quarta-feira, 1 de novembro de 2017

A NOVA F1

Foto: Divulgação
Essa é uma expressão clássica, utilizada de meses em meses, de anos em anos. Afinal, qual o seu significado? Bem, é aquela coisa: "tem que tornar a F1 mais humana, dificultar a vida dos pilotos, fazer eles ganharem no braço igual nos anos 1980 e 1990" e blá blá blá.

Desde então, a Fórmula 1 segue essa empreitada em busca de dificultar a vida dos pilotos, o que vai na contramão da essência da categoria, que é ser vanguarda tecnológica, onde muitas coisas desenvolvidas vão para os carros de rua.

Agora, só se fala em uma coisa: como será a F1 a partir de 2021? Por que esse ano? Bem, a Liberty Media ainda tem que honrar os compromissos firmados por Bernie Ecclestone até 2020, e isso inclui o Pacto de Concórdia (distribuição da quantia para as equipes) e o regulamento técnico das próximas três temporadas. A partir daí, os americanos poderão tentar alterar as estruturas da F1 que lhe acharem melhor.

A primeira delas já está sendo feita, e era necessário urgência. Uma categoria mais ativa com os fãs nas redes sociais, com vídeos, interatividade e tudo mais, uma obrigação para qualquer empresa bem sucedida na busca. A segunda parte do plano começa só daqui a três anos e ontem, em uma reunião em Paris, foi dado o primeiro passo. Em uma reunião com representantes das equipes e dos fabricantes de motores ficou definido que a unidade motriz será mais simples e barata, mas ainda manter a tecnologia híbrida para servir de desenvolvimento dos carros de rua e, como sempre, tentar aumentar o som emitido pelos carros (sdds, V12). As primeiras propostas, que precisam ser ratificadas, foram as seguintes:

- Motor de 1.6 litros V6 turbo com sistema de recuperação de energia
- Aumento de 3000 rpm (rotações por minuto) no motor para aumentar o som
- Parâmetros internos de projeto prescritos para restringir custos de desenvolvimento e desencorajar projetos mais agressivos
 - O fim do MGU-H (antigo KERS, que recuperava energia através do calor dispersado pelo turbo)
- MGU-K (que recupera energia das frenagens) mais potente e com possibilidade de ativação manual na corrida junto com a opção de economizar energia ao longo de várias voltas para dar ao piloto um elemento tático
- Turbo simples com restrições de dimensão de peso
- Armazenamento de energia e controle eletrônico padrões

O desenvolvimento desse projeto todo será feito durante o próximo ano. O ínicio do projeto e construção da unidade de potência só começará quando todas as informações a respeito da unidade de potência foram liberadas pela FIA ao fim de 2018. A intenção de não liberar logo as informações é para garantir que as atuais fabricantes envolvidas com a F1 (Mercedes, Ferrari, Renault e Honda) permaneçam focadas no desenvolvimento da especificação atual de motores.

Os novos mandachuvas da F1. Foto: Divulgação
Repitindo, essa parte é a mais simples de mudar. Quer dizer, não vai mudar muita coisa, a não ser atrair outras equipes e fornecedoras de motores como Porsche, Aston Martin e Lamborghini, que declararam interesse em participar da F1 nesses termos. Os próximos passos do grupo é que deverão ser mais complicados.

A filosofia americana não quer saber de tecnologia, e sim de emoção e competitividade. É melhor ter 7 ou 8 equipes teoricamente capazes de ganhar uma corrida do que ser símbolo de modernidade. E como fazer com que uma Haas, Force India ou Sauber tenha condições de brigar com Ferrari, Mercedes e Red Bull? "Simples": o famigerado teto orçamentário (tentado por Max Mosley e devidamente rejeitado, na época). Bom, as últimas três equipes citadas mandam na F1. Como qualquer empresa, ninguém seria louco de abrir mais de ganhar mais dinheiro e entregar para os times "pobrinhos" em prol da competitividade. Além do mais, muitas equipes recebem um bônus por estarem na categoria desde o início (Ferrari, McLaren e Williams). A Liberty também deseja cortar essas regalias.

