sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

SAINDO DA JAULA

Foto: Divulgação
Finalmente estamos conhecendo a cara dos novos carros! Seja por apresentações online ou em sofisticados eventos (iguais aos de antigamente, aliás, saudade disso), aos poucos está vindo a tona as novidades tão alardeadas nos últimos meses no design dos bólidos. Em breve saberemos, na pista, o que o novo regulamento irá mudar na disputa, seja a hierarquia das equipes ou comparações com os modelos anteriores e das últimas décadas, principalmente a de 2000.

Farei um review das apresentações que aconteceram desde o início da semana, com a Renault, culminando com a as mais aguardadas: Ferrari e McLaren. Bora conferir (ou conferir de novo!)

RENAULT

Foto: Divulgação
A meta do RS17 é conseguir a quinta posição nos construtores. Com um projeto ambicioso e apostando no médio/longo-prazo, o time de Nico Hulkenberg e Jolyon Palmer colocou preto junto ao amarelo do ano passado, remetendo ao carro de 2010 e também ao de 1977. Aliás, os franceses completam 40 anos de F1 (entre idas e vindas, é claro). Com um novo regulamento e o motor mais potente (confiável? No teste dos 100 km promocionais da Toro Rosso, a unidade motriz francesa deu problema e andou apenas seis voltas), a Renault busca se consolidar na zona dos pontos nesse ano. Com um carro melhor, dinheiro, equipe técnica de fábrica qualificada e o sempre competente Nico Hulkenberg (apesar de Palmer continuar na equipe), os franceses certamente terão uma temporada melhor que a de 2016, mas não sei se ainda assim será possível considerar, no final do ano, um grande avanço.

Renault R30, de 2010. Foto: Getty Images
Renault de 1977. Foto: Renault
FORCE INDIA

Foto: Divulgação

Parece que foi ontem, mas essa será a décima temporada da Force India. Sob o comando do excêntrico, polêmico e procurado pela justiça indiana Vijay Mallya, a equipe busca se consolidar entre as 5 melhores da F1 e manter o excelente quarto lugar conquistado em 2016, melhor resultado da história da escuderia. Vijay também aproveitou para cutucar Cyril Abiteboul, da Renault, que afirmou que as equipes independentes (aka Force India e Haas) iriam sofrer para acompanhar o ritmo das gigantes.

É sabido que a Force India é uma das equipes com maiores dificuldades financeiras do circo. Diferentemente da Sauber, os indianos sabem aproveitar muito bem o pouco dinheiro que tem e conseguem resultados muito acima do que seu orçamento poderia almejar. Sobre o carro: Ele continuou cinza demais. Precisamos de uma F1 mais colorida! Bem que a Force India podia voltar a pintura antiga, com branco e menos cinza/preto. Anyway, o bólido é bonito, mesmo com esse bico gonzo que lembra 2014. Agora, a responsabilidade de ser o líder do time é do mexicano promissor Sérgio Pérez, que a cada temporada evolui mais, agora com o talentoso e jovem francês Esteban Ocon do seu lado, que venceu a disputa com Pascal, mas terá que mostrar resultados quase que imediatos para os indianos.

Foto: Reprodução
Capacete de Ocon. Lembra o do Schumacher, não? Foto: Motorsport
MERCEDES

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A beleza do carro aponta que o tetra de construtores está a caminho. A Mercedes manteve as flechas de prata impecáveis! Segundo informações da imprensa europeia, os alemães irão testar o carro com e sem a barbatana nas sessões de Barcelona. Os atuais tricampeões foram os únicos que não optaram pelo uso de tal artefato até então.

O W08 foi apresentado no circuito de Silverstone, onde Hamilton e Bottas fizeram o shakedown dos 100 km permitido para filmagens publicitárias. O tricampeão, aliás, transmitiu toda a cerimônia através do seu Instagram, e existe um vídeo para visualizar o carro em 360°. Mesmo com a manutenção do cinza predominante, o carro tem mais detalhes verdes e azuis nas laterais (fruto do patrocínio com a Petronas).




Mais uma vez como a equipe a ser batida, a Mercedes surge novamente como grande favorita a dominar o Mundial, com a Red Bull como única real concorrente. O grande desafio para os fãs é saber se Bottas será tão combativo quanto Rosberg contra o inglês, que está ferido com a perda do título no ano passado e vai fazer de tudo, dentro e fora da pista, para dominar o regular finlandês. Bottas terá a grande chance de mostrar e justificar todo seu hype pelo mundo da F1 e por Toto Wolff. Ano que vem Alonso e Vettel deverão estar livres no mercado...

Um fato: os carros estão muito mais largos do que em relação ao passado.

Foto: Reprodução
FERRARI

Foto: Reprodução
Intitulado SF70-H (de Humberto), a Ferrari vem com menos detalhes brancos. Ainda bem, o modelo do ano passado era muito feio. Os italianos também adotaram a barbatana e também uma "miniasa em T", também vista na Mercedes, além das entradas de ar laterais mais agressivas. 

Apesar de ser um carro muito bonito, é muito difícil apostar em um ano positivo para a Ferrari. Com o perfil de curto prazo e sem deixar os projetos evoluírem, Marchionne já cortou várias cabeças do time, como por exemplo James Allison, recém transferido para a Mercedes. Sem continuidade, os italianos deverão ficar atrás de Mercedes e Red Bull, com remotas chances de vitória. Um legítimo desperdício de dinheiro. O presente e futuro do cavalinho rampante é um mistério: deve ser o último ano de Kimi e talvez de Vettel. Com a falta de resultados fruto da não continuidade dos profissionais, a Ferrari deve continuar gastando e contratando "messias", em busca de um dia ser aquela equipe do tempo que tinha Schumacher-Todt-Brawn. Más notícias: isso nunca vai acontecer.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

McLAREN

Foto: Divulgação
Depois de anos com os fãs e malas imaginando e enchendo o saco por uma McLaren laranja, a equipe de Woking finalmente cedeu aos pedidos e apresentou o MCL32, o primeiro com tons alaranjados desde 1971.

