Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
No domingo, Hamilton irá ser coroado como hexacampeão, o
quinto título pela Mercedes, sendo o outro com o motor alemão na McLaren. O
texto desta semana relembra outra conquista dos alemães, dessa vez como motor
da equipe inglesa, há vinte anos.
A história já foi contada brevemente por aqui, agora em
todos os detalhes:
1999. Grande Prêmio do Japão. Mais uma vez, o circuito de
Suzuka decidiria um título mundial. De um lado estava o atual campeão, Mika
Hakkinen. Do outro, o irlandês e segundão da Ferrari, Eddie Irvine, que vinha
de vitória na Malásia e era o líder do campeonato: 70 a 66. No entanto, bastava
para Hakkinen a vitória para ser campeão sem depender de ninguém. No meio
deles, um possível fiel da balança que já ajudou Eddie na etapa anterior:
Michael Schumacher, recuperado da fratura na perna que o tirou de praticamente
todo o ano de 1999 em Silverstone.
A polêmica tinha sido a desclassificação da Ferrari na etapa
de Kuala Lumpur, o que daria o título antecipado para Hakkinen. No entanto, uma
apelação bem-sucedida dos italianos manteve a disputa para a terra nipônica.
Schumacher, prometendo ajudar Irvine, fez logo a pole, com Hakkinen logo atrás
e Coulthard e Frentzen (Sauber) na segunda fila, com Irvine somente em quinto.
Aí as coisas começavam a complicar...
Hakkinen fez uma largada fulminante e não tomou conhecimento
de Schumacher para assumir a liderança. Olivier Panis, com a Prost, pulou para
a terceira posição, seguido de Irvine, Coulthard e Frentzen. Mika foi abrindo
loucamente para Schumacher e principalmente para Eddie, preso atrás da Prost. O
finlandês chegava a ser dois segundos mais rápido por volta. Não se sabia se a
Ferrari tinha preparado uma ou duas paradas. Enquanto isso, Hakkinen fazia a
corrida de campeão, depois de tantos erros e atuações apagadas durante o ano.
Com a primeira parada dos pilotos, Coulthard superou Irvine
e deixava o irlandês cada vez mais longe do título, com a estratégia de duas
paradas. No entanto, o britânico rodou e bateu de frente, danificando o bico, e
abrindo o caminho para Irvine.
Lá na frente, seguiu sentando a bota e conseguiu uma
vantagem confortável de seis segundos. Coulthard, com o bico danificado, parou
e voltou a frente de Schumacher, limitando sua corrida a apenas atrapalhar o
alemão, matar qualquer chance de reação e sacramentar o bi de Mika.E assim o fez. Mika Hakkinen venceu de ponta
a ponta e garantiu o bicampeonato mundial, com Schumacher e Irvine completando
o pódio. O jejum da Ferrari seguia, mas convenhamos, ninguém parecia triste com
a derrota do irlandês, já acertado com a Jaguar para 2000.
Foto: Getty Images
Não chegou a ser uma hegemonia tal qual hoje, mas dois
títulos seguidos, os primeiros da parceria McLaren Mercedes, mostravam a força
do conjunto, que ainda era superior a Ferrari de Schumi que acertava e que, nos
anos seguintes, fez história.
A Mercedes, enquanto equipe e motores, está desde os anos
1990 como protagonista da Fórmula 1. Domingo, veremos a história ser feita com
Lewis Hamilton. Somos privilegiados. Até quando as flechas de prata vão seguir
dando as cartas na F1?
Há 20 anos, a F1 vivia um enredo diferente na briga pelo título e o surgimento de forças surpreendentes. Na ocasião, há exatas duas décadas a Alemanha recebia o Grande Prêmio da Europa, em Nurburgring, a antepenúltima etapa da temporada.
Com Schumacher ausente da disputa em virtude do acidente em Silverstone que quebrou uma das pernas, a Ferrari recorreu a Mika Salo e fez o segundão Eddie Irvine ser alçado a esperança italiana para quebrar o jejum de 20 anos sem taças. Na McLaren, Hakkinen buscava o bicampeonato. Os dois brigavam com muita irregularidade e erros individuais e da equipe. Em Monza, Frentzen, com a Jordan, venceu e se aproximava como uma terceira força, com duas vitórias na temporada. Lembra muito 2008: Hamilton e Massa irregulares e Kubica uma alternativa por algum tempo.
Em Nurburgring, Hakkinen e Irvine estavam empatados, com Frentzen 10 pontos atrás e Coulthard 12. Estava tudo em aberto. O alemão conquistou a segunda pole da história da equipe de Eddie Jordan, seguido por Coulthard, Hakkinen, Panis (Prost), Fisichella (Benetton), Hill (Jordan), Villeneuve (BAR) e Irvine apenas em nono.
