sexta-feira, 27 de julho de 2018

EM FRENTE

Foto: Getty Images
A F1 é dinâmica e, literalmente, gira rápido. Mal temos tempo para lamentar ou comemorar que é preciso continuar, manter ou se recuperar do que aconteceu na semana anterior. O Grande Prêmio da Hungria ganha contornos mais importantes porque é o último antes das merecidas férias de verão. Uma boa atuação dá tranquilidade para o descanso e a retomada no fim de agosto, em Spa Francochamps. Erros e exibições abaixo da crítica vão deixar um gostinho amargo, podendo recuperar justamente apenas depois de um mês.

É o caso de Vettel, que tem a chance de vencer uma semana depois do dolorido erro em Hockenheim. Hoje, já fez o tempo mais rápido do dia, com as Red Bull sempre no encalço. Diferente do habitual, assim como as Mercedes mais discretas, embora isso já seja uma tradição da corrida húngara nos últimos anos. Entretanto, a ausência de potência extra no motor pode prejudicar os taurinos na briga pela pole. Hungaroring é, mais do que nunca, um circuito que será impossível ultrapassar, fato já admitido e aceitado pelos pilotos. Portanto, largar na frente pode ser definitivo, exceto se chover ou uma série de Safety Car altere a lógica natural das coisas.

O meio da tabela tem o de sempre: Haas, Force India e Renault. No fim, também o de sempre: Williams, McLaren, Toro Rosso e Sauber. Algumas palhinhas de boatos e negociações: a McLaren confirmou a chegada de James Key, que estava na Toro Rosso, como diretor técnico da equipe. Entretanto, existe uma regra de "quarentena" envolvendo as negociações desses profissionais. Logo, não se sabe quando Key vai poder, de fato, se apresentar ao time de Woking - provavelmente só no ano que vem.

Toto Wolff admite a possibilidade de Esteban Ocon ser emprestado para a Renault. Com a definição dos dois pilotos das flechas de prata, resta ao francês esperar sua oportunidade tentando impressionar a sua equipe. Em tese, vai para um centro melhor, mais estruturado e sem problemas financeiros. Seria companheiro de Nico Hulkenberg. O que sobra para Carlos Sainz Jr? Com Ricciardo permanecendo na Red Bull, dizem que seu destino é ser parceiro de Alonso na McLaren. Só uma palhinha do que pode vir na semana que vem...

A única forma de continuar é seguindo em frente, sem olhar para os erros, decepções e tristezas. É a lição que Vettel pode tirar nesse final de semana. Por ele, pela Ferrari e por Sergio Marchionne.

Bom, confira a classificação dos treinos livres do GP da Hungria:



Até!

quinta-feira, 26 de julho de 2018

GP DA HUNGRIA - Programação

O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.

Foto: Wikipédia
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:19.071 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:16.276 (Ferrari, 2017)
Último vencedor: Sebastian Vettel (Ferrari)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 5x (2007, 2009, 2012, 2013 e 2016)

SEM MIAMI, POR ENQUANTO

Foto: Reprodução
Diante do impasse da organização da corrida de Miami com as votações da cidade e os protestos dos moradores, a Liberty Media anunciou que a corrida não será realizada no ano que vem. Se tudo der certo, ela entra no calendário em 2020. A data limite para o acerto era até julho. Entretanto, diante do adiamento das negociações até setembro, não haveria tempo hábil para organizar uma boa corrida em praticamente um ano de preparação.

A ideia da categoria é realizar três corridas na America do Norte de forma consecutiva em outubro - duas nos Estados Unidos e uma no México. Uma das maiores discussões é sobre o traçado que será utilizado na cidade. A associação de moradores local ameaça processar os representantes da prova porque não querem que suas rotinas sejam interrompidas com a realização de um Grande Prêmio. Se tudo der certo, o acordo seria de dez anos, renováveis por mais dez.


Pra ser sincero, não tenho entusiasmo algum em assistir uma corrida de rua em Miami. Já existem várias. O público americano não gosta da categoria. Poderiam tentar o retorno da Malásia, por exemplo, ou então intensificar os esforços para a corrida na Holanda. Seriam alternativas mais viáveis para os fãs. Claro que o dinheiro, o business e o hype falam mais alto nesses casos, é inevitável. Bom, se já estamos aguentando Abu Dhabi decidir o campeonato já há quase dez anos, o que seria mais uma corrida de rua extravagante com prazo de validade relativamente curto?

