hamilton parecia ter um ritmo superior, mas estava escrito: o consistente George Russell venceu pela primeira vez na carreira e em Interlagos, de ponta a ponta. Logo no primeiro ano de Mercedes, o britânico simplesmente supera na pontuação o heptacampeão. Coisa para poucos. A consistência foi premiada em um ano tão difícil e desafiador para a Mercedes.

Os alemães estão de volta. Com a melhor dupla do grid e cada vez mais afinados com o novo regulamento, resta torcer para que o W14 repita o padrão flecha de prata dos últimos anos. Com a punição para a Red Bull, tudo vira uma grande incerteza para o ano que vem.

Depois vieram as Ferrari. Sempre com azares e erros na estratégia, os italianos começaram o ano com favoritismo e já voltaram a ser a terceira força, embora as chances do vice-campeonato de construtores sejam altas. Leclerc prejudicado e Sainz insuficiente. A Ferrari não tem rumo enquanto Mattia Binotto continuar, mas hoje deu tudo "certo", diante das circunstâncias.

Pérez teve todo o combo de segundo piloto ativado. Parecia sortudo ao ter Max fora da disputa, mas a Red Bull foi dominada nos stints e na durabilidade dos pneus. A vitória nunca foi uma possibilidade real. O terceiro lugar sim. Com o Safety Car, Pérez continuou com os pneus médios, mais lentos, e virou passageiro da agonia para as Ferraris, Alonso e o próprio Max, com o carro danificado.

A ideia era Verstappen devolver a posição caso não passasse o espanhol, afinal Checo briga pelo vice. Nada feito e um clima constrangedor dentro da equipe. Segundo informações, seria um ato de vingança por Pérez ter supostamente batido de propósito no classificatório de Mônaco e ter levado vantagem, pois venceu no domingo.

Christian Horner teve que pedir desculpas para Checo. A questão é o seguinte: não existe narrativa onde o certo e o errado possa prevalecer na F1. Quando Pérez assinou o contrato, sabia que passaria por isso, do contrário não estaria mais na categoria.

Verstappen mostrou no final de semana o pacote do piloto ultracompetitivo e "vilão". Os campeões são feitos assim, e por isso também se sobressaem. No entanto, também foi mesquinho. Se até Schumacher já fez jogo de equipe em prol de Irvine e Barrichello, o holandês não deveria ser egoísta para ajudar quem tanto o fez nesses dois anos.

A coisa desandou e o clima está pesado. Evidentemente que a corda vai estourar para o lado mais fraco, o do mexicano. Max é maior que a Red Bull porque, se entender que precisa sair, sempre vai ter um assento competitivo pronto para o melhor piloto da atualidade, mas que ficou devendo enquanto líder e no coletivo. Max sai pequeno do Brasil diante de um ano tão dominante e até então maduro e consciente.

O clima do time e as punições ameaçam a hegemonia dos taurinos. Pérez não tem nada a perder, Disputas internas não costumam terminar bem num tudo. Exemplos não faltam, mas vou escrever mais sobre a questão nesta semana.

Don Alonso largou em 17°, se enroscou com Ocon, foi atrapalhado pelo francês e mesmo assim foi o quinto, dando um passão numa Red Bull. Mais de quarenta anos, senhoras e senhores. Ah, se o temperamento do espanhol fosse menos explosivo... que deleite acompanhar a saga desse cara. Ocon, Bottas e Stroll completaram o top 10.

Uma pena que Seb não conseguiu terminar os pontos. Foi combativo e ousado durante todo o final de semana, mostrando um pouco daquele espírito do tetracampeão avassalador da Red Bull e principalmente dos tempos de Toro Rosso, quando era um prodígio.

Consistência é a chave, seja para George Russell, seja para Interlagos, que sempre entrega corridas e momentos épicos, emocionantes. Mais um final de semana repleto de histórias maravilhosas, com protagonistas diferentes. Aqui é diferente e único. Um patrimônio histórico da velocidade.

Confira a classificação final do GP de São Paulo:


Até!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

INTERLAGOS É DEMAIS

 

Foto: Getty Images

Não leve a mal. Confesso que não estou (ou estava) tão empolgado para a corrida desse final de semana, mesmo no Brasil, mesmo em Interlagos.

Estou com outras prioridades e trabalhos, a temporada está em ritmo de férias... não sentia a mesma vibração de sempre.

Bem, isso se dissipou quando comecei a assistir o treino livre. Muito equilíbrio e alguns testes para o treino classificatório de sexta.

Cara, estou de saco cheio dessas corridas classificatórias. É antinatural. Ninguém se arrisca pensando no domingo. O pior é que inventaram de dobrar o número para o ano que vem. Quem realmente acha legal isso?

E o Brasil foi escolhido pelo segundo ano consecutivo. A questão é que Interlagos tem uma aura que transforma tudo em coisa legal, que dá certo, dando um toque épico a qualquer situação.

Por exemplo, esse fim de temporada chato e sem graça. Interlagos simplesmente se recusa a ser chata e sem graça. Deve ser a energia caótica desse país, que dá brankito todos os dias e impede o marasmo e a normalidade que uma sociedade dita evoluída supostamente tem.

Eis que a chuva chega no autódromo logo depois do treino livre, que teve Pérez como o mais rápido. A partir daí, só reproduzo o que vi e ouvi depois. Diante de outros trabalhos, não consegui acompanhar o treino classificatório. O que mais aconteceria nesse fim de temporada tão sem graça?

É Interlagos, Leonardo. Pelo que li, a chuva e o tempo instável tornaram a sessão totalmente instável e aberta. A pista foi secando e os pilotos batalhando a cada segundo pela melhor situação da pista, que mudava a cada momento. No Q1, saíram Latifi, Zhou, Bottas, Tsunoda e Mick Schumacher. Atenção.

No Q2, ficaram de fora Albon, Gasly, Vettel, Riccardo e Stroll. Com a pista secando, ainda havia dúvida entre o pneu seco e o intermediário. O céu de São Paulo, aquela altura, já estava escuro.

Leclerc foi o único a ir de intermediários, o que foi um engano. Com o pneu macio, Magnussen aproveitou a pista e surpreendentemente fez a volta mais rápida. Vale frisar que o time americano foi competitivo no TL1.

Muita calma. Faltava muito tempo e a tendência natural era os tempos caírem, porque não existia mais chuva. Bom, Russell acabou errando e causou uma bandeira vermelha. A tensão estava no ar. Aquele cheiro de surpresa paulistana, da chuva vindo da represa e do caos ressignificando tudo deu o ar da graça.

Quando tudo parecia que seria resolvido da forma padrão, a chuva forte volta e nada mais poderia ser feito. Tudo bem, é um treino para a corrida classificatória, mas precisamos considerar que Kevin Magnussen e a Haas conquistaram a primeira pole position de suas carreiras.

Uma festa ensandecida nos boxes de Kevin e o carismático Gunther Steiner, o chefão. Diante de tanto caos desde a criação do time de Gene, finalmente uma recompensa. A Haas tem um quê de simpática pelo Drive To Survive, mas vejam como a vida é maluca. Até meados de fevereiro, Magnussen estava na Nascar, continuando a carreira nos EUA depois do fim da F1.

Até que Vladimir Putin resolve mudar a história, não só do Inter, mas também da própria. A guerra e as sanções permitiram ao time falido se livrar do psicopata Mazepin. Quem seria o ficha 1? Pietro Fittipaldi? Não, Kevin Magnussen, que conhece todos os atalhos do time que havia ficado só uma temporada ausente. Um retorno triunfal à la Felipe Massa.

E a pole do consistente Kevin chegou. Não é qualquer um que é alçado pela McLaren até a F1, fazendo o único pódio da carreira justamente na corrida de estreia e sem estar no pódio (Kevin herdou o terceiro lugar após a desclassificação de Ricciardo). Passou pela Renault e fez um trabalho honesto na primeira passagem. Nem todo mundo precisa ser um prodígio para merecer um lugar ao sol.

