Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
Voltemos dez anos no tempo. Recém saído da McLaren após a guerra travada com Lewis Hamilton e Ron Dennis, Fernando Alonso ainda era considerado o sucessor de Schumacher como o grande nome da categoria, apesar da chegada do jovem Lewis Hamilton ter empolgado a todos (Sebastian Vettel estrearia pela Toro Rosso).
Voltemos para hoje. Uma década depois, o número de títulos do espanhol manteve-se o mesmo. Lewis Hamilton e Sebastian Vettel são os caras, e Max Verstappen apontado como o próximo grande campeão. Vítima de seus próprios erros na carreira, restou ao espanhol sofrer com o motor da Honda em um improvável retorno à McLaren, andando no fim do grid. Ao menos isso serviu para deixar o espanhol mais bem humorado perante aos fãs e a imprensa, melhorando sua imagem.
Com o tri mundial cada vez mais improvável, resta a Alonso o desafio de ser o segundo piloto da história a vencer as três principais corridas do automobilismo: Le Mans, Mônaco (onde já venceu duas vezes) e Indianápolis. A primeira tentativa no oval americano não deu certo, mas não foi ruim. Agora, o desafio é outro: as corridas de longa duração.
Foto: Mundo Deportivo
O ensaio foi realizado no último fim de semana, nas 24 Horas de Daytona, vencida pela equipe do brasileiro Christian Fittipaldi. Com inúmeros problemas mecânicos, restou a Alonso, Lando Norris e Phil Hanson terminar em 38° lugar, 90 voltas atrás dos vencedores. Isso não desanimou o espanhol, que afirmou ter se divertido mais do que nas pistas de F1.
Pois bem, hoje a Toyota Fernando Alonso em sua equipe nessa temporada da WEC. O espanhol irá conciliar o Endurance com a F1, e só irá perder, a princípio, a etapa de Fuji, no Japão, que será realizada no mesmo dia que o Grande Prêmio dos Estados Unidos: 21 de outubro. A prioridade ainda é a F1. O acordo foi costurado graças ao bom relacionamento de Alonso com a equipe de Woking.
Foto: WEC
O espanhol havia feito testes pela equipe japonesa no fim do ano passado, no Bahrein. Ele será companheiro de Sebastièn Buemi e Kazuki Nakajima. O outro carro da Toyota terá Kami Kobayashi, Mike Conway e José Maria López como pilotos. Com a Audi e a Porsche fora da categoria, foi aberto o caminho para a Toyota finalmente vencer em Le Mans pela primeira vez, o que consequentemente também é interessante para Alonso conquistar o segundo objetivo de sua encruzilhada rumo à Tríplice Coroa.
As últimas vezes que campeões mundiais da F1 disputaram Le Mans foram Jacques Villeneuve (2007 e 2008) e Nigel Mansell (2010). Por capricho do destino, talvez se Alonso seguisse o caminho de Schumi, jamais estaria experimentando esses passos por outras categorias. A presença de um nome tão importante, talentoso e carismático em outras corridas é fundamental para mostrar que há muita vida além da F1, onde muitos que primeiramente são irão acompanhar as provas por Alonso podem se tornar fãs da categoria.
Já contando com Daytona, Alonso estará correndo em algum lugar do mundo em metade dos finais de semana do ano. Haja disposição para a Fênix andarilha. Se suas pretensões darão resultado não sabemos, mas que o mundo da velocidade estará seguindo seus passos e acompanhando atentamente sua missão.
Previamente, escrevi nos primeiros parágrafos desse texto que iria começar o ano escrevendo sobre a decadência da Williams, mas o anúncio havia demorado tanto que seria "forçado" a começar com esse. No entanto, os britânicos trataram de confirmar Sirotkin no dia seguinte, me fazendo perder alguns minutos escrevendo sobre linhas que a partir de então seriam inúteis.
Feito esse registro e sem inspiração para começar o texto de outra forma, vamos ao que interessa.
Daniel Sexton Gurney. Ou
simplesmente Dan Gurney. Nascido em Port Jefferson (Ohio) em 13 de abril de
1931, ele faleceu no último domingo (14) aos 86 anos, vítima de complicações
relacionadas a pneumonia. Qual a importância dele para o automobilismo?
Tentarei explicar.
Antes
da velocidade, Gurney serviu por dois anos no exército americano, atuando como
mecânico de artilharia durante a Guerra
das Coreias (1950-1953). Sua estreia no automobilismo ocorreu em 1957 quando
terminou em segundo a corrida inaugural de Riverside, superando estrelas
consolidadas da época como Masten Gregory e Phil Hill (campeão da F1 quatro
anos depois, em 1961).
A primeira corrida. Foto: Pinterest
Gurney chamou a atenção de Luigi
Chinetti, importador americano da Ferrari, que deu um assento para o americano
em Le Mans no ano seguinte. Em parceria com o compatriota Bruce Kessler, a
Ferrari estava na quinta posição na classificação geral até Dan entregar a
direção para Bruce, que sofreu um acidente. Essa e outras performances
impressionantes lhe renderam um teste para ser piloto da Ferrari na F1, onde
fez sua temporada de estreia em 1959.
Nas
quatro corridas que disputou naquela temporada, acabou conseguindo dois pódios.