Na largada, um problema com as luzes vermelhas forçou uma nova volta de apresentação. Na sequência, após a primeira curva, a Jordan de Hill ficou muito lenta. A Benetton de Wurz desviou dele mas não do brasileiro Pedro Paulo Diniz, que capotou e chegou a perder o aparato do santantônio. Ele foi para o hospital realizar exames de rotina mas não passou de um susto.
Foto: Divulgação
Frentzen, Hakkinen, Coulthard e Ralf Schumacher seguiam no primeiro pelotão, enquanto Irvine demorou para se desvencilhar da Benetton de Fisichella. Começou a chover, mas não em todos os setores da pista. Apresentando a habitual dificuldade, Hakkinen foi perdendo rendimento e foi para os boxes. Irvine e Salo também. A Ferrari queria botar pneus de chuva, mas Irvine não quis. Resultado: o irlandês perdeu muito tempo e estava praticamente alijado da prova. A impressão é que a Ferrari não queria que ele fosse campeão. Imagina todo o investimento para o Schumacher fazer história e a taça parar no Irvine, que sequer continuaria na equipe em 2000?
A chuva parou e Hakkinen se deu mal, precisando parar novamente. Com o tempo seco, Frentzen e Ralf foram aos boxes para reabastecer. Logo ao sair do pit, um problema elétrico sepultou as chances do alemão da Jordan em ser campeão.
Com a pista ainda escorregadia, Coulthard perdeu o controle e bateu. A chuva voltou forte e Ralf liderava. Enquanto isso, Hakkinen e Irvine se engalfinhavam lá atrás, prejudicados pela estratégia e pela má pilotagem. Enquanto isso, Trulli, Herbert, Barrichello, Villeneuve e a dupla da Minardi (Badoer e Gené) escalavam as primeiras posições.
Foto: Sutton Images
A liderança virou uma batata quente. A chuva voltou com tudo e Coulthard bateu. Pouco depois, a pista secou e Ralf parou para trocar de pneus. Fisichella assumiu a liderança, mas na quarta escapada de pista bateu e ficou fora. Na sequência, o líder Ralf teve o pneu traseiro direito estourado e precisou ir para os boxes. Herbert, com a Stewart, assumia a liderança, seguido por Trulli (Prost) e Barrichello (Stewart). Irvine e Hakkinen tentavam de tudo para somar algum ponto. Luca Badoer, com a Minardi, alcançava uma histórica quarta posição.
Até que o motor explodiu e a maior chance do italiano pontuar na carreira também. Ao sair do carro, irritado, começou a chorar copiosamente. Uma das cenas mais tristes da história. Uma crueldade com a Minardi e com Luca.
Foto: Reprodução
Foto: Getty Images
Villeneuve, com problemas eletrônicos, também abandonou. Hakkinen pressionou tanto Irvine que fez o irlandês escapar da pista para fazer a ultrapassagem. No final, sem mais surpresas, Johnny Herbert guiou para a terceira vitória na carreira e a primeira e única da Stewart, já vendida para a Ford, que virou Jaguar em 2000. Trulli resistiu a pressão de Rubinho e chegou em segundo, com o brasileiro atrás. Ralf foi o quarto e Hakkinen conseguiu um ótimo quinto lugar numa péssima corrida. Se Badoer ficou fora, coube a Marc Gené voltar a fazer a Minardi pontuar depois de quatro anos, com Irvine em sétimo.
Foto: Getty Images
Jackie Stewart fazia história ao ser mais um a vencer como piloto e dono de uma equipe própria. Hakkinen abriu dois pontos de vantagem para Irvine faltando duas etapas: a estreia da Malásia e o tradicional Japão. Nada melhor do que falar desta grande corrida em momentos onde se questiona se a vitória de Vettel foi merecida. Herbert mereceu vencer? Ou seria Frentzen, Coulthard, Ralf ou Fisichella? O que vale é que é isso que entra para a história: a disputa, o imponderável e a emoção da incerteza.
Nesta terça-feira, um dos maiores pilotos da história do automobilismo fez aniversário. Sir Jackie Stewart agora tem 80 anos. Tricampeão, dono de equipe, comentarista e ativista por carros e circuitos mais seguros para os pilotos, talvez seja complicado tentar resumir sua história, mas irei tentar:
Jackie nasceu em Milton, na Escócia, a 15 milhas de Glasgow. A família vendia carros da Austin e da Jaguar em uma concessionária. O pai foi um motociclista amador e o irmão foi um piloto com reputação local, tendo participado do GP da Inglaterra de F2 de 1953.