Para a decepção dos que ainda acreditam no visual da McLaren, o carro ficou mais parecido com a Arrows, Marussia ou até Spyker do que o imaginário idealizava, que remete aos testes da pré-temporada de 2006. A mudança de cor, nome, acionista e regulamento são indicativos para que a McLaren volte a ser uma equipe vencedora. A última temporada decente foi em 2012 e a parceria com a Honda não engrenou, pelo contrário. Com Alonso e agora o jovem e talentoso Vandoorne, a expectativa é que a McLaren consiga pontuar mais vezes e que o motor japonês seja mais potente e confiável.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Macacões também têm detalhes alaranjados. Foto: Divulgação

Entretanto, o processo da McLaren também é "lento, gradual e seguro", como o da Renault. Apenas a continuidade e o forte investimento em todas as áreas da equipe que fará com que ambas possam voltar aos tempos de protagonista. Por enquanto, o caminho é longo e a desvantagem para Mercedes e Red Bull é imensa. Quem sabe essa distância comece a diminuir em 2017?

Só há uma maneira de saber: vendo na pista!

MCL32 ou Marussia? Foto: UK2
MCL32 ou Spyker? Foto: Getty Images

Arrows ou McLaren? Foto: Getty Images

Williams (de forma oficial), Haas, Toro Rosso e Red Bull apresentarão seus carros nos próximos dias. Na semana que vem, começam os primeiros testes da pré-temporada, sempre em Barcelona.

Pra você, qual é o carro mais bonito até agora?

Até mais!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O INFERNO ASTRAL DE PASCAL

Foto: Revista Carros e Motores
Quando o jovem Pascal Wehrlein venceu o DTM, competição alemã de carros de turismo, a Mercedes rapidamente o contratou. Desde então, o piloto passou a constantemente participar dos testes da F1, seja pela própria flecha de prata, seja pela Force India. As expectativas em seu redor estavam grandes.

No ano passado, Pascal conseguiu sua primeira chance. Óbvio que a Manor não é o lugar dos sonhos de ninguém mas era o que tinha no momento, graças a um acordo dos alemães com a finada equipe inglesa, que envolveu a cessão dos motores e do piloto da Mercedes. Até então, seria uma oportunidade para ganhar quilometragem, experiência e maturidade em um ambiente tão hostil e competitivo que é a Fórmula 1, sobretudo para esses jovens pilotos oriundos das academias de pilotos das principais montadoras da categoria, como Ferrari, Red Bull, McLaren e Mercedes.

Pascal conseguiu alguns feitos interessantes e improváveis com a Manor, como passar para o Q2 dos treinos classificatórios em algumas oportunidades e ser o autor do único ponto da equipe na F1, feito que só o finado Bianchi conseguiu com a também finada Marussia, "pai" da Manor. Embora também tenha sido batido em alguns treinos pelo companheiro da Indonésia Rio Haryanto, Pascal justificava seu talento até então.

Foto: Motorsport
Até que a temporada europeia chegou, e com ela veio outro membro da academia da Mercedes: Esteban Ocon substituiu Haryanto. Dois prospectos das flechas de prata no mesmo carro, disputando território e futuros cockpits. Com meia temporada de experiência, teoricamente Pascal teria vantagem em relação ao francês. Entretanto, a disputa foi acirrada, e outras portas se abriram.

Com a inesperada ida de Hulkenberg para a Renault, a Force India ficou com uma vaga disponível. A dívida dos indianos com os alemães na questão do fornecimento do motor fez com que a Mercedes tivesse poder de barganha para colocar um de seus pupilos no assento do carro de 2017. Para a surpresa geral, Ocon, com poucas corridas na categoria, foi escolhido em detrimento do alemão. 

O que pode ter causado isso? A telemetria dos dois, que ninguém pode ver a não ser os próprios técnicos e engenheiros de Manor/Mercedes ou foi algo além, como a personalidade de Pascal, tema de várias especulações desde os tempos de DTM? Em um olhar mais distante, pode haver a impressão de uma "injustiça" com Pascal.

Foto: F1Fanatic
Outro fato mais inesperado ainda foi a aposentadoria relâmpago do recém campeão Nico Rosberg. Em uma teoria da conspiração, poderia se pensar que de surpreendente não foi nada e que estava tudo planejado para que Pascal assumisse a vaga da equipe principal, pois é o "piloto número um" da academia da Mercedes e, caso surgisse a oportunidade, era o nome natural a ser escolhido. Afinal, se não for Pascal, pra quê serve a tal academia de pilotos? O que parecia óbvio foi tomando ares de suspense. No fim, Toto Wolff escolheu seu protegido desde os tempos de Williams para substituir o campeão. Ambos possuem características parecidas, é verdade, e no fim foi uma decisão acertada. Um acumulador de pontos por outro, motivado e sedento por poles, vitórias e títulos. E, pela segunda vez em dois meses, Pascal ficou para trás.

Como prêmio de consolação pelo seu "desempenho" na Manor (ou seria o tal do temperamento/ telemetria), parou na Sauber, a pior equipe do grid, em um ambiente novo, onde os donos da equipe suíça são os suecos que bancam Ericsson. Vai ser mais difícil que Haryanto e Ocon (esse último não pela qualidade, mas pelas "preferências", se vocês me entenderem).