Escrevi, há anos, que Magnussen tinha virado um journeyman, à cata de aventuras, solitário e um tanto quanto diferente do novo padrão da categoria. Ele precisava de uma grande história para contar aos netos e ser lembrado pelos fãs mais hardcores. O momento chegou e justamente em Interlagos, a terra prometida que transformou Nico Hulkenberg (futuro companheiro de equipe) em prodígio, José Carlos Pace em nome de autódromo, Fisichella e a última alegria de Eddie Jordan e onde Lewis Hamilton virou, de fato, brasileiro.

Provavelmente Magnussen será esquecido no final de semana porque a tendência é perder as posições. Max é o favorito a vitória, larga em segundo. Podemos ter uma dobradinha brasileira, mas Hamilton larga um pouco mais atrás. Russell parece mais credenciado, assim como Leclerc. Bom, isso não é o mais importante.

Magnussen tem a própria história e o momento brilhante. Tem que aproveitá-lo porque, como Eminem bem sabe, eles valem ouro. Precisariam ser congelados, mas isso ainda não é possível.

Por falar em oportunidade, a contrastante situação de Mick Schumacher, que larga em último. Constrangedor para o filho do Michael, que vê a aventura da F1 terminando logo na segunda temporada. Uma pena, mas vocês sabem que sou suspeito para escrever sobre o Schumaquinho.

É lá que eu estou paz. Magnussen entra para o hall dos momentos marcantes, inesperados e contagiantes da F1. O sábado e o domingo nem precisariam existir, mas quem sabe Interlagos, a terra prometida, não presenteia outro felizardo improvável nesse final de semana? Não me leve a mal.

Confira o grid de largada da corrida classificatória do GP de São Paulo:


Até!

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

GP DE SÃO PAULO: Programação

 O Grande Prêmio do Brasil é disputado desde 1972 (1973 na F1), sendo realizado em Interlagos (1972-1977, 1979, 1980, 1990-atualmente) e já foi sediado em Jacarepaguá (1978, 1981-1989).

Após o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil de 2020 em decorrência da Pandemia de COVID-19 e uma série de incertezas sobre a permanência do evento em Interlagos, o então governador do estado de São Paulo confirmou, em novembro de 2020, a renovação do contrato com a Fórmula 1 até 2025.

Entretanto, a corrida realizada em Interlagos passou a ser oficialmente designada de Grande Prêmio de São Paulo, em virtude do acordo mal-sucedido entre a Rio Motorsports e a F1 para a construção do Autódromo de Deodoro, que não vai mais acontecer, mas que a empresa adquiriu o direito do nome "Grande Prêmio do Brasil" pelos próximos anos.


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Valtteri Bottas - 1:10.540 (Mercedes, 2018)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:07.281 (Mercedes, 2018)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Alain Prost - 6x ( 1982, 1984, 1985, 1987, 1988 e 1990)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 416 pontos (CAMPEÃO)
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 280 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 275 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 231 pontos
5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 216 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 212 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 111 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 82 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 71 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 47 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 24 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 696 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 487 pontos
3 - Mercedes - 447 pontos
4 - Alpine Renault - 153 pontos
5 - McLaren Mercedes - 146 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 53 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 49 pontos
8 - Haas Ferrari - 36 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

LÁ VEM O ALEMÃO (DE NOVO)...

Foto: Divulgação/Aston Martin

Alguns indícios apontam para que Nico Hulkenberg ocupe a última vaga disponível para 2023, na Haas. Podem ser meras coincidências, mas são questões interessantes de se analisar.

Primeiro: a Aston Martin contratou outro piloto reserva para o time. Além de Felipe Drugovich, a equipe de Lawrence Stroll vai ter Stoffel Vandoorne, ex-Mercedes, campeão da Fórmula E. O cargo de piloto reserva era ocupado pelo alemão, que inclusive substituiu Vettel nas duas primeiras corridas do ano.

A outra é a Haas não garantir a permanência de Mick Schumacher. O tempo passa e, a essa altura, parece ser inimiga do filho de Michael. A percepção é sentida também pelo paddock. O consultor Helmut Marko aposta que a Haas vai trazer alguém experiente para ser o companheiro de Kevin Magnussen, e esse alguém disponível e compatível com a realidade financeira do time é justamente Nico.

O interessante é que ele e Magnussen são rivais, com direito a xingamentos e gestos obscenos. Bem, o alemão confirma que há conversas e está otimista.

“No final das contas, a decisão não é minha. Não sou eu quem vai decidir. Ainda há conversas. Estou relativamente otimista, mas teremos de ser um pouco mais pacientes”, disse para a Servus TV.

Gunther Steiner, o chefão, afirmou que a decisão será baseada em alguém que pode guiar no projeto a "médio e longo prazo".

“Para mim, não se trata de uma corrida, uma volta. Trata-se do que será melhor para a Haas a médio e longo prazo. Não é como se, marcando pontos agora, Mick tivesse o lugar ou não”, disse para a TV RTL.

Dois pilotos experientes, sem gastos e sem o apadrinhamento da Ferrari. A Haas vai ganhar uma boa grana com a colocação no Mundial, se comparar com os anos anteriores. Hulk é um cara barato e louco para voltar. A questão é o encaixe com Magnussen. 

Seria uma dupla curiosa, material garantido para quem gosta de assistir a série da Netflix. E muita experiência para uma equipe que precisa do mínimo de erros possíveis, o que não é o caso de Mick.

COPO MEIO CHEIO

Foto: Divulgação/McLaren

Sem vaga para 2023 e lutando para voltar ao grid em 2024, já veterano, a situação não parece boa para Daniel Ricciardo. No entanto, o australiano não perde o sorriso mesmo diante de tantas dificuldades nos últimos.

Ric acredita que a pausa vai ser boa para respirar um pouco, se recuperar dos abalos e continuar motivado para a sequência da carreira.

"Sem dúvidas, os últimos dois anos foram bem complicados. Especialmente quando você se esforça muito e não recebe nada de volta, isso pode abalar você", disse.

O australiano aposta no distanciamento da categoria para voltar a enxergar as coisas positivas que construiu em mais de dez anos de carreira.

Eu sei o valor até mesmo de uma pausa de verão. Eu sei que se afastar pode te dar uma perspectiva diferente. Do jeito que as temporadas são, tem sido implacável — você não tem realmente a oportunidade de se reconstruir. Todos são diferentes, mas eu realmente acredito que será uma bênção disfarçada", continuou. 

Ricciardo já pensa em 2024: as conversas com as equipes iniciaram. Não está descartado que o australiano seja piloto reserva em 2023, sendo apostado como possível destino a Red Bull ou a Mercedes.

"Eu estou conversando com as equipes, mas ainda quero manter um pé na porta para 2024. Tenho certeza que só de ver as luzes apagarem na primeira corrida [de 2023], já terei aquela coceira. Então, quero estar de volta em 2024”, finalizou, falando para a Sky Sports.

É preciso da positividade para sair um pouco do caos que nossa cabeça cria. No entanto, não me parece que o tempo vai ajudar Ricciardo. Pelo contrário. Novos talentos mais baratos surgem, protegidos pelas academias de pilotos ou grandes investimentos. "Você é a sua última corrida ou temporada". Ricciardo foi um desastre na McLaren. Vai receber para não correr. Não é um cartaz positivo. Estou falando em termos competitivos, claro. 

Uma equipe menor sempre vai ter o australiano como opções, até porque ninguém desaprende, ainda mais um cara que desbancou Vettel na Red Bull e deu trabalho para Verstappen. A questão é: não há vaga ou contexto para Ricciardo nos grandes times. O tempo, infelizmente, passou.

TRANSMISSÃO
11/11 - Treino Livre 1: 12h30 (Band Sports)
11/11 - Classificação: 16h (Band e Band Sports)
12/11 - Treino Livre 2: 12h30 (Band Sports)
12/11 - Corrida Classificatória: 16h30 (Band e Band Sports)
13/11 - Corrida: 15h (Band)

terça-feira, 8 de novembro de 2022

UM DE NÓS

 

Foto: Reprodução/Instagram

Lewis Hamilton é definitivamente um cidadão brasileiro. Nesta semana, o heptacampeão recebeu o título honorário e uma medalha, em sessão realizada na Câmara de Deputados, em Brasília.