Chase Carey e Sérgio Marchionne: guerra à vista? Foto: SoyMotor
O embate entre Liberty e equipes mais pobres versus o status quo promete muitas emoções e ameaças. O sempre corriqueiro "se fizerem isso eu vou abandonar a F1" e tudo mais. Sinceramente, a Liberty irá precisar de um bom tempo para mexer nessas estruturas definidas há décadas entre as equipes e Bernie Ecclestone. Melhor não ir com sede ao pote para não se frustrar. Outras medidas da Liberty para os próximos anos são aumentar o calendário de provas (de 21 para 25), com a entrada de outra corrida nos Estados Unidos (uma corrida de rua em Nova York, por exemplo) e o retorno de tradicionais corridas europeias no lugar dos insossos circuitos do Oriente Médio turbinados por quantias que somente eles são capazes de pagar em acordos prévios feitos com Bernie. Por exemplo, não duvido que em um futuro próximo a Holanda retorne a F1, pegando carona no sucesso de Verstapppen.

Enfim, essa coisa de projetar a F1 do futuro é sempre uma tarefa feita corriqueiramente e que na maioria das vezes não sai como nós imaginamos. No fundo, é aquele tipo de texto e de pauta ideais para períodos como esse: final de temporada, semana sem corrida, campeonato decidido...

Certamente iremos retomar esse assunto nessas condições já citadas e sem lembrar de quase nada escrito, dito e debatido até aqui.

Meus dois centavos? Acho legal a aproximação da F1 com a tentativa de uma categoria mais humana e competitiva, mas ela não pode perder sua essência, que é a tecnologia e a competência das equipes. Não gostaria de ver uma falsa emoção nas disputas. Ainda tenho um pé atrás com Chase Carey. Não posso confiar em alguém que ostenta um bigode desses e tem o poder que possui. São boas as chances das coisas ficarem piores. Nunca se sabe. Puro preconceito meu, mas é o que sinto.

Até mais.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O QUINTO TETRA

Foto: Getty Images
Finalmente ele chegou lá. Com um ano de atraso, diga-se. O importante é que chegou. Lewis Hamilton confirmou as expectativas e sagrou-se tetracampeão mundial no México. A decisão não acontecia no país desde 1968, quando Graham Hill conquistou o bicampeonato. Aliás, Hamilton desempatou com Jackie Stewart e é agora o britânico com mais títulos na F1. Muito merecido.

A única coisa que Lewis não gostou foi ter chegado apenas em nono. Bom, no Brasil ele foi quinto. Natural de Hamilton ter dificuldades nas corridas decisivas para o título. Sua sorte é que, dessa vez, a vantagem era gigante. O incidente na largada com Vettel acabou selando o campeonato, com os dois indo para os boxes com os pneus furados. Muitos acusaram Seb de bater propositalmente no #44, mas sinceramente duvido, até porque se as coisas continuassem do jeito que estavam a vantagem era do inglês. Acredito que a FIA também pensou dessa forma e acabou não investigando os incidentes.

Foi a vitória mais fácil de Verstappen, de novo após uma demissão (agora definitiva) de Kvyat. É impressionante como Vettel acaba sentindo a pressão do holandês. Bastaram três curvas para assumir ponta em uma largada muito boa. Max enfileirou várias voltas mais rápidas e terminou com incríveis vinte segundos de vantagem para Bottas e mais tempo ainda para Raikkonen. Os finlandeses submissos fecharam o pódio com Vettel, o piloto do dia e com uma corrida de recuperação em quarto. E agora, sem as demissões de Kvyat, como Max irá proceder para vencer na F1?

Foto: Getty Images
Esteban Ocon foi o melhor do resto e conquistou um ótimo quinto lugar. Superou Pérez no fim de semana. Faz tempo que esse rapaz está flertando com o pódio, uma hora vai ter que acontecer, hein... Stroll se beneficiou do início caótico e de uma estratégia acertada da Williams para chegar em sexto. Não ultrapassou ninguém e nem foi combativo. Sem bater o carro, acaba conquistando bons pontos quando as oportunidades surgem. Resultados forjados e 40 pontos na tabela, superando o "mentor" Massa. Bom para o hype do rapaz, não é mesmo?