No mês passado, na grande brincadeira chamada Race Of Champions que foi realizada em Miami, a zica de Pascal tomou proporções piores (ou seria uma justificativa aos "nãos" que ele levou?): capotou o carro, que tinha um fã e bateu em Massa, que também levava um espectador. O resultado dessa brincadeira? Com dores no pescoço, Wehrlein está fora dos primeiros testes da pré-temporada pela sua nova equipe. 

Pascal: azarado, injustiçado ou simplesmente não está pronto para desafios maiores na F1 (ou as três opções)?

Por falar em pré-temporada, essa semana teremos os primeiros lançamentos dos carros. A Williams se antecipou e mostrou imagens do FW40 na sexta-feira. O modelo não se diferencia dos bólidos das últimas três temporadas. Hoje, foi a vez da Sauber lançar o C36, em comemoração aos seus 25 anos na F1. A equipe manteve o azul dos últimos dois anos, mas lembra muito a Carlin, sem o amarelo que representava o patrocínio do Banco do Brasil.

Aí estão as imagens. O resto, com o passar dos dias, irei atualizar aqui. 

CURTINHAS: A Mercedes renovou com Toto Wolff e Niki Lauda até 2020. Caso os alemães não consigam manter a hegemonia existente desde 2014, será que um (ou os dois) serão demitidos?

"A Sauber precisa melhorar", é o que diz a chefe Monisha. Talvez o primeiro passo para isso seja ela pedir demissão, talvez.

Até!

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O QUE VEM POR AÍ?

Foto: Getty Images
É, eu sei. O blog tá parado, sem vida. Mas também, férias da F1 e da faculdade, preciso aproveitar. O ano será puxado. Entretanto, tudo será diferente a partir da semana que vem.

Na semana que vem, a Sauber será a primeira a lançar o carro da temporada de 2017. Quer dizer, será um carro do ano passado adaptado, com motor Ferrari do ano passado... Enfim, com a falência da Manor (que não foi repercutida aqui e, por consequência a ausência de Nasr no circo da F1), a Sauber está isolada no posto de pior equipe do grid.

Vou falar vagamente de algumas coisas que saíram nas últimas semanas. Aqui o ritmo também é de pré-temporada, vamos com calma.

A McLaren quer caminhar para uma nova era, a pós-Ron Dennis. Depois do afastamento do eterno chefão do time de Woking, o primeiro passo foi mudar a nomenclatura do carro. Intitulado MP4 desde 1981, a McLaren 2017 será chamada de MCL-32. A sigla significa Marlboro Project Four, referências a principal patrocinadora da equipe na época e a equipe de F2 que Ron Dennis dirigia antes de adquirir a McLaren. Aos poucos, os resquícios de Ron são apagados. Jos Capito, dirigente da Wolkswagen nas competições de rali e escolhido a dedo por Dennis, já foi mandado embora pelo novo "chefão", Zak Brown. Realmente não foi uma saída amigável...

Foto: AutoEntusiastas
O gaúcho Matheus Leist, depois de conquistar a F3 inglesa, parecia de malas prontas para a GP3. Entretanto, na última semana ele surpreendeu ao anunciar sua ida para a Indy Lights, defendendo a Carlin na categoria abaixo da Indy. Ele explicou que, apesar de estar mais próximo da Indy, ainda mantém o sonho de um dia competir na F1. O automobilismo europeu está cada vez mais caro, onde quem tem mais dinheiro irá garantir os melhores assentos e oportunidades (vide Lance Stroll) ou será necessário ser membro de alguma academia de pilotos. Embora os Estados Unidos não tenham o mesmo glamour que a F1, o caminho em solo americano e mais sólido e com mais possibilidades para o jovem gaúcho no futuro a médio/longo prazo. Decisão compreensível.

Rumores importantes: Paddy Lowe deverá, de fato, se tornar chefão da Williams e até acionista. Ele vai substituir Pat Symonds, que vai se aposentar no fim do ano. A equipe de Glove também contratou Dave Reading, diretor de operações que estava na McLaren. Com o dinheiro que ganhou na transação de Bottas e no que vai economizar ao não pagar os motores Mercedes, além de Stroll, a Williams tem orçamento para fazer carros competitivos de 2018 em diante.

Foto: Divulgação
A falida Manor divulgou imagens do projeto do carro que estava construindo para esse ano. A primeira impressão que temos e podemos observar é o retorno da "barbatana",  utilizado pelas equipes entre 2008 e 2010. Já se sabia que ela iria retornar, mas não como ela será utilizada. Na foto, o apetrecho não é conectado a asa traseira, como na versão anterior e parece ser menor. A barbatana está de volta pelo mesmo motivo que serviu de base em 2008: em virtude da traseira estar mais baixa, o dispositivo visa proteger a asa traseira do ar turbulento gerado pelo resto do carro.

O lado bom é que finalmente veremos a aparência dos novos carros dentro de 10 dias e todas as dúvidas e mitos serão respondidas. A ansiedade aumenta a cada dia que passa!

Acredito que sairá um novo post quando os carros forem lançados e após a realização dos primeiros testes, em Barcelona. Programe-se com o dia em que as equipes irão lançar os carros:

20/02 - Sauber
21/02 - Renault
22/02 - Force India
23/02 - Mercedes
24/02 - Ferrari
24/02 - McLaren
26/02 - Toro Rosso

Red Bull, Haas e Williams devem lançar em uma cerimônia antes dos carros irem para a pista nos testes da pré-temporada.

Até!

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O REI ESTÁ DEPOSTO

Foto: Sutton Images
A história de Bernie Ecclestone e da Fórmula 1 se confundem. Não existe um sem a presença do outro. Pelo menos até hoje, e em março começaremos a nos acostumar com isso. Presente desde os primórdios quando tentou ser piloto (sem sucesso), passando por dono da vencedora Brabham até virar o grande líder do esporte nos últimos 40 anos, a Era Bernie chegou ao fim.

