Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
Épico, histórico, emocionante! Helio Castroneves hoje aumentou sua história na Indy e no automobilismo e venceu pela quarta vez no Brickyard.
Uma disputa emocionante, vencida quando passou na penúltima volta o espanhol Alex Palou. Helinho teve sorte. O vácuo permitia ao espanhol sempre ultrapassá-lo no final da reta principal. No entanto, na última volta, uma série de retardatários impediu que Palou pudesse fazer uma última tentativa.
Hélio chega no mesmo número de conquistas de lendas do automobilismo americano como A.J. Foyt, Rick Mears e Al Unser Sr, com quatro vitórias. Hélio superou Dario Franchitti e agora é o estrangeiro com mais conquistas em Indianápolis. Um feito por si só notável, mais ainda que hoje o brasileiro venceu na estreia pela pequena Meyer Shank, depois de duas décadas na Penske.
Depois de Palou, outro jovem que fala espanhol, o mexicano Pato O'Ward, ficou em terceiro. Tony Kanaan teve a corrida comprometida logo na primeira parada quando foi prejudicado pelo acidente de Stefan Wilson nos boxes. Pietro Fittipaldi, apostando em uma bandeira amarela que não veio no fim, foi o 25°.
Quem também apostou na amarela para surpreender foram Felix Rosenqvist e Takuma Sato, que tentava o tri, mas pararam nas voltas finais.
Hélio comemorou na grade no tradicional estilo Homem Aranha, dedicou a vitória a mãe que está com Covid e lembrou de Tom Brady para dizer que os "velhos" ainda têm valor: a quarta vitória vem aos 46 anos.
Agora, Castroneves é responsável por metade das vitórias brasileiras na Indy 500. A última vez tinha sido com Tony Kanaan, em 2013, naquela que foi a última corrida com a narração de Luciano Do Valle. Hoje, na TV Cultura, o grande Geferson Kern teve a honra de nos narrar esse grande momento.
Beijem o quarto anel do Helio e agradeçam por ver a história ser feita.
McLAREN (2015-2018):
RETORNO IMPROVÁVEL E MAIS DECEPÇÕES
Foto: MotorSport
Logo no segundo dia de pré-temporada, na Catalunha, a Honda
já apresentava problemas graves no motor. A equipe mal corria. Pra piorar,
Alonso sofreu um acidente até hoje MISTERIOSO (reportado na época ao clicarnesse link). O MP4-30, sofrendo com problemas no MGU-K, teria sofrido uma
descarga elétrica que foi em toda em direção ao espanhol, que desmaiou e
precisou ser atendido no hospital por algumas semanas.
Foto: Reprodução/Twitter
Depois de ficar consciente, alguns tablóides
sensacionalistas chegaram a publicar uma história onde Alonso teria perdido a
memória e que acreditava ainda estar em 1995, quando era piloto de kart. Alonso
ficou fora da abertura da temporada,na
Austrália, reestreando pela McLaren justamente no palco onde venceu com a
equipe inglesa pela primeira vez, na Malásia. Lá, ele negou esses boatos e as
classificou como “história divertida”. O espanhol disse que nunca perdeu a
consciência e que apagou em virtude do efeito colateral de um remédio que tomou
antes de ser transferido para o hospital, afirmando que se lembra de tudo que
aconteceu antes e depois do acidente.
Enquanto Vettel estreava no pódio com a Ferrari e a McLaren
fechava o grid, Alonso afirmou que pódios não são mais importantes e que
preferia correr riscos para ganhar e ser campeão. Com vários problemas na
McLaren, Alonso nem completou a prova e viu o rival alemão vencer pela primeira
vez com a Ferrari. O espanhol se defendeu dizendo que seria difícil apostar que
a Ferrari faria uma temporada tão boa depois de um 2014 tão ruim e que só
consideraria um erro sair da equipe se os italianos forem campeões. Distante
dos pontos e levando volta de todo mundo, Alonso apenas disse estar feliz em
completar a corrida e entender melhor o carro.