Na infância, não teve diagnosticada uma dislexia, o que dificultou o processo de aprendizado. Como isso não era muito conhecido na época, Jackie era chamado de "burro" e outras coisas por alunos e professores. Aos 16 anos, saiu da escola e foi trabalhar na garagem do pai como auxiliar de mecânico. Stewart só foi diagnosticado com a doença aos 41 anos. Ele pediu para fazer o exame após perceber sintomas do filho que eram iguais ao dele quando criança. "Quando você tem dislexia e você encontra algo em que você é bom, você coloca mais nisso do que qualquer outra pessoa; você não pode pensar o jeito das pessoas espertas, então você está sempre pensando fora da caixa."
Stewart participou na adolescência da equipe de tiro da Grã-Bretanha, onde quase foi atleta olímpico. Comprou o primeiro carro aos 13 anos de idade, juntando as gorjetas que ganhava quando trabalhava com o pai. Ele entrou para o mundo do automobilismo ao aceitar o convite de um dos clientes do pai para testar vários carros no circuito de Oulton Park.
Em 1962, ainda em dúvidas se queria ser piloto, testou diversos carros em várias competições. Com um bom desempenho, chamou a atenção de Ken Tyrrell, ainda comandando a Cooper na Fórmula Júnior, que entrou em contato com Jimmy. Após alguns testes com a Cooper, Stewart era mais veloz que Bruce McLaren, o que fez Tyrrell oferecer um contrato para Jackie.
Estreou na F3 em 1964 pela Tyrrell. Com uma temporada impressionante, foi o campeão. Durante o ano, recebeu convite para correr pela Cooper. Recusou, querendo mais experiência em pista. No ano seguinte, fez testes com a Ferrari em Le Mans e pela Lotus, impressionando Colin Chapman e Jim Clark. Recusou a oferta para ir para a F2, onde também foi campeão.
A primeira corrida na F1 foi em 1965, guiando a Owen Racing, com um sexto lugar na África do Sul. Logo na estreia em Mônaco foi o segundo colocado. Com três segundos lugares em quatro corridas, a primeira vitória da carreira veio em Monza. Um terceiro lugar no campeonato mostrava que o futuro era brilhante para Jackie.
Foto: DevianArt
1966 parecia promissor, mas só parecia. Apesar de vencer na abertura do campeonato e logo em Monte Carlo, o carro tinha sérios problemas de confiabilidade e Jackie só não abandonou quando em quarto e quinto (Holanda e Alemanha). Além do mais, sofreu um gravíssimo acidente na Bélgica.
"Ele bateu num poste telefônico e aterrissou numa vala na perigosa curva Masta. O carro do escocês ficou preso de cabeça para baixo com o tanque de gasolina cheio por 25 minutos. Graham Hill e Bob Bondurant resgataram Stewart com um kit de ferramentas, tomando o cuidado de não provocar nenhuma fagulha que levasse a um incêndio, já que o combustível estava vazando." (SABINO, 2019, F1 MEMÓRIA)
Depois do acidente, Stewart tornou-se o grande ativista da segurança nas pistas, em uma época onde haviam muitos acidentes e mortes de pilotos, além da falta de estrutura para proteger o público. Segundo seus cálculos, um piloto que correu naquela época por cinco anos tinha dois terços de morrer na pista.
"Fiquei preso no carro por vinte e cinco minutos, incapaz de me mover. Graham e Bob Bondurant me pegaram usando as chaves do kit de ferramentas de um torcedor. Não havia médicos e não havia para onde me colocar. Eles, na verdade, me colocaram na parte de trás de uma van. Depois uma ambulância me levou para um local de primeiros socorros perto da torre de controle e eu fui deixado em uma maca, no chão, cercado por pontas de cigarro. Fui colocado numa ambulância com uma escolta policial e a escolta policial perdeu a ambulância, e a ambulância não sabia como chegar a Liège. Na época, eles pensaram que eu tinha uma lesão na coluna vertebral. Como se viu, eu não estava gravemente ferido, mas eles não sabiam disso."
"Percebi que, se isso era o melhor que tínhamos, havia algo muito errado: coisas erradas com a pista de corrida, os carros, o lado médico, o combate a incêndios e as equipes de emergência. Havia também bancos de grama que eram plataformas de lançamento, coisas em que você ia direto, árvores desprotegidas e assim por diante. Os jovens de hoje simplesmente não entenderiam isso. Era ridículo."
Foto: Reprodução
Naquele ano, Stewart teve mais sucesso em outras competições. Ele quase venceu a Indy 500, chegando em sexto. Em 1967, as coisas não melhoraram muito. Apenas um segundo lugar na Bélgica e um terceiro na França, o resto foram todos abandonos.