UM NOVO LOCAL PARA A PRÉ-TEMPORADA

Foto: Reprodução
Segundo a revista "Auto Motor and Sport", a F1 deve ter novo destino para os treinos da próxima pré-temporada: sai Barcelona e entra Bahrein. Nesse ano, as equipes tiveram dificuldades no circuito catalão. Com o asfalto recapeado nesse ano, a pista deixou de representar as situações enfrentadas pelas equipes durante a temporada. Além disso, também nesse ano as sessões ficaram marcadas pela chuva e até a neve, prejudicando o desenvolvimento dos carros às vésperas da abertura da temporada, na Austrália.

Por outro lado, o Bahrein traz outro problema para a FIA: o alto custo do deslocamento para os testes em comparação a Barcelona. Com as fábricas situadas na Europa, o transporte de equipamentos e novas peças pode tornar o investimento mais caro para as equipes. No entanto, a Liberty pretende arcar com esses custos, com uma condição: que acabe alguns segredos da pré-temporada, pois é o desejo de Chase Carey e cia tornar os primeiros testes do ano atrativos para os fãs - até se especulou a transmissão dos treinos pela internet nesse ano, o que acabou não rolando.


A F1 sai de um extremo para o outro, talvez mais trabalhoso para as equipes. Entretanto, se tudo for realmente pago, as coisas tendem a ficar melhores. Barcelona é um circuito chato e manjado, com corridas esquecíveis. No Bahrein, temos boas corridas em um traçado mais atrativo. Simulando as condições de calor que irão existir no decorrer da temporada, talvez seja uma boa mudar de ares - e de continente - no início da temporada.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 188 pontos
2 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 171 pontos
3 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 131 pontos
4 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 122 pontos
5 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 106 pontos
6 - Max Verstappen (Red Bull) - 105 pontos
7 - Nico Hulkenberg (Renault) - 52 pontos
8 - Fernando Alonso (McLaren) - 40 pontos
9 - Kevin Magnussen (Haas) - 39 pontos
10- Sérgio Pérez (Force India) - 29 pontos
11- Esteban Ocon (Force India) - 29 pontos
12- Carlos Sainz Jr (Renault) - 28 pontos
13- Romain Grosjean (Haas) - 20 pontos
14- Pierre Gasly (Toro Rosso) - 19 pontos
15- Charles Leclerc (Sauber) - 13 pontos
16- Stoffel Vandoorne (McLaren) - 8 pontos
17- Marcus Ericsson (Sauber) - 5 pontos
18- Lance Stroll (Williams) - 4 pontos
19- Brendon Hartley (Toro Rosso) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 310 pontos
2 - Ferrari - 302 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 211 pontos
4 - Renault - 80 pontos
5 - Haas Ferrari - 59 pontos
6 - Force India Mercedes - 58 pontos
7 - McLaren Renault - 48 pontos
8 - Toro Rosso Honda - 21 pontos
9 - Sauber Ferrari - 18 pontos
10- Williams Mercedes - 4 pontos

TRANSMISSÃO:








OS GÊNIOS TAMBÉM ERRAM

Foto: Getty Images
A ideia do post era falar sobre os erros de Sebastian Vettel em momentos decisivos durante a carreira. Pesquisando e lembrando outras coisas de cabeça, decidi expandir para erros de outros grandes pilotos e alguns outros problemas que lhes custaram possíveis títulos.

A lista vai ser predominantemente de fatos recentes, pois não fiz uma pesquisa das décadas anteriores, então estarei devendo.

Vou começar com o próprio Vettel. Por incrível que pareça, quando ele erra é sinal de que será campeão, ao menos era assim até o ano passado. Em 2010 por exemplo, cometeu alguns deslizes que poderiam ter custado o seu primeiro título. Na Austrália, liderava até bater sozinho. Na Turquia, o famoso e histórico enrosco com Mark Webber, com direito a sinal de maluco e tudo mais.




Webber chegou a liderar o campeonato e tinha grandes chances de ser campeão. No entanto, bater sozinho diante da chuva da Coreia do Sul após sofrer um grave acidente de bicicleta minou com a sua única chance de título na carreira.