Na primeira volta da corrida da Áustria, se envolveu em um
acidente com o ex-companheiro Kimi Raikkonen e chegou a ficar com o carro em
cima da Ferrari do finlandês. Não houve feridos e foi apenas um acidente de
corrida provocando com Raikkonen girando na frente de Alonso por ter rodado. Em
Silverstone, marcou o primeiro ponto da temporada.
Na Hungria, o melhor momento
da temporada: foi o quinto, enquanto Button foi o nono. Foi a única vez na
temporada que os dois marcaram pontos e a última na qual a McLaren chegou no
top 10. No Japão, irritado com a falta de potência do motor Honda, chamou no
rádio o motor dos japoneses de “GP2”, na corrida de casa, tornando-se um
símbolo do que foi essa segunda parceria entre McLaren e Honda.
Em 2016, os problemas seguiam e a parceria com a Honda já
começava a ser fortemente questionada e criticada. Na Austrália, Alonso se
envolveu em um acidente violentíssimo com Esteban Gutiérrezna curva, capotando e batendo forte na
barreira de pneus. Com lesão no pulmão e fratura nas costelas, ficou de fora da
corrida do Bahrein. O retorno foi na China, onde chegou em 12°. Na Rússia,
Alonso marcou ótimos oito pontos com um grande sexto lugar e, duas corridas
depois, chegou em quinto em Mônaco.
Com a Honda cheia de problemas, abandonos e
troca de peças/motores, Alonso era frequentemente penalizado, ou largando dos
boxes ou em último. Na Bélgica, beneficiados pela bandeira vermelha causada
pelo forte acidente de Kevin Magnussen, Alonso conseguiu um grande sétimo
lugar. Na Malásia, também largando em último lugar por diversas punições, de
novo chegou em sétimo.
Marcando mais pontos, a expectativa era que a McLaren
seguisse evoluindo mais, mas não foi o aconteceu, como vocês puderam perceber
por aqui.
Com um “bom chassi” mas atrapalhado pelo fraco e inconfiável motor
Honda. Diante da falta de competitividade, Alonso resolveu apostar no sonho de
conquistar a “Tríplice Coroa do automobilismo” e decidiu correr nas 500 milhas
de Indianápolis, se ausentando de Mônaco, que aconteceria no mesmo dia. A
vitória não veio mas Alonso liderou algumas voltas e abandonou, novamente com o
motor nipônico o deixando na mão.
Depois de críticas públicas de Alonso e da equipe aos
motores da Honda, a McLaren anunciou o fim da união e assinou com a Renault
para a temporada de 2018. Com um bom chassi e um motor mais potente e
confiável, seria a última cartada do espanhol em guiar um carro competitivo na
carreira.
A decisão parecia acertada. Logo na Austrália, Alonso chegou
em quinto e no rádio dizia que “agora nós podemos lutar”. No entanto, no
Bahrein, Alonso chegou em sétimo e levando volta das três principais equipes,
apesar de ser o melhor do resto. Na largada de Baku, o espanhol foi atingido
por dois carros nas curvas 2 e 3, furando os dois pneus da direita. Se
arrastando na pista com extrema dificuldade, Alonso teve técnica para conseguir
levar seu carro para os boxes. Beneficiado por uma corrida caótica repleta de
acidentes e Safety Car, Alonso conseguiu ser o sétimo mesmo com o carro
avariado. Depois, disse que essa foi uma das “melhores corridas da minha vida”.
Na Espanha, com um novo motor, finalmente Alonso conseguiu chegar no Q3,
largando em oitavo e terminando na mesma posição. Com muitas especulações sobre
o futuro, em agosto o bicampeão anunciou a saída da F1 no final da temporada.
Desde então, foram especulados diversos possíveis caminhos para Alonso no ano
que vem.
O que é certo é que o espanhol vai terminar a temporada no
Mundial de WEC até junho, com a disputa das 24 Horas de Le Mans e vai buscar o
bicampeonato da prova. Semanas atrás, foi confirmado que ele vai disputar
novamente as 500 Milhas de Indianápolis em uma parceria com a McLaren. Ao
contrário do que parecia tendência, Alonso não deve participar de toda a
temporada da categoria americana.