Em 1968, transferiu-se para a Matra e foi uma ótima escolha. Com um bom carro, Stewart acabou perdendo duas corridas ao se machucar em uma corrida da F2. A primeira vitória no ano veio na chuva, na Holanda. A segunda vitória também veio em solo molhado, em Nurburgring, com históricos quatro minutos de vantagem em relação ao resto. Ele também venceu em Watkins Glen, mas ficou com o vice. O campeão foi Graham Hill.
1969 foi o ano mágico, com amplo domínio da Matra e de Jackie Stewart. Com seis vitórias no ano, incluindo duas voltas de vantagem na Espanha, um minuto na França e mais de uma volta em Silverstone, Jackie Stewart sagrou-se campeão mundial pela primeira vez. Foi o primeiro piloto da história a liderar ao menos uma volta de todas as corridas do ano.
"Quase campeão antecipado de 1969, Stewart foi um dos protagonistas de uma batalha épica pela vitória em Monza. Contra Jochen Rindt, Bruce McLaren e Jean-Pierre Beltoise, o escocês liderou a maior parte da prova, mas teve de resistir a um fortíssimo ataque dos adversários, sobretudo o austríaco, e ganhou com 0s08 de vantagem. A vitória deu a Stewart seu primeiro título na F1." (SABINO, 2019, F1 MEMÓRIA)
Com cinco carros, chegada de Monza 1969 é uma das mais épicas da história. Foto: Reprodução
Foto: Reddit
Na Tyrell em 1970, Stewart não conseguiu ser competitivo o bastante para defender o título. Com apenas uma vitória e quatro pódios, foi o quinto colocado naquele ano. Na temporada seguinte, outro ano avassalador de Stewart e a Tyrell: seis vitórias no ano e o bicampeonato mundial. Na época, foi gravado um documentário esquecido: o "Fim de semana de um campeão", onde Stewart e o cineasta polonês Roman Polanski ficaram quatro dias juntos, com Polanski acompanhando todos os passos, dos preparativos até a festa da vitória. Ela só veio ao grande público mais de 40 anos depois.
Na época, os pilotos disputavam várias categorias pelo mundo todo. Viajando bastante, Stewart estava sofrendo de mononucleose e cruzou o Oceano Atlântico 186 vezes naquele ano. No ano seguinte, não correu na Bélgica por estar sofrendo de gastrite. Naquela temporada, ele foi condecorado com a Ordem do Império Britânico, passando a ser chamado de "Sir". Mesmo com quatro vitórias, Stewart não foi páreo para um certo Emerson Fittipaldi, que conquistou seu primeiro título.
Em 1973, Jackie disse que ia se aposentar. Com cinco vitórias, a última foi a mais significativa. Uma dobradinha com a Tyrell e a de número 27, tornando-se o maior vencedor da história da F1 até então.
"Nada me deu mais satisfação do que vencer em Nürburgring e, no entanto, sempre tive medo. Quando saí de casa para o Grande Prêmio da Alemanha, costumava fazer uma pausa no final da entrada e dar uma longa olhada para trás. Nunca tinha certeza de que voltaria para casa."
O tri veio com um quarto lugar em Monza. Se o recorde de vitórias veio na Alemanha, Stewart deixou de fazer sua centésima e última corrida na F1, nos EUA, depois que o companheiro de equipe François Cevert morreu em um trágico acidente nos treinos para o GP dos EUA, em Watkins Glen.
Stewart teve 27 vitórias, 43 pódios e 17 poles, além de 15 voltas mais rápidas. Seu recorde de vitórias foi superado somente 15 anos depois por Alain Prost, de quem Stewart nutria grande admiração.
Foto: Reprodução
Fora das pistas, Stewart manteve seu trabalho para que as pistas continuassem mais seguras e adequadas para todos em um final de semana. Infelizmente, isso custou a vida de muitos pilotos e quase levou outros tantos até que se houvesse alguma solução efetiva para isso.
Para muitos, esse discurso de Stewart prejudicou o esporte, sempre visto na adrenalina e para os pilotos "explorarem o limite", além de aumentar os custos para os promotores de corridas.
"Eu teria sido um campeão mundial muito mais popular se tivesse dito o que as pessoas queriam ouvir. Eu poderia estar morto, mas definitivamente seria mais popular."
A abordagem mais conservadora ficou simbolizada em um clássico vídeo quando ele, entrevistador, discute com Ayrton Senna sobre os riscos que o brasileiro dava a ele próprio e aos outros competidores com suas manobras "ousadas", incluindo o "acidente da vingança" do Japão contra Prost, em 1990.
