terça-feira, 8 de novembro de 2022

UM DE NÓS

 

Foto: Reprodução/Instagram

Lewis Hamilton é definitivamente um cidadão brasileiro. Nesta semana, o heptacampeão recebeu o título honorário e uma medalha, em sessão realizada na Câmara de Deputados, em Brasília.

O mote para esse reconhecimento oficial foi a vitória apoteótica em Interlagos no ano passado, quando largou em último na corrida sprint e chegou em quinto e, na corrida, largou em décimo para vencer Max Verstappen e brigar pelo título até o final.

Como todos sabem, a ligação de Hamilton com o país vem desde o início da carreira, através do ídolo Ayrton Senna e as cores do primeiro capacete que usou na F1. Apesar da ligação afetiva, Hamilton sempre teve dificuldades em Interlagos, até guiar a super Mercedes.

Sim, mesmo o título mundial conquistado em 2008 foi com muito drama, na última curva. Só depois que o inglês deslanchou e conquistou três vitórias por aqui, mais que o ídolo, inclusive.

Mas a identificação com o nosso Senna é só uma pequena parte hoje em dia. Hamilton virou um cidadão do mundo, um modelo diante de um mundo carente de pessoas que tenham posições humanistas e razoáveis perante as injustiças da vida.

Com o passar do tempo, Lewis ganhou a consciência de quem ele é e o que ele representa no ambiente onde trabalha. Agora, Hamilton é um Sir, heptacampeão, dono de diversos recordes e o rosto mais conhecido da categoria, mesmo por pessoas que nunca tenham assistido a uma corrida. Ele se tornou maior que a F1.

Esse tamanho não foi só pelas vitórias e títulos, e sim pelas posições que toma. Antirracistas, humanistas, tentando tornar o ambiente da F1 menos tóxico, machista e racista. Não são ações somente da boca para fora ou em posts em redes sociais. Hamilton está disposto a enfrentar o sistema e todos sabemos que ele só poderia fazer isso com o peso que tem porque é justamente Lewis Hamilton.

A F1 depende da popularidade e carisma de Lewis. Hamilton não precisa mais da F1. Ele continua porque é um esportista, um competidor visceral e apaixonado pelo que faz, mesmo diante de decisões controversas que tiraram o octacampeonato no ano passado, por exemplo.

O brasileiro se identifica com essas lutas, com as vitórias, com a representatividade, assim como Lewis se enxerga mais humano por aqui. Pela cor da pele, pela humildade das pessoas, pelo carinho dos fãs, aqui é onde Hamilton mais se sente em casa depois de Silverstone.

A questão do pertencimento vai muito além de um país, língua ou cultura. São os valores humanistas, é se reconhecer no outro, é ter personalidade e sensibilidade, fazendo com que as pessoas se identifiquem e levem isso como motivação para prosperar, ter alegria, superar as adversidades.

Hamilton sempre foi um de nós, a diferença é que agora é oficial. Que bom que essas homenagens e respeito seja feito no auge do heptacampeão, ainda jovem e ávido por mais conquistas.

É claro que isso não pode ficar da boca para fora. Em contraste com esse momento bacana de reconhecimento, vivemos em um país dividido, onde mimados não aceitam o resultado da maioria das urnas e partem para o revanchismo, a violência, a intimidação, o racismo e até referências nazistas. Um país racista, embora formado majoritariamente por negros.

Que a Câmara dos Deputados não seja apenas aproveitadora da imagem de Hamilton para aparecer nas fotografias ao lado do Sir e apliquem esse reconhecimento a tantos outros negros e pobres que precisam de um incentivo para prosperar e contribuir com o nosso país, ao invés de serem terceirizados e relegados a marginalidade, num país que sempre foi governado por poucos e para poucos, a oligarquia de sempre, que agora está escalonada em um conservadorismo ultrarradical que nos ameaça diariamente nas ruas e nas redes sociais.

Lewis Hamilton é um de nós, mas que isso não seja apenas uma frase vazia, e sim parte de um processo de retomada do Brasil, mais justo, igualitário e, sobretudo, sensível.