Bernie foi demitido da empresa em que ele ajudou a construir um império tecnológico, moderno e bilionário. A F1 será eternamente grata a ele, exemplo de liderança, empreendedorismo, carisma (por que não?), administração, marketing, negócios e inovação. Tudo isso formou a F1 de hoje, sinônimo de modernidade e organização (você pode ver o perfil que eu escrevi sobre ele ainda em 2015). Mas...

A fórmula se desgastou. Se o estilo ditatorial e altamente concentrado em si mesmo permitiu o crescimento da categoria nas décadas anteriores, o mesmo não poderia ser dito agora. Com a audiência caindo cada vez mais, a falta de interação com o público jovem e a teimosia na utilização das redes sociais para interação com o público são alguns dos problemas que a F1 e agora a Liberty Media irão enfrentar pela frente. Todas as decisões passavam pelas mãos de Bernie, que com o passar do tempo não se atualizou aos novos tempos e suas ideias ficaram anacrônicas e atrasadas, refletindo no espetáculo da categoria dentro e fora das pistas.

Bernie permitiu a F1 sair do centro europeu para desbravar o "novo mundo" do Oriente Médio, atraindo mais dinheiro e, como consequência, a saída de circuitos tradicionais, diante de valores exorbitantes e fora da realidade, assim como as eternas ameaças de exclusão de outros centros tradicionais (e até de fato, como a Alemanha).

O automobilismo agradece uma vida inteira dedicado aos negócios na F1 e será eternamente grata pelo crescimento financeiro e midiático da categoria nas últimas décadas. Bernie, para o bem e para o mal, é o responsável por tudo positivo e negativo que vemos no circo, e essa impressão pode demorar décadas para ser desfeita, se é que vai ser.

OS NOVOS MANDA-CHUVAS

Foto: Divulgação/Twitter
Esses três homens terão a responsabilidade de tocar a F1 sem Bernie Ecclestone, algo praticamente inédito na história, se considerarmos que antigamente não havia a complexidade existente no mundo atual. 

Começando pela esquerda: Sean Bratches, de 56 anos, será o responsável por gerir os direitos comerciais da F1. Ele trabalhou durante quase três décadas (ou 27 anos) na ESPN americana, trabalhando como vice-presidente de vendas e marketing. Seu desafio será as negociações de transmissões da categoria para além da TV a cabo (em praticamente todo mundo, sendo o Brasil uma das exceções), como na internet, nem que seja gradual, como treinos livres, por exemplo.

O da direita vocês conhecem: Ross Brawn, icônico dirigente campeão por Benetton, Ferrari e pela sua própria equipe, com última passagem pela Mercedes. Irá comandar os direitos esportivos da F1. É um cara bastante experiente, que conhece os bastidores da F1 pela sua longa atuação como dirigente e, consequentemente, conhece a política ardilosa das equipes do circo. A sua grande missão é, assim como Bernie, percorrer os caminhos para não ser dobrado na guerra contra os times e seus chefões. Por ser mais jovem e estar trabalhando até recentemente na Mercedes, Brawn está mais ligado com as inovações tecnológicas, sendo assim uma peça importante para futuras mudanças de regulamento e composição dos carros.

Para finalizar, o bigodudo do meio. É o chefe da porra toda. Chase Carey, presidente e CEO da Liberty Media, grupo que comprou a F1. Ao que tudo indica, em breve eles irão adquirir 100% das ações (hoje possuem 65%), que pertencem a Delta Topco (empresa irmã da F1). A FIA já aprovou os planos da empresa, que foram mostrados aos acionistas na semana passada. O grupo de telecomunicações americano adquiriu a F1 em um acordo de US$ 8,5 bilhões (R$ 27 bilhões). Primeiro, foi comprado a Delta Topco e 18,7% das ações da CVC Capital Partners por US$ 747 milhões em dinheiro. No total, a Liberty Media investirá US$ 4,4 bilhões e assumirá débitos de US$ 4,1 bilhões.

A expectativa de todos é uma mudança de gestão. A mentalidade americana busca mais a competitividade e o equilíbrio entre as forças, ao contrário da visão europeia e da própria F1 desde os primórdios: o desenvolvimento tecnológico dos carros, onde quem não tem dinheiro não terá vez. No mundo de hoje, esses valores precisam ser revistos, pois a F1 não pode ficar refém das montadoras como está hoje. A categoria precisa dar suporte as garagistas. Como era bonito ter Jordan, Minardi, Tyrrell, entre outras no grid. Hoje, vimos apenas Force India, Sauber e Haas nesse conceito, nem tão exato assim. As três possuem dificuldades financeiras. O resto, tirando as tradicionais Williams e McLaren, que também capengam, são montadoras. Diminuir o excesso de regras, tornar as corridas mais interessantes e mais atrativas para a mídia e o público e uma linguagem que chame a atenção dos jovens são alguns dos desafios a serem superados pelo conglomerado americano.

Os americanos já sinalizam com uma proposta para cortar os benefícios da Ferrari, por exemplo. Os italianos recebem uma bonificação anual altíssima por estarem na F1 desde o início, em 1950. Deve existir uma tentativa de negociação. Os italianos, por sua vez, não gostaram e devem, mais uma vez, ameaçar abandonar a categoria. A queda de braço começa por aí... são apenas especulações, mas o novo grupo vai encarar encrencas como essa para manter a F1 como está para depois fazer as melhorias que todos desejam.

Isso me deixa cada vez mais ansioso para o começo da temporada, que sinalizará o início de uma nova era para a F1. Em tempos de de "pós-verdade", amplamente utilizado recentemente e eleita a palavra do ano de 2016, segundo o dicionário Oxford. o "pós-Bernie" irá demorar muito tempo para se ter uma análise conclusiva, onde serão necessárias décadas para definir se o impacto da "nova F1" pode ser comparada ao "mundo de Bernie" e se isso teve mais defeitos do que virtudes. O que resta, agora, é apenas esperar para ver.