Correndo em casa, Pérez foi o sétimo. Magnussen também foi outro que se aproveitou dos diversos incidentes da corrida para conquistar bons pontos para a Haas, que claramente não está no nível de pontuação em condições normais. Hamilton teve dificuldades no início da corrida e ficou metade do tempo preso a Sainz, na última posição e levando bandeira azul de Max e Bottas. Depois, as coisas melhoras e o inglês deu o show do tetra. A ultrapassagem que carimbou o título foi em uma linda e dura disputa com Alonso, o décimo colocado. Ah se a Renault der um motor para o espanhol ano que vem...

Por falar nos franceses, tanto a equipe quanto os motores foram um desastre. Outra vez, Ricciardo abandonou logo no início, com problemas. Eles se sucederam nos carros de Sainz e Hulkenberg e na Toro Rosso de Brendon Hartley. Confiabilidade preocupante. Não gosto dessas teorias da conspiração, mas acredito que Massa foi vítima de uma tremenda sacanagem da Williams hoje. Parou logo no início da corrida por uma perda de pressão no pneu. Entretanto, segundo informação do repórter Guilherme Pereira, Massa relatou não ter sentido nada, mas mesmo assim os ingleses o chamaram para os pits. Ali acabou a corrida do brasileiro, que chegou a ficar em décimo mas perdeu a posição para Hamilton, terminando em 11° e agora atrás de Stroll no campeonato. Uma vergonha. Certamente não o ajuda na briga para continuar na categoria ano que vem.

Foto: Getty Images
Mensagem do Neymar, Hardwell fritando no pódio, Hamilton com a bandeira e depois correndo circuito adentro com um público ensandecido atrás caindo... é disso que a F1 precisa para ser popular e ganhar mais público, por mais que os fãs hardcore não gostem. Eventos assim é que são lembrados pelas pessoas e tornam tudo grandioso. Isso que essa foi apenas a primeira temporada da Liberty no comando, que promete muitas novas ideias para o futuro... o que eles vão aprontar para nós no Brasil?

Hamilton entra de vez no panteão de grandes pilotos da história da F1, com quatro títulos mais do que legitimados. Seria lindo ver ele e Vettel brigando pelo penta, com Max e Ricciardo com a Red Bull e quem sabe o ressurgimento da fênix Alonso... deixem eu sonhar, vai.

Confira a classificação final do Grande Prêmio do México:


A próxima etapa será daqui duas semanas no Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos, nos dias 10, 11 e 12 de novembro. Até mais!

sábado, 28 de outubro de 2017

MERA FORMALIDADE

Foto: Getty Images
Amigos, falta muito pouco para Lewis Hamilton ser o quinto tetracampeão mundial de F1 e se juntar ao panteão composto por Michael Schumacher, Juan Manuel Fangio, Alain Prost e Sebastian Vettel. A F1 vive a ansiedade da confirmação matemática e da celebração do inglês no México, local com alto número de amantes do automobilismo (e de Checo Pérez, claro). Vai ser bonito, caso uma hecatombe não aconteça. Se acontecer, melhor para nós: tudo pode se decidir em terras brasilis, daqui duas semanas.

Por falar nos mexicanos, dizem que alguns deles ameaçaram Ocon durante toda a temporada, depois de inúmeros entreveros dos dois. O francês está sendo escoltado por toda a parte. Um exagero dos dois lados, mas compreensível. Há malucos por toda a parte, mas o próprio Pérez disse que nada vai acontecer. Ele deveria se pronunciar nas redes, pois pode se tornar algo mais sério. Tomara que não.

Voltando para os treinos, a pista estava sem aderência e bastante empoeirada, proporcionando rodadas e batidas como a de Alfonso Celis Jr, com a Force India, no TL2 e erros de Hamilton, Vettel, Grosjean, entre outros. Bottas foi o mais veloz na primeira parte, Ricciardo na segunda. Sabemos que o favoritismo é todo das flechas de prata no qualyfing. Alonso, que larga na última fila, consegue tirar leite de pedra ao colocar a McLaren Honda em sétimo. Depois, Renault e Force India se digladiam e, por fim, a Williams, cada vez mais para trás.