Até!


segunda-feira, 31 de outubro de 2022

NASCE UMA ESTRELA

 

Foto: Getty Images

A notícia do final de semana foi a confirmação da chegada da Audi na F1. Depois de tantas idas e vindas e boatos ao longo das décadas, parece que finalmente estamos próximos disso ser verdade, de fato.

Só mais quatro aninhos: A Audi anunciou a parceria com a Sauber para 2026, quando estreia o novo regulamento de motores. Resta saber o que será da Porsche, que flertou com a Red Bull, mas ainda não arrumou nada.

A Sauber vai correr por duas temporadas com o nome original, visto que “Alfa Romeo” vai acabar no final do ano que vem. Serão, portanto, dois anos de transição antes de finalmente ter uma parceria forte novamente.

Alfa Romeo era só um nome para o marketing. Agora, é Audi. É motor, é investimento. Tentando sair do ostracismo, esse pode ser o grande pulo do gato para o ex-time de Peter.

Os alemães tem dinheiro e know how, terão muito tempo para testar e entender como funciona a F1. A desvantagem é justamente essa: o tempo e o fato de serem inexperientes na categoria. Pode ser que, assim como foi o retorno da Honda, seja necessário alguns anos de ajustes, sacrificando o desempenho.

Para uma empresa desse porte, ficar nas últimas posições é fiasco, ainda mais no universo absurdamente caro da F1. No entanto, devo entender que eles sabem dos riscos  e do projeto a longo-prazo que está sendo realizado.

Para a Sauber, é uma parceria que chega na hora certa. Desde os tempos de BMW que o time não vive com uma boa expectativa de protagonismo ou um pouco mais de atuação. Foi com os alemães que o time venceu a única corrida na categoria e chegou a liderar o campeonato de 2008 com Kubica.

Muito arriscado tecer um comentário sobre quatro anos, mas é o seguinte: os dois têm muito a ganhar e se completar. A Sauber precisa de uma parceira que injete dinheiro e seja exclusiva para se desenvolver na categoria; a Audi precisa de uma estrutura para começar a entender desse universo chamado F1 sem a pressão do resultado imediato caso já se envolvesse com alguma equipe maior e tradicional.

O que será da Porsche, Andretti e os outros boatos? Quatro anos é muito, mas mesmo assim é divertido pensar numa categoria mais barata, inclusiva e com mais equipes no grid, dando mais oportunidades para pilotos, funcionários, fãs, mídia, etc.

Até!


MELHORES MOMENTOS

 

Foto: Divulgação/ Red Bull

Vai ser bem curto. Ainda não assisti a corrida e talvez não assista a reprise, algo que seria pessoalmente inédito em dez anos. Ainda não sei o porquê, mas vamos lá, que as últimas horas foram intensas, malucas e emocionantes.

Pelo que li, a Mercedes estava no páreo para brigar pela vitória. No primeiro stint, Hamilton estava próximo de Verstappen. A Red Bull é um carro tão avassalador que o ritmo, de macios, foi duradouro.

Os alemães reclamaram que os compostos eram duros demais, mas a verdade é que a Mercedes deve nas estratégias. Os taurinos sempre levam vantagem na leitura da corrida e no segundo stint, com os pneus duros, Hamilton não teve o que fazer. Foi mais um passeio de Max.

Quatorze vitórias no ano. Recorde em uma temporada. Max Verstappen já é histórico, assim como a Red Bull. 16 vitórias em 19 corridas. Um domínio impressionante e acachapante. Não deu para Pérez tentar vencer em casa, mas outro pódio foi o suficiente para fazer os mexicanos delirarem de alegria pelo herói local. No próximo ano, quem sabe?

A Ferrari virou terceira força, de fato. Que papel coadjuvante e deprimente nesse final de temporada. Deu a lógica: os italianos perdem a força durante o ano e a Mercedes naturalmente se recupera do prejuízo e ganha terreno. Será o suficiente para ganhar uma das duas provas que faltam para não saírem zerados em 2022?

Outro destaque pelos melhores momentos foi Daniel Ricciardo. Mesmo atropelando Tsunoda, por algum motivo o australiano conseguiu um bom sétimo lugar, o melhor do resto. Foi no México que Ric fez a última pole dele com a Red Bull, então é um palco que ele pode se dar bem. O estilo casa.