Até!


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

VAI E VEM

Foto: Divulgação
Quase um mês de descanso depois, o blog está de volta. Estávamos apenas esperando os anúncios que todo mundo já sabia com um mês de antecedência. Vamos na ordem de importância.

Primeiro, a escolha de Valtteri Bottas para suceder Nico Rosberg na Mercedes. A primeira escolha conservadora do dia. A troca de um piloto que somava muitos pontos, era rápido e constante e com isso aproveitou os erros de Hamilton para ser campeão por outro com características parecidas. Se o finlandês não aparece com frequência nos highlights com grandes ultrapassagens e desempenhos notáveis, também não aparece batendo de forma patética.

A Mercedes quer dois grandes somadores de pontos para garantir o tetracampeonato consecutivo dos construtores. Se Bottas irá brigar pelo título? Terá carro, mas a concorrência é forte dentro da própria equipe e também da Red Bull. É hora de mostrar porque há tanto hype em Bottas, mais um finlandês que correrá em equipe de ponta, com condições de vencer. Keke, Mika, Kimi e agora Valtteri?

Foto: Veja
Mudando um pouco o nome do CD do Emicida: O glorioso retorno de quem sempre esteve aqui. Perde o sentido? Foda-se, mas só isso me veio a cabeça. Depois que o favoritismo de Wehrlein esfriou e o nome de Bottas passou a ser o mais ventilado pela imprensa europeia, o retorno de Massa parecia uma pegadinha do João Kléber que passou a ser verdade e apenas foi confirmada hoje.

Outra escolha conservadora. Diante do adolescente Lance Stroll, a Williams optou por um piloto experiente ao invés de fazer outra aposta, até porque a Martini precisa de ao menos um piloto com mais de 25 anos para fazer as campanhas, ações e eventos de publicidade por aí. Com a mudança de regulamento, o feedback de Massa para com os engenheiros e o restante da equipe técnica será importante para definir melhorias diante de um cenário diferente do que era nos últimos três anos. Além disso, deverá passar "dicas" para o bilionário canadense. Aliás, acho até provável que Lance ande a frente de Massa, diante do histórico avassalador e assustador de sua carreira na base... Logo na tão tradicional Williams.

Apesar de perder Bottas, o negócio foi espetacular para a equipe de Grove. Méritos para a ótima negociadora Claire Williams. Apesar da perda do finlandês, a Williams conseguiu motores de graça e terá, provavelmente, a liberação de Paddy Lowe da Mercedes. Como parte de um acordo entre as equipes, alguém que trabalha na equipe técnica de alguma escuderia deve ficar um ano fora para não repassar informações sigilosas para a concorrente. É possível que um acordo seja feito para que se antecipe sua chegada para agora, substituindo Pat Symonds, que está de saída. Lowe decidiu sair da Mercedes porque recusou a proposta de renovação de Toto Wolff, julgando-a pouco vantajosa financeiramente, lhe valorizando pouco.

James Allison deve subsituir Lowe na Mercedes, mas isso não significa que Dirk de Beer, seu parceiro na Lotus e Ferrari, irá também para os alemães. A Williams tem interesse. de Beer + Lowe + Massa + dinheiro de Lance Stroll (R$ 56 milhões) permite ótimas condições para desenvolver o carro desse ano e, principalmente, de 2018. Evidente que faltam essas confirmações, se é que irão correr. No entanto, a realidade é que a Williams está apostando em um piloto inexperiente e em outro praticamente aposentado. Perigoso.

Foto: Autoracing
Preterido pela Force India e pela Mercedes... restou a Sauber. A (por enquanto) pior equipe do grid. Esse foi o prêmio para Pascal Wehrlein depois de pontuar pela Manor. Deve existir algo que jamais saberemos que explique a falta de confiança da Mercedes em seu pupilo (?). Será que ele é tão bom assim? Sua personalidade é um empecilho? Bom, o alemão ficou com a última vaga disponível até aqui na F1 e será companheiro de Ericsson. Ele deve superar o sueco na disputa interna, mas precisará de outros "milagres" para pontuar.

E isso significa, por enquanto, o fim de Felipe Nasr na F1. Por enquanto... O que resta é virar piloto reserva e correr em outra categoria buscando retornar para a categoria em 2018. Sem dinheiro do patrocínio do Banco do Brasil e uma temporada não muito boa impediram a manutenção do brasileiro até na Sauber. No fundo do grid, o dinheiro sempre será prioridade, lembrem-se disso.

Foto: PlanetF1
Por que tanto "por enquanto"? Bom, por enquanto a Manor não existe mais. A equipe decretou falência e espera por compradores para sobreviver. Um dos supostos interessados é Ron Dennis, recém-chutado da McLaren. Ele, juntamente com investidores da Ásia, poderiam adquirir a cambaleante equipe inglesa. Entretanto, o boato esfriou. A tendência é que apenas 20 carros disputem a Fórmula 1 em 2017. Com a distribuição desigual de dinheiro, o futuro será de uma F1 com 3 Ferrari, 3 Red Bull, 3 Mercedes... e tem gente que acha isso legal.

Bom, caso a Manor consiga prolongar sua expectativa de vida, candidatos é o que não faltam para ocupar esse assento: Nasr, Gutiérrez (que até anunciou que irá para a Fórmula E), Maldonado, Haryanto e qualquer outro nome aleatório possível que esteja na sua mente.

