terça-feira, 22 de agosto de 2017

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA - Parte 2

Foto: F1Fanatic
Meu primeiro texto com 22 anos de idade, escrito ainda aos 21. Voltamos com a parte final da análise do desempenho dos pilotos nessa primeira metade da temporada, agora com os dez últimos na classificação do campeonato. Confira:

Foto: F1
Felipe Massa – 6,5 = O começo da temporada foi ótimo. Acumulou os pontos que pode. Com a manutenção das deficiências dos carros anteriores no FW40, não consegue render em circuitos travados e/ou com chuva. Foi muito, mas muito mais rápido que Stroll, o que pode viabilizar sua permanência na categoria após uma aposentadoria relâmpago no ano passado. Canalizando esforços para 2018, o primeiro com Paddy Lowe a frente do projeto da equipe de Grove, Massa brigará pelos últimos pontos disponíveis, precisando ter a sorte que historicamente não tem, como em Baku, onde poderia ter vencido. Deve continuar na Williams.

Foto: F1Fanatic
Lance Stroll – 6,5 = Não está pronto para a Fórmula 1. Entretanto, sua nota é a mesma de Felipe pelo motivo óbvio do pódio em Baku, onde teve competência de apenas não se envolver em acidentes. Não tem velocidade e sofre em guiar o carro. É normal, visto que tem apenas 18 anos e queimou etapas importantes. Entretanto, o dinheiro que tem e esse pódio conquistado ao acaso irá garantir o canadense na F1 por muito tempo, mesmo que dificilmente entregue algo a mais para a Williams. Pois então, já fez mais que eu esperava: está na história da categoria como o mais jovem a ir para o pódio, o que é lamentável. A vida não é justa.

Foto: F1Fanatic
Romain Grosjean – 6,5 = Altos e baixos com a Haas. Está levando vantagem diante do duro Kevin Magnussen. Está sendo atormentado pelos problemas de freio desde o ano passado (mesma reclamação que Felipe Nasr tinha ano passado, com a Sauber).  Com menos recursos, cada ponto conquistado é importante na briga por milhões de euros a mais no orçamento do ano que vem. Seu grande objetivo é bater o dinamarquês, o que vem acontecendo até aqui.

Foto: AutoSport
Kevin Magnussen – 6,5 = Seu grande momento na temporada foi mandar Hulkenberg chupar suas bolas após o GP da Hungria. De fato, o filho puxou o pai Jan, sem papas na língua e com comportamentos de certa forma criticáveis na pista. Ele espalhou Hulk sem necessidade. Durante a temporada, está fazendo um duelo equilibrado com Grosjean, mais experiente na categoria e na equipe. Seu estilo fanfarrão já gera muitos fãs e haters. Ao contrário dos últimos anos, dessa vez sua permanência em uma equipe está garantida.

Foto: Motorsport
 Fernando Alonso – 7,0 = Tema do último post, é um desafio escrever algo inédito por aqui. Vou tentar: com um carro horrível, só o fato de completar uma corrida é digno de comemoração. Quando pontuou pela primeira vez, já foi incrível. Quando foi o sexto na Hungria e com a volta mais rápida da corrida, é o ápice. Um desperdício de talento, sem dúvida. A Liberty precisa dar um jeito para segurar seu grande meme e símbolo de carisma na atual F1 (quem diria, hein?). O talento continua ali, e isso ninguém pode tirar. A Honda deveria se envergonhar em simplesmente não dar um motor decente para o espanhol em três anos de trabalho.

Foto: DNA India
Pascal Wehrlein – 7,0 = Pontuar duas vezes com o pior carro do grid e com o motor Ferrari do ano passado já justifica a nota do alemão, ainda mais que ele fez essas proezas após se recuperar de um grave acidente na pré-temporada que o impossibilitou de participar das primeiras corridas da temporada. Portanto, não estava 100%. No meu mundo paralelo, Wehrlein estaria na Mercedes nessa temporada ou na Force India na próxima. Azar de Bottas. Como isso não vai acontecer, resta ao talentoso alemão torcer pela benevolência de Toto Wolff para achar algum lugar melhor no ano que vem. Seu talento precisa ser lapidado em desafios maiores.