No ano seguinte, Seb caminhava para ser bicampeão sem sustos. Na caótica corrida do Canadá, liderava tranquilamente até escapar na última volta e perder a vitória para Jenson Button.


Em 2012, Vettel largou mal e foi tocado pela Williams de Bruno Senna, quase perdendo o título na primeira volta em Interlagos. O resto da história vocês já sabem: se recuperou e conquistou o tricampeonato.


Bem, no ano passado vocês lembram o que aconteceu...


Hamilton também sabe a sensação de fraquejar na hora decisiva. Na temporada de estreia, em 2007, estava prestes a fazer o inacreditável: ser campeão da F1 como novato. Bastavam alguns pontos na China, onde foi pole, e no Brasil para sacramentar a conquista. Bem...




Em 2016, ao começar muito mal a temporada e vendo Rosberg disparar na liderança, Hamilton poderia ter começado a reação na Espanha, quando largou na pole. Foi superado na largada e, ao tentar passar Nico...


Antes de Vettel, a última vez que um líder havia abandonado por uma batida foi Fernando Alonso, no Canadá, em 2005. Pra sua sorte, foi em uma temporada onde ele e a Renault sobraram, conquistando ambos o primeiro título.



Em 2010, durante o último treino livre, o espanhol bateu e a Ferrari não teve como recuperar o carro para o qualyfing. Largando de trás, Alonso perdeu pontos preciosos para a disputa do título...



2012. 29 pontos de vantagem para Vettel com um carro muito inferior. Alonso começou a perder o tri na largada do Japão ao se envolver em um incidente com Grosjean na largada.


Líder batendo sozinho não é novidade e também é impossível não lembrar do caso mais famoso de todos:


Raikkonen durante a temporada de 2005 estava 22 pontos atrás de Alonso na etapa de Nurburgring. Na última volta, a suspensão não aguenta e a McLaren bate na última volta, complicando ainda mais as chances do IceMan naquele ano...



Até o maior campeão de todos os tempos aprontou das suas. Em 1998, ele ia dar uma volta em cima de Coulthard no caótica GP da Bélgica. Quase rolou briga nos boxes. Em 2003, o ano do hepta, o título veio com contornos dramáticos, com direito a batida em Takuma Sato e incidente com o irmão Ralf.




Pra fechar, Mika Hakkinen. Sem Schumacher na disputa do título (tinha quebrado a perna no acidente de Silverstone), as coisas ficaram ao seu feitio para o bicampeonato de 1999. Entretanto, engana-se quem pensa que ele veio fácil. Pelo contrário. O finlandês teve que lutar até o fim contra o insosso Eddie Irvine, que chegou a prova final como líder do Mundial, e até algumas corridas antes a Jordan de Frentzen também estava no páreo. O sofrimento veio muito em conta de erros primários de Mika, como é o caso da rodada na Alemanha, quando liderava:



Moral da história: todos erram, inclusive os grandes. A questão é como dar sequência para não errar e sobrepor o talento em relação aos obstáculos existentes na categoria. Todo mundo tem teto de vidro, e quem não errou, adivinhe, ainda vai errar.

Até mais!


terça-feira, 24 de julho de 2018

PENDÊNCIAS

Foto: Getty Images
De maneira surpreendente, a Ferrari anunciou no último sábado a saída de Sérgio Marchionne como o presidente da escuderia.

Marchionne, de 66 anos, também era dono do grupo FCA (conglomerado que inclui fabricantes como Fiat, Jeep, Ram, Dodge e a Chrysler).

Segundo informações da imprensa europeia, Marchionne realizou nas últimas semanas, em Zurique, uma cirurgia no ombro. No entanto, nos últimos dias, seu estado de saúde piorou drasticamente, o que não lhe dava mais condições de seguir no comando do conglomerado.

Ainda de acordo com a imprensa italiana, Marchionne estaria em coma, num estado "irreversível" e também com câncer de pulmão. No entanto, a empresa não fez mais comentários sobre o estado de saúde do italiano.

Com 66 anos, já estava previsto que o italiano iria deixar de ser o cabeça do grupo no fim do ano que vem. Com isso, assume em seu lugar Mike Manley, que era o presidente da Jeep. Manley torna-se o primeiro não italiano a dirigir a Fiat.