O mote para esse reconhecimento oficial foi a vitória apoteótica em Interlagos no ano passado, quando largou em último na corrida sprint e chegou em quinto e, na corrida, largou em décimo para vencer Max Verstappen e brigar pelo título até o final.

Como todos sabem, a ligação de Hamilton com o país vem desde o início da carreira, através do ídolo Ayrton Senna e as cores do primeiro capacete que usou na F1. Apesar da ligação afetiva, Hamilton sempre teve dificuldades em Interlagos, até guiar a super Mercedes.

Sim, mesmo o título mundial conquistado em 2008 foi com muito drama, na última curva. Só depois que o inglês deslanchou e conquistou três vitórias por aqui, mais que o ídolo, inclusive.

Mas a identificação com o nosso Senna é só uma pequena parte hoje em dia. Hamilton virou um cidadão do mundo, um modelo diante de um mundo carente de pessoas que tenham posições humanistas e razoáveis perante as injustiças da vida.

Com o passar do tempo, Lewis ganhou a consciência de quem ele é e o que ele representa no ambiente onde trabalha. Agora, Hamilton é um Sir, heptacampeão, dono de diversos recordes e o rosto mais conhecido da categoria, mesmo por pessoas que nunca tenham assistido a uma corrida. Ele se tornou maior que a F1.

Esse tamanho não foi só pelas vitórias e títulos, e sim pelas posições que toma. Antirracistas, humanistas, tentando tornar o ambiente da F1 menos tóxico, machista e racista. Não são ações somente da boca para fora ou em posts em redes sociais. Hamilton está disposto a enfrentar o sistema e todos sabemos que ele só poderia fazer isso com o peso que tem porque é justamente Lewis Hamilton.

A F1 depende da popularidade e carisma de Lewis. Hamilton não precisa mais da F1. Ele continua porque é um esportista, um competidor visceral e apaixonado pelo que faz, mesmo diante de decisões controversas que tiraram o octacampeonato no ano passado, por exemplo.

O brasileiro se identifica com essas lutas, com as vitórias, com a representatividade, assim como Lewis se enxerga mais humano por aqui. Pela cor da pele, pela humildade das pessoas, pelo carinho dos fãs, aqui é onde Hamilton mais se sente em casa depois de Silverstone.

A questão do pertencimento vai muito além de um país, língua ou cultura. São os valores humanistas, é se reconhecer no outro, é ter personalidade e sensibilidade, fazendo com que as pessoas se identifiquem e levem isso como motivação para prosperar, ter alegria, superar as adversidades.

Hamilton sempre foi um de nós, a diferença é que agora é oficial. Que bom que essas homenagens e respeito seja feito no auge do heptacampeão, ainda jovem e ávido por mais conquistas.

É claro que isso não pode ficar da boca para fora. Em contraste com esse momento bacana de reconhecimento, vivemos em um país dividido, onde mimados não aceitam o resultado da maioria das urnas e partem para o revanchismo, a violência, a intimidação, o racismo e até referências nazistas. Um país racista, embora formado majoritariamente por negros.

Que a Câmara dos Deputados não seja apenas aproveitadora da imagem de Hamilton para aparecer nas fotografias ao lado do Sir e apliquem esse reconhecimento a tantos outros negros e pobres que precisam de um incentivo para prosperar e contribuir com o nosso país, ao invés de serem terceirizados e relegados a marginalidade, num país que sempre foi governado por poucos e para poucos, a oligarquia de sempre, que agora está escalonada em um conservadorismo ultrarradical que nos ameaça diariamente nas ruas e nas redes sociais.

Lewis Hamilton é um de nós, mas que isso não seja apenas uma frase vazia, e sim parte de um processo de retomada do Brasil, mais justo, igualitário e, sobretudo, sensível.

Até!


domingo, 14 de novembro de 2021

AINDA HÁ ESPERANÇA

 

Foto: Reuters/Ricardo Moraes

A Mercedes apostou todas as fichas na recuperação em Interlagos, diante de um risco que ficou muito maior depois de mais um erro da equipe no sábado, ao infringir o regulamento com a flexão da asa traseira. Se a missão de Hamilton parecia indigesta com a punição no domingo, largar em último no sábado parecia sacramentar o campeonato.

Não foi o caso. Com o novo motor, Hamilton sobrou. Parecia guiar no modo fácil, passando todo mundo como se fosse nada. Chegou em quinto, largaria em décimo hoje. Sem problemas. Sem grandes dificuldades e com o auxílio do Safety Car no começo da prova, Hamilton marchou para vencer de forma inesquecível em Interlagos. Em 14 aparições em Interlagos, de longe essa foi a mais impressionante.

A disputa com Verstappen foi dura, como era de se esperar. Usando todos os artifícios legais possíveis, Max tentou provocar e tirar Hamilton do prumo. Um choque interessaria para o holandês. No entanto, hoje não tinha como segurar. A Mercedes #44 estava imparável, venceu, recebeu a bandeirada de Rebeca Andrade e fez a volta da vitória com a bandeira brasileira, referência pelo ídolo Senna e por se sentir tão bem querido no país, arriscaria dizer melhor do que na própria Inglaterra.

O pódio teve presença brasileira de um dos funcionários que cuidam das estratégias da equipe, o xará mineiro Leonardo Silva. A festa estava completa, misturando a nostalgia com apreciar o momento histórico e lindo que vive a F1 em 2021, de modo até inesperado. Hamilton era o cara da casa. Max, mesmo com ligações no país, genro de Nelson Piquet, foi tratado como um inimigo, vaiado pelos brasileiros fãs de Lewis e, claro, sem excluir a questão política e extra-pista dos dois.

Bottas comprometeu mais uma vez os planos da Mercedes mas teve sorte em parar no momento que teve o VSC para ficar no pódio. A Mercedes reage e retoma uma folguinha na liderança de construtores, ao mesmo tempo em que diminui o mínimo possível para Max. Controle de danos, numa pista onde o favoritismo era da Red Bull. Favoritismos geralmente não dão certo nesse 2021 eletrizante.

A Ferrari confirma o posto de terceira força com dois pilotos extremamente regulares. Tomara que os italianos acertem a mão nesse novo regulamento. Leclerc merece um carro competitivo. Se deixarem, Sainz come pelas beiradas. Gasly mostra que corre sozinho na Alpha Tauri, enquanto Tsunoda mostra que só está na equipe de Faenza porque ainda não há opções viáveis da Academia de pilotos para subir.

A Alpine conquista pontos importantes e a McLaren teve uma queda nessa reta final, evidenciada a partir da perda traumática da vitória de Norris na Rússia. Ricciardo segue abaixo e, mesmo vencendo, fez uma temporada decepcionante. Vettel foi combativo e merecia o ponto, que não conseguiu.

Na corrida onde apostou todas as fichas, Hamilton vence apesar da Mercedes e segue vivo na briga pelo octa. Nas três etapas finais, duas são desconhecidas da F1 e a última é na chatíssima Abu Dhabi. Tudo está indefinido. Hamilton está com motor novo. Max vai fazer mais uma troca? E aí?

Como é bom ter Interlagos de volta. É um clima e uma corrida histórica, diferente. Somos muito apaixonados. Como é bom uma temporada excelente, fazendo que com nichos das bolhas comentem sobre a corrida. A Netflix também tem um papel fundamental e escreverei sobre isso em breve.

Aproveito o espaço para também homenagear Il Dottore Valentino Rossi, lenda da motovelocidade que se aposentou hoje. É, sem dúvida, um dos maiores esportistas do século. 

Ainda há esperança para Hamilton. Com corridas desconhecidas no Oriente Médio, tudo é ponto de interrogação. O problema é esse: lamentável a F1 encerrar a temporada só pelo dinheiro dos xeques em circuitos medonhos, mas fazer o quê...

Confira a classificação final do GP de São Paulo:


Até!

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

TODAS AS FICHAS

 

Foto: Getty Images

Ah, Interlagos... é um final de semana sempre diferente. Hoje, mais do que nunca, bateu a vontade de estar ali. Um dia quem sabe... tentarei no ano que vem.