Foto: F1Fanatic
Daniil Kvyat – 5,0 = O pior piloto do ano. Desempenho fraco e acidentes lamentáveis. Infelizmente, não se justifica mais a permanência do russo na F1. Sua renovação já foi forçada, meio que uma espécie de reparo ao fato de ter sido rebaixado da Red Bull. Estar atrás de Wehrlein no campeonato e ter mais pontos na carteira do que no campeonato resumem seu momento. É uma pena, pois torço para o russo. Entretanto, o programa de pilotos da Red Bull está numa entresafra desgraçada, tanto é que mesmo assim, Pierre Gasly não foi chamado para a Toro Rosso, e parece que não será novamente. Para o segundo semestre, a indagação: será Kvyat suspenso por um GP por fazer os 12 pontos de infração na carteira da FIA?

Foto: Racing Motor Sports
Stoffel Vandoorne – 6,5 = Críticas injustas me deixam puto. Enquanto são benevolentes e chamam Stroll de “superestrela” por um pódio acidental em um carro que deveria pontuar regularmente e não esporadicamente, o talentoso belga sofre por ser companheiro de Alonso. Obviamente, todas as atualizações e peças dirigem-se ao espanhol. Com o carro problemático e defasado, a distância para Alonso é ainda maior do que seria se ambos estivessem em condições igualitárias na equipe. Participou de incidentes na Espanha e em Mônaco (onde teve grande chance de marcar muitos pontos), mas foi para as férias com um pontinho no campeonato, o que traz alívio e confiança para seguir o trabalho. Vandoorne, com um carro bom, tem tudo para ser protagonista da F1. 

Foto: Motorsport
Jolyon Palmer – 5,0 = Zerado com a Renault. Sua renovação foi um absurdo, o que já tinho escrito por aqui e no Twitter. Desempenho fraco ou acidentes. Quando não é isso, o carro quebra. O campeão da GP2 de 2015 pode sequer terminar a temporada. O hype Kubica está vindo com tudo. Mas, convenhamos, Jolyon não fez o suficiente para merecer uma segunda temporada na F1, e conseguiu piorar seu desempenho mesmo com a evolução do bólido francês. Melhor o pai Jonathan encontrar outra categoria para o filho em 2018.

Foto: Portal Race
Marcus Ericsson – 5,5 = Outro que não deveria estar na F1. Entretanto, não tem o que fazer no fraquíssimo carro da Sauber. Ainda assim, consegue a proeza de perder nos três anos em que esteve na equipe, dois como piloto dos investidores suecos. Evidente que Wehrlein e Nasr são muito melhores que ele, mas diante de tais regalias isso pega muito mal, mais ainda no caso do piloto alemão, que conquistou seus melhores resultados sem estar com 100% das condições físicas. Todavia, como é o dono da equipe, seguirá completando o fim do grid e aparecendo raramente na transmissão da FOM.

Essa foi a minha análise dos pilotos até aqui na temporada. Você concorda? Discorda? Comente!

Até mais!


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

PIQUET, 65

Foto: MotorSport
Hoje Nelson Piquet completa 65 anos. Um dos maiores pilotos da história não só do Brasil mas de todo o automobilismo. Dispensa apresentações. O post de hoje é um tributo com três vitórias inesquecíveis de Nelson. Vamos lá:

1980 - Na época, o Brasil estava há cinco anos sem vitórias. A última havia sido por Emerson Fittipaldi em 1975. Depois que fundou a Copersucar, o país vivia vacas magras. Entretanto, o jovem Nelson Piquet, aos 23 anos e na terceira temporada na F1, venceu pela primeira vez na categoria no dia 30 de março de 1980, no Grande Prêmio dos Estados Unidos-Oeste, em Long Beach. Largando na pole, liderou de ponta a ponta e venceu facilmente. Emerson Fittipaldi foi o terceiro em seu último pódio na F1. Nessa corrida, Clay Regazzoni se envolveu em um acidente com John Watson e ficou paraplégico. Tudo isso com a narração de Galvão Bueno pela Bandeirantes!