Foto: Getty Images

Para finalizar, Frederic Vasseur não é mais chefe de equipe da Renault. Ele confirmou que existiam divergências na forma de gerir a escuderia francesa com Cyril Abiteboul, o outro homem forte da Renault. Dirigente consagrado da ART Grand Prix, da GP2, Vasseur aguarda propostas para voltar ao automobilismo. Isso evidencia a falta de convicção da Renault em seguir seu caminho nesse novo retorno à F1. Em tese, as coisas devem ficar mais fáceis agora, pois não existirá mais divergências internas. Entretanto, quem disse que Abiteboul é o cara capaz de levar a Renault para o caminho das vitórias outra vez? Será que Hulkenberg deu "azar" até nessa escolha de equipe? Os franceses anunciaram que só irão estrear o novo motor no GP da Espanha. Mais um ano mediano, mas menos medíocre do que 2016. E a possibilidade de vazar da F1 está sempre aberta, afinal... É a Renault.

Se a Manor morrer de fato, estes serão os pilotos do Mundial de Fórmula 1 de 2017:

MERCEDES: Lewis Hamilton e Valtteri Bottas
RED BULL: Daniel Ricciardo e Max Verstappen
FERRARI: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen
FORCE INDIA: Sérgio Pérez e Esteban Ocon
WILLIAMS: Felipe Massa e Lance Stroll
McLAREN: Fernando Alonso e Stoffel Vandoorne
TORO ROSSO: Carlos Sainz Jr e Daniil Kvyat
HAAS: Romain Grosjean e Kevin Magnussen
RENAULT: Nico Hulkenberg e Jolyon Palmer
SAUBER: Pascal Wehrlein e Marcus Ericsson

Bom, por enquanto é isso. Talvez apareça com alguma série especial ou algo do gênero, mas não se iludam. Até mais!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

ANÁLISE DA TEMPORADA 2016 - Parte 2

Foto: Bleacher Report
Oi, galera! Tá saindo da jaula a parte dois e final da análise da temporada 2016 da F1. Sim, cometi um equívoco: escrevi que iria seguir a ordem da classificação desse ano dos construtores, mas estava tão ansioso para escrever sobre o Kvyat que coloquei a Toro Rosso na frente. Desculpem!

Agora, a parte dois, com a McLaren como primeira equipe a ser analisada:

FERNANDO ALONSO - O acidente cinematográfico logo na etapa inaugural, na Austrália, parecia que seria um sinal de que 2016 seria igual ou pior que 2015. Não. A McLaren evoluiu e Alonso, quando teve oportunidade, não desperdiçou. Destaque para a atuação no GP dos Estados Unidos, onde passou Sainz e Massa no final com muito arrojo e polêmica. Fica a dúvida para o ano que vem: a equipe de Woking vai evoluir a ponto de brigar por pódios ou Alonso provavelmente terá uma despedida melancólica da F1? Para quem era considerado o "novo Schumacher"... NOTA = 7,0

JENSON BUTTON - Muitos consideram que Button poderia ter se aposentado antes. Seu desempenho não era empolgante, e nesse ano ele foi batido pelo companheiro de equipe espanhol. Sem muita paciência para andar no fim, Jenson foi "aposentado" em detrimento de Vandoorne e, embora negue, pode voltar em 2018 para o lugar de Alonso. Sem o "milagre" de 2009 e a grande temporada de 2011, que Jenson curta a aposentadoria para ser feliz. NOTA = 6,5

Foto: F1
ROMAIN GROSJEAN - Seu início surpreendente e espetacular no início da temporada animou a todos. A Haas começou fazendo muito mais do que se imaginava. Entretanto, as dificuldades apareceram. Normal. Romain e Haas sumiram durante a temporada, com muitos problemas e desempenhos ruins. Nada mal para quem não está acostumado com o modus operandi da F1, categoria europeia, muito diferente do modo como as categorias estadunidenses são conduzidas. Com passos sóbrios e pequenos, a Haas pode evoluir nos próximos anos, contando com a ajuda da Ferrari. E Romain pode ir para a equipe italiana, por quê não? NOTA = 7,0

ESTEBAN GUTIÉRREZ - Inacreditável Guti retornar a F1. Seu dinheiro não compensa. Desempenho ridículo, muitos xiliques e choros. Nem parece que foi campeão da GP3. Em três temporadas na F1, só chegou no top 10 uma vez. É também ridículo como ele provavelmente permanecerá na categoria, graças ao seu dinheiro mexicano. NOTA = 3,0

Foto: F1 Fanatic
KEVIN MAGNUSSEN - Todo mundo sabia que a Lotus 2015 travestida de Renault iria sofrer na temporada, mas não tanto. Kevin, piloto muito conceituado pelo histórico vencedor na base, não conseguiu ser o líder que os franceses tanto esperavam, embora seja difícil cobrá-lo muita coisa. Em muitos treinos, foi superado pelo fraco Palmer, e também se envolveu em acidentes. Terá sua última chance na Haas, por duas temporadas. Lá, terá um francês duro de vencer. Será uma boa briga. NOTA = 6,0

JOLYON PALMER - Campeão da GP2, também não pode ficar na F1. Ou talvez na Manor, no máximo. Acidentes incríveis e desempenho sofrível, mesmo no bólido horrível da Renault. Tirou a sorte grande no ano que vem ao permanecer na equipe, mas será dominado por Hulk. NOTA = 4,0

Foto: GP Update
FELIPE NASR - Inexplicavelmente dominado por Ericsson durante o ano. Não sei se a equipe o sabotou desde o início (afinal, os suecos da Tetrapak compraram a equipe de Peter), mas seus desempenhos foram sofríveis na maior parte do ano, e isso pegou mal no circo da F1. A responsabilidade não pode ser totalmente dele. Entretanto, o mundo cruel da F1 exige muito dinheiro, que Nasr não tem, e isso provavelmente irá custar sua vaga na equipe e até mesmo na Manor. Os dois pontos conquistados no Brasil tem um peso importante na análise. Se não fosse isso, a Sauber ficaria em último lugar nos construtores. NOTA = 6,0