Bom, sobre a sexta-feira, tivemos confirmações importantes. Por questão de estratégia, a Mercedes trocou mais uma vez o motor de Hamilton e o inglês tem uma punição de cinco posições no grid. A equipe já tinha trocado há menos de um mês, na Turquia, mas a justificativa agora é outra: sabe-se lá o porquê, o motor de Hamilton vai perder potência até o final do ano.

Com a corrida sprint e a liberdade na escolha da estratégia, o Brasil foi escolhido para fazer a última troca, a última cartada. E aí seja o que a F1 quiser. O resultado prático foi visto hoje: Hamilton foi o mais rápido nos dois treinos e larga na frente amanhã na corrida classificatória. As temperaturas baixas em São Paulo e, claro, o novo componente explicam esse resultado até "fácil" conquistado pelo inglês hoje.

Se passar ileso pela largada, Hamilton ao menos diminui um pouco a vantagem no campeonato e, na corrida, não deve ter tantos problemas para brigar pelas primeiras posições, considerando a diferença de motores. Para Max Verstappen, a reta final deve ser feita com muito cuidado, administrando a vantagem e encrespando apenas quando necessário. É uma vantagem confortável demais para ser desperdiçada faltando tão pouco tempo.

Repetindo o México, Gasly e as Ferrari aparecem muito bem, superando as McLaren. Alpine um pouco na frente da Aston Martin na briga pelos últimos pontos e eras isso. Difícil afirmar que sábado vai ser decisivo para alguma coisa no final de semana ou para o campeonato, desde que todo mundo passe ileso na primeira volta. Do contrário, uma chata sprint race pode ser decisiva... Vamos ver se Interlagos ajuda a tornar esse formato em algo interessante.

Confira os tempos do treino livre e da classificação:



Até!

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

GP DE SÃO PAULO: Programação

 O Grande Prêmio do Brasil é disputado desde 1972 (1973 na F1), sendo realizado em Interlagos (1972-1977, 1979, 1980, 1990-2019, 2021-atualmente) e já foi sediado em Jacarepaguá (1978, 1981-1989).

Após o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil de 2020 em decorrência da Pandemia de COVID-19 e uma série de incertezas sobre a permanência do evento em Interlagos, o então governador do estado de São Paulo confirmou, em novembro de 2020, a renovação do contrato com a Fórmula 1 até 2025.

 Entretanto, a corrida realizada em Interlagos passou a ser oficialmente designada de Grande Prêmio de São Paulo, em virtude do acordo mal-sucedido entre a Rio Motorsports e a F1 para a construção do Autódromo de Deodoro, que não vai mais acontecer, mas que a empresa adquiriu o direito do nome "Grande Prêmio do Brasil" pelos próximos anos.


ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Valtteri Bottas - 1:10.540 (Mercedes, 2018)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:07.281 (Mercedes, 2018)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Alain Prost - 6x ( 1982, 1984, 1985, 1987, 1988 e 1990)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 312,5 pontos

2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 293,5 pontos

3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 185 pontos

4 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 165 pontos

5 - Lando Norris (McLaren) - 150 pontos

6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 138 pontos

7 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 130,5 pontos

8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 105 pontos

9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 86 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 60 pontos

11- Esteban Ocon (Alpine) - 46 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 42 pontos

13- Lance Stroll (Aston Martin) - 26 pontos

14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 20 pontos

15- George Russell (Williams) - 16 pontos

16- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 10 pontos

17- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos

18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 478,5 pontos

2 - Red Bull Honda - 477,5 pontos

3 - Ferrari - 268,5 pontos

4 - McLaren Mercedes - 255 pontos

5 - Alpine Renault - 106 pontos

6 - Alpha Tauri Honda - 106 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 68 pontos

8 - Williams Mercedes - 23 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 11 pontos

VAI SUCUMBIR

Foto: Reprodução/Alpine

Experiente em batalhas valendo o título e grande entusiasta dos jogos mentais, a opinião de Fernando Alonso nunca pode ser desconsiderada. Após mais uma vitória de Max Verstappen, no México, o asturiano declarou que Hamilton não vai aguentar a pressão do holandês na disputa do título por um motivo simples: Max não é Bottas.

“Se eu acho que Lewis vai sucumbir à pressão? Sim, graças ao Max. 100%. Quando Lewis só tem de lutar com seu companheiro de equipe Valtteri Bottas pelo título, está tudo ótimo. Agora, ele sente alguma pressão e tem problemas”, disse para o jornal holandês De Telegraaf.

Alonso ainda completou afirmando que está gostando da disputa intensa dos dois, mas que ninguém no momento é capaz de acompanhar o ritmo, nível e intensidade de Max.

“Eles estão em seu nível máximo todo fim de semana. Mas seja no clima úmido, seco ou com muito vento: a maneira como Max entrou na Red Bull e está bem lá, não acho que alguém seja capaz de fazer isso”, completou.

Bom, Alonso não conseguiu se dar bem nesse tipo de estratégia com o ainda novato Lewis lá atrás. É uma velha rivalidade. O próprio Max tem um quê de Alonso do passado: o jovem pronto pra desbancar um heptacampeão e começar a própria era na categoria. Talvez por isso a simpatia, também.

QUEM SERÁ?

Foto: Reprodução/Alfa Romeo

A Autosprint informa: Antonio Giovinazzi vai deixar a Alfa Romeo. A questão já está definida. Segundo a publicação italiana, a equipe suíça pretende revelar o parceiro de Valtteri Bottas no dia 16 de novembro, mais conhecido como terça que vem.

Diferentemente do que foi publicado semanas antes, Colton Herta está fora de cogitação. A negociação com a Andretti fracassou. Quem são os candidatos, então?

Segundo a Autosprint, o favorito é o chinês Guanyou Zhou, da academia da Renault/Alpine, apoiado por diversos patrocinadores. Nyck De Vries, apontado como favorito meses atrás, continua no páreo, assim como o jovem Théo Pourchaire, francês que faz parte da Academia de Pilotos da Sauber e Oscar Piastri, atual líder da F2 e também integrante da academia da Renault/Alpine.

Pelos nomes especulados, são todos jovens para a F1 e com experiência na F2/GP2. De Vries também é campeão da Fórmula E. Giovinazzi não confirmou em nenhum momento na F1 aquele piloto que despontou tão bem na GP2 em 2016. Uma pena. 

É mais um daqueles casos clássicos de quem vai bem na base e nem tanto no profissional. Infelizmente é do jogo. Zhou tem a força da China por trás. Todos são nomes talentosos e empolgantes, dado o contexto da Alfa Romeo. Será uma boa escolha, se tudo isso se confirmar.

TRANSMISSÃO:
12/11 - Treino Livre 1: 12h30 (Band Sports)
12/11 - Classificação: 16h (Band Sports)
13/11 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
13/11 - Corrida Classificatória: 16h30 (Band e Band Sports)
14/11 - Corrida: 14h (Band)

terça-feira, 9 de novembro de 2021

DIFERENÇAS

Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio

 Muita coisa mudou na F1 e, obviamente, no mundo desde a última vez que a categoria esteve em Interlagos. Depois de muita apreensão e a possibilidade de apostar em um circuito falcatrua no meio de uma área de preservação ambiental, a F1 pensou melhor e continuamos com a programação normal: chegou a semana da corrida em Interlagos!

Algumas diferenças sutis, outras nem tanto: se alguém falasse em 2019 que a corrida seguinte da categoria seria transmitida sem Galvão Bueno e na Bandeirantes, certamente seria chamado de louco e pedido para ser internado. Pois bem, a curiosidade é saber se a emissora paulista vai conseguir fazer uma cobertura diferente da Globo. O desafio ajuda: de forma inédita nos últimos anos, a corrida em solo brasileiro vale muito: há disputa entre Max e Lewis e isso deve ser explorado além, claro, de Ayrton Senna.