NÚMEROS FINAIS DA
CARREIRA DE FERNANDO ALONSO:
Corridas: 314
Títulos: 2 (2005 e
2006)
Vitórias: 32
Pódios: 97
Pole Positions: 22
Voltas mais rápidas:
23
Pontos na carreira:
1.899
Primeira pontuação: Austrália
2003 (7° lugar)
Primeira pole: Malásia
2003
Primeiro pódio:
Malásia 2003
Primeira vitória:
Hungria 2003
Última pole: Alemanha
2012
Última vitória:
Espanha 2013
Último pódio: Hungria
2014
Última pontuação:
Cingapura 2018 (7° lugar)
E essa foi a carreira e os números de Fernando Alonso Díaz, um
dos maiores e melhores de todos os tempos na categoria. Que seja feliz em
outras competições e em sua vida e “até logo”, quem sabe? Já estou com
saudades. Obrigado, Fênix!
Na sequência, a análise final da temporada e algumas
outras coisas especiais.
Fim de semana com as duas provas mais importantes do
automobilismo, no mesmo dia e apenas separadas por algumas horas. Mesmo que
sejam de estilos e abordagens diferentes, é impossível não colocar Mônaco e
Indianápolis no mesmo pote e tirar como conclusão qual das duas é a melhor.
Mônaco: o charme, o príncipe Albert, as celebridades, andar
nas ruas de Monte Carlo, tão estreitas e desafiadoras para um carro tão largo
como o de um F1. “Andar de bicicleta na sala”, diz Nelson Piquet. Sinceramente,
não sei o quem interessa isso, só os ricaços que ficam em suas hiates curtindo
a vida adoidada que possuem. De resto, o que vale para nós todo esse glamour
assistindo pela TV de manhã, com sono e remela no olho?
Praticamente todos os pilotos foram unânimes em descascar a
corrida de ontem. "Extremamente chata. Quer dizer, essa provavelmente é a
corrida mais chata da F1. Sem um safety-car, uma bandeira amarela... O esporte
precisa pensar um pouco sobre o espetáculo, porque é bem decepcionante",
foi o que disse Fernando Alonso. Lewis Hamilton: "A mais chata de todas.
Foram as 78 voltas mais longas de todas, não foi uma corrida. Não teve qualquer
emoção. Não houve nenhuma ação. Quando a prova acabou, apenas agradeci."
Tirando casos exceepcionais (chuva e acidentes diversos),
Mônaco é sim diferente. Aproveitando o clima de cassino, qualquer coisa pode
acontecer, mas isso tem sido cada vez mais raro. Qual foi a última vitória
realmente surpreendente? A do Trulli em 2004, talvez? A culpa não é só do
circuito. A F1 tem sua parcela de responsabilidade. Ela não se ajuda. Com
regras complicadas e carros que são naturalmente difíceis de acompanhar por
perto em circuitos, não é difícil entender que em um circuito de rua isso será
ainda mais impossível de ser feito.
Vitória de Trulli foi a última "surpresa" de Mônaco, em 2004. Foto: Getty Images
“É preciso ter ultrapassagens”. Claro. Apenas não concordo
com as ultrapassagens artificiais, aquelas com o DRS. Uma corrida não se torna
boa só porque teve 3242 trocas de posição onde basta um botão e deixar o carro
da frente sem defesa. A disputa também pertence ao espetáculo. Alonso e
Schumacher em 2006 que o digam. A aerodinâmica precisa ser repensada, mas não
pode ser no 8 ou no 80. É preciso ter disputa, com chances de atacar e se
defender de uma posição, não uma procissão ou uma artificialidade. Mônaco e
toda a F1, hoje, não tem nenhuma das duas coisas. Para valorizar o espetáculo,
é necessário criar condições para isso. A Liberty já entendeu o recado. Agora é
ver o que eles estão tramando para o ano que vem e as novas regras de 2021.
Na Indy, o novo kit foi traiçoeiro. Carros mais lentos e
muitas escapadas de traseiras fizeram vítimas experientes. Também não foi uma
corrida repleta de ultrapassagens, exceto nas relargadas e o show de Alexander
Rossi, que largou lá atrás. A Indy é uma prova muito mais democrática. Ela
respeita a tradição do Bump Day e sempre dá a oportunidade para algum underdog
fazer história. Ontem, por exemplo, se a amarela se mantivesse por mais algumas
voltas, Oriol Servià ou Stefan Wilson (irmão do Justin) poderiam ter quebrado a
banca. Não foi possível. Takuma Sato foi o vencedor do ano passado. Alexander
Rossi, recém saído da F1, teve uma vitória caída do céu.