Em 1960, seis abandonos em sete corridas a bordo de um BRM. No Grande Prêmio da
Holanda, seu acidente mais grave: uma falha no sistema de freio lhe custou um
braço quebrado, a morte de um torcedor e
o início de uma longa relação de desconfiança com os engenheiros. O incidente
também causou uma mudança no seu modo de pilotar: a tendência em utilizar os
freios com maior prudência do que os outros pilotos significava que eles
duravam mais tempo, o que lhe ajudava em corridas de longa duração.
Gurney guiando a Testa Rossa em Goodwood, em 1959. Foto: Classic Cars
Acidente na Holanda, em 1960. Foto: F1 History
Gurney também era conhecido por
um estilo de condução fluido. Em raras ocasiões, quando o carro enfrentava
problemas mecânicos e sentiu que não havia nada a perder, Dan passava a adotar
um estilo mais arrojado e arriscado. Para muitos especialistas da época, eram nessas circunstâncias que o americano
apresentava o seu melhor desempenho nas pistas. Um exemplo disso foi quando um
pneu furado fez Gurney ficar duas voltas atrás do pelotão na etapa de Riverside
na Indy em 1967. Ele tirou a vantagem e venceu com uma ultrapassagem na última
volta contra Bobby Unser.
Foto: Pinterest
Com novas regras entrando em
vigor para a temporada de 1961, Gurney e Jo Bonnier foram companheiros de
equipe na primeira temporada da Porsche na F1, chegando três vezes na segunda
posição. Dan quase venceu a corrida de Reims, mas sua relutância em bloquear
Giancarlo Baghetti (piloto da Ferrari) permitiu que o italiano o ultrapassasse
poucos metros antes da linha de chegada.
No
ano seguinte, com uma Porsche melhorada (motor de 8 cilindros), Gurney venceu
pela primeira vez na F1, no Grande Prêmio da França, disputado em
Rouen-Les-Essarts, a única vitória da montadora na história da categoria. Uma
semana depois, ele venceu novamente em uma corrida fora de temporada na casa
dos alemães, em Stuttgart. Foi a última temporada da Porsche na categoria. Foi
na equipe alemã que Dan conheceu Evi Butz, executiva de relações públicas da
montadora. Eles se casaram anos depois.
O único a vencer pela Porsche na F1. Foto: Getty Images
Dan também foi o primeiro piloto
contratado por Jack Brabham para correr com ele pela Brabham Racing
Organisation. Enquanto Jack foi o responsável pela primeira vitória de seu
carro em uma corrida que não valia para o campeonato, coube a Gurney a honra de
ser o primeiro a vencer pela Brabham em uma etapa válida para o Mundial em 1964,
outra vez em Rouen. Ao todo, Gurvey venceu duas vezes (as duas em 1964) e
conquistou 10 pódios (sendo cinco consecutivos em 1965) pela Brabham antes de
deixar a escuderia e começar a sua própria equipe. Com a vitória no Grande
Prêmio da Bélgica de 1967, Gurney foi o primeiro piloto da história a vencer
por três equipes diferentes: Porsche, Brabham e a All-American Racers, de sua
propriedade.
Vitória de novo em Rouen, em 1964. Foto: Flat Out
A
popularidade de Gurney fez com que a revista americana Car and Driver
promovesse a ideia dele concorrer à presidência dos EUA em 1964. A “campanha”
foi abortada quando se “descobriu” que Gurney era jovem demais para se
candidatar a presidente (tinha 33 anos na época). Entretanto, amigos e fãs
ressuscitavam essa ideia a cada quatro anos como brincadeira.
Foto: All American Racers
Adesivo da "campanha". Foto: All American Racers
Dan
desenvolveu uma moto chamada “Alligator”, que tinha o assento em uma posição
extremamente baixa. Enquanto ele não conseguiu o objetivo de obter o
design licenciado para a fabricação e
venda por um fabricante importante de motos, a produção inicial de 36 unidades
rapidamente esgotou. Hoje, são itens premiados de colecionadores.
Foto: OddBike
O pioneirismo de Dan Gurney
consiste em ser o primeiro piloto da história a vencer na F1 (4 vezes), na
Nascar (1963) e na Fórmula Indy (1967). Além disso, Gurney venceu as 24 Horas
de Le Mans junto com A.J. Foyt. Não bastasse mais uma vitória em corridas de
longa duração (havia vencido as 12 Horas de Sebring em 1959), um gesto do
americano entrou para a história.
O segundo a vencer com seu próprio carro. Bélgica, 1967
A vitória em Le Mans, com a parceria de A.J. Foyt. Foto: Pinterest
Tal
qual Bellini, capitão do primeiro título mundial da Seleção Brasileira em 1958
que foi o primeiro a erguer a taça como comemoração, Dan Gurney foi o primeiro
piloto a estourar o champanhe no pódio. Um gesto simples e banal que, todos
sabemos, virou costume do automobilismo.
Além disso, durante sua passagem pela Indy,Dan foi o primeiro a colocar uma simples
extensão de ângulo reto sobre a borda direita superior da asa traseira. O
dispositivo, nomeado Gurney flap, aumenta a pressão aerodinâmica e, se bem
projetado, impõe apenas um aumento na aerodinâmica.