Outra é a nomenclatura: a guerra com o governo federal e a tal Rio Motorsports que queria levar a corrida para Deodoro teve consequências. Como eles adquiriram o nome "GP do Brasil" por um bom tempo, restou o governo estadual paulista em renomear para Grande Prêmio de São Paulo, tal qual Abu Dhabi e Cidade do México (sim, só descobri hoje que a nomenclatura oficial era GP da Cidade do México!)

Teremos também, pela primeira vez aqui e a última no ano, a corrida classificatória. Ao menos vai agitar os três dias de evento. A previsão para o final de semana é de frio e chuva, como sempre. Diferentemente da chatice de Monza e Silverstone, Interlagos pode ser diferente justamente porque é Interlagos e nada mais. Sempre bom lembrar: são pontos que podem fazer a diferença no final.

Por último e não menos importante, uma despedida, um retorno e uma estreia importante: é a última vez de Kimi Raikkonen no país. Desde 2001 e com pausas em 2010 e 2011, o finlandês sempre esteve na Terra da Garoa, onde conquistou o título mundial em 2007. Vai ser um momento e tanto. Teremos, é claro, o retorno de Don Alonso a Interlagos, onde foi bicampeão e sofreu aquele forte acidente em 2003. Além disso, um Schumacher está de volta. Michael se despediu em 2006 e 2012 e agora, quase uma década depois, Mick vem pela primeira vez para continuar o legado da família.

Entre tantos outros fatores, a corrida em Interlagos desse final de semana terá muitas diferenças e novidades para fãs, imprensa e as equipes.

Até!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

ANO NOVO, VELHOS PROBLEMAS

 

Foto: McLaren

A virada do ano não fez desaparecer os problemas do passado. Pelo contrário. A F1 já muda o calendário que, a princípio, será o mais extenso da história.

E vai começar uma semana mais tarde que o normal. Em virtude da Austrália exigir uma quarentena de duas semanas e uma biosfera para quem vai ao país, isso fez com que fosse inviável nesse momento a ida da F1 para lá. A corrida foi adiada para o final da temporada, mais precisamente para o dia 21 de novembro. Desde Adelaide que a corrida australiana não ia para o fim do ano.

A abertura da temporada será, portanto, no Bahrein, mas a data foi mantida: 28 de março. Será a terceira que a corrida de Sakhir começa o ano. Como efeito dominó, toda a logística foi modificada.

A pré-temporada, que seria na Espanha no início de março, será também no Bahrein, entre os dias 11 e 14 de março. A única vez que o país sediu esses treinos havia sido em 2014.

O coronavírus também provocou outras mudanças no calendário. A China pediu adiamento da corrida mas, a princípio, vai ficar fora da temporada de novo. Para o seu lugar, no dia 18 de abril, a F1 confirmou mais uma edição do GP de Emília Romagna, em Ímola, a segunda corrida do ano.

A terceira corrida, no dia 9 de maio, ainda não foi oficialmente anunciada. Como o espaço é de uma semana, parece ser improvável que seja em outro continente. Portanto, Vietnã está fora sem sequer existir. Provavelmente teremos o retorno do GP de Portugal, em Portimão.

Com o GP da Austrália sendo remanejado para 21 de novembro, isso provocou efeito-dominó em outras duas etapas: O GP de São Paulo, em Interlagos, foi antecipado para 7 de novembro, uma semana antes do original. 

As corridas finais foram empurradas: Arábia Saudita (que sequer tem um layout do circuito ainda) será dia 5 de dezembro e Abu Dhabi encerra os trabalhos no dia 12/12. A temporada mais longa da história começa e termina uma semana depois do previsto.

Sinceramente? Já disse que esse tanto de corrida é demais e desvaloriza a importância do espetáculo de um evento de Fórmula 1. Sobre os circuitos, podiam tirar Paul Ricard, Barcelona, Sochi, Arábia Saudita e Abu Dhabi de uma vez. Como isso não vai acontecer, poderiam ter colocado Mugello e Istambul ao invés de Ímola e Portimão, mas é o que tem pra hoje.

De resto, aguardamos os lançamentos dos carros e uma última informação: agora todos os treinos livres vão ter uma hora de duração. Menos tempo para treinar, mas convenhamos: o pessoal mal vai para a pista. Acho que todos ganham.

Ano novo, velhos problemas e soluções nem tão inéditas assim.

Até mais!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

TUDO ESTÁ EM SEU LUGAR

 

Foto: Getty Images

Brasil e Interlagos continuam na Fórmula 1. Na semana passada, a FIA confirmou o calendário de 2021, que a princípio terá 23 corridas. A única diferença é que agora a corrida vai se chamar GP de São Paulo porque a Rio Motorsports comprou o nome GP do Brasil. Prejuízo mínimo diante da cagada monumental que estava prestes a ser feita.

O bigodudo Chase Carey caiu na lábia da Rio Motorsports e fez de tudo para sabotar São Paulo. Conseguiu parcialmente. No entanto, viu a furada que se meteu e manteve o certo em detrimento do mundo da fantasia. Ninguém quer Interlagos fora do calendário e o Rio de Janeiro não precisa de um autódromo (se não tivesse demolido Jacarepaguá...)

O nome vai valorizar ainda mais o município e, para a alegria de todos, nos dias 12, 13 e 14 de novembro do ano que vem estaremos todos em São Paulo, se Deus, vacina e o covid assim permitirem. 

Chama a atenção a confiança da Liberty/FIA em realizar tantas corridas em uma temporada, considerando que ainda estamos na pandemia. Seria a maior de todos os tempos. Além disso, a corrida do Vietnã pode sair sem nem ao menos ter entrado, tudo isso porque o ex-prefeito, responsável pelo projeto, foi preso acusado de corrupção. A data, reservada para 25 de abril, permanece com um grande asterisco.

Corrida demais é um problema. Desvaloriza o produto. Lamentável ver que Paul Ricard, Barcelona, Sochi, Abu Dhabi e agora o tal GP da Arábia Saudita nas ruas de Jidá tenham espaço. E o pior: as duas últimas citadas decidem o campeonato. O jeito é torcer para que tudo se encerre antes, no Brasil.

A princípio, o calendário fica assim:

21/03 - Austrália

28/03 - Bahrein

11/04  - China

25/04 - ?

09/05 - Espanha (precisa de confirmação)

23/05 - Mônaco

06/06 - Azerbaijão

13/06 - Canadá

27/06 - França

04/07 - Áustria

18/07 - Inglaterra

01/08 - Hungria

29/08 - Bélgica

05/09 - Holanda

12/09 - Itália

26/09 - Rússia

03/10 - Cingapura

10/10 - Japão

24/10 - EUA

31/10 - México

14/11 - Brasil

28/11 - Arábia Saudita

05/12 - Abu Dhabi


Foto: Getty Images

Enquanto isso, na Mercedes, o lema é continuidade com algumas mudanças. Toto Wolff, que se diz cansado, fica na equipe por mais três temporadas como chefão. Além disso, a Ineos, empresa britânica do ramo químico que chegou nessa temporada, comprou da Daimler (que administra a Mercedes) 1/3 da equipe, dividindo as partes com a empresa alemã e o próprio Wolff.

No meio da temporada, Eddie Jordan afirmou que a Ineos iria adquirir 70% da equipe. Bem, errou pela metade, mas também esteve meio certo. O contrato diz que Toto Wolff pode fazer a transição para outro cargo na organização quando se sentir confortável, e isso pode ser provavelmente quando encerrar o vínculo atual, válido agora até 2023. Hamilton, que oficialmente ainda não renovou contrato, deve fazer isso até o início da próxima pré-temporada, segundo o chefão.

Curiosidade: a Ineos atua na área de produtos químicos, petroquímicos, gases e plásticos, sendo fundada e administrada por Jim Ratcliffe, homem mais rico do Reino Unido. O faturamento anual da companhia é de cerca de R$ 434 bilhões.

A Ineos resolveu entrar no esporte apenas nos últimos anos. Desde 2017 é dona da Lausanne Sport, equipe de futebol da Suíça, e se juntou ao velejador Ben Ainslie (dono de quatro ouros e uma prata) para disputar a America's Cup 2021, regata de iatismo, com investimento próximo a um bilhão de reais. Eles simplesmente têm capim no bolso, digamos assim.