MARCUS ERICSSON - Piloto que não mostrou muitos atributos mas dominou o companheiro de equipe em largadas e chegadas de posições. Entretanto, na hora importante,  no diferencial, acabou não conseguindo entregar aquilo que a Sauber exige, por isso é menos piloto que Nasr. Ericsson foi aquele time que teve 80% de posse de bola, mas aos 45 do 2° tempo sofreu um contra-ataque, levou o gol e perdeu o jogo. Mas seu cargo segue prestigiado para os próximos anos! NOTA = 6,0

Foto: Getty Images
PASCAL WEHRLEIN - O provável novo "injustiçado" da F1 impressionou. Conseguiu ir para o Q2 cinco vezes e conseguiu um pontinho heroico na Áustria. Mesmo assim, perdeu algumas classificações para Haryanto e a coisa ficou mais equilibrada com a chegada de Ocon, e isso talvez tenha pesado contra o talentoso alemão. Ao ser preterido pelo francês na Mercedes para a Force India e, ao que tudo indica, na equipe-mãe, o psicológico do garoto precisa ser trabalhado. Lidar com duas frustrações em tão pouco tempo pode afetar seu desempenho. Seu prêmio de consolação deve ser a Sauber para 2017. Não sei se isso é bom. NOTA = 6,5


Ocon, Haryanto e Vandoorne não completaram 90% das corridas. Portanto, fica difícil fazer qualquer análise a respeito. Prefiro ver mais o francês e o belga em ação no ano que vem para opinar.

E essa foi a análise da temporada 2016 da F1. Gostaram? Concordam? Enfim, até o próximo post.

Caso não volte, desejo a todos um Feliz Natal e um ótimo 2017!

Até!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

ANÁLISE DA TEMPORADA 2016 - Parte 1

Foto: The Sun
Fala, galera! Depois de uma pausa necessária para descanso, essa semana teremos as últimas postagens do ano. Em virtude do inacreditável suspense sobre o retorno (ou não) de Felipe Massa, sua série especial fica, por ora, adiada até um segundo momento de 2017. Hoje iremos começar a analisar individualmente os pilotos da temporada 2016 da F1. Começarei pelas seis primeiras equipes colocadas no ano (Mercedes, Red Bull, Ferrari, Force India, Williams e McLaren). Vamos começar:

NICO ROSBERG - Eficiente e agressivo quando necessário. Aproveitou os erros e problemas de Hamilton para começar a temporada com quatro vitórias seguidas. Chegou a ficar 19 pontos atrás de Lewis no meio do ano, mas teve forçar para reagir, reultrapassá-lo na tabela e garantir o título inédito antes da surpreendente aposentadoria. Se no final ele foi bastante pragmático e arriscou pouco, apenas administrando a vantagem, é verdade que quando precisou ser agressivo também foi, contra Verstappen em Abu Dhabi. NOTA = 9,5

LEWIS HAMILTON - Começo ruim, com acidentes, problemas e largadas péssimas. Esses fatores impediram Lewis de ser tetra. Quando não teve infortúnios e/ou erros, sobrou como sempre. Com mais vitórias e poles na temporada, o vice fica marcado por esses problemas e a quebra da Malásia. Talvez, se tivesse acordado mais cedo para o campeonato e treinasse largadas antes, estaria desfrutando do quarto título mundial, o terceiro seguido. Como não existe "se"... NOTA = 9,5

Foto: ABC
DANIEL RICCIARDO - Herdou a vitória na Malásia, mas era para ter vencido antes em Mônaco, se a Red Bull não errasse na estratégia. Na Espanha, também poderia ter sido o ganhador, mas foi "sacrificado" outra vez nas paradas. É incrivelmente certeiro e preciso nas ultrapassagens, sem bater ou jogar alguém para fora da pista. Muitos (inclusive a Autosport) consideram o australiano o melhor piloto da temporada, o que não é nenhum absurdo. Seu desempenho cresceu após a chegada de Max a equipe. Tem tudo para brigar pelo campeonato do ano que vem. NOTA = 9,0

MAX VERSTAPPEN - Começou ainda na Toro Rosso e foi efetivado a Red Bull, substituindo Kvyat. Diante da crítica de quase todo mundo, Max mostrou porque é o maior talento da atual F1 ao vencer logo na estreia pela equipe taurina, na Espanha. Mostrando maturidade impressionante e qualidade sensacional, tenho certeza que o holandês em breve empilhará muitas taças de campeão mundial da F1. A atuação no Brasil é uma das melhores coisas que eu já vi na vida, digno de Senna, Schumacher, Hamilton ou Vettel. Todavia, sua juventude ainda lhe atrapalha em várias coisas: erros e um comportamento também imaturo (sim, ele alterna maturidade com imaturidade), com batidas e defesas de posição muito criticadas, que colocavam a integridade física dos pilotos em perigo. Não tenho dúvidas de que Max será campeão mundial em breve. NOTA = 9,0

Foto: F1
SEBASTIAN VETTEL - Ano difícil para o tetracampeão. Pela segunda vez na carreira, passou o ano sem vitórias. O ambiente efervescente da Ferrari não ajuda. Creio que o próximo ano não seja tão positivo também. Seb já poderia preparar o terreno para se transferir para a Mercedes em 2018. Nesse ano, cometeu muitos erros e bateu bastante, com dois incidentes de destaque com Kvyat. Seu grande momento na temporada foi xingar Charlie Whiting e a disputa com Verstappen no México. Perdeu para Raikkonen nos treinos. Segundo pior ano da carreira do alemão, que não tem uma boa perspectiva na Ferrari para 2017. NOTA = 8,0

