Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
A despedida de Sebastian Vettel teve elementos muito
interessantes. O post não é sobre a carreira e o legado do tetracampeão, que já
foram exaustivamente destacados ao longo do ano, quando o alemão anunciou que
estava se retirando.
O simbolismo do fim ficou evidenciado em duas ações da
semana. O jantar organizado por Lewis Hamilton. Um grande gesto. Reuniu todos
os pilotos, sem exceção. Ali não era lugar para as birras.
Vettel, mesmo campeão e muitas vezes impulsivo nas disputas,
principalmente com Hamilton naquele incidente do Azerbaijão, conseguiu mudar a
visão enquanto competidor com os adversários. Claro, não ser protagonista
ajuda. A vilania é substituída pela empatia, o humor, o carisma e o cuidado que
o alemão tinha com todos, da saúde até as condições de pista. Foi uma das vozes
dos pilotos, conforme foi amadurecendo e virando o que virou na categoria.
O reconhecimento do heptacampeão não é somente pelo número
ou pela promoção pessoal. Há algo genuíno porque Vettel foi praticamente a
única figura relevante a defender o heptacampeão em suas empreitadas durante a
F1 dos últimos anos, principalmente na pandemia.
Desde os gestos antirracistas, os protestos pelo mundo, a
luta por um esporte e uma sociedade mais igualitária e sem se calar perante aos
absurdos da FIA, como encher o saco sobre piercings, Vettel foi um importante
aliado. Seb não precisa de holofotes. Só criou rede social para anunciar que
estava saindo e colocando luz em outra paixão: a questão ambiental, a
preservação do nosso mundo.
Sai o piloto, vem o “ativista”, o “militante”. Não quero
usar de forma debochada ou negativa essas palavras, que fique evidente para
todos. É o novo capítulo de Vettel. Hamilton percebeu a outra luta do alemão.
Ele não precisa ser tão vocal ou midiático. Mesmo discreto é o suficiente
porque é Sebastian Vettel. Por isso o respeito genuíno de Lewis Hamilton.
Outra questão mais surpreendente foi Alonso. A rivalidade
visceral da década. Tudo bem, o espanhol levou a pior em todas, mas foi o cara
que mais fez Vettel suar lá no ápice, desde a pista até os famosos “jogos
mentais” do bicampeão, que enfrentava um jovem que, no fim da jornada, virou um
homem tetracampeão.
Por isso se alguém voltasse com uma máquina do tempo para
Interlagos, em 2012, e falasse que:
- Em dez anos, Vettel se aposenta e Alonso vai correr com um
capacete em homenagem ao alemão!
A reação seria de risadas ou simplesmente achar o autor da
frase um lunático. O gesto surpreendeu porque sim, a rivalidade diminuiu, os
dois viraram coadjuvantes do grid, mas nunca houve essa “amizade”.
Não digo que foi um gesto falso. Alonso também sabe
manipular o jogo da atenção. A questão é o seguinte:
Hamilton e Alonso são os mais experientes no grid. Os únicos
contemporâneos. Por razões diferentes, o mesmo efeito: a saída de Vettel
simboliza uma parte deles que se vai junto.
Tal qual Nadal e Djokovic sentindo que a aposentadoria de
Roger Federer é um pedaço da rivalidade, dos bons e dos maus momentos indo
embora, um tetracampeão dar adeus ao esporte é um recado não só para os
campeões, mas sim para todos nós: o tempo é implacável.
Nesse fim de semana, Fernando Alonso faz no mínimo um “até
logo” na F1, pois o espanhol ainda deixou em aberto um possível retorno para a
categoria a partir de 2020. Se isso vai acontecer nós não sabemos, mas
aproveitamos o final dos quase 17 anos na categoria (2002 ele foi piloto de
testes) para relembrar a carreira do bicampeão e considerando um dos maiores
pilotos da história. Vamos lá:
HISTÓRIA
Fernando Alonso nasceu no dia 29 de julho de 1981 em Oviedo,
capital da região autônoma das Astúrias, no norte da Espanha. A mãe trabalhava
numa loja de departamento e o pai era mecânico em uma fábrica de explosivos
perto da cidade. José Luis, o pai, era um kartista amador e queria passar sua
paixão pela velocidade para os filhos. Ele construiu um kart para Lorena, irmã
mais velha de Alonso mas ela não se interessou, ao contrário de Fernando, que
com três anos de idade deu suas primeiras arrancadas por aí.
