Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
Leclerc, Russell, Piastri e Bortoleto. O que eles têm em comum? Todos venceram de forma consecutiva a F3 e a F2. Também sempre foram tratados como grandes promessas, hoje estabelecidas como protagonistas da F1.
É nesse grupo seleto que o brasileiro entrou após ser campeão em Abu Dhabi. A adaptação de uma categoria para a outra é sempre difícil e geralmente requer tempo. Geralmente. Para os especiais, o impacto é imediato.
O grande bicho-papão da base, Andrea Kimi Antonelli, foi “só” o sexto. Calma. O hype não esvaziou. Isso só mostra o feito de Gabriel, ainda mais com a Invicta. Consistência, agressividade, frieza e inteligência. Fernando Alonso não apostaria em alguém que não mostrasse essas credenciais.
Já vimos fenômenos da base não confirmando (sempre lembrarei de Vandoorne). Muitas vezes o título na categoria abaixo da F1 não quer dizer muita coisa. Muitos anos de experiência tornam uma certa obrigação conquistar o título, ainda mais quando os principais talentos já sobem para a categoria principal. Aí entram Pantano, Valsecchi, Palmer, Drugovich, De Vries...
Bortoleto conquistou o título com um grid de nomes promissores, tanto é que Bearman, Colapinto e Doohan estiveram/estarão na categoria. Hadjar e Paul Aron estão no radar.
De novo: Bortoleto simplesmente repetiu Leclerc, Russell e Piastri. A diferença é que o brasileiro parou na pior equipe do grid. Sorte, destino, oportunidades na hora certa e no momento certo...
É um problema isso? Talvez não. Vai depender se a Audi vai chegar bem a partir de 2026. Bem, aí sim tudo vai depender do contexto e de como o brasileiro vai se portar.
Agora, o momento é de celebração. Depois de oito anos, o Brasil volta a ter um piloto na F1. Dois títulos da F2 em três anos. E tem mais gente chegando por aí.. (Oi, Rafael Câmara!)
Portanto, deixo a pergunta para vocês: ao repetir o feito dos talentos atuais da F2, é possível afirmar que Gabriel Bortoleto também é geracional?
No último final de semana, Gabriel Bortoleto venceu a
primeira corrida na F2. O atual campeão da F3 veio cercado de expectativas para
essa temporada, onde muita coisa mudou. Os bólidos são novos. Tanto os mais
experientes quanto os “novatos” da categoria partiriam do zero.
Ainda assim, o brasileiro precisou se adaptar. Ainda está
nesse processo, na verdade. Apesar da categoria dar muitas possibilidades de
pontos, erros prejudicam bastante na briga pelo título. A degradação rápida dos
pneus impediu Bortoleto de resultados melhores, assim como problemas no carro e
dificuldades em algumas largadas, principalmente nas primeiras corridas.
Depois de “tirar uma tonelada das costas” ao vencer pela
primeira vez, Bortoleto, na ex-Virtuosi, é o terceiro colocado na tabela. Na
frente, somente Isack Hadjar e o regular Paul Aron. Com esse carro, o crescimento
no desempenho e o talento que possui, o brasileiro é certamente candidato ao título
da categoria, conquistada recentemente pelo Felipe Drugovich.
Vai ser uma disputa interessante. No entanto, fica a
pergunta, por mais paradoxal e até mesmo absurda que seja: é bom ser campeão da
F2 justamente agora?
A questão é simples: com a F1 cada vez mais nichada e difícil
para jovens pilotos, ser campeão não significa muita coisa ou uma chegada
imediata na categoria. Só lembrar que Drugovich não conseguiu e Piastri teve um
ano sabático até finalmente assinar com a McLaren após uma disputa judicial.
Bom, quais seriam as possibilidades de Bortoleto, então? Se
não for campeão nesta temporada, certamente ele vai continuar na F2. Mais
experiente e adaptado, será um candidato ainda mais forte a disputar a taça. No
entanto, é fundamental convencer as grandes equipes a partir daí. Do contrário,
o holofote não é mais o mesmo. Drugovich brilhou no terceiro ano de F2, mas não
foi o suficiente para seduzir uma vaga como titular.
Bortoleto hoje é da academia da McLaren. Bom e ruim. Estar
numa equipe grande ajuda, mas sabemos que é impossível neste momento ser
titular da F1. Norris e Piastri não vão sair. Surgiram até boatos que o
brasileiro pode ser enviado para a Indy em um futuro próximo. Bortoleto precisa
considerar essa possibilidade, mas como a última opção. Sabemos que a ida para
o automobilismo americano representa, na grande maioria dos casos, o fim do
sonho europeu.
Qual seria, então, a possível alternativa do brasileiro para
ingressar na F1, sobretudo a partir de 2026, com o novo regulamento em vigor?
Aí entram duas questões. Bortoleto é contratado pela A14, a
agência de talentos de um certo Fernando Alonso. Ou seja: é um excelente contato
e com penetração pela F1 e as equipes. É simplesmente o pupilo do piloto com
mais largadas na categoria, bicampeão e um dos melhores da história, pessoal.
Não é pouca coisa.
Outro detalhe importante que surgiu nos últimos dias e
reforçou o meu devaneio para escrever esse texto: o retorno de Flavio Briatore
para a Alpine. Os franceses, em crise, confirmam Gasly e podem anunciar Sainz
para a próxima temporada. Ok, ano que vem ou o próximo talvez seja muito difícil
para o brasileiro, mas pensem só: Alonso é empresariado por Briatore, que agora
está na Alpine/Renault. Apesar de ser um “consultor”, é um cara de muita influência
e certamente vai voltar a dar as cartas na antiga escuderia onde conquistou
quatro títulos.
Se a ligação Alonso-Briatore é forte e os franceses, que
podem largar a categoria (ou a Renault, no que dá no mesmo), precisarem de
jovens pilotos para o novo regulamento caso não consigam fechar com Sainz ou
outro piloto mais experiente, Bortoleto pode ser uma possibilidade, por que
não? Talento, contatos, influência e até mesmo dinheiro são fatores primordiais
para alcançar uma vaga na F1.
Obviamente que, se toda essa imaginação virar realidade e dar
certo assim, o brasileiro vai precisar se livrar da McLaren, o que não seria um
grande problema. Do contrário, caso as coisas não se encaixem, tem sempre uma
Fórmula Indy como sombra e alternativa para continuar no automobilismo.
Espero que tenham gostado de viajar nos meus devaneios.
Afinal, sonhar não custa nada.