O fato é que, nesse final de semana, as duas corridas
deixaram a desejar. Por tudo o que representam, o público merecia algo melhor.
Evidente que nem sempre é possível fazer a corrida dos sonhos. A Indy se
aproxima mais disso com vencedores diferentes, muitas surpresas e histórias de
vida. O caso da F1 é muito mais preocupante. Apesar do equilíbrio das três
equipes em termos de números (duas vitórias para cada), as corridas dependem
basicamente do imponderável, e não é sempre que ele acontece. E quando não se
concretiza, as corridas não passam de uma procissão por Mônaco.
Rossi foi um dos poucos ousados a fazer grandes ultrapassagens ontem. Foto: Autoweek
Dois anos da decepção, a redenção. Finalmente Daniel Ricciardo venceu no Principado. Pela primeira vez na carreira a vitória veio largando da pole, o que quebra uma "tradição" de vitórias em atuações espetaculares, repletas de ultrapassagens, ousadia e reviravoltas. Bom, se considerarmos que o motor de sua Red Bull perdeu 160 cv devido a um problema e fez com que o australiano usasse apenas seis marchas durante mais da metade da corrida, pode-se considerar que foi uma vitória épica. Depende da boa vontade de quem julga. Segurar o pelotão com um carro 20 km/h mais lento na reta em Mônaco é ou não é um feito louvável? Eu acho. Uma bela vitória da Red Bull em sua corrida número 250, que teve de David Coulthard de Super Homem até o Shoey de Ricciardo no pódio de Monte Carlo.
O parágrafo está bem longo. É muito difícil escrever mais do que isso. Todos sabemos o que Mônaco representa no glamour e na parte esportiva. Bem, hoje não teve esporte. Foi um passeio, corroborado pelos próprios pilotos. O problema é da pista ou da aerodinâmica? Ou os dois? Na F2, há ultrapassagens. Hoje, apenas Max, que fez outra bobagem e saiu em último, ousou porque é de sua índole e porque nada podia piorar. Agora, tem metade dos pontos de seu companheiro e 2 x 0 em vitórias na temporada. Situação difícil.
Os carros da F1 não ajudam a ultrapassar. Ficar muito atrás gera turbulência. Soma-se isso a um circuito de rua e boom... confesso que dormi 16 voltas. O resto do grid ficou quase igual. Vettel, Hamilton (que estranhamente parou cedo e queria parar de novo; ia cometer uma bobagem tremenda e perder muitas posições), Raikkonen e Bottas completaram o passeio urbano.
Foto: Getty Images
Depois de Ricciardo, o piloto do dia foi Ocon. A primeira boa corrida do ano. Um ótimo sexto lugar para a Force India que cresceu nas últimas semanas. Outro que foi bem foi Pierre Gasly, marcando mais pontos para a Toro Rosso em sétimo. O motor nipônico é frágil, então aproveitar um circuito de rua e um carro com razoável aerodinâmica torna-se quase obrigação para quem deseja ganhar alguns euros a mais nos construtores. Hulkenberg, Verstappen e Sainz completaram o top 10.
Alonso teve um problema no câmbio e passou zerado pela primeira vez no ano. Agora, só os líderes que foram os únicos a serem presença constante nos pontos (a vantagem de Hamilton para Vettel caiu para 14 pontos). Correndo em casa, Leclerc perdeu o controle do carro e bateu em Hartley na saída do túnel. Depois, foi comprovado que havia um problema no freio de sua Sauber. Faz parte do aprendizado do jovem prodígio. Como escrito antes: muita calma nessa hora. Ademais, o mesmo de sempre: Grosjean e Williams agonizando no fim do grid.