Alonso competiu em competições de kart pela Espanha ajudado
pelo pai, que também era mecânico. A família não tinha condições financeiras de
apoiar Fernando nas competições, mas as vitórias do jovem kartistas atraíram
patrocinadores. Sem grana pra comprar pneus para chuva, Alonso aprendeu a
controlar o kart com pneus slicks. O kart foi fundamental para o espanhol lidar
com diferentes estilos de pilotagem, uma de suas grandes qualidades na F1.
Alonso foi tetracampeão espanhol de kart de forma
consecutiva, além da Copa do Mundo Júnior da modalidade em 1996. No ano
seguinte, ele venceu o italiano Inter-A. Em 1998, foi a vez de vencer o
Espanhol Inter-A, além de ser vice-campeão europeu na mesma temporada.
Com 17 anos, o compatriota Adrián Campos deu a Alonso a
oportunidade de testar uma Minardi. Em três dias de testes no circuito de
Albacete, Ferdi igualou os tempos de Marc Gené. Para 1999, Alonso competiu no
Euro Open MoviStar. Na segunda etapa, outra vez em Albacete, venceu pela
primeira vez. Alonso foi campeão com apenas um ponto de vantagem para Manuel
Giao depois de vencer e fazer a volta mais rápida na última corrida. No fim do
ano, Alonso fez outro teste pela Minardi e foi um segundo e meio mais rápido do
que os outros pilotos que testaram o carro.
Em 2000, o último passo: a Fórmula 3000. Mais jovem do grid,
Alonso demorou sete corridas para marcar os primeiros pontos, quando teve duas
vitórias e dois segundos lugares, terminando o campeonato em quarto, atrás do
brasileiro Bruno Junqueira, do francês Nicolas Minassian e do australiano Mark
Webber.
MINARDI (2001)
Foto: Minardi
Alonso foi o terceiro piloto mais jovem da história (na
época, é claro) a estrear na F1. Foi também a primeira temporada da Minardi sob
a administração de Paul Stoddart. O carro não era nem rápido e tampouco
confiável.
Fazendo o que podia, o espanhol chamou a atenção das equipes
maiores. A Sauber chegou a cogitar contratá-lo para substituir Kimi Raikkonen,
mas preferiu ficar com o brasileiro Felipe Massa. No entanto, seu empresário Flavio Briatore
tinha outros planos. Ele queria colocar o espanhol na Benetton, no lugar de
Jenson Button. Com a Renault comprando a equipe inglesa/italiana, Alonso ficou
como piloto de testes na temporada seguinte.
Na última corrida da temporada, no
Japão, Alonso foi o 11°, a frente de carros como a Prost de Frentzen e a BAR de
Olivier Panis, além das duas Arrows e do então companheiro de equipe, o malaio
Alex Yoong. Anos depois, Stoddart classificou a corrida da Fênix como “53
voltas de classificação”. O espanhol ficou atrás na tabela do outro companheiro
de equipe que teve na temporada, o brasileiro Tarso Marques. O melhor resultado
da temporada foi o décimo lugar na Alemanha, o que hoje lhe daria um ponto na
F1.
RENAULT (2003-2006): PRIMEIRAS VITÓRIAS E FIM DA ERA SCHUMMI
Foto: MotorSport
Em 2002, Alonso foi apenas piloto de testes da equipe
francesa, onde andou 1.642 voltas e mais 52 pela Jaguar em um teste em
Silverstone. Como planejado, Briatore sacou Jenson Button e colocou o espanhol
para correr junto com o italiano Jarno Trulli. É claro que a imprensa britânica
não gostou da decisão. Em entrevista para a F1 Racing, o diretor técnico Mike
Gascoyne disse que era a decisão certa a se fazer porque a equipe estava
impressionada com o trabalho realizado pelo espanhol como piloto de testes.