Um gesto para a história. Foto: Marshall Pruett
Finalizando
a série de pioneirismo, Dan foi o primeiro piloto a utilizar um capacete
cobrindo toda a face nas corridas de Grande Prêmio, na etapa da Alemanha do
mundial de F1 de 1968.
Foto: F1 History
Excetuando
as 500 Milhas de Indianápolis disputadas entre 1950 e 1960 e que faziam parte do
calendário da F1, Gurney é o segundo americano com mais vitórias na categoria,
perdendo apenas para o campeão mundial de 1978 Mario Andretti. No entanto, Dan
é o americano com mais pódios (19).
Foto: Motor.es
Pequenos
gestos e conquistas que eternizaram Dan Gurvey na história do automobilismo
mundial. Um verdadeiro racer, cujo legado é enorme. Sua história e paixão pela
velocidade inspiram milhares de jovens pilotos, que nunca se esquecerão de
Gurney, mesmo sem saber quem ele é. Basta estourar a champanhe no pódio.
Decidi que o primeiro post do blog no ano seria o anúncio da última vaga disponível na F1 para a temporada. Em dezembro, estava convicto que esse cara seria Kubica. Entretanto, o silêncio da Williams e a ausência de notícias relacionadas fizeram todo mundo assegurar que essa não era a tendência.
E cá estamos nós, aguardando ansiosamente o anúncio oficial de Sergey Sirotkin como companheiro de equipe de Lance Stroll para a Williams em 2018. Um gesto simbólico. Quer dizer, um não, foram cometidos vários gestos pela equipe de Grove nos últimos 15 anos que culminaram em seu retumbante apequenamento moral e técnico.
Conforme apurou o GRANDE PRÊMIO, Robert Kubica era o substituto de Massa. Junto com o polonês, entrariam 6 milhões de euros (R$ 23 milhões) na conta dos ingleses. Entretanto, apesar do contrato assinado, os russos ofereceram € 14 milhões. Diante da incerteza, Kubica e Sirotkin participaram dos testes de Abu Dhabi como um vestibular para quem ficaria com a vaga.
O polonês foi o mais rápido nos long runs, enquanto Sirotkin impressionou na velocidade pura. Isso, aliado ao dinheiro que receberia, obviamente pesou para a escolha da equipe de Grove. Outra vez, Kubica ficou pelo caminho. Como prêmio de consolação, foi contratado como "piloto reserva e de desenvolvimento", o que na prática é nada além do que fazer testes no simulador. Quem pagaria 6 milhões de euros para ficar circulando na fábrica de Grove? Creio que se Sirotkin não mostrar resultados, não é improvável que o polonês dê o ar da graça em algumas corridas de 2018.
O que restou foi a vaga de piloto reserva. Foto: Getty Images
Sergey Sirotkin estava fadado a ser mais uma eterna promessa da F1. Há alguns anos atrás, chegou a ser quase anunciado como piloto da Sauber quando mal tinha completado 18 anos. Sempre com robusto aporte financeiro por trás, foi piloto reserva da equipe suíça e estava na Renault, onde chegou a participar de alguns treinos livres. Em 2017, correu as 24 Horas de Le Mans pela SMP e fez duas corridas na F2. Seu último título foi na F-Abarth Euro, em 2011.
O russo é um piloto que pode mostrar bons resultados, apesar de tudo. Mesmo inexperiente na categoria no sentido de disputar todos os treinos e as corridas, está razoavelmente ambientado a um carro de F1 há mais tempo que Stroll, além de ser melhor que o canadense. Entretanto, sabemos que elementos externos (leia-se a influência de Lawrence) podem (e devem) mostrar o contrário. Em uma equipe estruturada e com um piloto talentoso e experiente no comando, o russo teria melhores condições de se mostrar para todos.
Um novo russo na F1. Foto: Sky Sports
A Williams que todos conhecemos acabou em 2005, com o fim da parceria com a BMW. De lá para cá, vimos um declínio acentuado da tradicional escuderia britânica. Motores Toyota, Cosworth, até o que eu achava que seria o fundo do poço: a prostituição para os petrodólares de Pastor Maldonado, que inacreditavelmente é o responsável pela última vitória da Williams, há quase seis anos.
Apesar da rápida recuperação em 2014 e 2015, com Bottas, Felipe Massa e um novo corpo técnico, a Williams teve nova queda. Nada tão grave quanto o que aconteceu no passado. Pelo contrário. As contratações de Paddy Lowe e Dirk de Beer para desenvolverem o carro dessa temporada davam a impressão de que uma nova reestruturação estava por vir, apesar de Stroll. Com o seu dinheiro, era para se apostar em algum piloto de ponta experiente, em tese. Com a ausência deste, Pascal Wehrlein seria o cara ideal. Jovem, promissor, com duas boas temporadas nos piores carros do grid (Manor e Sauber) e um fato que facilitaria as coisas: ser da academia da Mercedes, que fornece os motores para os britânicos.