Já para a Ferrari, ficou determinado que o neto de Gianni Agnelli, falecido em 2003, principal acionista do Grupo Fiat, John Elkann, de 42 anos, será o novo presidente. Além disso, Louis Carey Camilleri, 63 anos, egípcio de nascimento, mas de origem italiana, será o novo diretor geral da equipe de F1. Marchionne assumia as duas funções, presidente da empresa e diretor da equipe.

Na F1, Marchionne assumiu a Ferrari na temporada 2015, pegando uma equipe em crise diante do final da Era Montezemolo (1991-2014) e alguns meses sob a administração de Marco Matiacci. Fazendo reformulações e mudanças radicais demais para uma equipe de F1, o italiano conseguiu, de forma surpreendente, recolocar a Ferrari em posição de protagonismo na categoria. No ano passado, Vettel brigou até o final pelo título, e nesse ano tem melhor conjunto em relação a dominante Mercedes.

A questão que fica é: com a saída repentina de Marchionne, o que muda na administração da Ferrari na F1?

Pelo que reporta a imprensa italiana, a princípio as coisas não devem mudar muito. Elkann e Camilleri foram instruídos a seguir os procedimentos acertados pela cúpula do grupo na última reunião, realizada em junho. Ou seja: no primeiro momento, a Ferrari vai seguir jogando duro com a Liberty no que se refere ao regulamento de 2021 e a manutenção de seus privilégios, como o bônus de equipe histórica, por exemplo.

Ao longo desses anos, Marchionne também desenvolveu parcerias técnicas com a Haas, que praticamente usa o modelo ferrarista do ano passado e desde o início do ano comprou o espólio da Sauber, utilizando o nome da Alfa Romeo. Em ambas, é provável que muitos pilotos da academia da Ferrari passem por lá (são os casos de Giovinazzi e Charles Leclerc). Outra questão importante é a definição de quem será o companheiro de equipe de Sebastian Vettel. Segundo o Gazzetta dello Sport (que pertence ao grupo Fiat), Leclerc irá substituir Kimi Raikkonen no ano que vem.

Resta saber agora quais serão os próximos passos de John Elkann como novo presidente da Ferrari. Será que ele vai manter a linha dura com a Liberty, vai ceder ou os italianos vão cumprir com a ameaça de deixar a F1 se não gostarem dos rumos que a categoria pode vir a levar? E as relações com a Haas e a Ferrari? E a Alfa Romeo? Pendências que só o tempo dirá.

Até!

segunda-feira, 23 de julho de 2018

VENDENDO A ALMA PARA O DIABO

Foto: Daily Mail
Diante de uma categoria caríssima dominada pelas montadoras e bilionários que desejam colocar seus filhos ali como diversão, a única solução é juntar-se a eles para sobreviver. É o que a Force India está fazendo. Fadada a falir desde que o imbróglio envolvendo o ainda (?) dono Vijay Mallya, a equipe entrou em administração (quando alguém administra no lugar dos donos até surgir um comprador). Segundo o jornal alemão Auto Bild, o comprador é justamente Lawrence Stroll. A intenção já seria colocar o rebento na equipe ainda indiana a partir de agosto, com o retorno das férias de verão na Europa.

Hoje, a Force India já é uma espécie de Mercedes B. Usa o motor alemão e tem lá Ocon faz duas temporadas como forma de pagar menos o uso dos motores. A princípio, o francês estaria a salvo. Iria sobrar para Pérez. Hoje, o mexicano traz uma boa quantia de dinheiro para a equipe, além de ser um grande piloto, claro. No entanto, com a chegada dos Stroll, a grana já não seria necessária, o que faria Checo sair do time, agora ou no ano que vem.

Não pretendo me alongar muito nessa questão agora, mas isso com certeza teria mais desdobramentos na categoria. Se todas essas mudanças acontecem agora, como ficaria a Williams? Pérez iria para lá ou então Kubica (!) assumiria como tampão até o fim do ano? A situação da equipe já é crítica, nada é capaz de piorar, ao menos dentro da pista. Pelo contrário. A parte financeira sim sofreria um duro golpe.