E a justificativa fez sentido. Logo na segunda etapa, na
Malásia, Alonso sagrou-se o piloto mais jovem da história a ser pole position e
também o mais jovem a ir no pódio na mesma corrida, quando foi o terceiro. Foi
a primeira vez que um piloto espanhol conseguiu tal façanha na categoria. Na
corrida seguinte, no Brasil, Alonso bateu forte depois de não ver as bandeiras
amarelas agitadas e os destroços na pista causadas pelo acidente da Jaguar de
Mark Webber.
Na Espanha, corrida da casa, outro feito histórico: segundo lugar. Além disso, Alonso conseguiu a primeira vitória da carreira em uma atuação esplêndida na Hungria, sagrando-se o mais jovem a vencer uma corrida na história da F1. Ele terminou o campeonato em sexto, com 55 pontos e quatro pódios.
Com uma Ferrari dominante em 2004, Alonso não pode fazer
muita coisa. Manteve os quatro pódios (Austrália, França, Alemanha e Hungria).
Em Mônaco, bateu e jogou a culpa em Ralf Schumacher. Na França, foi pole e
quase venceu, se não fosse a extraordinária atuação de Michael Schumacher,
vencedor com quatro paradas. Nas últimas três etapas da temporada, Trulli foi
demitido e substituído por Jacques Villeneuve. Alonso fez 59 pontos e terminou
o campeonato na quarta posição.
Em 2005, outro italiano como companheiro de equipe:
Giancarlo Fisichella. Na corrida de abertura, na Austrália, a chuva atrapalhou
o treino de Alonso, que ainda assim conseguiu chegar em terceiro.
Ele venceu as
duas corridas seguintes (Malásia e Bahrein) largando da pole e venceu a
terceira seguida em uma batalha épica contra Schumacher em Ímola. O espanhol
revelou que estava com o motor avariado. O problema só foi descoberto depois do
treino e a equipe optou por correr ao invés de trocar o motor e ser penalizado
com 10 posições no grid.
A McLaren melhorou e Raikkonen venceu as duas seguintes, na
Espanha e em Mônaco. Era o único adversário de Alonso, visto que Ferrari e
Williams estavam bem abaixo de seus potenciais. Raikkonen iria vencer pela
terceira vez seguida em Nurburgring, mas o estouro da suspensão
dianteira-esquerda na última vez fez Alonso herdar uma improvável e
importantíssima vitória no campeonato.
Alonso bateu no Canadá e não disputou a
corrida dos Estados Unidos em virtude do Caso Michelin. Na França, fez a
terceira pole e venceu pela quinta vez na corrida da casa da equipe. Em
Silverstone, outra pole, mas dessa vez o espanhol foi superado pela McLaren de
Montoya. Na Alemanha de novo, outra vez Raikkonen liderava até sofrer um
problema hidráulico, e lá foi Alonso vencer mais uma.
Na Hungria, Alonso largou só em sexto e terminou apenas em
11° depois de se envolver em um acidente com Ralf Schumacher. Na reta final,
Alonso terminou em segundo em três provas consecutivas. Raikkonen venceu na
Turquia e na Bélgica e terminou em quarto na Itália, reduzindo a vantagem de
Alonso em apenas um ponto.
O título veio com um terceiro lugar em Interlagos. Alonso
sagrou-se o mais jovem campeão da história da F1, o primeiro da Espanha e
terminou com a Era Schumacher. Após a corrida, ele declarou: “eu quero dedicar
este campeonato a minha família e a todos os meus amigos próximos que me
apoiaram durante a minha carreira. A Espanha não é um país que tenha a cultura
da F1e nós tivemos que lutar sozinhos, cada passo do nosso caminho, para fazer
isso acontecer. Um obrigado muito especial também para a minha equipe –eles são
os melhores na F1 e nós fizemos isso juntos. Eu vou dizer que sou campeão, mas
nós somos todos campeões – e eles merecem isso.” Em entrevista anos depois,
Alonso disse que essa foi sua grande corrida da carreira: “Foi um sonho se
tornando realidade e um dia muito emocionante. Nas últimas voltas, eu pensava
estar ouvindo barulhos do motor –de todos os lugares! Mas estava tudo ok. Eu
posso lembrar do meu alívio quando cruzei a linha de chegada”.