Entretanto, é aí que entra a prostituição para a família Stroll. Ingênuo demais o raciocínio do parágrafo anterior. Para quê contratar um piloto melhor que o seu filho? Melhor contratar uma jovem incógnita para tentar se recuperar da derrota para um piloto que saiu da aposentadoria pelas circunstâncias que todos sabemos. O FW41, que tem tudo para ser um carro superior ao seu antecessor, está nas mãos de dois novatos que certamente não irão render o máximo desse bólido. Terei a impressão de que qualquer coisa que ambos fizerem poderia ter sido melhor se houvesse um piloto minimamente bom e competitivo ao volante.
Foto: Motorsport
A pior dupla da história riquíssima da Williams, entregue ao dinheiro como uma Jordan em seus últimos dias ou a Minardi. A diferença é que as duas últimas eram equipes simpáticas, ao contrário do que o pessoal de Grove se tornou. Ah, e aquela cláusula da Martini era uma mentira pelo jeito, pois ambos os pilotos têm menos de 25 anos. Quem irá fazer as propagandas da bebida alcoólica? Kubica?
Talvez esportivamente o ano não seja tão ruim para a Williams. Vai que algum pódio milagroso caia do céu outra vez igual em Baku no ano passado... No entanto, essa é uma decisão significativa para a história da equipe, que reconhece o seu papel de equipe pequena, pagante e que deixou seu legado em um passado que está começando a ficar distante.
Ah, um lembrete: até o fim da semana será publicado um especial sobre Dan Gurney, ícone do automobilismo que faleceu no último domingo (14).
Olá! O texto de hoje será sobre um jovem piloto reserva da
McLaren que vem impressionando a todos com suas performances em outras
categorias e também na F1 e tem tudo para ser um dos grandes astros da
categoria num futuro próximo: trata-se de Lando Norris, de apenas 18 anos.
Nascido em Bristol no dia 13 de novembro de 1999 (!), o
jovem Lando começou a andar de kart aos sete anos. Logo em sua estreia em um
grande evento nacional, acabou marcando a pole position. Em 2013, aos 14 anos,
foi o campeão do Campeonato Mundial de Kart, no Bahrein.
No ano seguinte, estreou na Ginetta Junior Championship,
categoria de acesso a BTCC (campeonato de carros de Turismo do Reino Unido),
onde acabou em terceiro na classificação geral e vencedor como Novato do Ano
logo em seu primeiro ano fora do kart. Em 2015, Norris assinou contrato com a
Carlin para correr na então nova MSA Formula Series, onde foi campeão com
impressionantes oito vitórias, dez poles e 15 pódios em 30 corridas. Ele também
correu em algumas oportunidades na Fórmula 4 alemã (8 corridas, 1 vitória e 6
pódios) e italiana ( 9 corridas e 1 pódio) pela equipe Mücke Motorsport.
Campeão da MSA Formula Series em 2015. Foto: FIA Fórmula 4
Em 2016, Norris começou o ano correndo pela M2 Competition
na Toyota Racing Series, na Nova Zelândia. Foi campeão com seis vitórias, inclusive
no badalado GP da Nova Zelândia, na corrida 3. Lando também participou da
Fórmula Renault 2.0 Europeia e NEC Series pela Josef Kaufmann Racing, onde
acabou campeão nas duas, com seis vitórias e 11 pódios. Além disso, Norris
participou de algumas corridas da Fórmula 3 Britânica, onde venceu quatro
corridas em 11 disputadas e terminou em oitavo. Para coroar a temporada, o
britânico participou da última etapa da Fórmula 3 Europeia e do conceituado GP
de Macau, onde foi o décimo primeiro com
a Carlin.
Com um currículo tão grande em pouco tempo de carreira, era
natural chamar a atenção das grandes equipes. Em fevereiro desse ano, Lando foi
contratado pela McLaren para ser piloto de sua academia. Nesse ano, correndo
pela Carlin desde o início na Fórmula 3 Europeia, Lando Norris sagrou-se
campeão com nove vitórias, oito poles e incríveis 20 pódios em 30 corridas.
Lando também correu as últimas duas corridas da F2 pela Campos Racing e ficou
em segundo no GP de Macau.
Campeão da World Series em 2016. Foto: The Chequered Flag
Para o ano que vem, estava previsto que o britânico corresse
pela Prema na F2, a melhor equipe da base. Entretanto, o acordo foi vetado nada
mais nada menos do que por Lawrence Stroll, acionista da equipe. Natural que o
papai cortasse as asas de quem mostra genuíno talento para não ameaçar os caminhos
do filho Lance. Bom, acontece que agora Lando é apadrinhado da McLaren, que lhe
arranjou um lugar na Carlin e terá o brasileiro Sérgio Sette Câmara como
companheiro de equipe.
O que chamou a atenção da F1 foi que, durante testes de
inverno na Hungria, o jovem Lando foi um dos mais rápidos da pista, superando
inclusive Stoffel Vandoorne, piloto da equipe de Woking.
Se o garoto continuar conquistando títulos e confirmando as
expectativas que foram depositadas depois de vencer quase tudo na base e ter a
McLaren como forte apoiadora, é questão de tempo para que o britânico chegue à
F1. “Basta” vencer a F2, onde desde já é um dos favoritos, e torcer para a
sorte e para o timing. Vai que Alonso se irrite de vez e a parceria com a
Renault resulte em fracasso ou Vandoorne sucumba a pressão em sua segunda
temporada?