1983 - Na abertura da temporada onde seria bicampeão, Piquet largou em quarto em sua casa, Jacarepaguá. Apesar de Keke Rosberg dominar os treinos, o brasileiro deu show na corrida, onde ultrapassou o finlandês, Prost e Patrick Tambay e na sexta volta já liderava, de onde não saiu mais. Nessa corrida teve pela primeira vez a execução do Tema da Vitória para o triunfo de um piloto brasileiro.


1990 - Na corrida 500 da F1, o bicampeonato de Senna já havia sido definido no Japão, onde Piquet havia vencido com a histórica dobradinha com Roberto Pupo Moreno pela Benetton. O tricampeão também venceu a última prova daquela temporada em mais uma disputa com Nigel Mansell. Senna, pole e líder por 61 voltas até rodar e abandonar. Piquet assumiu a liderança e era atacado pelo inglês. Na última volta, pressionado, o brasileiro aproveitou a retardatária Brabham para ficar com um carro de distância sobre Mansell na última curva e ficou na parte limpa. O inglês, na parte suja, tentou passar, mas Piquet fechou a porta, forçando Mansell a ter que tirar o pé e evitar uma batida. Piquet terminou em terceiro naquele Mundial.



Por enquanto é isso, pessoal. Em breve a parte 2 da análise parcial da temporada. Até mais!



terça-feira, 15 de agosto de 2017

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA - Parte 1

Foto: Motorsport
Já é tradição: durante as férias de verão na Europa, a F1 para por quatro semanas. Durante esse período, faço a análise da metade da temporada + uma corrida que se passou. Sem mais delongas, vamos às notas:

Foto: Sky Sports
Sebastian Vettel – 9,5 = Condução quase irrepreensível, exceção o descontrole emocional em Baku e o furo do pneu em Silverstone. Quando a Ferrari tinha um ritmo melhor, foi combativo, conseguindo poles e vitórias na base de undercuts e da superioridade da Ferrari. Quando a Mercedes cresceu nas últimas provas, foi preciso: quase sempre no pódio, perdendo o mínimo de pontos possíveis. Pontuou em todas as provas. Entretanto, a metade final será complicada para a Ferrari. O W08 Hybrid parece ter se acertado e a maioria dos circuitos favorece aos alemães, exceção talvez de Cingapura, Suzuka e Sepang, talvez Interlagos. Se manter o ritmo dessa primeira parte, Vettel será penta ou certamente venderá muito caro o título para Hamilton.

Foto: Boletim do Paddock
Lewis Hamilton – 9,0 = É menos consistente que Vettel. Quando vence, sobra. Quando a Mercedes tem dificuldades, está sendo superado por Bottas nos treinos, o que não era esperado, apesar de recuperar em algumas corridas. Ainda é o favorito ao título, dispõe de melhor equipamento, mas precisa ter cuidado com Bottas. Apesar de ser o piloto número um, tem apenas uma pequena distância para o finlandês, e aparentemente a Mercedes está trabalhando para que os dois briguem livremente pelo campeonato. Se Hamilton tiver menos problemas nas corridas onde a Mercedes não é dominante e conseguir o maior número de pontos possíveis igual Vettel, será tetracampeão mundial.

Foto: Motorsport
Valtteri Bottas – 9,0 = Vem fazendo muito mais do que todos imaginavam. Tão combativo quanto Rosberg ou até mais, considerando que esse ano as flechas de prata tem um concorrente ao título. Veloz nos treinos, não consegue repetir o ritmo nas corridas. Apesar de tudo, possui duas vitórias. Claramente Bottas já fez o suficiente para garantir mais um ano na equipe alemã. Se conseguir acumulando pontos e comendo pelas beiradas, tem pequenas chances de surpreender. Seu título seria uma das maiores zebras da F1 nas últimas décadas.

Foto: Motorsport
Daniel Ricciardo – 8,5 = Faz o que pode com a Red Bull. Teve seu trabalho recompensado pela sorte e competência (óbvio) em Baku. Está se beneficiando dos inúmeros infortúnios de Verstappen para ter uma vantagem mentirosa no mundial, mas o problema não é do australiano. O que podemos dizer é que: tomara que os taurinos consigam dar um carro para os dois brigarem pelo título nos próximos anos. É um desperdício ambos brigando apenas por pódios esporádicos.