Nas etapas finais, no Japão e na China, Alonso e Renault
sagraram-se ainda campeões de construtores. O espanhol foi terceiro em Suzuka e
venceu em Shangai.
Em 2006, defendendo o título, Alonso já começou vencendo no
Bahrein, superando Schumacher e saindo da quarta posição. Na Malásia, ficou em
segundo, atrás de Fisichella. Na Austrália, venceu após superar a Honda de
Jenson Button. Largando em uma posição ruim em San Marino, Alonso recebeu o
troco de Schumacher em Ímola e foi superado também no GP da Europa, mesmo
largando na pole. O troco veio justamente na Espanha, onde venceu pela primeira
vez. Em Mônaco, herdou a pole de Schumacher, punido em 10 posições depois de
parar deliberadamente o carro depois completar sua volta no Qualyfing e também
venceu.
Alonso chegou a quatro vitórias seguidas ao vencer em
Silverstone e no Canadá, as duas largando da pole position. Alonso foi o
primeiro piloto da história a terminar as nove primeiras corridas da temporada
em primeiro ou segundo, sendo igualado depois por Sebastian Vettel em 2011.
Schumacher respondeu em Indianápolis, quando venceu e o espanhol terminou em
quinto. Nova vitória do alemão na França, com Alonso em segundo. O espanhol
ficou em quinto na Alemanha e a vantagem para o heptacampeão era de 11 pontos.
Na Hungria, Alonso foi penalizado no Qualyfing e só largou
em 15°, Schummy ficou em 11° pelo mesmo motivo. Na corrida, Alonso se
encaminhava para uma vitória épica na chuva quando uma porca da roda soltou de
seu carro após o pit stop. Schumacher fez apenas um ponto depois que Robert
Kubica foi desclassificado.
Alonso foi o segundo na Turquia, onde Felipe Massa venceu
pela primeira vez na carreira. Na Itália, uma corrida desastrosa. Um furo na
parte de trás da carroceria fez Alonso largar apenas em quinto. No entanto, o
espanhol foi punido por ter atrapalhado Felipe Massa e caiu para décimo. Um
problema no motor o fez abandonar e com a vitória de Schummy a vantagem caiu
para apenas dois pontos.
Na China, Alonso fez a pole na chuva mas ficou em segundo.
Com a vitória de Schumacher, o campeonato estava empatado, com o alemão na
frente pelo número de vitórias. No Japão, a Ferrari largou na pole, mais de um
segundo a frente das Renault, que ficaram em quinto e sexto. No entanto, na
corrida, Alonso pulou para segundo e venceu após Schumacher abandonar com um
problema no motor. Com 10 pontos de vantagem, bastava um oitavo lugar no Brasil
para ser bicampeão.
Massa venceu em Interlagos e Alonso foi o segundo,
Schumacher o quarto. Alonso bicampeão mundial, outra vez no Brasil. O espanhol
sagrou-se o mais jovem bicampeão da história e a Renault também venceu os construtores
por 5 pontos. Desde 2005 Alonso já tinha acertado com a McLaren para a temporada
de 2007, onde, sem o recém-aposentado Michael Schumacher, prometia ser o novo
dono da F1.
Até que surgiu um certo Lewis Hamilton... mas isso é assunto
para o próximo post. Até mais!
Exatos 25 anos atrás. 23 de maio de 1993. Sexta etapa do Mundial de Fórmula 1. Mantendo o domínio do ano anterior, quando Nigel Mansell foi campeão com muita facilidade, a Williams tinha um carro muito superior aos demais. A McLaren de Ayrton Senna e a Benetton do jovem Michael Schumacher alternavam-se como a segunda força, variando a cada etapa.