Alonso e seu azar habitual, além de Ocon e Norris, os regulares, nos pontos, e Bottas no top 10. Fazia tempo que o finlandês não pontuava.

O México mostra a força avassaladora da Red Bull, no ritmo, na estratégia e no talento de Max Verstappen.

Se no início nós imaginávamos outra guerra com a Mercedes, o 2022 mostrou um Max mais completo e maduro, sem o fantasma e a pressão do primeiro título. Sim, Verstappen já está na prateleira dos grandes pilotos da história. 2022 é um ano espetacular para o bicampeão.

Até!


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

MOVIMENTOS

 

Foto: Jared C. Tilton/ Getty Images

Mais anúncios e reviravoltas nesse final de semana tão decisivo, onde a corrida vai ficar em segundo plano, menos para os mexicanos e Checo Pérez. A Red Bull vai trabalhar para que Checo vença em casa? Max vai cooperar? Tomara que sim, mas precisamos ver o que vai acontecer.

A falta de critério da FIA é assustadora. Os comissários aceitaram um protesto da Haas que foi feito depois do tempo. Com isso, Alonso recuperou o sétimo lugar que conquistou em Austin. Como os comissários fizeram uma presepada? Como eles consideraram perigoso o carro da Alpine permanecer na pista se nenhum aviso foi dado durante a corrida?

Pelo menos tiveram o bom senso de assumir o erro e seguir em frente, mas a impressão que dá é que a FIA está refém de tantas regras esdrúxulas que não consegue mais gerir com bom senso tudo o que compõe uma corrida de automóveis. Isso precisa ser urgentemente revisto, porque há muitos erros, interpretações confusas e polêmicas que sugam os fãs para as letras miúdas do regulamento ao invés das disputas de pista.

Nessa semana, tivemos o anúncio oficial da chegada da Audi para a F1 a partir de 2026, numa parceria com a Sauber. Ainda só confio e acredito vendo, daqui quatro anos. No entanto, a oportunidade sorriu para os suíços: depois da parceria e o nome da Alfa Romeo, o ex-time de Peter tem a grande chance de voltar a sonhar com algum destaque na F1, relembrando o sucesso com a BMW, que permitiu até hoje a única vitória da equipe na categoria.

Com o know how, estrutura e investimento dos alemães, pode ser que surja uma nova força formidável e interessante para o médio/longo-prazo da F1. Escreverei sobre isso em um post específico, mas a impressão é de ânimo e confiança com esse anúncio.

Na pista, no Hermanos Rodríguez, a mesma estrutura da semana passada, em Austin: o primeiro treino teve muitos novatos e substituições, como Pietro Fittipaldi, a estreia de Doohan na Alpine (e Piastri chupando dedo), Liam Lawson, Logan Sargeant e De Vries (agora na Mercedes!).

Zhou teve problemas, assim como Pietro Fittipaldi. O brasileiro, ao menos, conseguiu andar um pouco. No entanto, deve ser frustrante esperar tanto e, quando chega a hora, acontece alguma coisa com o carro. Liam Lawson, o outro novato da Red Bull/Alpha Tauri, também teve problemas no finalzinho do treino.

Sem ter o carro dominante, o motor da Red Bull domina o México há anos. Agora que são bicampeões, parece improvável que os adversários façam alguma concorrência, embora a diferença entre os tempos seja bem pequena e exista um equilíbrio, aparentemente.

Mesmo assim, a Ferrari fez dobradinha no TL1, com Sainz e Leclerc, seguidos pela Red Bull, Hamilton e Alonso. Com muitas retas e altitude considerável, o motor faz a diferença na corrida mexicana.

No TL2, mais testes de 1h30 com a Pirelli. E outra batida de Leclerc. Se pode servir de alento para Ferrari, é melhor bater na sexta do que no final de semana. Claro que a batida forte de traseira pode ser trabalhosa para os mecânicos, mas também pode encerrar a cota. A classificação pode estar em perigo, mas a temporada acabou mesmo. O que é mais um erro ou frustração para a Ferrari de 2022, mesmo?