Foto: XPB Images
Kimi Raikkonen – 7,5 = Outra temporada medíocre recompensada com mais uma renovação com a Ferrari. É o segundão da Ferrari, mas pouco consegue atrapalhar as Mercedes, tanto é que está atrás de Ricciardo e sequer venceu na temporada. É verdade que nas duas oportunidades que teve ele foi podado pela equipe em prol de Vettel, mas era para o IceMan estar fazendo muito mais. Enfim, teremos mais um ano com o finlandês no grid andando atrás do alemão.

Foto: The Sun
Max Verstappen – 7,0 = Problemas com o carro e sua imprudência resultam em  um ano frustrante. Apenas um pódio, na China. Entretanto, com largadas agressivas (até demais) e defesa de posição implacável, Max dá aperitivos de suas habilidades. Precisa trabalhar mais a cabeça e parar de se preocupar em querer ser o “vilão” da F1. Não precisa disso. Entretanto, parece que só aprenderá essa lição quando sua inconseqüência resultar em um grave acidente ou um incidente que lhe impossibilite de brigar pelo título quando tiver essa oportunidade em um futuro não muito distante. Enquanto isso, seguirá com seus limitados brilhos proporcionados pela sua habilidade e pela falta de competitividade da Red Bull.

Foto: Motorsport
Sérgio Pérez – 7,5 = Outra temporada consistente. Só falta o pódio. Ao que tudo indica, mais uma vez sua ida para a Ferrari será frustrada. Está duelando fortemente com o companheiro de equipe Ocon, onde já se estranharam duas vezes e perderam uma grande chance de brilhar em Baku. Pérez precisa controlar os nervos na guerra interna e respeitar a ordem de comando. Para ser piloto da Ferrari, é necessário ser ou um gênio, ou um bom capacho.

Foto: DNA India
 Esteban Ocon – 7,5 = Chegou chegando na Force India. Ele e Wehrlein deveriam estar brigando pela vaga na Mercedes, mesmo com Bottas surpreendendo na equipe alemã. Anda de igual para igual com o experiente mexicano, há quatro anos na Force India e há sete na F1. Tem potencial para ser campeão do mundo. Em breve será piloto Mercedes, disso não há dúvida. Precisa amadurecer, obviamente, mas sua pequena amostra é entusiasmante.

Foto: Motorsport
Carlos Sainz Jr – 7,0 = Entrega bons resultados na Toro Rosso. A temporada pífia de Kvyat aumenta seu hype. É alvo da Renault. Já viu que dificilmente irá ascender para a Red Bull, por isso está tentando de todas as formas se livrar dos taurinos. Uma das formas é conquistar resultados consistentes na pista. Entretanto, cometeu algumas barbeiragens na temporada, mas seu saldo é positivo.

Foto: F1Fanatic
Nico Hulkenberg – 7,0 = O legítimo acumulador de pontos, mas que falta estrela. Está famoso pela ríspida discussão com Kevin Magnussen na Hungria. Enquanto aguarda por Kubica no ano que vem, vai surrando o fraco Palmer. Seu caso é o mesmo de Sainz: seus companheiros de equipe pouco ou nada os ameaçam. Com o dinheiro que a Renault possui, tem tudo para, quem sabe, finalmente abocanhar os resultados expressivos que todo mundo acreditou que ele um dia iria conquistar. É a sua última chance, e não pode mais falhar na hora H.

Essa é a parte um da análise da temporada, pessoal. Nos próximos dias, disseco a atuação da metade final do grid. O que acharam? Concordam? Discordam? Comentem!
Até mais!

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

O FUTURO DE ALONSO

Foto: Motorsport
Em certo ponto da carreira, Alonso disse: “só me aposento depois que conquistar o tri.” Essa parecia uma realidade não muito distante, afinal o asturiano era o legítimo “sucessor” de Michael Schumacher. Era.