Na ocasião, Prost chegava ao Principado apenas dois pontos à frente de Senna no campeonato: 34 a 32, assumindo a liderança apenas na etapa anterior, quando venceu na Espanha. Em cinco corridas, três vitórias do francês (além da Espanha, África do Sul e San Marino) contra duas do brasileiro (Interlagos e Donington Park). O carro da Williams era tão superior que Prost, que não tinha na volta lançada a sua principal virtude, foi pole em todas, com muitas sobras.
Não foi diferente em Mônaco. Prost na pole. Com erros no qualyfing, Senna largou em terceiro, atrás de Schumacher. O jovem Rubens Barrichello, na Jordan, largou em 16°. Christian Fittipaldi, na Minardi, foi o 17°.
A situação que já era difícil ficou ainda mais complicada. De cara pro vento, em Monte Carlo, Alain Prost tinha tudo para vencer e até dar no mínimo uma volta de vantagem em todo mundo.
Foto: Motor Sport Magazine
No domingo, a sorte começou a mudar. Prost queimou a largada e foi punido com um stop-and-go de 10 segundos. Nos boxes, deixou sua Williams morrer duas vezes e perdeu ainda mais tempo. Estava fora da jogada. Na corrida, a normalidade transcorria: Schumacher herdou a primeira posição, com Senna logo atrás.
Tudo isso durou até a volta 33. Com problemas hidráulicos, a Benetton de Schumacher parou no muro. Caminho livre para Ayrton Senna vencer pela quinta vez consecutiva no Principado e a sexta vez na carreira, recordes que perduram até hoje. Damon Hill, 52 segundos depois com a Williams e Jean Alesi, mais de um minuto depois com a Ferrari, completaram o pódio. Mesmo com infortúnios, Prost conseguiu chegar em quarto, uma volta atrás do brasileiro. Fittipaldi conseguiu um ótimo quinto lugar e Martin Brundle, com a Ligier, fechou o top 6. Rubinho chegou em nono. Senna voltava a liderança do campeonato, cinco pontos a frente do francês (42 a 37).
Com o carro inferior e uma série de problemas, Senna ficou incríveis oito corridas seguidas sem ir para o pódio. Nesse meio-tempo, após Mônaco, Prost venceu quatro corridas consecutivas e embalou rumo ao tetra-campeonato.
O brasileiro superou o "Mister Mônaco" Graham Hill e se tornou o Rei de Mônaco, o inigualável e insuperável nas ruas de Monte Carlo, justamente na sua última corrida por lá.
Definido o futuro de Alonso: o Real Madrid. Ok... o piloto foi homenageado como membro do clube honorário da equipe espanhola. Os feitos do asturiano foram destacados pelo presidente Florentino Pérez. Don Alonso visitou o vestiário e o gramado do Estádio Santiago Bernabéu.
Enquanto isso, na F1... Flavio Briatore garantiu que em 2018 a McLaren irá usar o motor Renault. É uma nomenclatura muito estranha, além da parceria, é claro. Nada que supere o McLaren Peugeot de 1995, que foi um tremendo fracasso. Mesmo que a Honda deposite muita grana, a sua saída seria o único estimulo para a permanência de Alonso. Veja só que ironia: a Honda exigiu Alonso para retornar a F1 com a parceria pela McLaren, agora é o espanhol que exige a saída dos japoneses para permanecer na equipe inglesa.
Eu não assisto Game of Thrones. Com isso, tampouco sei quem são os personagens e as piadas que poderiam ser feitas com esse fato. A questão é que Kit Harington, o "Jon Snow" e "Sor Davos Seaworth" (Liam Cunnigham) estiveram presentes no GP da Itália e andaram de carona no F1 de dois lugares - uma Minardi de 2005 adaptada, isso sim o mais interessante de tudo, com seu mítico motor V10. Confira!