Foto: Getty Images
A quantidade de erros cometidos por Grosjean e suas constantes reclamações com a equipe colocam um ponto de interrogação na sua permanência a longo prazo. Contratado como líder da equipe americana, vem superando Magnussen, mas se continuar essa relação explosiva com o esquentado Gunther Steiner, todo mundo sairá prejudicado.

Vamos ver se a provável corrida de título de Lewis Hamilton será uma mera formalidade ou uma corrida épica, digna de um título mundial.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

GP DO MÉXICO - Programação

O Grande Prêmio do México foi disputado entre 1962 e 1992, com exceção de 1971 à 1985, participou do campeonato da Fórmula 1. Em 2015, o circuito voltou a fazer parte do calendário do mundial da categoria.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:16.788 (Williams, 1992)
Pole Position: Nigel Mansell - 1:16.346 (Williams, 1992)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Nigel Mansell (1987 e 1992), Alain Prost (1988 e 1990) e Jim Clark (1963 e 1967) - 2x


TOTO PRATICAMENTE DESCARTA WEHRLEIN NA F1 ANO QUE VEM

Foto: This Is F1

Agente da carreira do alemão, o chefão da Mercedes disse que a Williams é a única alternativa de Pascal para correr na F1 ano que vem. Isso porque a Sauber voltou a ser uma equipe B da Ferrari e irá com Charles Leclerc (piloto da escuderia e recém campeão da F2) e Marcus Ericsson, o sueco que manda em tudo (digo, seus patrocinadores).

Em entrevista para o jornal alemão Auto Motor und Sport, Toto disse que a alternativa Grove não é muito viável, apesar de Paddy Lowe, chefe da Williams, declarar que Pascal é um dos candidatos a ser piloto da equipe ano que vem, juntamente com Felipe Massa, Robert Kubica e Paul di Resta.
Wolff reconheceu que a influência da Mercedes na decisão não é determinante. “Não podemos fazer mais do que já estamos fazendo De qualquer forma, chega a hora em que um piloto precisa caminhar com suas próprias pernas.”

Apesar de a Martini exigir um piloto com mais de 25 anos como titular da equipe (Stroll tem 19 e Wehrlein 23), a Williams afirma que isso não é um impeditivo para a contratação do piloto pertencente a academia da Mercedes.

Wehrlein me parece injustiçado. Para ter uma avaliação melhor, seria necessário lhe entregar um equipamento menor. Correr com as piores equipes do grid por dois anos seguidos (Manor e Sauber) não é o ideal, apesar de o alemão ter conseguido a proeza de pontuar com as ambas as equipes.
Com a reaproximação surpresa de Sauber e Ferrari e a manutenção de outras vagas, é uma tremenda sacanagem Wehrlein ficar fora no ano que vem. Qual seria sua alternativa: outra categoria ou ser piloto reserva de alguma equipe? Enfim, quem disse que a vida (e a F1) é justa?

ALONSO IRÁ CORRER 24 HORAS DE DAYTONA

Foto: Motorsport
O bi-campeão mundial irá correr pela United Autosports, que pertence a Zak Brown, diretor executivo da McLaren. A ideia é a prova de Daytona servir como preparação para Alonso disputar as 24 Horas de Le Mans. O espanhol deseja conquistar as três principais provas do automobilismo: Gp de Mônaco (onde já venceu por duas oportunidades), a Indy 500 (disputou esse ano, abandonando no final com um problema no motor) e as 24 Horas de Le Mans.

O cronograma de Alonso já está traçado. Ele irá testar o carro pela primeira vez na Europa na semana seguinte ao GP de Abu Dhabi. No entanto, um de seus parceiros na empreitada de Le Mans, o campeão da F3 Europeia e protegido da McLaren Lando Norris irá realizar um teste em Paul Ricard no dia 7 de novembro. Alonso ainda não tem contrato para participar de Le Mans no ano que vem. Entretanto, a United Autosports é da classe LMP2, enquanto a principal é a LMP1, que já teve as saídas da Audi e da Porsche (ano passado e no fim desse ano, respectivamente). Portanto, a Toyota seria a única grande marca confirmada, mas que ainda não anunciou seus planos.

A United Autosports deve alinhar dois carros em Daytona. Um deles terá Alonso, Lando Norris e Phil Hanson, enquanto o outro terá a presença de Paul di Resta e Will Owen.