Foto: AOL
O domingo foi dos australianos. A Indy foi proporcionalmente decepcionante. Escreverei com maior afinco sobre isso amanhã. Para dar uma maior emoção e imprevisibilidade, Sato, o vencedor do ano passado, bateu em James Davison. A partir de então, a dinâmica seguiu com mais acidentes.
O novo kit da Indy também fracassou. Poucas ultrapassagens, o que é ruim, e muitos carros saindo de traseira, proporcionando dificuldades, sobretudo aos experientes. Danica Patrick se despediu batendo. Ed Jones (esse nem é tão experiente), Bourdais, Hélio Castroneves e Tony Kanaan se envolveram em batidas. Uma pena para o baiano, que vinha para brigar pela vitória, mas teve um pneu furado e mudou a estratégia. Helinho quer voltar no ano que vem. Muito bacana ver o carinho do público americano com ele.
Alexander Rossi largou em penúltimo e deixou um show. Ultrapassagens por fora, arriscadas. Mereceu mais vencer hoje do que em 2016. Mas não se trata de merecimento, é fazer tudo certo na hora certa e contar com a sorte e competência. Ed Carpenter tinha tudo para ganhar. Perdeu relargando mal. Oriol Servià e Stefan Wilson, irmão de Justin, quase protagonizaram zebras históricas. "Sobrou" para Will Power, com fama de não andar bem em ovais, vencer pela primeira vez a prova histórica, que teve Scott Dixon em terceiro. O gaúcho Matheus Leist fez o que pode. Discreto com sua A.J. Foyt, foi o 13°. Uma corrida de sobrevivência. É o que vale, sendo um rookie em um ano tão desafiador com a mudança do kit.
Esse é o texto introdutório de algo mais amplo que tentarei escrever amanhã. Confira a classificação final do GP de Mônaco e das 500 Milhas de Indianápolis:
Pela terceira vez, o enteado de Tony George e dono da própria equipe, Ed Carpenter vai largar na pole na 102a edição da Indy 500. Só mesmo Ed para frear o domínio da Penske, fazendo a pole com certa autoridade, muito mais rápido que o segundo colocado Simon Pagenaud. Seus parceiros de equipe largam logo atrás: Will Power em terceiro e Josef Newgarden, líder do campeonato, em quarto.
De volta a Indianápolis após o grave acidente que sofreu ano passado, Sebastien Bourdais consegue um inexplicável quinto lugar com a Dale Coyne. A equipe do pole esteve muito bem no Fast Nine. Spencer Pigot larga em sexto e Danica Patrick, em sua última corrida da carreira, é a sétima, apesar de estar sem pilotar um carro de monopostos desde 2011, quando saiu da Indy para entrar na Nascar. Mais rápido do Bump Day, Hélio Castroneves em apenas o oitavo. Scott Dixon, pole do ano passado e brigando com a Ganassi, completa a primeira parte do grid.
Por falar em Bump Day, a surpresa e decepção do fim de semana é a eliminação de James Hinchcliffe, um dos postulantes ao título. Com uma pitada de azar, foi o primeiro a entrar na pista depois da chuva no sábado. Além disso, enfrentou problemas de vibração no carro e abortou a última tentativa. A britânica Pippa Mann foi a outra eliminada do grid. Sempre é bom ressaltar que quem se classifica para a Indy 500 é a equipe, e não o piloto. Portanto, Hinchcliffe pode perfeitamente substituir Robert Wickens, parceiro da Schmidt Peterson por exemplo, apesar disso não ser o mais correto.
Hinchcliffe está fora da Indy 500. Foto: Autoweek
Quem também não foi nada bem foi Alexander Rossi. O vice-líder do campeonato e vencedor da corrida em 2016 vai largar em penúltimo. A dupla brasileira da A.J. Foyt merece elogios. Tony Kanaan e Matheus Leist foram os "melhores do resto" e largam em 10° e 11°, respectivamente. Vencedor do ano passado, Takuma Sato é o 16°.
Agora fica toda a expectativa para a corrida na semana que vem, que começa pontualmente às 13h19 e tem a transmissão da Band e do Band Sports.