Com a Martini indo embora para o ano que vem e sem o aporte dos Stroll, a Williams estaria ferrada, digamos assim. Somente com o dinheiro do russo Sirotkin (e sem resultados), a condição financeira do time de Grove ficaria mais catastrófica ainda. Claire Williams já disse que se os gastos não diminuírem, a equipe fecha em 2021. Diante do que está acontecendo, não duvido que isso aconteça antes.

Esse é o preço que se paga ao se prostituir para um bando de bilionários clientes que podem ir embora de uma hora para a outra. A lendária equipe de Frank Williams levou uma previsível invertida. A Force India vai se salvar até o momento que Lawrence se cansar. Não é uma parceria. É a contratação de um serviço. Se em determinado período os resultados não vierem, adeus. E mais uma equipe vai entrar em falência ou respirar por aparelhos.

 O rendimento técnico vai cair consideravelmente, mas quem se importa? Se o teto orçamentário não entrar em ação, a tendência da categoria vai ser essa: equipes satélites das principais e bilionários colocando seus filhotes. Muito em breve podemos ter mais Strolls: Gelael, filhos de xeques, etc. É trocar o sofá de lugar e vender a alma pro diabo. No fim, ele vai te sugar tudo, e com juros.

Ah, a Claire poderia aproveitar e pedir pra sair enquanto dá tempo, a exemplo do que fez a Monisha na Sauber. No fundo, sempre me pareceu que estão esperando apenas a morte de Frank para matar definitivamente a sua criação.

Até!

PARA LAVAR A ALMA

Foto: Getty Images
No sábado, quando Lewis Hamilton abandonou o treino depois do Q1 com problema hidráulico , jamais poderia ter imaginado a volta que a F1 daria 24 horas depois. Largando atrás e vendo o rival Sebastian Vettel disparando na frente com a Ferrari, que aparentemente possui o melhor conjunto da F1 atualmente, tudo parecia encaminhado para que a vantagem do alemão aumentasse no campeonato. Até que a chuva caiu.

Escalando o pelotão e chegando no quinto lugar, distante do pelotão, Hamilton estava se contentando com os 23 pontos de vantagem que Vettel abriria com aquele resultado momentâneo. Com a chuva, muitos apostaram parando antes. Alonso, Leclerc e Verstappen, por exemplo. Dois pits errados e viraram carta fora do baralho. Sorte para Max que a distância para o restante do grid era gigante e, mesmo assim, conseguiu ficar em quarto. Entretanto, poderia ter brigado pela vitória, diante da pista estar afeita ao seu modo de pilotagem "selvagem", digamos. Por falar em sorte, parece que essa abandonou Ricciardo depois de Mônaco. Mais um abandono, logo no início da prova.

Na frente, Vettel liderava sem sustos. Bottas e Raikkonen na sequência. O finlandês da Ferrari parou nos boxes antes. Se deu bem, deu um undercut nos dois e era líder. Era claro que faria duas paradas, ao contrário do compatriota e do companheiro de equipe. O campeão do mundo de 2007, que todo mundo sabe que virou um "capacho com grife" de Seb, teve que ouvir um "faster than you" glamourizado, para não atrapalhar as pretensões do único piloto da Ferrari com chances de piloto.

A chuva. Muitos carros deslizavam pela pista, outros tentavam o pulo do gato e pararam antes. Na segunda curva após a entrada no antigo estádio, o tetracampeão mundial escapou à la Zonta em 2000. Justo na corrida em casa, quase literalmente falando (Hockenheim fica bem perto de Heppenheim, onde Seb nasceu). Mais um erro bobo. Inacreditável. Todo o domínio do final de semana ficou na brita. Não é de hoje que Vettel parece fraquejar e cometer erros inadmissíveis para um piloto de seu calibre justo na hora decisiva. Se não for campeão, certamente a imagem dele socando o volante após bater vai ser o símbolo da derrota, igual quando Massa rodou na Malásia ou a mangueira presa em Cingapura. O maior erro da carreira de Vettel.