Mais uma vez o espanhol será o grande chamativo de uma das provas icônicas de Endurance. Disputada em janeiro, sentiríamos o ano no esporte a motor começar de forma antecipada, isso se a notícia for confirmada para nós, fãs de F1. Se o burburinho na Indy foi enorme, imagina em Le Mans? 

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 331 pontos
2 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 265 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 244 pontos
4 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 192 pontos
5 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 163 pontos
6 - Max Verstappen (Red Bull) - 123 pontos
7 - Sérgio Pérez (Force India) - 86 pontos
8 - Esteban Ocon (Force India) - 73 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (Renault) - 54 pontos
10- Felipe Massa (Williams) - 36 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 34 pontos
12- Lance Stroll (Williams) - 32 pontos
13- Romain Grosjean (Haas) - 28 pontos
14- Kevin Magnussen (Haas) - 15 pontos
15- Stoffel Vandoorne (McLaren) - 13 pontos
16- Fernando Alonso (McLaren) - 10 pontos
17- Jolyon Palmer (Renault) - 8 pontos
18- Pascal Wehrlein (Sauber) - 5 pontos
19- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 5 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 575 pontos
2 - Ferrari - 428 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 315 pontos
4 - Force India Mercedes - 159 pontos
5 - Williams Mercedes - 68 pontos
6 - Toro Rosso Renault - 53 pontos
7 - Renault - 48 pontos
8 - Haas Ferrari - 43 pontos
9 - McLaren Honda - 23 pontos
10- Sauber Ferrari - 5 pontos

TRANSMISSÃO





quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A HIPOCRISIA DA F1

Foto: Reprodução
A ultrapassagem de Verstappen em cima de Raikkonen ainda segue dando o que falar. Nico Rosberg, Mario Andretti e até o próprio Kimi discordaram da punição. Lewis Hamilton foi a favor. Afinal, a punição para Max foi justa?

O fato é que nada vai mudar. Entretanto, durante todo o fim de semana os carros aproveitaram as largas áreas de escape para cortar caminho, seja durante as voltas rápidas dos treinos ou até na defesa das posições nas corridas.

Os comissários aplicaram a regra. A culpa não é deles, e sim da regra. O critério foi definido durante o briefing dos pilotos? Por que nenhum piloto teve o tempo de volta anulado ou foi punido ao se beneficiar do uso das áreas de escape? Repito: faltou critério.

Uma solução bem simples e eficaz: acabar com essa palhaçada de áreas de escape asfaltadas. Coloquem grama e brita de volta, como sempre foi, que nenhum piloto irá se aproveitar da situação para fazer uma ultrapassagem supostamente ilegal.


CART, 1996: Na última volta, Alex Zanardi ultrapassa Bryan Herta em Laguna Seca e vence. Se fosse nos dias atuais, não valeria. Esse é o ponto da hipocrisia da Fórmula 1: ao mesmo tempo em que a Liberty Media busca desesperadamente formas da categoria ter mais apelo nas redes sociais e entre os jovens através de ações como a da última corrida, a FIA parece estar na contra-mão disso, punindo o piloto que pensa diferente da caixa e executava um movimento "ousado".


França, 1979: René Arnoux vs Gilles Villeneuve. Uma das maiores disputas roda a roda da história da categoria certamente resultaria em punição hoje em dia.


Massa e Kubica no Japão, em 2007: disputa que nunca mais acontecerá (primeiro, não teria corrida com essa chuva e segundo, seriam punidos).


Conclusão: Voltem com as gramas e a caixa de brita no lugar dessas áreas de escape e parem de punir a ousadia dos pilotos!

Até!

terça-feira, 24 de outubro de 2017

SALADA TORO ROSSO

Foto: Stuff
Mais perdida que a Seleção Brasileira nos 7 a 1, a Toro Rosso já anunciou sua dupla de pilotos que irá disputar o GP do México. Contrariando as expectativas, o neozelandês Brendon Hartley segue como titular da equipe, com o retorno do francês Pierre Gasly. O #10 não foi liberado pela Honda para competir na semana passada em virtude da disputa da última corrida da Super Fórmula, no Japão. Entretanto, a formação de um tufão cancelou a prova, que não será disputada. Sendo assim, Gasly foi vice-campeão, não correu e perdeu um fim de semana de F1 à toa.