Eu achava Leclerc mais completo que Verstappen, até escrevi sobre isso. No entanto, o tempo mostrou que um evoluiu e o outro não. Leclerc é até um piloto naturalmente mais veloz, mas é muito inconstante. Erra demais nos momentos decisivos, bate sozinho, se martiriza, faz um drama.

Na posição que está, precisa ser mais calmo, seguro e consistente, Já são cinco temporadas na F1. Não é mais nenhum garoto, embora seja jovem. É um ponto que o monegasco vai precisar mudar para romper a barreira entre bom piloto para alguém capaz de ser campeão.

No final do treino, Zhou teve um problema e o treino terminou em bandeira vermelha, assim como na primeira sessão.

Russell foi o mais rápido porque foi um dos poucos que pode usar os compostos atuais, mais velozes. No entanto, há equilíbrio no México: em voltas rápidas, Red Bull, Ferrari e Mercedes não estão tão distantes. A diferença vai ser o ritmo de corrida e aí os taurinos sobram.

A expectativa é grande para Checo Pérez fazer história em casa. O azar do México nesse ano, para nós brasileiros, é o timing. Final da Libertadores e Eleições. Certamente vai ser complicado para mim assistir ao vivo, mas vai ser aquela tensão saber dos pormenores enquanto o futuro do país está em jogo.

E que o México também exploda em felicidade com o herói local.

Confira a classificação dos treinos livres:





Até!



quinta-feira, 27 de outubro de 2022

GP DO MÉXICO: Programação

 O Grande Prêmio do México foi disputado entre 1962 e 1992, com exceção de 1971 à 1985, participou do campeonato da Fórmula 1. Em 2015, o circuito voltou a fazer parte do calendário do mundial da categoria. Em 2020, o circuito ficou ausente em virtude do Coronavírus, retornando ao calendário em 2021.

Foto: Wikipédia


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:16.788 (Williams, 1992)
Pole Position: Daniel Ricciardo - 1:14.759 (Red Bull, 2018)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Max Verstappen (2017, 2018 e 2021) - 3x

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 391 pontos (CAMPEÃO)
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 267 pontos
3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 265 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 218 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 202 pontos
6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 198 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 109 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 79 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 65 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 38 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 29 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 26 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 13 pontos
17- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 656 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 469 pontos
3 - Mercedes - 416 pontos
4 - Alpine Renault - 144 pontos
5 - McLaren Mercedes - 138 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 52 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 51 pontos
8 - Haas Ferrari - 38 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 36 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

CULPADO

Foto: Divulgação/Aston Martin

A Aston Martin foi uma das equipes que ultrapassou o teto de gastos de 2021. Diferentemente da Red Bull, que nega as acusações, a equipe de Lawrence Stroll parece diposta a entrar em um acordo com a FIA.

Assumir a culpa é estar disposta a receber a punição devida. O chefão, Mike Krack, revelou conversas com a entidade durante o fim de semana do GP dos EUA, em Austin:

Acredito que é algo que vamos tentar concluir nas próximas semanas. Tivemos algumas conversas com eles no final de semana, mas estou bastante confiante de que vamos resolver isso em breve", disse.

Segundo informações de bastidores, a questão da Aston Martin é a seguinte: os ingleses teriam cometido "descumprimento processual relacionado a uma série de protocolos administrativos de contabilidade, resultado de variações na interpretação regulatória." 

A Williams, segundo a própria FIA, também teve uma quebra prévia no orçamento, devidamente acertada com a Administração do Teto de Gastos em maio, durante o GP da Espanha.

 "Isso nos mostra o que é preciso fazer para melhorar o trabalho no futuro, para não termos esses problemas. Mas ao final do dia, acredito que o mais importante é que estávamos dentro do teto. O resto é processual", completou Krack.

Segundo a Autosport, a equipe e a FIA estão próximas de formalizar um acordo. A Aston Martin aceitaria um Acordo de Violação pela Infração, que é admitir o erro e aceitar qualquer penalização que a Federação possa aplicar.