Mais uma edição histórica das 500 Milhas de Indianápolis, o segundo principal evento esportivo do final de semana, só perdendo para a emocionante despedida de Francesco Totti da Roma (não menti!). Pela primeira vez na história um asiático venceu a Indy 500. Takuma Sato, tão criticado e vítima de piadas preconceituosas sobre os japoneses não serem bons pilotos, deu a volta por cima. Essa foi apenas sua segunda vitória na categoria. No fim, a justiça foi feita: o japonês esteve perto de vencer em 2012, quando tentou passar Franchitti na última volta e bateu.
Diante de uma corrida sempre caótica e aleatória, Sato se deu bem nas estratégias e foi agressivo quando necessário. Mais uma bela história na Indy 500, coroando a carreira de um piloto que, com certeza, é um dos maiores (senão o maior) do automobilismo japonês. Curiosidade: seu melhor resultado na F1 também foi em Indianapólis, quando foi o terceiro, em 2004.
O delírio da televisão japonesa, que comemorou bebendo leite!
Quando se trata de Indy 500, Helio Castroneves é um gigante. Largou lá atrás, mas com a estratégia correta e um pouco sorte o fez subir, aos poucos a classificação. Chegou a assumir a ponta nas voltas finais, mas foi ultrapassado por Sato e teve que se contentar com outro segundo lugar, adiando "La Quarta", que o igualaria com nomes como Al Unser, Rick Mears e A.J. Foyt no hall dos maiores vencedores das 500 Milhas. Além disso, o #3 sai fortalecido na briga pelo tíitulo, líder da tabela. Que Helinho não se desanime e nem tenha uma queda de rendimento. É forte candidato ao título!
O brasileiro teve sorte demais. Ele passou por baixo do carro de Scott Dixon enquanto este decolava de ponta-cabeça para o muro, danificando apenas a asa traseira. O pole-position ficou vendido e decolou após Jay Howard bater no muro e voltar na sua frente. O neozelandês nasceu de novo. Teve muita sorte. Um ângulo minimamente diferente poderia ter causado uma trégia incalculável. Ainda bem que tudo correu conforme o que os boletins médicos informaram. Dixon saiu até caminhando! Um milagre!
Foto: Getty Images
Alonso mostrou o porquê de tanta badalação ao seu redor durante essa experiência. Novato, com os auxílios de Gil de Ferran e Marco Andretti, o espanhol se manteve entre os dez primeiros durante toda a corrida e liderou durante 22 voltas. O bicampeão aprendeu que, nas primeiras 150 voltas, o pessoal não é tão combativo, mas nas 50 finais é que realmente começa a Indy 500 e as dificuldades aumentam.
Quando estava em sétimo, brigando com Sato e Kanaan, o motor Honda resolveu agir até no continente americano. Se antes já haviam tirado Hunter-Reay da disputa, Alonso não se livrou da zica e teve que abandonar, faltando cerca de 30 voltas. Fazia tempo que não se via o espanhol tão feliz, que prometeu retornar em breve para a disputa de uma (ou umas) edição (edições). Afinal, a missão não está completa. E até bebeu o leite dos vencedores. Alonso sai mais gigante dessa experiência do que quando entrou.
O mundo do automobilismo amanheceu incrédulo. A maioria acreditou que se tratava de um "primeiro de abril atrasado" mas não, é real. Fernando Alonso irá disputar as 500 Milhas de Indianapólis!
O acontecimento mais espetacular do esporte a motor nos últimos nasceu de uma piada feita por Zak Brown, americano que é o novo chefe da McLaren, na Austrália. A coisa foi ficando séria e... boom! Tudo foi esclarecido hoje. O grande sonho de Alonso é repetir o feito de Graham Hill, que foi campeão mundial, venceu em Mônaco, Le Mans e Indianapolis. A fênix possui os feitos da F1 e agora deseja se testar em outras categorias. O desejo vem a calhar em um momento onde até pontuar com a McLaren na F1 é quase impossível. A negociação foi facilitada pelos próprios japoneses, que fornecem motores para a Andretti na Indy.