Hoje faz 27 anos do falecimento de Jochen Rindt. O austríaco, companheiro de equipe de Emerson Fittipaldi, foi o único campeão mundial póstumo da história da categoria. Ele tinha 28 anos e faleceu em um acidente no treino classificatório do GP da Itália, utilizando o carro que seria guiado por Fittipaldi. Confira um vídeo especial sobre a carreira desse grande piloto:
Desde 1996 a Austrália abre a temporada da F1 (exceção 2006 e 2010, quando o circo começou no Bahrein). É, sem dúvida nenhuma, uma das corridas com maior ansiedade e expectativa, obviamente por ser a primeira do calendário. É o momento em que deixamos de ficar órfãos de fotos e vídeos amadores da pré-temporada para apreciar a primeira amostragem dos novos carros.
Esse ano tem um componente especial: a radical mudança de regulamento. Os primeiros resultados da pré-temporada indicam a Ferrari mais próxima ou até superior a Mercedes, a Red Bull envolta de mistérios, a Williams com um projeto bem nascido e a vergonha da McLaren em mais um ano que promete ser caótico.
Foto: Pinterest
Esses jovens rapazotes são o tema do post. Kimi Raikkonen e Alonso estreavam na F1 há incríveis 16 anos. Com a aposentadoria de Button, os dois passaram a ser os mais antigos do grid na categoria (considerando que o finlandês ficou duas temporadas ausente, em 2010 e 2011, assim como Massa em 2003). Com isso, a fênix tem mais GPs disputados.
Kimi na Sauber, com 21 anos e Alonso na Minardi, com 19 eram os novatos estreantes daquela época. Peter Sauber teve que prometer desempenho do finlandês para a FIA lhe conceder a superlicença, pois Raikkonen "pulou" a F3000 e chegou direto na F1, a exemplo de Max Verstappen. Alonso sempre foi uma aposta de Briatore e acabou "emprestado" a Minardi para pegar experiência, tendo como companheiro de equipe o brasileiro Tarso Marques e também o malaio pagante Alex Yoong mais para o fim do ano.
Confira (ou relembre) como foi a estreia dos jovens no longínquo GP da Austrália de 2001, que também tinha como destaque a chegada de Juan Pablo Montoya a categoria, depois de muito sucesso na Indy. A corrida, no YouTube, pode ser conferida clicando aqui . O resto, vocês sabem o que aconteceu...
Os dois também já venceram em Albert Park. Alonso foi o primeiro, em 2006 (ano do bi), onde Raikkonen foi o segundo, na terceira etapa da temporada. Recentemente, o retrospecto do espanhol não é dos melhores: não correu em 2015, quando se recuperava de uma lesão sofrida num acidente na pré-temporada e ano passado acabou se envolvendo em um acidente cinematográfico com a Haas de Estebán Gutiérrez, o que impediu sua participação na corrida seguinte, no Bahrein. Relembre:
Já o IceMan, por sua vez, conquistou duas vitórias em solo australiano. A primeira foi em 2007, ano do título, justamente na estreia pela Ferrari. Sua segunda e até então última vitória na carreira foi em 2013, ainda pela Lotus.
O blog relembra a trajetória dos dois pilotos porque existem grandes possibilidades de ambos se aposentarem no fim da temporada. Com Alonso cada vez mais desgostoso com os problemas da McLaren Honda e Raikkonen já com 38 anos, pode ser que seja o último ínicio de temporada dos dois, juntamente com Massa, a tríade mais longeva da atual F1 que deve se retirar no fim de 2017, representando o fim de uma era na F1 (como eu escrevi no ano passado, clicando aqui). É melhor aproveitar e desfrutar dessas lendas!
OFF TOPIC: Não postei nada sobre a nova cor da Force India. O carro rosa é lindo, embora pareça uma bala de morango. Gostei que a F1 está ficando menos monocromática, com predominância de preto e cinza. Viva o laranja da McLaren, o rosa dos indianos, o vermelho Ferrari, o azul Sauber, o branco Williams, etc. Só faltou a Renault manter o amarelo que remete a Jordan mas enfim, variedade de cores sempre é muito bem vinda para os olhos do espectador.