Foto: Getty Images
Por outro lado, Hamilton fazia a maior atuação da carreira. Durante o Safety Car, Bottas e Raikkonen foram novamente para os boxes. O inglês faria o mesmo. No meio do caminho, decidiu permanecer na pista, cortando o caminho onde estava na entrada dos boxes para voltar ao traçado. Mais uma vez a Mercedes ia comer mosca e o inglês, no feeling, corrigiu o que seria mais uma burrada do time alemão. Isso deu polêmica e eles tiveram que se explicar para os comissários da FIA, que apenas fez uma advertência depois da corrida. Quando o SC saiu, Bottas ousou atacar Lewis, para desespero de Toto Wolff. O óbvio veio depois: um "pára-te quieto" para o #77 sossegar em segundo, sem encher o saco. Afinal, foi para isso que seu contrato foi renovado: ser o capachão das flechas de prata. E assim a corrida seguiu até o fim.

O que poderia ser uma desvantagem gigante virou uma considerável vantagem de 17 pontos de Hamilton para Vettel. Os pontos de hoje podem fazer muita falta. Entretanto, a Ferrari parece estar mais forte e com motor mais potente. Em circuitos de alta isso pode fazer a diferença, no que antes era o trunfo da Mercedes. A Red Bull pode roubar pontos na próxima etapa, na Hungria, e também em Cingapura, por exemplo. Uma coisa é certa: mais fácil Ricciardo e Verstappen desencantarem de novo do que os finlandeses submissos conseguirem algum brilho durante a temporada, do jeito que as coisas andam.

Foto: Getty Images
A chuva, que deu as caras pouquíssimo tempo na pista (caiu um toró daqueles de dar bandeira vermelha depois da prova) deixou tudo mais caótico. Por exemplo, Hulkenberg "o melhor do resto". Incrível como isso só acontece quando não há mais esquisitices lá na frente. Grosjean pontuando pela segunda vez no ano: isso já diz tudo. A dupla da Force India voltando a mostrar a consistência que é a marca registrada e, o melhor, de tudo: Ericsson e Hartley nos pontos. Sim! Viva a chuva!

Note, caro leitor, que nem assim a Williams é capaz de marcar míseros pontinhos. Nem eles e nem Vandoorne, há um bom tempo deixando a desejar. No caso do belga, não dá para desistir do talento que já mostrou. Está sendo sacrificado pela McLaren em prol de Alonso. Ano passado foi assim e será sempre com qualquer um que dividir a equipe com o espanhol. Faz parte do pacote, mas poderia estar mostrando mais, de fato.

Confira a classificação final do GP da Alemanha:


Até!


sexta-feira, 20 de julho de 2018

COLADOS

Foto: Getty Images
Como sempre nas sextas-feiras, o equilíbrio entre as três principais equipes é a tônica das duas sessões de treinos livres. Nas duas, a Red Bull ficou a frente. Também em ambas, a vantagem para o segundo colocado, Lewis Hamilton, foi mínima. Os taurinos já tiveram uma notícia ruim: Ricciardo teve que trocar vários componentes do motor antes do primeiro treino e vai largar em último. Eles também podem ter outro problema: Verstappen, líder do TL2, não participou da parte final do treino reclamando de perda de potência do motor Renault. Pode ser punido também, o que frustraria os planos dos austríacos, justamente em um circuito onde aparentemente estão bastante competitivos.

A Ferrari, como sempre, bastante cautelosa. Sem testar os ultramacios na primeira sessão, chegaram a ficar relativamente próximos de Mercedes e Red Bull. Sempre crescendo nos sábados, é uma das candidatas, ainda mais com a punição de Ricciardo e a também possível ausência de Verstappen entre os ponteiros. Nas últimas etapas, colocaram um terceiro ponto de DRS para ver se ao menos os carros ficam colados na disputa. Claramente não funciona, a aerodinâmica não permite. Ou seja: mais do que nunca, largar na frente será fundamental. Ah, Bottas renovou por mais um ano. Previsível. Estão mantendo o que dá certo, ou no caso, mantendo alguém que não dê tantos problemas para Hamilton.

No pelotão intermediário, domínio de Haas, Force India e Renault. Lá atrás, segue o calvário de Williams e McLaren. Pelos testes, parece que o pessoal de Woking está pior, mas não se pode tomar uma conclusão definitiva. Disputado por duas equipes (!!), Stroll parece imune a resultados. A banca de "investidor" é o suficiente para fazer os necessitados abrirem as pernas. Uma pena.

Confira a classificação dos treinos livres para o GP da Alemanha:



Até!