Muito juridiquês e interpretações. Numa regra nova, pormenores como esse podem ser comuns de haver um desacerto. No entanto, sete das outras dez equipes cumpriram corretamente o acordo, então não justifica. 

Mesmo sendo inocente num mundo competititivo tão desleal e agressivo, acredito que a Aston Martin não fez por mal, tanto é que essa violação não ficou traduzida nos desempenhos na pista, pelo contrário. O time de Stroll ainda está muito distante do investimento que faz e das condições que tem no atual grid da F1.

INOCENTE

Foto: Getty Images

Com os títulos definidos, a única pendência da Red Bull que sobrou em 2022 é a questão da possível quebra no teto de gastos em 2021.

Para o bicampeão Max Verstappen, a equipe não será punida.

“Nós sabíamos que estava vindo [o relatório de gastos]. Mas de nosso lado, realmente acreditamos que está tudo certo. Vamos ver no momento certo, se chegarmos a esse ponto”, comentou.

Para Sérgio Pérez, a verdade é que as outras equipes estão utilizando de todas as artimanhas possíveis para frear a superioridade dos taurinos, sobretudo a que está sendo vista nesse ano.

“Obviamente, vou deixar para minha equipe resolver isso junto à FIA. Mas no fim do dia, sempre existem equipes que querem tirar performance de você, especialmente quando você está ganhando. Então, é parte do esporte e sempre foi assim. Só acho que é uma situação normal, e no fim, os fatos vão surgir e as pessoas vão entender a situação”, disse.

Bom, quem decide é a FIA e a própria Red Bull admite o erro. A questão é o tamanho do prejuízo. Financeiro? Com certeza. Técnico? Talvez. E se todo o trabalho de superioridade dos taurinos foi construído através de uma irregularidade? Não sabemos. 

E se, igual a Ferrari e o acordo dos motores, a Red Bull surgir em 2023 igual a Mercedes desse ano, com muito menos rendimento? São as consequências de burlar um regulamento, mesmo que talvez não houvesse a intenção totalmente maldosa em ferir a situação, se é que isso existe em um ambiente altamente competitivo como a F1.

TRANSMISSÃO:
28/10 - Treino Livre 1: 15h (Band Sports)
28/10 - Treino Livre 2: 18h (Band Sports)
29/10 - Treino Livre 3: 14h (Band Sports)
29/10 - Classificação: 17h (Band Sports)
30/10 - Corrida: 17h (Band Sports)

terça-feira, 25 de outubro de 2022

ACELERADO

 

Foto: Divulgação/Williams

Uma notícia meio despercebida do final de semana, entre a morte de Mateschitz e o UFC 280 (muito triste), foi a confirmação da Williams em colocar Logan Sargeant como companheiro de equipe de Alexander Albon para 2023.

Com uma condição: o americano precisa ter os 40 pontos exigidos da superlicença.

Para conquistar a vaga, basta terminar a F2 entre os sete primeiros (atualmente é o terceiro) e completar mais 200 km de testes na F1, o que vai ser feito nos treinos livres do México, já na sexta-feira, e também de Abu Dhabi, no final da temporada.

A questão para o grande público é: quem é Logan Sargeant?

Atento as informações, talvez a mais relevante até aqui: ele é americano, o que a Liberty tanto deseja. Nascido no dia 31 de dezembro de 2000, na Flórida. Aos nove anos já foi para a Europa. Teve passagens pela F4 britânica, a F3 (na Prema e na Carlin, onde competiu com Felipe Drugovich e Oscar Piastri, por exemplo) e chegou nesse ano somente na F2, apesar de ter estreado no fim do ano passado.

Portanto, é alguém que está impressionando na temporada de estreia, o que é importante, além da nacionalidade.

Outro fato alinhado: desde o ano passado, Logan virou piloto da academia da Williams, talvez o ficha um depois do Jake Aitken ter substituído o Russell em 2021. Com a saída de Latifi, a equipe de Grove simboliza que o dinheiro não faz tanta diferença perante a recuperação financeira que está em curso desde que a família Williams não administra mais, virou somente o nome.