Lando impressionou nos testes pela McLaren na Hungria, em junho. Foto: XP8 Images
Bom, fatalmente Lando chegará a F1 se nada der errado. A
questão é quando. Fique de olho. O menino é uma promessa e se você piscar, lá
estará ele alinhando no grid com a McLaren em um futuro nada distante.
Fala, galera! Segunda e última parte da análise final da
temporada 2017 da F1. Agora, vamos ver como foi o ano das equipes restantes:
Renault, Toro Rosso, Haas, McLaren e Sauber.
RENAULT
Foto: Motorsport
Nico Hulkenberg: Nota 7,5
Hulk tem sido mais do mesmo: acumulador de pontos. Estreando
em um carro inferior ao que estava, chegou a capengar em alguns momentos e
praticamente conduziu sozinho a equipe francesa durante os construtores até a
chegada de Sainz nas etapas finais. Será um embate interessante entre a
juventude espanhola e a experiência alemã em um ambiente francês. A essa altura
da carreira, a única coisa que Nico sonha é com um pódio na categoria. Até
Stroll conseguiu logo na estreia... seria uma grande sacanagem do destino sair
da F1 assim depois de tanto tempo na categoria. Um novo Nick Heidfeld.
Jolyon Palmer: Nota 5,5
Fazia hora extra na F1 nesse ano. Entretanto, sempre fico
mal quando um piloto é desligado da equipe antes do final da temporada. Palmer
conseguiu essa proeza depois de apenas pontuar em Cingapura e sendo inútil aos
franceses na disputa direta com a Toro Rosso pelo sexto lugar nos construtores.
Sempre mais lento que Hulk (perdendo em todos os treinos) e cometendo inúmeros
erros, claramente se mostrou insuficiente para estar na F1. Que seja feliz em
outras categorias.
TORO ROSSO
Foto: Getty Images
Carlos Sainz: Nota 7,5 (correu pela Renault as quatro etapas
finais)
Um piloto em constante evolução, entregando o máximo que
pôde com uma Toro Rosso que sofre há anos com a falta de melhorias do carro
durante o decorrer do ano. Diante de uma forte concorrência na Red Bull, bateu
o pé e conseguiu ser emprestado para a Renault ainda esse ano, onde terá um
grande duelo contra Hulkenberg. Para a equipe satélite dos taurinos, resta a
dúvida: o que será deles com dois pilotos inexperientes e com o fraquíssimo
motor Honda? Oremos, já dizia Cláudio Cabral.
Daniil Kvyat – Nota 5
Em dois anos a carreira do russo foi do topo para o pré-sal.
As atuações lamentáveis continuaram e não restou outra alternativa para Helmut
Marko a não ser demiti-lo por duas oportunidades, agora definitivamente.
Confesso que é uma coisa que me intriga até hoje o que aconteceu nesse meio
tempo: uma queda técnica, psicológica, as duas. As respostas parecem ao mesmo
tempo óbvias e misteriosas. Bom, o melhor para a mente desse jovem russo é
respirar outros ares, porque a F1 detonou com seu psicológico.
Pierre Gasly e Brendon Hartley – Sem nota. Disputaram poucas
corridas para ser feita uma mínima avaliação.
HAAS
Foto: Essaar
Romain Grosjean – Nota 6,5
O segundo ano da Haas na F1 seria naturalmente complicado.
Ainda sem a verba da FIA e com o crescimento das concorrentes, restou superar
apenas a McLaren e a Sauber. Depois de um início espetacular na equipe ano
passado, Grosjean caiu bruscamente de rendimento. Com um problema aparentemente
“incorrigível” nos freios desde então, o francês sofre para conseguir bons
resultados. Ainda assim, fez mais pontos que o estreante no time Kevin
Magnussen. O francês é um dos raros exemplos atuais da categoria de um piloto
mediano que se mantém no circo sem precisar de um forte apoiador, e assim será,
batendo, reclamando dos freios e conseguindo raras boas corridas pela frente.
Kevin Magnussen – Nota 6
Ficou mais em evidência por mandar o Hulkenberg o chupar do
que qualquer outra coisa. Erros e acidentes evitáveis. Para um piloto que
pintou tão bem e cheio de cartaz na McLaren, não foi nada bem. É até
compreensível, sendo novo na equipe. Entretanto, não vai confirmar o status de
promessa que tinha até quatro anos. Tanto ele quanto Grosjean precisam fazer
mais para se manter na Haas nos próximos anos, até porque a Ferrari não vai
hesitar em colocar Giovinazzi ou outro piloto da academia da Ferrari.
McLAREN
Foto: Red Bull
Fernando Alonso – Nota 7
Com um motor Honda lamentável, Alonso começou seu plano de
conquistar as três principais provas do automobilismo.Foi bem na Indy 500, mas
acabou sendo novamente traído pelo motor nipônico. Na F1, sem muito o que
fazer, tentou pontuar nas corridas que a McLaren poderia se dar melhor: nos
circuitos travados. Entretanto, é inegável admitir que os japoneses evoluíram
minimamente seus motores, permitindo bons pontos no Brasil e em Abu Dhabi. O
chassi do carro é excelente e evoluiu bastante também, provando que “apenas”
falta um motor minimamente competitivo para brigar por melhores posições e até
pódios, quem sabe. Com uma nova injeção de ânimo, é a última cartada da Fênix
para buscar o tão sonhado (e mais distante do que nunca) tricampeonato.