Interlagos, F1, Toto Wolff e Mercedes. Tudo está em seu lugar, como diz a canção de Benito di Paula. E não devemos esquecer de dizer "graças a Deus, graças a Deus".

Até!



segunda-feira, 16 de novembro de 2020

PÉ NO CHÃO

Foto: Getty Images

 Em tempos onde a sobriedade e o equilíbrio são ridicularizados, parecia que a Fórmula 1 também iria embarcar em um universo fantástico, baseando-se na palavra de gente duvidosa e o olho grande em ganhar muito mais.

Contrato assinado e a F1 saía de Interlagos para embarcar um local que ainda não existe e, tomara, jamais existirá. Outro contrato assinado e a F1 pode sair da principal emissora do país para um grupo que deu calote na MotoGP e todo o resto é dúvida.

Pois bem, parece que a realidade bateu a porta. Mesmo com o tal Chase Carey fazendo lobby e pressionando para que houvesse as garantias ambientais de construir uma pista no meio de uma floresta no Rio de Janeiro, há muitos problemas nesse projeto que irão demandar tempo que talvez nunca exista. 

A solução, então, é óbvia: a Liberty voltou a negociar com Interlagos e o governo do Estado de São Paulo anunciou um acordo de cinco anos para a continuação do autódromo na F1. Ainda falta a oficialização da Liberty e da FIA, mas Interlagos está no calendário provisório de 2021 para exatamente um ano, no dia 16 de novembro.

A outra grande notícia recente foi a tal Rio Motorsports que comprou os direitos da F1 a partir do ano que vem e estava tentando desovar em alguma emissora. Foram especuladas todas da TV aberta e mais o grupo Disney nos canais fechados. A Rio Motorsports tinha uma data limite para apresentar as garantias bancárias da transação e, a exemplo da MotoGP, não as fez. Com isso, a Liberty, que é ingênua mas não tão burra assim, já passou a negociar com outras emissoras...

Vale lembrar que o Brasil é um dos poucos lugares que transmite todas as corridas em TV aberta, sendo um dos locais com mais telespectadores da categoria no mundo. E lá foi a Liberty tentar um acordo com a Rede Globo. Nesse caso ainda o mistério perdura: onde nós poderemos assistir a F1 em 2021? Não sei, mas ficar com os pés no chão, nesse caso, é muito bom, mesmo que seja uma coisa óbvia.

Até!

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

GP DA TURQUIA: Programação

 O Grande Prêmio da Turquia fica localizado no autódromo de Istanbul Park e foi inaugurado em 2005, permanecendo na F1 até 2011. Em 2020, com a pandemia do coronavírus, a pista volta para o calendário da Fórmula 1.

Foto: Wikipédia


ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Juan Pablo Montoya - 1:24.770 (McLaren, 2005)

Pole Position: Sebastian Vettel - 1:25.049 (Red Bull, 2011)

Último vencedor: Sebastian Vettel (Red Bull)

Maior vencedor: Felipe Massa - 3x (2006, 2007 e 2008)

E VOLTA O CÃO ARREPENDIDO...

Foto: Getty Images

A informação é do Grande Prêmio. Sem qualquer indicativo de que possa ter um aval das autoridades competentes para as liberações ambientais do tal autódromo de Deodoro, a direção da categoria resolveu voltar a olhar a realidade e já trabalha para tentar realocar o autódromo de Interlagos no calendário de 2021.

No mês passado, o futuro ex-chefão Chase Carey enviou um documento para Cláudio Castro, governador interino do Rio de Janeiro, uma carta lobby para liberar a área do autódromo para que as obras iniciassem. 

O Inea, por sua vez, assinou um parecer com dúvidas, erros e irregularidades no relatório enviado pela EIA (Estudo de Impacto Ambiental), o que esfriou a situação.

A questão vai além: no final de outubro, Carey voltou a entrar em contato com a organização do autódromo de Interlagos no mesmo momento em que encerrava o prazo de 45 dias para que a Rio Motorsports, "detentora" dos direitos da F1 a partir de 2021, realizasse as garantias financeiras estipuladas na minuta.

Bom ver que a F1 saiu da fantasia e entrou na realidade. Agora só falta finalmente entender que essa Rio aí não vai pagar nada, mas aí é uma outra conversa.

... COM SUAS ORELHAS TÃO FARTAS

Foto: Autosport.pt

Toto Wolff, apesar de todo o drama, vai continuar como chefão da Mercedes até o fim de 2021. Ele confirmou a informação para a emissora austríaca ORF.

Alegando cansaço e saúde debilitada, o alemão disse que gostaria de estar num cargo na equipe alemã onde não precisasse viajar tanto. 

Apesar de começar a procurar substitutos, essa é uma decisão para o longo-prazo. Enquanto ele e a equipe não encontram o candidato ideal, Toto vai seguir desempenhando suas funções normalmente.

“Quando chegar a hora certa, vou continuar em outra função. Como acionistas, precisamos pensar no que é melhor para a equipe. Agora não é a minha hora de ir embora porque ainda não encontramos ninguém a quem eu possa entregar o bastão.

Estou ocupado tentando encontrar o melhor homem ou mulher para me suceder. Se tiver sucesso, posso assumir uma nova função. Sempre achei que não deveria ir de muito bom para bom, porque então alguém estaria mais apto para assumir. Sinto que ainda posso dar uma contribuição, mas quero pensar no futuro sobre como eu quero a estrutura da equipe no futuro.

Acho que vou ficar por mais um ano e vou de fato continuar como chefe de equipe. Acho que os próximos dois anos podem ser uma situação interessante e, enquanto estiver curtindo, quero seguir fazendo isso.

Sei que terei de treinar lentamente meu substituto, e ele poderá trabalhar ao meu lado no ano que vem. Depois, talvez dirija [a equipe] em paralelo por um ano e, depois, assisto às corridas da TV em casa", afirmou.

O drama também serve para valorizá-lo, seja lá para qual desafio Toto queira ir no futuro. Ir para casa talvez seja um desejo primário de descanso, mas pessoas como ele não vão aguentar ficar no sofá se coçando por muito tempo. Essas pessoas vivem por desafios estabelecidos e alcançados. Enquanto a Mercedes não perder a hegemonia, essa chama vai continuar em fogo baixo. Imagina se a Mercedes perde? O papo de ir para casa vira balela.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 292 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 197 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 162 pontos
4 - Daniel Ricciardo (Renault) - 95 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 85 pontos
6 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 82 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 69 pontos
8 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 65 pontos
9 - Alexander Albon (Red Bull) - 64 pontos
10- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 63 pontos
11- Lance Stroll (Racing Point) - 57 pontos
12- Esteban Ocon (Renault) - 40 pontos
13- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 26 pontos
14- Sebastian Vettel (Ferrari) - 18 pontos
15- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 10 pontos
16- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 4 pontos
17- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos
18- Romain Grosjean (Haas) - 2 pontos
19- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 479 pontos
2 - Red Bull Honda - 226 pontos
3 - Renault - 135 pontos
4 - McLaren Renault - 134 pontos
5 - Racing Point Mercedes - 134 pontos
6 - Ferrari - 103 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 89 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 8 pontos
9 - Haas Ferrari - 3 pontos

TRANSMISSÃO












terça-feira, 6 de outubro de 2020

O ACORDO COM O NADA

Foto: Getty Images

Conforme sabido por todos, agora foi confirmado: a Liberty assinou com a Rio Motorsports para que o Grande Prêmio do Brasil seja realizado no autódromo de Deodoro, no espaço onde atualmente está a Floresta de Camboatá.

Ou seja: esse autódromo não existe e também não há uma perspectiva de construção. É uma área de preservação ambiental que pertence ao Exército e precisa de uma série de procedimentos burocráticos que autorizam (ou não) tal ação. São necessárias as licenças ambientais do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) e da CECA (Comissão Especial de Controle Ambiental), que precisam redigir os documentos que não estão prontos. O processo está parado desde o início do ano, muito também em virtude da pandemia.