Com 22 anos, Sargeant estreia relativamente “velho” na F1, embora vocês possam me lembrar que De Vries vai chegar aos 27. No entanto, com apenas um ano de F2 e um desempenho razoável considerando a qualidade do grid (provavelmente vai ficar atrás também de Theo Pourchaire, já protegido da Sauber/Alfa Romeo), a impressão é que Sargeant foi acelerado pela Williams.

O motivo? Financeiro, talvez. Não sei. É um cara barato, sem dúvidas. Sem a grana de Latifi e toda a operação que permitiu a permanência de Albon, uma solução caseira é um alento para uma equipe que ainda não saiu da linha da pobreza.

O que esperar desse jovem americano no pior carro do grid contra o tailandês nascido e criado na Inglaterra que tem muito mais rodagem e talento? Quase nada. 2023 será um ano de aprendizado para Logan. A coisa não é fácil para os novatos.

No entanto, há algo positivo: como Sargeant está na pior equipe do grid e ninguém espera nada dele, esse é justamente o trunfo. Logan será superado por Albon e vai figurar no grid. Se não bater e não for muito lento, já está no lucro. Não é pagante, apenas americano, no lugar certo, na hora certa.

Um nome novo no grid que, diante das opções, causa estranheza. Tão estranho quanto a Williams ter uma academia de pilotos. Bom, pelo menos ela está sendo utilizada e Sargeant vai ser o primeiro a passar na peneira. Se for apenas um piloto normal, será aprovado.

Apesar de ocupar o pior carro do grid sem nenhuma experiência ou grande currículo, Sargeant não vai ser nem de longe o piloto mais pressionado do grid. Assunto para o fim do ano.

Até!

O FACILITADOR

 

Foto: Getty Images

Uma notícia triste dominou a F1 no final de semana. De forma surpreendente, foi anunciada a morte de Dietrich Mateschitz, aos 78 anos, criador da Red Bull. Surpreendente porque o motivo da morte não foi anunciada, somente que ele estava doente havia algum tempo.

Mateschitz criou a Red Bull nos anos 1980 depois de conhecer, na Tailândia, o criador do energético. Desde então, a história fala por si.

A Red Bull sempre apostou no marketing dos esportes radicais e do público jovem. Desde os anos 1990, Mateschitz também começou a apostar no automobilismo, patrocinando equipes da F1 e também de base.

Até o início dos anos 2000, era possível observar o logo nos carros da Sauber e da Arrows. Todavia, um patrocínio não era suficiente. Era preciso arriscar ainda mais.

A oportunidade veio em 2004. A Jaguar era deficitária e não engrenou. Mateschitz comprou e transformou uma fábrica de energéticos em equipe da F1. No ano seguinte, comprou a Minardi e transformou na Toro Rosso, a equipe B. O conceito de “academia de pilotos” foi fortemente colocado em prática por eles: em tese, formar os próprios pilotos.

O resto é história. Mateschitz foi um cara importantíssimo na era moderna do automobilismo. O time de energéticos, desprezado por pilotos importantes na época do crescimento, conseguiu contratar Adrian Newey e tem seis títulos de pilotos e cinco de construtores em uma década. Só a Mercedes, graças ao novo regulamento, consegue ter maior sucesso no período de tempo.

As tradicionais McLaren e Ferrari ficaram para trás, isso que nem contei a Williams.

Mateschitz foi responsável direto e indireto por possibilitar a ascensão de diversos pilotos a F1, desde Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e Max Verstappen, até Carlos Sainz, Pierre Gasly, Brandon Hartley, Sebastien Buemi, Vitantonio Liuzzi e Christian Klein.

Há ainda o sucesso no futebol, através do Salzburg, o Leipzig e mais recentemente o Bragantino aqui no país, além do New York.

Curioso para saber como vai ser o futuro da empresa de energéticos e, obviamente, dos outros tentáculos. Diante dos gastos e também do sucesso nos empreendimentos, não é possível imaginar que a equipe Red Bull seja afetada no curto-prazo. Certamente o novo manda-chuva é alguém da linha de Mateschitz, o que significa manter a estratégia de marketing nos esportes.

Dietrich Mateschitz: um nome muito importante para a história do automobilismo.

Até!