Em 1997, Stewart voltou a F1 como dono da equipe com o próprio nome. Na primeira temporada, Rubinho conseguiu um ótimo segundo lugar em Mônaco. Em parceria com a Ford, em 1998 a equipe não foi tão competitiva, mas em 1999 Rubinho conquistou vários pódios e também foi neste ano que a Stewart venceu a primeira e única corrida em sua existência, no caótico GP da Europa, com Johnny Herbert em primeiro e Rubens Barrichello em terceiro.
Última vez de Jackie Stewart no alto do pódio. Foto: Getty Images
No fim do ano, Steward vendeu a equipe para a Ford, que a transformou na Jaguar. Stewart seguiu como comentarista e mais recentemente como embaixador da F1 e de marcas como a Rolex, Heineken, entre outras.
Ano passado, Stewart esteve aqui em Porto Alegre e participou do evento no Gasômetro que teve a Williams de Rubens Barrichello. Ovacionado pelos gaúchos, a campanha também repetia o "bordão": "Quando você dirige, nunca beba". RELEIA
E esse foi o texto sobre a lenda Jackie Stewart, agora com 80 anos. Vida longa a essa grande figura humana e do esporte a motor. Parabéns!
Fala, galera! Como será a última corrida da F1 na Malásia, o blog resolveu listar as corridas mais significativas que aconteceram em Sepang para que você possa acompanhar. Vamos lá!
Foto: Lemyr Martins
Essa corrida eu publiquei no ano passado. A primeira vez da Malásia na F1 foi em 1999, na penúltima etapa do campeonato. Ela marcou o retorno de Michael Schumacher nas pistas após ter fraturado a perna em Silverstone. O alemão teve um fim de semana de gala: pole position e tinha tudo para coroar com uma vitória magistral. Entretanto, o então bicampeão mundial teve que fazer, quem diria, papel de escudeiro: no fim da prova, abriu passagem para o companheiro de equipe Eddie Irvine vencer e abrir vantagem para Mika Hakkinen na disputa pelo título. Dobradinha da Ferrari e tudo indicava que o jejum de 20 anos sem títulos seria quebrado pelo irlandês. Ledo engano: em Suzuka, Hakkinen venceu, Irvine foi apenas o quinto e o finlandês sagrou-se bicampeão mundial.
Foto: F1 Expert
O F2001 foi um dos carros mais dominantes da F1. Tudo indicava uma dobradinha Schumacher-Barrichello, até que as duas Ferraris escaparam da pista após derraparem na mancha de óleo deixada pela BAR de Olivier Panis, a chegada da chuva e um erro no pit de Rubinho fizeram as duas Ferraris caírem para as últimas posições. Entretanto, depois que a pista secou, os dois não tiveram dificuldades para escalar o pelotão e fazer uma das tantas dobradinhas que os dois protagonizaram nas seis temporadas que ficaram juntos na Ferrari.
Foto: Motorsport
Essa corrida de 2003 teve efeitos simbólicos para a F1. No começo da temporada, a McLaren continuou o projeto de 2002 e já havia vencido na Austrália com David Coulthard. Na Malásia, um jovem Fernando Alonso fez sua primeira pole position da carreira, até então o mais jovem a alcançar tal feito. Entretanto, a estratégia da McLaren prevaleceu e o também jovem Kimi Raikkonen venceu pela primeira vez na F1, aproveitando a quebra do companheiro e o incidente de Schumacher e Trulli na largada. De quebra, Alonso marcou a primeira pole e o primeiro pódio de um espanhol na categoria.
Foto: Gazeta Press
Em 2008, Raikkonen venceu pela segunda vez em Sepang. Entretanto, destaco essa corrida pelo erro de Felipe Massa. O brasileiro largou na pole e tinha tudo para vencer, mas acabou rodando sozinho e abandonou. Certamente essa foi uma das corridas que lhe custaram o título daquele ano.
Foto: Motorsport
A última corrida que foi interrompida antes da metade. Com isso, ela valeu menos pontos. Em 2009, o GP da Malásia teve apenas 33 voltas em virtude da forte chuva que começou a cair e não parou mais. Com o céu escurecendo e a ausência de luz natural, Button venceu e levou apenas 5 pontos; Nick Heidfeld foi o segundo, com 4 pontos e Timo Glock o terceiro, com 3; o início arrasador da Brawn e de Button foi o melhor de uma equipe estreante na história da F1, mas o que ficou marcado na memória dos fãs foi Kimi Raikkonen abandonando a pista para comer picolé.