Além de Hartley ser oriundo da academia de pilotos da Red Bull em um passado distante, os engenheiros teriam ficado impressionados com os stints do campeão das 24 Horas de Le Mans desse ano. Mesmo poupando combustível, era mais veloz que o experiente Daniil Kvyat. O fato de Hartley também ter disputado pela Porsche provas de Endurance no México e no Brasil também foi levado em conta. Isso significa que, talvez, Hartley seja o favorito a formar uma dupla com o francês para a próxima temporada.

Foto: Red Bull/Getty
A Toro Rosso dar de ombros para a disputa de construtores desse ano ao colocar um novato na F1 e outro piloto que estava afastado dos monopostos desde 2011. O objetivo parece deixar os futuros titulares de 2018 pegarem o ritmo da F1 nessas três corridas finais. Parece muito improvável que outro piloto seja testado ou que Kvyat retorne pela quarta vez para a equipe de Faenza.

O mais triste para o russo é que dessa vez ele foi dispensado após marcar um ponto, chegando em décimo no domingo. O russo teria declarado que buscaria ser protagonista em outra categoria ao invés de apenas ser um coadjuvante brigando por pontos. Bom, nesse caso, nem isso ele estava sendo capaz de fazer. Com apenas cinco pontos no ano, o russo consegue a proeza de terminar atrás de Pascal Wehrlein no campeonato com um carro muito superior (Pascal supera Kvyat por ter conseguido o oitavo lugar na Espanha, o melhor resultado na temporada, enquanto que o #26 foi apenas nono duas vezes e décimo uma).

Em um ambiente tão competitivo e que pressiona os pilotos desde o início de suas vidas no kart, esquecemos de ver o lado mental dos pilotos. Como não sou especialista, estou apenas chutando: será que a primeira demissão de Kvyat foi preponderante para a sua queda de desempenho? Os resultados mostram que sim. Até simpatizava com o russo. É inacreditável pensar que dois anos atrás ele estava superando Daniel Ricciardo no campeonato (apesar dos inúmeros azares do australiano em 2015).

A Toro Rosso aposta em dois pilotos inexperientes na F1 e em um motor que é o pior do grid. O futuro da equipe júnior da Red Bull é uma grande incógnita.

Até!

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O PRIMEIRO TÍTULO VEIO

Foto: Getty Images
Sem muitos sustos, Lewis Hamilton venceu pela sexta vez o GP dos Estados Unidos (agora, ele é o maior vencedor da história do GP) e precisa apenas de um quinto lugar na semana que vem, no México, para sagrar-se tetracampeão mundial. A festa está pronta para ser feita. Como já dito anteriormente, uma pena que o campeonato tão legal acabe tão cedo.

Vettel fez o que pode. Largou melhor e assumiu a ponta, mas foi ultrapassado na sexta volta. Teve que fazer uma segunda parada para garantir o segundo lugar. Se a Ferrari não tem forças para competir nos treinos, na corrida o assunto é outro. São combativos, mas claramente a Mercedes evoluiu durante a temporada nesse quesito. Quem também encostou foi a Red Bull.

O azar de Verstappen se transferiu para Ricciardo. Abandonou logo no início com vazamento de óleo. Coube somente para Max o papel de brilhar em Austin. Largando em 16°, em virtude de uma série de punições dele e de outros pilotos, o holandês ultrapassou rapidamente a todos e se viu na disputa pelo pódio. Max deixou para trás uma Ferrari e uma Mercedes. Imagina se a Renault fizesse um motor um pouquinho melhor...
Foto: Reprodução
Aí vem a polêmica: o piloto do dia passou Raikkonen nas últimas curvas e garantiu a terceira posição. Pilotagem premiada com uma manobra sensacional! É, mas a FIA não pensou dessa forma. No entendimento dos comissários, Max cortou caminho na curva e ganhou vantagem no momento da ultrapassagem. Com isso, ele foi punido com o acréscimo de cinco segundos e perdeu o lugar no pódio para Kimi Raikkonen, visivelmente constrangido (e nem aí, como sempre) em substituí-lo no "cantinho dos três primeiros".