A Liberty, semanas atrás, assinou com o mesmo consórcio (a Rio Motorsports) para ceder os direitos de transmissão da categoria para o país a partir do ano que vem. Ninguém sabe de onde vem o dinheiro dessa Rio Motorsports. Neste ano, eles compraram os direitos de transmissão da Moto GP e repassaram para o Grupo Disney. No entanto, eles deram um calote e coube a grupo de comunicação ir atrás e quitar a dívida.

Ou seja: são necessárias garantias financeiras e também ambientais, tanto para o anúncio do tal circuito no Brasil quanto da transmissão da F1 no país e, pelo que parece, a Rio Motorsports não tem ambas. Meses atrás, escrevi sobre o quão "inocente" seria o tal grupo Liberty Media em acreditar apenas nas palavras dos brasileiros. Não acho mais, e sim algo muito estranho. Com Interlagos e a Rede Globo parceiras de Bernie Ecclestone, me parece algo pessoal, além: destruir tudo o que um dia já foi ligado ao ex-chefão da escuderia.

Não só isso. Em documento publicado pelo Diário Motorsport, Chase Carey enviou um documento para Cláudio Castro, governador em exercício do Rio de Janeiro, confirmando o acordo com a Rio Motorsports para a realização de um Grande Prêmio no Brasil. No entanto, para que isso seja realmente realizado, o governo do Rio de Janeiro precisa apresentar as garantias ambientais necessárias e pendentes para que tudo comece a ser trabalhado. Um verdadeiro lobby, uma pressão no governador interino.

Chase Carey não tem o direito de querer pressionar ou interferir em questões nacionais que vão muito além de construir um autódromo. O Brasil não é terra de ninguém. Além da má vontade em negociar com São Paulo e o desejo de varrer a influência de Bernie Ecclestone, existem muitos condicionantes para essa questão que já é complexa.

É um ano eleitoral. São grandes as possibilidades do atual governo do prefeito Marcelo Crivella seja reeleito. Com uma possível nova administração, tudo volta para a estaca zero, seja os contratos ou as questões ambientais. É realmente uma prioridade para o Rio de Janeiro construir um autódromo de bilhões de reais no espaço de uma floresta, mesmo que seja "dinheiro privado"?

E outra: Chase Carey está de saída da Liberty. O novo CEO da F1 será Stefano Domenicali, a partir de janeiro. Será que o italiano concorda com a saída de Interlagos? Domenicali foi chefão da Ferrari por muitos anos e é do metiê do automobilismo, diferentemente do bigodudo, que caiu de paraquedas.

Foi oficializado um acordo com o nada (mais um). Quem perde com isso, é claro, é o Brasil: sem transmissão e agora sem um autódromo depois de muito tempo, conseguiram alcançar o objetivo que tanto queriam: matar o automobilismo nacional.

Até!

terça-feira, 28 de julho de 2020

O PROBLEMA DA INOCÊNCIA

Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio
As circunstâncias do coronavírus anteciparam muitos problemas e pontos de interrogação sobre o futuro do Brasil na Fórmula 1 enquanto sede de um grande prêmio.

Sem contrato para o ano que vem e com Deodoro, a pista imaginária como favorita, o curto/médio-prazo do país receber o único grande evento esportivo mundial anual possível é um grande baque para setores da economia e, principalmente, para a cidade de São Paulo.

Tamas Rohonyi, promotor do GP do Brasil, soltou o verbo contra a FIA, FOM e a Liberty após a confirmação do cancelamento da corrida no país nos últimos dias. Em entrevista para o "Grande Prêmio". Para ele, a pandemia não é motivo suficiente para justificar a ausência. Para Tomas, não foi uma questão humanitária e preocupada com a situação do covid no país, e sim uma questão econômica: com a crise, tudo fica mais caro, principalmente transportar tantos equipamentos da Europa até a América do Sul por essas bandas. Foi basicamente por isso que o Canadá, mesmo em situação mais controlada da doença do que em relação aos vizinhos da América, também foi descartado.

Tamas até disse que cogita colocar todo mundo na justiça, mas certamente não sairá vitorioso. Em outra entrevista para o "Grande Prêmio", ele afirmou que a renovação de Interlagos com a F1 "está avançando", mas deixou uma pista sobre o que uma parte da cúpula da FIA/Liberty pensa: eles realmente acreditam que o tal circuito de Deodoro estará pronto para sediar corridas no ano que vem, ignorando toda a disputa judicial e as questões ambientais que cercam esse controverso projeto.

Ano passado, quando Chase Carey veio ao país para conversar com João Doria e Jair Bolsonaro, Tamas deixou ainda mais claro o raciocínio de o porquê a FIA/Liberty, no momento, pender para o projeto carioca:
“O que eu sei é que tivemos uma reunião com o governador (João) Doria quando Chase Carey esteve em São Paulo. O governador disse: ‘Chase, essa história de construção de um autódromo no Rio é uma fantasia. Eu conheço um pouquinho as condições deste país e do Rio, e não consigo entender como você acredita nisso. E aí Chase, curiosamente, deu uma justificativa que… não é totalmente sem fundamento: ‘Se o presidente da república me diz que tem 99% de certeza que vai acontecer no Rio, quem sou eu para duvidar?’ Mas por aí se vê que ele não tem o conhecimento nem discernimento suficientes para entender. E confesso a você que, a partir disso, eu que não entendo”

É o benefício da dúvida, principalmente de quem não acompanha por perto e não conhece as situações que vivenciamos. Acreditar na palavra e dar um voto de confiança é uma virtude mas, neste caso, esse é o problema da inocência: ao acreditar em conversas fiadas, Chase Carey está ajudando a tirar um autódromo e um mercado importantíssimo de circulação mundial, sem contar a estagnação das negociações de transmissão com a Rede Globo.

Sem Interlagos e talvez com um projeto que não saía do papel ou não seja o que realmente se mostra, quem perde é a categoria e muito mais o Brasil, é claro, mas isso Chase Carey não se importa nem um pouco, e talvez nem deveria. O problema da inocência vai cair no colo de várias pessoas que não têm a ver com o assunto.

Até!




sexta-feira, 24 de julho de 2020

IDAS E VINDAS

Foto: Getty Images
O que era uma obviedade agora tornou-se oficial: em 2020, a Fórmula 1 não vem para as Américas. Brasil, Estados Unidos, México e Canadá terão que esperar por 2021.

O caso dos três primeiros é óbvio: os casos e óbitos decorrentes do coronavírus não estão perto de diminuir, e uma longa viagem com o risco de exposição a doença assusta o circo. O Canadá, em situação diferente, não valeria a pena para as equipes viajar apenas para uma corrida no continente - o que inclui equipamentos, motorhomes, etc.

O futuro do Grande Prêmio do Brasil é uma incógnita. 2020 é o último ano de contrato com Interlagos e um acordo parece distante. O pior: o tal autódromo de Deodoro, que tomara que nem saía do papel, é o favorito, mas alguém realmente acha que esse monstrengo não vai levar no mínimo alguns bons anos para ficar pronto?

Perder Interlagos, um dos circuitos mais tradicionais da história, presente na categoria desde 1972, é um crime. Alguém precisa avisar isso para o bigodudo. Além disso, o traçado permitiu ao longo da história momentos inesquecíveis. Alguns milhões de dólares não podem ser suficientes para acabar com essa história em um dos mercados mais valiosos e com mais espectadores do esporte. O país não se resume ao Rio de Janeiro.

Bom, a FIA já definiu suas substitutas, e teremos retornos e novidades. Ímola e Nurburgring, ausentes desde 2006 e 2013 respectivamente, estão de volta para o GP da Emilia Romagna e GP do Eifel. Com isso, a Itália, que no início do ano era o epicentro do covid, vai terminar 2020 realizando três corridas. No circuito italiano, uma novidade: apenas dois dias de atividades (sábado e domingo, com um só treino livre).

Foto: Getty Images
A grande novidade é a estreia do Autódromo de Algarve em Portimão, Portugal. O país volta a receber a F1 depois de 24 anos, mas agora não em Estoril. Ele foi reformado em 2008 e chegou a receber, na época, testes privados de Toyota, Honda e a McLaren de Lewis Hamilton, na foto acima.