Foto: Motorsport
Outra corrida marcada pela chuva. A dupla da McLaren (Hamilton e Button) largou na pole. Com a chuva aumentando de intensidade, a corrida chegou a ser paralisada e quem se deu melhor foi Alonso, que pulou para a liderança, seguido de Sérgio Pérez, da Sauber. Com a pista secando, o mexicano foi se aproximando do espanhol quando estranhamente errou e perdeu a chance de vencer pela primeira vez na carreira e na história da Sauber, mas conquistou seu primeiro pódio na carreira e levou Peter Sauber às lágrimas. O espanhol faturou a corrida malaia pela terceira vez na carreira.
Foto: Getty Images
Com a Mercedes dominando a F1 desde 2014, tudo se encaminhava para mais uma vitória tranquila das flechas de prata. Entretanto, para a surpresa de todos, a Ferrari superou os alemães na pista e Sebastian Vettel, o maior vencedor da história do circuito até então, venceu pela primeira vez com a Ferrari logo em sua segunda corrida pela equipe, quebrando um jejum de um ano e meio sem vitórias pessoais e de quase dois anos da Ferrari.
Foto: Getty Images
A imagem do campeonato. O momento que decidiu o título para Nico Rosberg no ano passado. Hamilton liderava tranquilamente até o motor estourar na volta 43. Isso permitiu uma dobradinha da Red Bull, com Ricciardo e Verstappen, seguidos de Rosberg em terceiro, quebrando um jejum de dois anos sem vitória do australiano e a primeira dobradinha taurina desde o Grande Prêmio do Brasil em 2013.
Gostaram das corridas selecionadas? Tem sugestão de outras temporadas? Participe!
Fala, galera! Mais uma semana de corrida com algumas notícias e boatos fresquinhos. Vamos lá:
TRANSFERINDO A RESPONSABILIDADE - Com Hamilton 25 pontos atrás de Vettel, aliado a vitória dominante da Ferrari em Mônaco enquanto a Mercedes conquistou um tímido quarto e sétimo lugares, Toto Wolff parece estar colocando o favoritismo do Mundial para os italianos. Em entrevista, ele afirmou que "infelizmente, a Mercedes não tem o melhor carro". Creio que é blefe. Sim, é fato que a Ferrari foi muito melhor na última prova, mas o mérito de Vettel está na regularidade, tanto é que Hamilton e Bottas fizeram mais pole-positions. A diferença é o ritmo de corrida. Sem dúvida alguma, o momento é favorável para os vermelhos. Veremos como as flechas de prata irão reagir.
MASSA 2018? - A aposentadoria repentina de Rosberg permitiu a Massa e, consequentemente, ao Brasil continuar com um representante na F1. Com o papel de ser o "tutor"do jovem Lance Stroll, o brasileiro é o único que pontuou pela equipe até agora (20 pontos), o que justifica o sexto lugar da Williams, atrás de Force India (já distante) e Toro Rosso, com Haas e Renault apenas seis pontos atrás. Se seguir essa lógica, existe a chance da equipe da Grove terminar o ano em oitavo, até porque Stroll não demonstra nenhum sinal de que evoluiu até aqui.
Sentindo-se relaxado e tranquilo, Massa declarou que, se sentir que está na direção certa, pretende continuar na F1 por mais uma temporada. Pois bem, a Williams precisa optar entre se sujeitar ao dinheiro de um bilionário e não ter ambições ou ganhar menos e ter dois pilotos jovens, motivados e capazes de levar o time para a frente. Claramente, a escolha foi pelo primeiro, mas até quando isso vai valer a pena? Massa, que não tem nada a ver com isso, agradece. O Brasil também.
Foto: Jorge Sá
DE VOLTA? - Há 20 anos fora do circo, corre o rumor na imprensa europeia de que Portugal negocia o retorno para a F1. Segundo a revista "Autosport", representantes do autódromo de Algarve, construído em 2008, estão conversando com pessoas ligadas a F1. Isso seria um pedido do próprio governo português, com o apoio do prefeito da cidade de Portimão, sede do autódromo. A publicação frisa que as conversas estão em um estágio inicial, longe e sem previsão de alguma definição, seja positiva ou negativa para o desfecho do negócio.
Nos anos 1980 e 1990, o circuito de Estoril recebeu a F1 e saiu do calendário por apresentar estrutura defasada e falta de segurança. Vale lembrar que a Liberty Media deseja recolocar circuitos e praças tradicionais na categoria. França e Alemanha, por exemplo, estarão de volta ano que vem. Com a possibilidade de negociar um preço mais acessível do que nos tempos de Bernie, podemos esperar que talvez, nos próximos anos, o retorno dos gajos na F1. O último resquício foi com Tiago Monteiro em 2006, pela Midland. Antes disso, conquistou o único pódio português na F1 pela Jordan em Indianápolis, no inesquecível GP de seis carros.
