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A temporada fantástica em termos de emoção, drama e
polêmica, com contornos de filme hollywoodiano, fez com que a F1 estourasse
fora da bolha em 2021. Ainda em um mundo no final da pandemia, a rivalidade
entre o midiático Lewis Hamilton e o grande ídolo da bolha hardcore da F1, Max
Verstappen, catapultou o sucesso da audiência da F1.
A série da Netflix e os movimentos da Liberty Media desde
2016 tiveram o grande ápice em dezembro de 2021. Ápice e decadência. A decisão
do campeonato foi muito contestada, como vocês sabem. Basicamente, o então
diretor de provas Michael Mais fez uma interpretação pessoal do regulamento e
isso ajudou Max a ganhar o primeiro título. Mais do que isso, derrotar uma
hegemonia.
Para quem não era muito afeito a categoria, poderia se pensar
que a F1 deveria ser assim sempre. Emoção até a última volta da última corrida.
Como vocês sabem, 2021 foi uma ilusão, um ponto fora da curva. A F1 é feita de
hegemonias.
Pegando desde os anos 1980, tivemos os domínios absolutas da
McLaren Honda, a Williams dos anos 1990, a Ferrari de Schumacher, a Red Bull de
Vettel e a Mercedes de Hamilton. Se atentem a um detalhe.
Com os regulamentos e eras mudando esporadicamente, não é
coincidência que tivemos três hegemonias consecutivas, praticamente. Schumacher,
Vettel e Hamilton. Cinco, quatro e sete anos, respectivamente.
Carros dominantes sempre existiram em uma temporada, talvez
duas ou três. Tivemos a Benetton de Schumacher, a McLaren do Hakkinen, a
Renault de Alonso. O detalhe fundamental: naquela época, os testes eram livres
e ilimitados. Equipes com estrutura podiam recuperar terreno no mesmo ano caso
o início fosse complicado. Foi assim que a Ferrari garantiu o hexa para
Schumacher em 2003, por exemplo.
A McLaren, na primeira corrida de 1998, deu volta em quase
todo mundo. Se fosse com o regulamento atual, eles teriam vencido quase todas
as corridas. No entanto, as equipes se desenvolveram e houve uma luta pelo
campeonato, embora naquele ano Mika Hakkinen tenha garantido o primeiro título
da carreira.
A troca de forças da F1 depende de novos regulamentos e
desenvolvimentos de projetos a longo prazo. O primeiro caso é o famoso conto de
fadas da Brawn. Uma leitura diferenciada do regulamento e a história foi feita.
Red Bull e Mercedes tiveram um carro bem nascido e, no caso
dos alemães, uma grande vantagem inicial com o motor. Tanto é que a Williams,
um dos piores carros do grid, passou a andar na frente justamente pela
superioridade do motor alemão em relação aos demais.
Em regulamentos novos, é preciso tempo para que o equilíbrio
seja alcançado. Vejam quanto tempo a Ferrari e a Honda demoraram para ser
competitivas. A Renault ainda não chegou lá. 2021 foi o final de todo um
processo.
Agora, com o novo regulamento iniciado no ano passado e que
vai durar mais três ou quatro temporadas, a vantagem é da Red Bull. A Mercedes
perde terreno ao fazer uma aposta equivocada. Sem testes ilimitados, vai
demorar para que Ferrari, Mercedes ou qualquer outra cheguem no ápice do
desenvolvimento. A Red Bull vai fazer isso primeiro. Talvez, no último ano do
regulamento, possamos ter esse equilíbrio maior de forças.
Portanto, 2021 é uma ilusão. A F1 é feita de eras. A F1
moderna é construída por eras cada vez maiores. No momento, estamos no tempo de
Max Verstappen e da Red Bull. Acostumem-se até, quem sabe, a chegada do novo
regulamento.
Até!