O então bicampeão mundial certamente não esperava que em pleno auge surgiriam dois grandes talentos que acabariam lhe ofuscando na década seguinte: um alemão chamado Sebastian Vettel e a promessa inglesa Lewis Hamilton, com o hype de ser o primeiro negro na F1 estreando justamente na McLaren, sendo companheiro de equipe da Fênix.
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A história vocês já sabem. A arrogância custou muito caro para a carreira de Alonso. Decisões erradas impediram que o espanhol pudesse ter feito mais história na F1. O começo de tudo, é claro, foi a guerra na McLaren, que lhe obrigou a retornar a Renault, onde tanto trabalhou, mas estava longe de ser aquela equipe onde esteve dois anos antes. Em uma espécie de exílio no cockpit francês, se juntou ao antigo inimigo, a Ferrari, com o objetivo de ser campeão com os italianos.

2006: parecia que Alonso seria o sucessor de Schumacher... Foto: F1 Fan Site
Sorrisos só por aí... relação belicosa com o estreante Hamilton entrou para a história
Foto: Motorsport
A passagem de Alonso na Ferrari foi brilhante, espetacular. Com muito menos potencial que a Red Bull e durante certo ponto até diante de McLaren e Lotus, Ferdi foi três vezes vice-campeão mundial, sendo que teve chances claras de ser campeão nas duas primeiras, logo na estreia pela Ferrari, podendo repetir o feito de Kimi Raikkonen.

A inesquecível reclamação com Petrov e a perda em Interlagos parecem ter selado o destino de Alonso. O tri poderia ter sido tetra, penta, hexa... Bastava permanecer na McLaren e ter jogo de cintura, fruto da falta de gestão da carreira, perdida por descontroles emocionais.

Uma deixa para postar um dos carros mais bonitos da história
Foto: Wikipedia Commons

Talvez Alonso tenha sofrido um “castigo” maior que ele merecia. Nem seu maior hater poderia imaginar que, dez anos depois da briga na McLaren, o espanhol retornaria para a equipe, posaria para fotos sorridente com Ron Dennis no retorno da mítica parceria McLaren Honda que no fim das contas é um retumbante fracasso, fazendo com que o Espanhol competisse na Indy 500 de tão desgostoso que está com a categoria.

O parágrafo sem pontuação (propositalmente feito assim, como se fosse uma frase cuspida sem nenhum planejamento) vai ser explicado agora: acredito que a única coisa boa para Alonso nesses últimos anos, além do salário anual que recebe dos japoneses, foi sua imagem. Sempre muito crítico (e ainda é) com os problemas da McLaren, o espanhol adotou uma linha bem humorada, simpática e carismática, sendo um dos pilotos favoritos dos fãs, justamente quando sua carreira esportiva está praticamente no fundo do poço da F1. 

Carrasco Petrov: um dos três vices pela Ferrari. Foto: MotorSport
O ultimato de Alonso a McLaren é uma jogada desesperada ou calculada? Sem espaço nas principais equipes por conta de seu passado, o espanhol tem apenas a McLaren como opção remota para tentar voltar a vencer,  o que não acontece desde 2013, ainda na Ferrari. Com a Renault trazendo Kubica de volta, a alternativa de Alonso é “rezar” para que a Honda faça progressos, o que parece improvável, visto que em três anos a equipe andou para trás. A esperança é que a equipe de Woking consiga um acordo com um novo fornecedor, mesmo que isso signifique o processo evidente de pequenez deflagrada na McLaren há cinco anos.

Por isso a Fênix pensa em alternativas. Com o objetivo de conquistar a Tríplice Coroa do automobilismo, disputou a Indy 500. Não descarta retornar em breve, quem sabe até participar de alguma temporada. Lá, as coisas são um pouco mais iguais. Se sua participação em Indianápolis foi um sucesso de público e audiência, imagina uma temporada inteira? Certamente não superaria a F1, obviamente, mas a categoria certamente iria ganhar muito mais notoriedade, principalmente na Europa. Depois, quem sabe, o objetivo final: Le Mans.

Indy: próximo destino? Foto: UPI
Por mais que o sonho do tricampeonato de Alonso esteja praticamente sepultado, o espanhol aprendeu nesses anos de perrengue que o automobilismo é muito mais que o glamour da F1. Quem sabe, ao optar por esse caminho, ele finalmente não acerta alguma das suas decisões na carreira?