Como escrevi anteriormente, uma coisa boa disso tudo são esses circuitos "diferentes" retornando e/ou estreando na F1, dando lugar a outros lugares chatos e sem graça na mesma ordem que estamos acostumados. Infelizmente, dessa vez, Interlagos vai fazer falta e o Brasil, que não tem perspectivas de um piloto retornar a categoria, agora vive com a incerteza se vai sediar alguma corrida no curto/médio-prazo.

Nas próximas semanas, a FIA também deve anunciar duas corridas no Bahrein e a etapa final, em Abu Dhabi. E para 2020 está bom demais. Entre idas e vindas, o Brasil perde e a F1... bem, não sei se ganha. Ao menos serão paisagens e traçados diferentes para acompanharmos pela TV.

Até!

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

ÚNICO

Foto: Getty Images
Interlagos é único e quase sempre cumpre o que promete. A ansiedade é justificada. Hoje, quando tudo parecia que seria meio chocho e se encaminhava para uma tentativa de disputa entre Verstappen e Hamilton, um Safety Car duvidoso causado pela entrada de um trator para tirar o carro de Bottas, que estourou o motor ao superaquecê-lo sem conseguir ultrapassar Leclerc, mudou tudo e transformou uma prova de F1 em uma chegada de Indy ou de Nascar.

Antes do delicioso caos, tudo parecia uma peça de xadrez: Verstappen e Hamilton com a mesma estratégia, pareados por Vettel e Albon e Leclerc e Bottas. Lá atrás, Ricciardo foi punido por tocar em Magnussen e foi para o final do grid. Ultrapassar no meio do pelotão não é fácil.

No pós Safety Car, todo mundo colocou os macios e foi pra cima menos Hamilton, que inexplicavelmente manteve-se na pista com os desgastados pneus médios. Verstappen disparou com uma manobra à la Montoya em 2001. Albon, que sempre surge nas voltas finais, fez o mesmo com Vettel, que não conseguia devolver. Leclerc, atrás, resolveu tentar. Vettel foi dar o troco, mas existe uma espécie de inconsciente que é: entrar perder a posição para o parceiro de equipe e bater, que seja a segunda opção.

Foto: Reprodução/F1 TV
Olhando pelos vários ângulos, me pareceu um toque de corrida. Entretanto, com mais detalhes, Vettel praticamente repetiu a famosa e desastrada manobra diante do parceiro Webber quase uma década atrás: com meio carro a frente, jogou ele um pouco para a esquerda. Leclerc, reto, manteve-se na linha e acertou o dianteiro direito no pneu traseiro esquerdo do alemão.

A Ferrari cansa de desperdiçar oportunidades, seja pela incompetência dos pilotos ou problemas crônicos no carro. Como ajeitar a casa para brigar em 2020 se o novato quer mandar mais que o mais velho e o mais velho quer se impor nem que seja estragando a corrida de ambos? Binotto não é esse cara enérgico para fazer isso. Na verdade, hoje na Ferrari essa figura inexiste, um Montezemolo, Ross Brawn, Jean Todt, Marchionne e até o fumante Arrivabene tinham uma postura mais "pau na mesa" nessas horas. Quem ganha, ou melhor, ri com isso são os mecânicos da Red Bull (como foi hoje) e principalmente da Mercedes.

Um novo SC e a Mercedes chamou tardiamente Hamilton para os boxes. Honestamente, não imaginava que a corrida continuaria depois dali, mas houve a relargada. Brigando pelo segundo lugar e com pneus novos, era questão de tempo passar Albon, que conquistaria o primeiro pódio dele e da Tailândia na F1. Parecia. Meio inocente, Albon não se defendeu na última curva do miolo, o hexacampeão tentou se atravessar e bateu, fazendo o tailandês rodar e jogar para o espaço a chance do pódio. Mesmo com a asa dianteira danificada, Hamilton seguiu para caçar Gasly.

Investigado pelos comissários, ele e Bottas reclamaram a corrida inteira de falta de potência do motor alemão, e foi assim que ele foi incapaz de passar Gasly na reta de chegada. Como se fosse Nascar, milésimos definiram o primeiro pódio da carreira de Pierre. É incrível chegar a esta conclusão, mas a Mercedes hoje tem menos potência que Honda e Ferrari. Tem mais confiabilidade. Para a próxima temporada, os alemães já trabalham em uma nova solução.

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É inacreditável. Chutado merecidamente da Red Bull pelo pífio desempenho, na Toro Rosso parece que o francês é outro piloto. Vem superando Kvyat e o "azar" e incompetência que teve na primeira metade do ano foi recompensado pelo oportunismo e ótimo ritmo de corrida agora. Apesar de ser crítico do francês, não tem como não gostar dessas histórias de superação, dos underdogs que surpreendem e dão a volta por cima, conquistando grandes resultados. Albon merecia o pódio hoje, mas certamente é questão de tempo para chegar, afinal ele está na Red Bull. Albon faz uma temporada muito melhor que Kvyat e Gasly, mas incrivelmente pode ser o único piloto taurino a passar o ano zerado no pódio. Que loucura.

A comissão, que já foi veloz em diversas ocasiões e foi responsável até por tirar Verstappen de uma cerimônia certa vez no México, dessa vez foi mal demais. Fez Hamilton participar do pódio e, minutos depois, confirmar a punição de cinco segundos que confirmou também o primeiro pódio de Carlos Sainz, o segundo espanhol a conseguir tal feito (e também na McLaren) e o primeiro da histórica equipe desde 2014, na Austrália, onde Button também só subiu ao pódio após a desclassificação de Ricciardo.

Foto: Divulgação
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Todo mundo perdeu a chance de ver Sainz, ao vivo, comemorando um merecido pódio, e largando de último! É incrível o ritmo de corrida! É, sem dúvida alguma, o melhor piloto do "lado B". Sempre consistente, hoje ele foi também oportunista para fazer história junto com a McLaren e, assim como Gasly, tirar esse peso do "primeiro pódio" dos ombros.

Isso também mostra que o caminho da McLaren para retornar ao lugar que merece está sendo trilhado aos poucos. Isso que está com o motor Renault ainda por cima. Com uma boa dupla de pilotos e a continuação da reestruturação sendo feita com Andreas Seidl, Gil de Ferran e Zak Brown, quem sabe nos anos seguintes essa grande festa que "vimos" através das fotos seja mais corriqueira com vitórias também.

Fechando essa corrida maluca, Hamilton terminou em sétimo. Na frente dele, as duas Alfa Romeo, com Raikkonen e Giovinazzi. É o melhor resultado da carreira de Giovinazzi, outro novato que sai fortalecido para a próxima temporada, mesmo quando o carro teve uma queda na segunda metade do ano, assim como o melhor resultado de Raikkonen neste retorno a ex-Sauber.

Ricciardo, que chegou a ser o último por um erro dele, conseguiu contornar a situação para ser o sexto. Ah se a Renault tivesse carro... Hulkenberg termina sua trajetória melancólica na F1 lá atrás e vendo quase todo mundo que ele duelou nos últimos anos sendo recompensado com um pódio. É o que é. Pérez e Kvyat completaram o top 10. Nem diante de uma corrida caótica a Haas conseguiu alguns pontinhos, mesmo com Grosjean entre os 10 a corrida toda. Não pararam ele na hora do Safety Car e foi engolido na relargada, aí também é brincadeira.

No único GP do Brasil, é necessário que isso enterre de vez algo que nunca foi cavado, que é a tal lunática ideia de Deodoro. Verstappen, com a cabeça no lugar e um carro competitivo, é o grande nome a destronar Lewis Hamilton, só precisa ser menos Mansell. A Ferrari, com todo mundo se batendo e a ausência de uma liderança dentro e fora das pistas vai continuar penando.

Com um pódio todo de pilotos Red Bull, é comovente ver rostos diferentes nas primeiras posições nessas corridas caóticas, até porque a diferença das três principais equipes para o resto é gritante.

Em Interlagos, tudo é único.

Confira a classificação final do GP do Brasil:


Até!