Stoffel Vandoorne – Nota 7
Tiveram a audácia de criticá-lo na primeira metade do ano,
com carro horrível. Já estavam dizendo que era só uma promessa que não ia dar
em nada. Tenham um pouco de paciência. Vandoorne melhorou demais no segundo
semestre e só foi ultrapassado por Alonso na pontuação na corrida de São Paulo.
Diante de um companheiro de equipe tão competitivo e faminto por novas glórias,
o desafio do belga ano que vem é se manter próximo de Alonso, com uma provável
McLaren mais estruturada, que tenha mais condições de brigar pelo top 10 sem os
inúmeros problemas de potência da ex-parceira Honda.
SAUBER
Foto: Motorsport
Pascal Wehrlein – Nota 7
Um ambiente competitivo e cercado de egos, dinheiro e
interesses com certeza não é um mundo justo. Pascal sabe bem disso. Em um ano,
vai de especulado à Mercedes a chutado da F1. Se pontuar com a Manor e a Sauber
não bastam, o que será suficiente para mantê-lo em uma equipe? Ser saco de
pancadas? Aí é que entra os interesses e o dinheiro, além da falta de carros.
Pascal talvez não seja um superpiloto, mas com toda a certeza ele deveria estar
entre os 20. Uma grande injustiça, uma ausência difícil de engolir e que espero
que seja corrigida imediatamente.
Marcus Ericsson – Nota 5
Foda-se o resultado, o que vale é ter o patrocinador como
(ainda) dono da agora Alfa Romeo Sauber. O bom é que fica a impressão de que
será o último ano do sueco, pois a Ferrari deve assumir aos poucos todo o
controle da equipe suíça outra vez. Nada pessoa, mas alguém que perdeu para
todos os companheiros de equipe em 2014 simplesmente não deveria estar na F1.
Ericsson é apenas insuficiente, não bate nem comete tantos erros. É sem sal,
sem graça, nem é notado na transmissão. Entretanto, tudo isso será coroado com
mais um ano sendo sem sal, sem graça... O bom é que, ao que tudo indica, será a
última vez.
Bom, esses foram os meus dois centavos sobre o que aconteceu
na F1 nesse ano. Nas próximas semanas teremos outros materiais até o fim do
ano. Grande abraço!
Com o fim da temporada, chegou o tradicional momento de
avaliarmos como foram as equipes e os pilotos.
Nessa primeira parte, começo com as cinco primeiras equipes colocadas no
Mundial: Mercedes, Ferrari, Red Bull, Force India e Williams.
MERCEDES
Foto: Autoweek
Lewis Hamilton: Nota 10
Foi a temporada mais cerebral do mais novo tetracampeão da
praça. Ainda com a velocidade constante, Hamilton soube administrar melhor os
momentos de dificuldade com sua Mercedes do que em relação a outros anos, onde
foi campeão (ou não, vide 2007 e ano passado). A primeira metade do ano foi
complicada, com alguns problemas de temperatura de pneus e a ascensão
inesperada da Ferrari. Entretanto, a segunda metade foi soberba, com poles,
vitórias, recordes e a prova de que Lewis soube administrar os momentos de
dificuldade, como na Malásia. A temporada mais completa de Lewis, que vem em
busca do penta cada vez mais maduro e preparado para lidar com os contratempos
que aparecem.
Valtteri Bottas: Nota 8,5
Primeira metade surpreendente. Segunda metade surpreendente
também, mas de forma negativa. O finlandês contratado às pressas após a
aposentadoria repentina de Nico Rosberg conseguiu fazer mais do que eu
imaginava no início do campeonato. Duas poles e duas vitórias, além de andar perto
de Hamilton. Um começo promissor, dada as circunstâncias. Entretanto, enquanto
Lewis cresceu na reta final, Valtteri decaiu bastante, levando quase cinco
décimos do companheiro e incapaz de andar na frente de Vettel na maioria das
oportunidades. Confesso que esperava que ele andasse assim o ano todo. O #77
começa o ano mais pressionado do que nunca. Com contrato até o fim da
temporada, não faltam alternativas para lhe substituir caso os resultados não
apareçam. É bom o Bottas da primeira parte do campeonato voltar. Do contrário,
a Williams está de braços abertos outra vez.
FERRARI
Foto: F1 Technical
Sebastian Vettel:
Nota 9
Em termos de pilotagem, talvez tenha sido também a melhor
temporada de Vettel, digna de um tetracampeão. Entretanto, o descontrole
emocional e erros da equipe na reta final acabaram lhe custando a briga pelo
penta no fim do campeonato. Seb fez o que pode. Liderou o campeonato até
setembro. Depois, com a evolução da Mercedes, involução da Ferrari e as falhas
de confiabilidade, ficou difícil. Depois de um 2016 difícil, o #5 voltou a
extrair o máximo que poderia da Ferrari. Fica a esperança para que os italianos
sigam evoluindo para o ano que vem. Agora, o desafio é fazer com que o grupo de
engenheiros italianos melhore o projeto que começou nas mãos de James Allison,
hoje na rival Mercedes.