Até!





quinta-feira, 3 de agosto de 2017

O DIA K

Foto: Getty Images
Com um batalhão de fotógrafos e um ótimo público presente em Hungaroring, finalmente Robert Kubica voltou a guiar um F1 da temporada atual depois de seis anos. No segundo e último dia dos testes coletivos da F1, o polonês andou 142 voltas (duas corridas), em 20 stints. Ele fez o quarto melhor tempo do dia (1:18.572), um segundo mais lento que Hulkenberg e menos de um décimo mais lento que Palmer. O melhor do dia foi Sebastian Vettel. Ontem, o mais rápido foi o virtual campeão da F2 e grande promessa monegasca Charles Leclerc, da academia de pilotos da Ferrari.

Foto: Getty Images
Os testes visam acertos para a temporada 2018. Como não sabemos o peso de cada carro nas voltas, não dá para levar à vera a comparação dos tempos de Kubica com os pilotos da Renault. É claro que é um indicativo animador, pois na primeira vez em que pilota o RS17 o polonês foi bem, embora não tenha ficado plenamente satisfeito com seu desempenho.

Após a sessão, ele disse aos jornalistas que estava muito feliz mas que precisava melhorar bastante, o que é natural, dada a falta de experiência com o novo bólido da F1, que exige mais fisicamente do piloto. Sua principal dificuldade com lidar com tantas coisas novas a bordo do RS17, além de sentir cansaço ao final do dia. Afinal, ele trabalhou por oito horas em um circuito tão desgastante como o húngaro, no escaldante verão europeu.

Kubica passou pelos testes da FIA e completou os 300 km mínimos exigidos para tirar a superlicença. Com mais testes nos simuladores, parece ser questão de tempo que seja oficializado como piloto da Renault para o ano que vem, sendo parceiro de Hulkenberg. Provavelmente no início o alemão levará vantagem, mas acredito no talento do polonês. Seu retorno para a categoria não é motivo de alegria apenas para os fãs e pilotos e a categoria, mas também um elemento para atrair o público médio com a sua história de superação. O toque humano e da persistência que a Liberty tanto deseja para conquistar ainda mais audiência e diminuir as barreiras que a F1 de Bernie construiu com os torcedores nas últimas décadas.

Será, com certeza, uma grande vitória, em uma F1 onde apenas jovens pilotos endinheirados e presentes nas academias das principais equipes podem adentrar esse universo tão e cada vez mais exclusivo.

Confira os tempos de ontem e de hoje, e explicarei um por um quem são os novatos que representaram as equipes nesses dois dias de testes:



Lando Norris - O britânico de 19 anos é o atual campeão da Fórmula MSA e da Toyota Racing Series. Com isso, tornou-se piloto da academia da McLaren. Atualmente, corre pela Carlin no Campeonato Europeu de F3. Fala-se que, no futuro, pode assumir um cockpit da equipe britânica, principalmente se Alonso deixar a equipe.

Lucas Auer - É sobrinho de Gerhard Berger. Corre no DTM.

George Russell - O britânico de 19 anos é o atual líder da GP3, correndo pela ART. Está desde o início do ano no programa de piloto da Mercedes. Provavelmente irá para a F2 no ano que vem.

Nikita Mazepin - O russo de 18 anos tem dinheiro. Com lobby, talvez tenha possibilidade de chegar na F1. Atualmente disputa a Fórmula 3, mesma categoria de Pietro Fittipaldi. Atualmente, é o 12° colocado, com 52 pontos. Seu melhor resultado foi um segundo melhor na corrida 1 de Spa Francorchamps.

Nicholas Latifi - O canadense de 22 anos pertence a Renault. Disputa a F2 pela DAMS.

Sean Gelael - Anotem esse nome... a versão indonésia de Stroll. O piloto de 20 anos tem muito dinheiro, tanto é que está na Toro Rosso. Ele corre pela Arden na F2.

Santino Ferrucci - Americano com sobrenome italiano, pertence a Ferrari. Está na F2. É mais um daqueles que podem ter uma vaga na Haas ou Sauber nos próximos anos.

Gustav Malja - Sueco, assim como os donos da Sauber. Está na sua segunda temporada na F2. No ano passado, pilotou pela Trident e pela Rapax. Esse ano está na Racing Engineering. Tem 21 anos.