Alonso correrá na Indy 500 (e somente nessa prova, por enquanto) pela equipe McLaren-Andretti-Honda. Woking não participava das 500 milhas há quase 40 anos (38, para ser mais exato). Por conta da administração Bernie Ecclestone de relação zero com categorias concorrentes, a Indy será disputada no mesmo final de semana do Grande Prêmio de Mônaco, que obviamente o espanhol bicampeão mundial abriu mão de participar. Especula-se que o recém-aposentado Button volte para disputar essa prova, afinal ainda tem contrato com a equipe como embaixador da marca. Bem que podiam trazer um Scott Dixon, Will Power ou até o Montoya de volta, não?
Foto: Reprodução
Em um passado distante, pilotos e equipes da F1 disputavam a prova de Indianapólis como uma corrida "amistosa", que não contava pontos para o campeonato. Os tempos passaram e isso, como vocês já sabem, não acontece mais. Pelo contrário, há uma rivalidade entre as categorias. Os detratores da F1 afirmam que a Indy é mais fácil, e baseiam-se com os títulos de Mansell e Fittipaldi depois de aposentados da F1, a vitória recente de Alexander Rossi nas 500 milhas (na F1, era apenas um piloto desconhecido da Manor) e principalmente a passagem desastrosa de Michael Andretti pela McLaren em 1992, onde não chegou sequer a terminar a temporada, sendo substituído por um tal Mika Hakkinen.
A escuderia já teve três vitórias em Indianapólis: 1972 (com Mark Donahue), 1974 e 1976 (ambas com Johnny Rutherford, da foto). Um dos acionistas da equipe, Mansour Ojjeh, afirmou que a McLaren estuda ter uma equipe na Indy nos próximos anos. A escuderia acompanha a categoria e nesse ano irá participar das 500 milhas. Indagado sobre Le Mans, ele disse que não tem planos imediatos. A McLaren também irá entrar na Fórmula E, em 2019.
Ou seja: o que pode parecer uma bela ação de marketing inocente pode acarretar em uma ação inicial estratégica que visa a expansão da McLaren a outras categorias do esporte a motor, ou ao menos algumas experimentações. Com isso, o time de Woking ao usar Alonso ganha notoriedade, visibilidade, mídia, marketing e fãs, que é o mais importante.
Isso também sinaliza uma mudança de postura na administração da F1. Com Bernie, era bélico: provas marcadas no dia de Le Mans e Indianapólis para não perder audiência. O mais estranho é que Bernie sempre foi obcecado pelo mercado americano, mas nunca fez com que os estadunidenses realmente gostassem da F1. Todos sabem que a preferência são a Indy e a Nascar. Com uma atitude dessas, abre-se a possibilidade de um "intercâmbio" de pilotos das mais diferentes categorias para a disputa de diferentes provas renomadas do automobilismo, fazendo com que os fãs conheçam e acompanham outras categorias, nem que seja apenas pelo piloto e por uma prova. Vai que alguém goste e se apaixone por algo até então desconhecido e desinteresse por conta de uma ação dessas? Imagine Vettel e Hamilton correndo em outros lugares ao menos uma vez, Valentino Rossi na F1, etc. Recentemente, tivemos Hulkenberg vencendo Le Mans e o multicampeão de Endurance André Lotterer na F1.
Alonso encontrará ex-colegas de F1 como Bourdais, Montoya, Sato, Max Chilton e Alexander Rossi. A adaptação para a Indy não é fácil. Para isso, o espanhol terá que participar de uma semana inteira de treinos que acontecem antes do fim de semana de classificação (entre 20 e 21 de maio), com seis horas por dia para conhecer as características do carro e pista. Na semana seguinte ao treino classificatório, antes da corrida em 28 de maio, os pilotos ainda tem mais dois dias de treinos disponíveis. É muito difícil que ele vença. Se conseguir tal feito, os haters da Indy podem ter mais um motivo pra encher o saco: "treinou algumas vezes e ganhou". O fato de nunca ter andado em um oval também pensa. No entanto, o objetivo é se testar e não bater. Se ficar no pelotão inicial na parte final da prova já será considerado um grande desempenho.
Com certeza absoluta a Indy 500 terá um aumento incrível de audiência esse ano. Alonso, Andretti, Honda e Indy tomaram a decisão mais acertada dos últimos tempos. Que isso sirva como combustível para que mais pilotos de outros lugares possam se testar em outras categorias. O automobilismo agradece!