Kimi Raikkonen: Nota 7,5
Já faz um bom tempo que Raikkonen não deveria estar na F1,
ou ao menos em uma equipe grande. Ele claramente não entrega resultados e está
sempre aquém do que o carro pode oferecer. Bom, apesar de ser meio
contraditório, a verdade é que Kimi até que foi melhor do que em relação ao ano
passado, obviamente porque o carro é melhor também. Poderia ter vencido duas
corridas: Mônaco (onde foi pole) e Hungria, mas teve que se contentar com o
segundo lugar porque a prioridade é Vettel, o que é lógico e compreensível a
essa altura da carreira. Nada parece fazer diferença para Raikkonen. Como cada
ano que passa eu escrevo que o próximo ano será o seu último, veremos se a
Ferrari irá sair da zona de conforto e irá investir em alguém que também tem
condições de vencer corridas. O problema é se Vettel irá gostar disso. Bom, o
modus operandi dos italianos justificam a quinta temporada de Kimi nesse seu
retorno à Ferrari, e se não for ele será outro segundão inexpressivo...
RED BULL
Foto: Red Bull
Daniel Ricciardo: Nota 8
O sorridente australiano é um acumulador de pontos. Não
desperdiça nenhuma oportunidade. Foi assim que venceu em Baku. Se na primeira
metade ele aplicou uma verdadeira surra em Max na pontuação, a segunda metade foi
diferente. O feitiço virou contra o feiticeiro. Sofrendo com a confiabilidade
do motor Renault, Ricciardo perdeu inclusive o quarto lugar no campeonato para
Raikkonen e teve mais problemas do que Max na temporada. Aliás, Ricciardo teve
que ver Verstappen vencer duas vezes com relativa tranquilidade, além de ter
perdido nos qualyfings. Diante de um conjunto que ainda não está pronto para
brigar pelo título e com um companheiro de equipe jovem, faminto por glórias e
com muita moral na Red Bull, Ricciardo terá um ano decisivo pela frente para
analisar suas opções. Se com Vettel na Ferrari as portas da Scuderia não chegam
a se abrir, resta apenas uma cavada na Mercedes caso deseje deixar os taurinos.
Vamos ver até quando o sorrisão fica em seu rosto.
Max Verstappen: Nota 8
O texto é o oposto de Daniel. Isso poderia ser o suficiente,
mas como gosto de ocupar linhas, vamos lá. Trata-se de um cara que será campeão
mundial, uma hora ou outra. Verstappen teve alguns abandonos que não foram sua
culpa, mas houve falhas que sua inexperiência e inconsequência lhe custaram
bons pontos. É fácil fazer isso quando se trata de um franco atirador sem estar
no melhor carro e/ou sem disputar o título. Para os próximos anos, essas
disputas duras (e muitas vezes desproporcionais) na pista podem lhe custar um
campeonato, ainda mais se tratando de Daniel Ricciardo como companheiro de
equipe. Seu próximo passo para evoluir como piloto é esse. A partir daí, será
questão de tempo para que a F1 coroe esse holandês como campeão do mundo.
FORCE INDIA
Foto: Motorsport
Sérgio Pérez: Nota 7,5
Faltou o pódio anual que o mexicano tira da cartola.
Todavia, a consistência esteve lá, assim como atitudes deploráveis na disputa
interna contra o novato Esteban Ocon. Dinheiro de Carlos Slim versus imposição
da Mercedes. Algo era necessário para se impor na liderança da equipe, agora
sem Hulkenberg. Os dois passaram do ponto, mas a questão fica pior para Pérez,
por ser mais experiente. Deveria ter evitado alguns toques. A crítica é que se
mostrou muitas vezes passivo em disputas com outros carros. Com francês mais
experiente e habituado a equipe, a batalha interna de Pérez será mais dura no
próximo ano. Se ir para a Ferrari é algo quase impossível a essa altura da
carreira, o importante é carimbar outra vez o casco do possível futuro piloto
da Mercedes.
Esteban Ocon: Nota 7,5
Consistência incrível. Não pontuou em apenas duas vezes. Foi
combativo e mostra credenciais de ser um excepcional piloto para as próximas
temporadas. Nunca é demais lembrar que já venceu Max Verstappen na World Series
em 2014. Espero que tenha aprendido com os erros na disputa com Pérez. A
agressividade excessiva pode lhe afastar de uma provável vaga na Mercedes para
2019, talvez. Uma pena que a Force India não tenha mais receitas. Com a
competência que possui, ambos os pilotos teriam condições de surpreender ainda
mais.
WILLIAMS
Foto: LAT Images
Felipe Massa: Nota 7
Quase perdeu para Stroll. Um resumo simplista e maldoso
poderia ser assim. Entretanto, não condiz com a realidade. O brasileiro
enfrentou diversos problemas durante a temporada em corridas que estava bem
melhor que o canadense e a pontuação final no campeonato é enganosa, dando a
entender que foi uma disputa equilibrada. Não. Massa foi mais azarado e até
preterido em alguns casos em detrimento do riquinho dono da equipe. Todavia,
isso não muda o fato de que a Williams precisa urgentemente de pilotos melhores
em sua equipe, e não sei se terá com Robert Kubica com uma mão só em condições
questionáveis. Bem, Massa fez o seu papel para alguém que foi chamado de volta.