Charles Leclerc - O mais badalado e a nova promessa do automobilismo para o futuro. Com 19 anos, lidera com sobras a F2, tal qual Vandoorne fez em 2015. É da academia de pilotos da Ferrari. Com suas atuações, existem grandes chances dele estrear na F1 ano que vem pela Sauber, e futuramente ir para a Ferrari. Anotem esse nome.

Nobuharu Matsushita - Apoiado pela Honda, já fez testes pela McLaren e agora pela Sauber, onde os japoneses tinham um acordo para o fornecimento de motores, cancelado na semana passada. Com isso, suas chances acabaram por lá. Entretanto, existe uma negociação da Toro Rosso com os japoneses e, quem sabe, pode parar por lá. Está na F2 há duas temporadas, alternando vitórias com algumas barbeiragens. Normal. Certamente um dos melhores pilotos japoneses dos últimos anos que pode ingressar na F1.


Por enquanto é isso. Até!




quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O FUTURO DO AUTOMOBILISMO - Parte 2

Foto: Wikimedia Commons
As grandes montadoras estão tomando decisões importantes que acarretam nas principais categorias de automobilismo nos próximos anos.

Algumas semanas atrás, a Mercedes anunciou que irá deixar a DTM no final do ano que vem para disputar a sexta temporada da Fórmula E, a partir de 2019. A categoria já vinha perdendo vagas nos últimos anos e, de acordo com a imprensa europeia, o fato de que a partir de 2019 os motores serão padrão quatro cilindros feitos pela Ilmor em parceria com Audi teria motivado a decisão dos alemães.

Nos últimos anos, a categoria perdeu emoção e competitividade, resumida a um torneio onde pilotos da Mercedes competem enquanto não são chamados para a Fórmula 1 (vale ressaltar que Pascal Wehrlein foi campeão da categoria em 2015). Se os custos não diminuírem também, ninguém irá sentir falta desta categoria.

Foto: Getty Images
A Porsche, atual campeã de Le Mans, anunciou na semana passada que está se retirando do Mundial de Endurance também para se juntar a Fórmula E. Vale lembrar que a Audi, no ano passado, também já tinha tomado essa decisão, onde passou a assumir o controle técnico da Audi Abt na categoria elétrica. Com isso, sobra apenas a Toyota na categoria para o ano que vem. O lado bom, para os japoneses, é ser quase impossível não vencer Le Mans pela primeira vez na história.

Entretanto, o WEC nunca teve um grande apelo comercial como campeonato. Na verdade, Le Mans é a grande exceção por motivos óbvios. Ela é muito, mas muito maior que a categoria. Com apenas uma montadora na categoria, ela também está fadada ao fracasso.

O que não é coincidência é o fato de Audi e Porsche fazerem parte do Volkswagen Group, que está no centro de um escândalo de emissões de diesel nos últimos anos. A história: A Comissão Europeia está investigando um suposto cartel entre as grandes fabricantes de automóveis alemãs. Além das três citadas, a BMW e a Daimler também estão sendo investigadas.

Segundo o jornal alemão "Der Spiegel", as cinco empresas teriam formado um cartel desde os anos 1990, articulando a redução das emissões de poluentes dos veículos a diesel. A informação consta em “um documento escrito que o grupo VW remeteu às autoridades de concorrência” em julho de 2016, como “uma espécie de autodenúncia”. A Daimler também teria se denunciado, segundo o semanário.

Os cartéis estão proibidos na UE porque prejudicam a concorrência e aos consumidores. A Comissão pode impor severas multas às empresas que façam esse tipo de arranjo.

Audi Abt, do campeão Lucas di Grassi. Foto: Getty Images
Portanto, a ida dessas empresas para um campeonato que utiliza motores elétricos é um sinal de que há o desejo de melhorar a imagem da empresas perante a opinião pública. Em breve, a Fórmula E terá BMW, Mercedes e Porsche, além das atuais Audi, Renault e Jaguar. Não duvido da Ferrari ingressar nesse ramo em breve.