RELEMBRE: O GP do Canadá completa 50 anos na F1. Em 1999, a corrida ficou marcada pelos acidentes de Damon Hill, Jacques Villeneuve e Michael Schumacher no muro da última curva, que desde então passou a ser intitulado de "Muro dos Campeões". O vencedor foi Mika Hakkinen, o único campeão que passou ileso nessa corrida.
Outra edição destacada é a de 35 anos atrás. Em 1982, Nelson Piquet venceu. Entretanto, o que ficou marcado foi a morte do piloto Ricardo Paletti. Na largada, a Ferrari de Didier Pironi ficou parada e o Osela do italiano bateu. O forte impacto contra o volante causou lesões no tórax e o piloto ficou preso nas ferragens. Enquanto a equipe médica tentava realizar o resgate, o tanque de combustível do carro explodiu e o carro pegou fogo. Paletti foi resgatado sem vida, mas foi declarado morto no hospital, vítima de hemorragia. Ele tinha 23 anos e fazia sua primeira temporada na F1.
Vettel foi o grande perdedor de ontem. Além de Verstappen não ter lhe dado passagem, o alemão perdeu o terceiro lugar e caiu para quinto, ficando atrás das duas Red Bull. Mais: tudo que está ruim pode piorar. De acordo com o regulamento da FIA, o tetracampeão pode ser multado e até mesmo suspenso do GP do Brasil depois da série de xingamentos a Charlie Whiting. Para isso, o diretor teria que apresentar uma denúncia ao Conselho Mundial, o que ainda não aconteceu. Vettel já pediu desculpas. A pressão de não conseguir vencer pela Ferrari deixou Vettel amargo. Ontem foi o ápice de todo seu mal humor durante o ano. Deu até para esquecer que ele chamou Massa de ridículo durante a disputa de posição dos dois na primeira parte da prova. Suspender seria mais uma atitude ditatorial da FIA, que não tem critérios nas punições há quase uma década. O xingamento de Vettel é um desabafo contra aqueles que estão matando a F1 e transformando esse esporte a motor em uma chatice sem fim. O alemão tem meu apoio.
* ROSS BRAWN - A informação do conceituado jornal alemão Auto Bild dá conta de que o ex-chefão da Ferrari, Benetton e Mercedes teria aceitado substituir o eterno Bernie Ecclestone no comando da categoria. Ele teria o apoio do grupo Liberty Media (novo acionista majoritário da F1) e do seu ex-colega de equipe italiana e presidente da FIA Jean Todt. O anúncio é questão de tempo. Em entrevistas recentes, Brawn estava reticente em retornar como chefe de equipe novamente, afirmando que "já tinha feito de tudo nessa função". A grande dúvida é saber qual seria a nova função de Bernie. A F1 deseja se tornar mais atrativa para os jovens, com a utilização das redes sociais como forma de interação e engajamento. Brawn no comando seria uma F1 cada vez mais a favor das gigantes e contra as pequenas, e isso não é bom. Enfim, o que resta é aguardar para ver se estou apenas chutando, baseado em seu histórico como dirigente ferrarista na metade dos anos 1990 e 2000.
* ESPECULAÇÕES - A Haas começou negociações com Magnussen. Gutiérrez não fica.
Queda de braço - O paddock tem certeza que Ocon será o parceiro de Pérez na Force India. A Globo insiste que detalhes separam o anúncio de Nasr no time de Vijay Mallya. É aguardar para ver quem tem razão. A vaga da Renault? Ninguém sabe, ninguém viu. O francês da Manor tem prioridade para assinar com o time também. Com isso, Wehrlein entraria na parada da Force India. Ilações confusas.
Stroll pode ser anunciado oficialmente ainda nessa semana. A Williams prepara um evento de apresentação, pois agora o canadense é maior de idade.
Foto: Tumblr
HAKKINEN - Ontem fez 17 anos (!!!) da conquista do bicampeonato, em Suzuka. Hoje, completam-se 18 anos do seu primeiro título, também em terras nipônicas. Confira!
Como assim estamos quase em Outubro e simplesmente não teve GP da Malásia nesse ano ainda???
Desde 2001 a prova era realizada no início do ano, geralmente a segunda ou terceira prova do calendário, logo após Melbourne. Foram 15 edições alternando entre março e abril. Apenas as provas inaugurais de 1999 e 2000 haviam sido realizadas no fim do ano, em Outubro (penúltima e última prova, respectivamente). Para essa temporada, a mudança se deve para que haja menos desgaste nos deslocamentos das equipes e seus equipamentos, afinal a Malásia e muito próxima de Cingapura, a última prova realizada até então.