Que seja feliz em seus projetos pessoais.
Lance Stroll: Nota 7
Apesar de não ter credenciais para a F1 e sobretudo para a
Williams, não dá para negar que o guri tem sorte. Em menos de dez corridas um
pódio inesperado em Baku. Em Monza, no molhado, largou em segundo. São questões
pontuais, mas acontecem, e é importante aproveitá-las. Entretanto, o que se viu
foi um piloto que queimou etapas para estar na principal categoria do
automobilismo e não se mostrou pronto para atingir um nível mínimo de boa
pilotagem. É inegável dizer que evoluiu durante a temporada, até porque seria
impossível piorar, apesar de algumas corridas vexatórias e constrangedoras.
Bom, no fundo a culpa não é de Stroll, mas de quem se sujeita a isso. Pagando
bem que mal tem, não é verdade? Não, mas para a Williams sim.
Bom, essa foi a primeira parte da minha importantíssima
análise. Concordam? Sim? Não? Sim e não? Comente. A qualquer momento volto com
a parte dois dos meus sensatos dois centavos sobre a F1 em 2017. Até!
Durante o ano, o presidente da Ferrari e do grupo FIAT, Sérgio Marchionne, falou sobre o seu sonho em fazer retornar a marca Alfa Romeo à F1. Pois bem, o regresso do grupo foi mais rápido que poderíamos imaginar.
No início do ano, a Sauber chegou a anunciar uma parceria técnica com a Honda para 2018. Os suíços, que durante tantos anos foram uma Ferrari B e conseguiam alguns pontos, queria andar com as próprias pernas. Pois bem, isso foi um desastre que acabou com as finanças da equipe e quase faliu definitivamente a ex-equipe de Peter Sauber, com a administração de Monisha Kalterborn e agora de empresas da Suíça e da Suécia, que bancam Marcus Ericsson.
A Alfa Romeo está de volta à F1 em uma parceria com a Sauber e a Ferrari. Ausente da F1 desde 1988 (quando era fornecedora de motores e como equipe desde 1985), as três partes assinaram um acordo para uma parceria tecnológica e comercial. O logo da empresa irá estampar o local destinado ao patrocinador principal no carro da equipe suíça. Além do mais, a equipe irá se chamar Alfa Romeo Sauber F1 Team, e os motores Ferrari (atualizados) serão nominados como Alfa Romeo. A parceria tem os mesmos moldes do que a Sauber e a BMW fizeram entre 2006 e 2009, o melhor período dos suíços na F1, com a vitória de Robert Kubica no Canadá, em 2008.
Leclerc já está confirmado. Quem será seu parceiro? Foto: Sky Sports
Na prática, a Ferrari acaba de retomar o controle de uma importante aliada, onde por muito tempo fez experiências envolvendo componentes dos carros e também empréstimo de pilotos. Nunca é demais lembrar que Felipe Massa foi emprestado pelos italianos aos suíços durante três anos (2002, 2004 e 2005) antes de ser promovido à Ferrari em 2006. Os italianos também possuem um acordo estratégico de peças e motor com a Haas, o que também pode envolver futuramente pilotos. Ano passado, Gutiérrez pilotou para a equipe americana e piloto reserva dos ferraristas. Este ano, em diversas oportunidades, Antonio Giovinazzi participou de algumas sessões de treinos livres em detrimento de Grosjean ou Magnussen.
Campeão da F2 e piloto da academia da Ferrari, Charles Leclerc já está confirmado, embora ainda não oficialmente (frase estranha mas azar). O anúncio dessa parceria talvez possa acarretar no futuro de Ericsson na equipe. Com a Tetrapak lhe sustentando desde o ano passado, pode ser que os suecos percam influência na Sauber, o que pode ser gradativo ou imediato. Se for gradativo, talvez Ericsson ainda corra por mais um ano com os suíços. Se for imediato, ele pode ser substituído por outro piloto da academia Ferrari, o próprio Giovinazzi, que substituiu Pascal Wehrlein nas duas primeiras etapas desse ano. Aliás, o alemão é quem irá ficar a ver navios, definitivamente.
A Ferrari e a Alfa Romeo chegam para socorrer e intervir na cambaleante Sauber, que virou a mais pobre e nanica do grid. Uma parceria técnica pode gerar bons resultados no futuro, mas no médio prazo. A tendência é que os suíços sigam como a pior do grid, até porque esse anúncio está sendo feito às vésperas de um novo regulamento, onde as equipes já estão trabalhando faz um bom tempo.
O mais importante é a crença na reestruturação de uma equipe tradicional que decaiu por uma péssima administração até chegar ao ponto de ser refém de um piloto sueco ruim. Sua saída será comemorada pelos fãs, pois Giovinazzi e Leclerc possuem potencial para serem grandes estrelas da F1 no futuro.
Com essa aquisição, fica cada vez mais claro o rumo "WEC e DTM" que a F1 está tomando: montadoras com equipes-satélites. Faltam carros para a F1. A esperança é que o novo regulamento de 2021 atraia gente como Porsche, Aston Martin, Andretti, etc. Vamos torcer.