De óculos escuros no pódio. Foto: Getty Images

Pretendo me alongar mais sobre o assunto no post de amanhã, então vou tentar ser claro: durante todo o fim de semana os pilotos utilizaram as áreas de escape para ganhar vantagem, seja nos treinos ou para ganhar e defender as posições na corrida e ninguém foi punido. Max utilizou essa brecha e executou uma manobra primorosa. Entretanto, foi o único punido. Injusto, ao meu ver. Desde sexta-feira as coisas deveriam ser claras, oito ou oitenta: ou pode tudo ou não pode nada. Falta critério para a FIA. Se a Liberty faz de tudo para tornar a F1 um produto atrativo, a FIA faz tudo ao contrário, limitando os pilotos em meros bundões robotizados. Roubaram um pódio de Verstappen. Lembrei que o Raikkonen devolveu o troféu de vencedor pro Fisichella na corrida seguinte em 2003. Seria legal que fizesse o mesmo ato. Claro que são contextos completamente diferentes e o finlandês não tem nada a ver com isso. Apenas lembrei do momento.

Bottas vive um momento preocupante. Depois de uma primeira metade de temporada surpreendentemente boa, o #77 voltou das férias muito mal. Era para ter largado na primeira fila. Na corrida, foi apático e ultrapassado de todas as formas. O passão de Vettel foi constrangedor. Sinal amarelo para ele, que renovou somente por uma temporada. Com uma indefinição para as temporadas seguintes, a batata de Bottas pode estar começando a assar em uma briga para se manter nas flechas de prata, tetracampeões de construtores, para 2019.

Carlos Sainz teve uma grande estreia pela Renault. Foi combativo, brigou até o fim e fez boas ultrapassagens para marcar os primeiros pontos pelos franceses, ajudando a equipe nessa reta final de campeonato para conquistar mais dinheiro da premiação para o desenvolvimento do carro no ano que vem. Hulkenberg abandonou logo no início com problemas no carro, que estava com componentes novos visando 2018. Não deu certo. Logo na primeira corrida, Sainz já superou Hulk, que volta a ter um companheiro de equipe qualificado. Essa disputa será muito boa. De quebra, em uma corrida Sainz igualou Palmer. Isso diz tudo.

Foto: F1 Fanatic
A Force India terminou nos pontos de novo. Dessa vez, Ocon foi superior a Pérez. Quem voltou ao top 10 foi Felipe Massa. Com uma boa estratégia de andar mais da metade da corrida com os pneus supermacios, o brasileiro poderia ter voltado com os pneus macios para o segundo stint ao invés dos ultramacios. O #19 chegou em nono, mas poderia ter sido oitavo: não teve pneus para brigar com o mexicano. Enfim, um bom resultado de Massa, que espera pela segunda aposentadoria ou mais uma temporada pela equipe de Glove. É preocupante ver que ele mais uma vez foi muito superior a Stroll mas a pontuação não diz isso. Kvyat voltou e marcou um pontinho pela Toro Rosso, o quinto no ano. Se o russo mantiver exibições como as de hoje, é bem possível que permaneça ano que vem na grande salada que virou a Toro Rosso. Brendon Hartley teve dificuldades previsíveis e foi o 13°.

Alonso mais uma vez teve um motor Honda no seu caminho que o impediu de pontuar. Calma, Fênix: agora, faltam só três provas para seu martírio terminar!

Sensacional o ritual pré-corrida tipicamente americano, com a introdução dos pilotos feitos por Michael Buffer e a presença de várias celebridades, inclusive o agora ex-atleta Usain Bolt, que deu a bandeirada na hora da volta de apresentação e foi o entrevistador no pódio. Que a F1 trate mais suas corridas, principalmente as decisivas, tradicionais e de maior mercado como um verdadeiro show, mas sem esquecer suas raízes europeias e esportivas.

Foto: Getty Images

Confira a classificação final do GP dos Estados Unidos:


A F1 volta já na semana que vem, no Grande Prêmio do México, nos dias 27, 28 e 29 de outubro. Até lá!