Quem diria que o primeiro vencedor do circuito seria Eddie Irvine? A edição inaugural ficou marcada pelo retorno de Michael Schumacher as pistas após longo período se recuperando da fratura na perna no GP da Inglaterra. Surpreendendo a todos, o alemão sobrou. Fez a Pole e era muito mais veloz que a concorrência. Na corrida, ele segurava o ritmo para que Irvine se aproximasse e ultrapassasse Hakkinen, rival do irlandês, que passou a brigar pelo título diante da ausência do alemão. No final da prova, Schumacher foi administrando até que Irvine chegou lentamente e passou o alemão em um raro jogo de equipe reverso aos seus interesses. Irvine venceu com dobradinha da Ferrari e parecia se encaminhar para encerrar um jejum de 20 anos sem título da Ferrari. Não foi caso, como todos sabemos.
Em 2000, as circunstâncias eram outras: Uma semana depois de ser tricampeão mundial e encerrar o jejum da Ferrari, Schumacher venceu com apenas cinco décimos de vantagem para Coulthard, o segundo colocado. A corrida marcou algumas despedidas: Button na Williams (foi para a Benetton), a aposentadoria do Johnny Herbert e Pedro Paulo Diniz. Rubens Barrichello completou o pódio.
Foto: F1 Expert
Do grid atual, apenas Button disputou corrida em Sepang no fim da temporada, em Outubro. Os efeitos da umidade e do calor malaio são arrasadores. Kuala Lumpur está quase na Linha do Equador, há 3 graus norte. Cingapura está a 320 km, mais ao sul e temperaturas mais amenas. Afinal, a corrida é de noite. Veremos como os pilotos serão afetados por essas adversidades circunstanciais. Ainda assim, é estranho ver a corrida da Malásia em dia de eleições, quando era para ser antes da Páscoa, no máximo.
As Paralimpíadas terminaram há cinco dias. Histórias de
superação, força de vontade, garra, luta e técnica foram expostos ao mundo
inteiro, mostrando que é possível competir em altíssimo nível em qualquer
circunstância, por mais difícil que possa parecer.
Alex Zanardi. Não há nenhum adjetivo que possa descrever
esse homem. Todo mundo sabe que ele sofreu um acidente na Indy em 2001, perdeu
as duas pernas, MUITO sangue e teve sete paradas cardíacas. Ficou em coma por
um pouco mais de um mês e se recuperou. Chegou a retornar ao automobilismo,
vencendo corridas de turismo. Conciliou a velocidade das pistas com o
paraciclismo, até se dedicar exclusivamente para o segundo. Em Londres, foram
duas medalhas de ouro, assim como no Rio, tornando-se o maior campeão paralímpico
da modalidade.
Foto: Andrew Matthews/ PA via AP
Além de Zanardi ter corrido sem muito sucesso na F1 (Jordan,
Minardi e Lotus no início da carreira), foi no CART/Indy que ele fez seu nome e
criou o mito. Estreou na categoria em 1996, após as frustrações na F1. Na Chip
Ganassi, foi o terceiro colocado logo na temporada de estreia, com 132 pontos,
três vitórias e seis pódios.
Zanardi sempre foi duro na pista, protagonizando vitórias e
momentos históricos (como o do vídeo acima), com ultrapassagem e um show para
os fãs. Diante de uma adaptação tão rápida no automobilismo americano, foi
bicampeão em 1997 e 1998. Nesses dois anos, colecionou 12 vitórias e 22 pódios.
Um desempenho tão impressionante que lhe rendeu o retorno à F1.
Na expectativa e esperança de um novo “efeito Villeneuve” (campeão
da Indy em 1996 e da F1 em 1997) a Williams apostou em Zanardi para o ano de
1999, juntamente com Ralf Schumacher, repleto de picuinhas, problemas de
relacionamento e difícil trato no paddock. Não deu certo, saiu zerado e “queimado”.
Muitos ainda pensam que na Indy qualquer “bração” é campeão, que os melhores
estão na F1 e tudo mais. São esportes completamente diferentes, e o
automobilismo americano precisa ser respeitado. Enfim, não vou desvirtuar o
assunto do tópico.
Gostaria apenas de mostrar que Alex Zanardi precisa ser um
exemplo para todos nós. Precisamos pensar nos obstáculos que ele supera e no
que ele significa para superarmos os nossos problemas. Ele é um ser inspirador,
vencedor, humano e extraordinário.