O futuro são os carros elétricos e não poluentes. Há lobbies e empresas comprometidas com isso a médio-prazo. Com isso, torna-se mais lógico que essas empresas invistam na F-E por ela ser mais barata e atrativa porque é uma espécie de laboratório para o futuro, impossível de fugir nos próximos anos. O automobilismo tradicional, além de caro, não produz mais nada de interessante. A F-E, além de barata, tem um marketing muito e proporciona esses testes de laboratório, que é o intuito de qualquer montadora ao adentrar em qualquer categoria.

Diante disso, como já escrevi, o futuro da WEC e DTM é complicado. Eles terão que se reinventar. E a F1, perderá espaço para F-E? Talvez. Com os custos fora da realidade e a migração de diversas empresas para a outra categoria, a FIA e a Liberty buscam atrai-las para a partir de 2021, quando estiverem livres do Pacto de Concórdia assinado em 2013.

No futuro, a F1 não será mais a categoria do "pioneirismo em desenvolvimeento tecnológico", e sim a F-E. Com isso, espero que a F1 retorne aos garagistas, com custos acessíveis a todos, igual antigamente, quando todo mundo tinha a grana das empresas de tabaco como carro-chefe de seus orçamentos.

Até!

terça-feira, 1 de agosto de 2017

FINALMENTE, DI GRASSI!

Foto: Divulgação
Com atraso, o blog, que estava devendo muitos posts sobre a Fórmula E, irá fazer o registro do merecido título de Lucas Di Grassi na categoria ontem, em Montreal.

Em virtude da incompatibilidade de acompanhar as corridas, infelizmente não pude escrever quase nada ultimamente. Por sorte, o destino sorriu para mim e consegui acompanhar as etapas derradeiras do final de semana.

Muitos irão comentar, com razão, que Di Grassi foi campeão somente graças a preferência do rival Buemi em priorizar os eventos no Mundial de Endurance, ausentando-se das etapas de Nova York. É verdade. Entretanto, o brasileiro não tem nada a ver com isso.

Aliás, Di Grassi chegou a correr com a perna fraturada em algumas etapas, o que causou sua ausência nas 24 Horas de Le Mans. Sempre consistente, brigou pelo título nas três temporadas. Bateu na trave ano passado e esse ano foi coroado com a maior conquista da carreira desde a vitória em Macau, quando superou Sebastian Vettel e Robert Kubica, por exemplo.

Foto: Divulgação
O brasileiro teve sempre como característica ser constante e frio, um acumulador de pontos. Tanto é que foi campeão com "apenas" duas vitórias, enquanto Buemi teve seis. A e.Dams é o melhor carro da categoria desde o começo e perdeu duas chances com o suíço que, diante de tudo ir desmoronando na semana derradeira, começou a discutir com outros pilotos, querendo saber quem havia batido em seu carro na corrida 1, quando ficou em quarto, mas foi desclassificado.


Na primeira temporada, Buemi, Di Grassi e Nelsinho Piquet brigaram pelo título. Três anos depois, um título para cada, dois para o Brasil em três temporadas. Nada mal! Isso prova que a F1 não é tudo e existem muito mais opções para os pilotos (e mais baratas, principalmente) em suas carreiras.

A Fórmula E é o futuro. Com a Jaguar e no futuro a Mercedes, Porsche e BMW, a categoria tem tudo para crescer (pretendo fazer um post sobre isso em breve). Para os mais céticos e tradicionalistas, não é interessante ver um carro elétrico em um circuito de rua. Por enquanto, não há condições desses carros correrem em autódromos. Não há potência suficiente. No futuro, a ideia é que os carros durem a prova toda. Atualmente, os pilotos trocam de carro durante a corrida, pois a bateria não dura todo o tempo necessário.

Diante da modernidade e da questão ecológica e até financeira sobre a funcionalidade de carros sem gasolina, a Fórmula E deve substituir, no futuro nem tão distante, a Fórmula 1 no quesito tecnologia e pioneirismo. Por isso o interesse das grandes montadoras. Tomara que as corridas continuem animadas, agitadas e emocionantes. Até aqui, a Fórmula E é um grande acerto, para o desespero dos tradicionalistas.

Espero que, no futuro, também consiga olhar com mais atenção para a categoria. Ela ficará mais interessante, sem dúvida alguma!

Até!