KIMI RAIKKONEN - Escrevi no ano passado que esse seria seu último ano. Deve ser o próximo. Kimi evoluiu em relação a 2014 e 2015, mas ainda assim está muito longe de seu auge, na McLaren. Embora tenha sido o último campeão da Ferrari, sua passagem pela equipe italiana é bem ruim. Muito burocrático, foi batido por Vettel nos pontos. O saldo positivo foi ter sido mais veloz nos treinos, uma característica marcante dos seus tempos áureos que estava adormecida. Para o ano que vem, a tendência é repetir os últimos anos: atuações burocráticas em sua grande maioria e alguns brilharecos e desempenhos ruins escassos. NOTA = 8,0

Foto: F1
SÉRGIO PÉREZ - Mais uma vez Checo mostrou o seu valor. Diante do badalado Hulkenberg, o mexicano sobrou na Force India. No momento certo, aproveitou para brilhar e conquistar mais dois pódios, em Mônaco e em Baku. Na corrida monegasca, mais uma vez apostou em uma estratégia diferente e foi premiado com isso. No GP da Europa, iria largar em segundo. Punido com cinco posições pela troca de câmbio, largou em sétimo e chegou em terceiro em um final de semana espetacular. Checo vem melhorando nos treinos, tentando ser mais constante. Entretanto, sua maior característica é modificar a estratégia na corrida para surpreender. Em três anos com Hulk de companheiro de equipe, venceu em dois. Tem tudo para conseguir um carro melhor em 2018. Tem capacidade para isso. NOTA = 8,5

NICO HULKENBERG - O hype em cima de Hulk existe desde quando foi pole pela Williams no Brasil, em 2010. Desde então, decisões erradas e "azares" transformaram um piloto em potencial no novo Jean Alesi ou Nick Heidfeld dos tempos modernos. Com muitos acidentes e poucas corridas como destaque, Nico teve um ano normal. Sem Le Mans nessa temporada, ficou difícil sobressair. A mudança para a Renault é a última chance de brilhar na categoria. Entretanto, quando tudo parecia que ia virar, surge a informação de que Nico foi procurado para substituir o outro Nico, na Mercedes. Os franceses negaram. Como líder da equipe de Enstone para 2017, Hulkenberg vive um ano decisivo para seu futuro para a F1. É agora ou nunca. NOTA = 7,0

Foto: F1 Fanatic
VALTTERI BOTTAS - Com o carro da Williams bastante inferior ao dos últimos anos, o finlandês não conseguiu produzir muita coisa. Sempre constante e aproveitando as oportunidades, foi premiado com o pódio no Canadá, a melhor atuação individual de sua carreira. Beliscando sempre o sétimo ou o nono lugar, o que era disponível, Bottas não teve dificuldades para bater Massa de novo. O futuro piloto da Mercedes (?) pode ganhar a grande chance de sua carreira ano que vem, ou permanecer na equipe de Glove para ser líder no novo regulamento e com um piloto adolescente como parceiro de equipe. O futuro dirá. NOTA = 7,5

FELIPE MASSA - O último ano (?) da carreira do brasileiro foi melancólico. A queda de rendimento dele e da equipe ficaram evidentes. Nem a reação no segundo semestre e as boas largadas apareceram. Felipe se retira do circo no momento certo: sem espaço em carros competitivos e na descendente da carreira. Entretanto, isso pode mudar. Caso Bottas vá para a Mercedes, Felipe pode voltar para a categoria depois de sair pela porta da frente, repleto de homenagens, carinho e respeito dos fãs e do mundo da F1. Um piloto experiente, sem nada a perder, em um novo regulamento. Difícil fazer alguma projeção, mas seu retorno garantiria o Brasil na F1, pois a situação de Nasr é complicada. Enfim, Massa escolheu a hora certa para sair. Que curta outra categoria e o descanso merecido depois de 15 anos dedicados integralmente a F1. NOTA = 6,5

CARLOS SAINZ JR - Bastou Verstappen ir para a Red Bull para o espanhol começar a se destacar, apesar do motor defasado da Toro Rosso e dos inúmeros problemas mecânicos durante o ano. Mesmo assim, conseguiu bons pontos e aniquilou o apático e depressivo Kvyat no ano. Alvo de interesse de Renault e até Ferrari, o espanhol já deixou claro que quer alçar voos maiores. Com a improvável promoção a Red Bull (a não ser que Ricciardo vá para a Ferrari em 2018), a tendência é que o espanhol pressione a saída para outra equipe de fábrica. A Red Bull vai dificultar ao máximo, mas não resta outra opção a Sainz. NOTA = 7,0

DANIIL KVYAT - Um dos piores pilotos do ano. Sua cabeça virou uma grande montanha russa. De piloto Red Bull e com pódio na China a rebaixado para a Toro Rosso duas semanas depois. Na "nova velha equipe", seu desempenho seguiu pífio e patético. Sem conhecer o carro, foi tratorizado por Sainz. O russo parecia deprimido. Impossível não ficar com pena do que aconteceu com ele. Alguns pequenos lampejos de recuperação durante o ano e só. Teoricamente, não era nem para permanecer na F1 em 2017. Entretanto, dada a falta de confiança e de testes ruins de Pierre Gasly, o russo terá mais um ano na F1 para mostrar seu talento. Com a cabeça no lugar, talvez seja possível. No final, todos sabemos que ele será dispensado no fim do ano que vem, e geralmente um ex-Red Bull não consegue ir para outra equipe (vide Vergne, Buemi, Alguersuari, entre outros), à exceção de Liuzzi. Que as férias recuperem a força mental do russo. NOTA = 5,5

Foto: Pit Pass


Essa foi a primeira parte da análise. A segunda e última parte sairá amanhã. Até!