Mark Webber se despediu da Fórmula 1 em 2013, depois de 11 anos de carreira em quatro equipes: Minardi, Jaguar, Williams e Red Bull. Foram nove vitórias, 11 poles e 36 pódios (tudo pela Red Bull, exceção um pódio pela Williams) e três terceiros lugares como melhor resultado no campeonato (2010, 2011 e 2013). O australiano, conhecido pela franqueza, personalidade forte e conflitos com Sebastian Vettel, teve uma carreira bacana na F1, se despedindo de forma original e conseguindo boas vitórias, construindo uma carreira respeitável e admirável.
Desde 2014, o aussie está no Mundial de Endurance, correndo pela Porsche. Em três temporadas, foram sete vitórias e o título mundial no ano passado, sempre ao lado de Timo Bernhard e Brendon Hartley. Aos 40 anos, o australiano anunciou: sua carreira no automobilismo irá terminar no Bahrein, dia 19 de novembro, na última etapa do WEC. É provável que siga como diretor da equipe alemã, onde rasgou diversos elogios e foi retribuído pelo seu trabalho.
Foto: Ig
O quinto lugar na corrida de estreia na F1 logo em seu país natal alavancou a sua carreira. Conseguiu uma transferência para a Jaguar, onde permaneceu por duas temporadas antes de chegar a Williams. A equipe, vivendo o último ano com o motor BMW, já não apresentava o mesmo rendimento, e o aussie chegou a ficar conhecido como "leão de treino". A chegada na Red Bull, em 2007, mais a mudança de regulamento em 2009 foi um achado para quem já tinha uma carreira sólida, mas com apenas um pódio. Webber conseguiu vencer, ser pole e brigar pelo título. Alan Jones era até então o único piloto do país a alcançar tal façanha, que agora tem Ricciardo como sucessor.
Foto: F1Fanatic
Webber não era um piloto top. Estava abaixo, por exemplo, dos grandes protagonistas Alonso, Button, Hamilton e Vettel. Mesmo assim, chegou a dar sufoco no tetracampeão, principalmente em 2010 e 2012. Entretanto, suas más largadas sempre o comprometiam nas corridas, por mais que a Red Bull fosse dominante por quatro anos, tanto é que sequer foi vice. Bater de frente com Vettel, então queridinho dos fãs e da imprensa (exceção dos fãs de Alonso hahaha) o colocou em evidência e também lhe deu fãs e haters. Webber sempre foi diferente e autêntico, sincero e direto, sem politicagens e rodeios, franco. Muito decidido e maduro, foi inteligente ao sair por cima na melhor equipe da F1 na época ao invés de ser rebaixar lentamente como milhares de pilotos fazem.
Foto: F1Fanatic
Antes da F1, Webber disputou duas corridas das 24 horas de Le Mans, sem completá-las (pelo contrário, em 1999 sofreu um acidente cinematográfico - o primeiro de muitos em sua carreira). O trabalho duro com Bernhard, Hartley e o knowhow da Porsche lhe premiaram com um merecido título, e o aussie ainda pode se aposentar bicampeão, por que não? Webber é um daqueles personagens na F1 que não ficam marcados pela exímia pilotagem, qualidade, ousadia e técnica apuradas, mas sim pela singularidade e personalidade única, que davam aos fãs motivos para o admirar e o odiar.
O australiano é um belo piloto, mas não o suficiente para ser campeão. 99% dos pilotos que passam pela categoria são assim. Não é motivo para se envergonhar. Pelo contrário: Quem fica 11 anos initerruptos na F1 sem precisar de patrocínio e correndo os últimos cinco anos pela melhor equipe do grid, vencendo corridas, marcando poles e chegando em pódios? Não foram muitos que correram mais de 200 GPs no tão competitivo e imediatista mundo da F1, que queima pilotos como quem queima carvão em um domingo de sol para assar um churrasco. Mark Alan Webber é, sem dúvida, alguma, um personagem único da F1 e precisa ser valorizado pelos fãs. A categoria não é só feita de campeões. Os "figurantes" muitas vezes são personagens mais ricos e fascinantes do que aquele que é tri ou tetra-campeão...