Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
Uma Indy 500 como sempre é: repleta de estratégias e
reviravoltas. Não teve tantas trocas de liderança, mas Scott Dixon e Pato
O’Ward disputaram a maior parte do tempo a liderança. Dixon, pole pelo segundo
ano consecutivo, estava na frente em praticamente ¾ da corrida.
Justamente na última parada nos boxes, acelerou demais no
pit lane e foi punido, jogando fora todo o trabalho. A Chip Ganassi tinha o
favoritismo pelo que apresentou nos treinos, mas as McLarens de Pato e
Rosenqvist estiveram no páreo o tempo.
Largando em sexto, Tony Kanaan buscava a segunda conquista
do Brickyard. Foi avançando e conseguiu um terceiro lugar. Chegou perto. Hélio
Castroneves, que buscava ser o primeiro penta, tinha uma missão inglória.
Largando em 27°, conseguiu uma boa corrida de recuperação, mas faltava
velocidade para brigar lá em cima. Ainda assim, conseguiu ficar no top 10.
Com Dixon fora, tudo parecia encaminhado para o mexicano
O’Ward repetir a dose de Checo Pérez mais cedo e levar o país ao topo. Pelo
conjunto da obra, talvez fosse o que mais merecia levar o banho de leite. No
entanto, a vida não é sobre merecimento, e sim chegar até o final.
Na última parte da corrida, Ericsson, que ficou no bolo o
tempo todo, assumiu a liderança, em virtude de uma das amarelas. Sem parar,
tinha uma vantagem confortável até que Jimmie Johnson, o da Nascar, bateu
faltando duas vezes. Geralmente se encerraria com bandeira amarela, mas sabe-se
lá porque deram bandeira vermelha. Estava tudo desenhado para Pato O’Ward.
O que vimos nessas voltas finais foi uma defesa espetacular
de Ericsson, de cinema. Fechou a porta e rumou para uma improvável vitória na
Indy 500. Ele encerrou o jejum de 10 anos da Ganassi e foi o segundo sueco a
tomar banho de leite (o único até então havia sido Kenny Brack, em 1999).
Por não ser uma figura carismática ou ter uma grande
passagem na F1, ficou aquele anticlímax. Era melhor para todos que Pato tivesse
vencido, mas Ericsson teve seus méritos. Depois que saiu da F1, veio para Indy
e foi evoluindo aos poucos. Ano passado, teve as primeiras vitórias. Agora, a
consagração máxima. De quebra, assumiu a liderança do campeonato, com O’Ward na
cola.
Os pilotos podem evoluir e serem felizes em outros lugares.
Sempre é essa a lição que fica quando acompanhamos outras categorias. Nem todo
mundo vai ser Max Verstappen ou Lewis Hamilton. Se Ericsson não é o suprassumo
do automobilismo, ele mostrou méritos para estar na história de uma das
corridas mais tradicionais do esporte. É sobre isso.amHamHa
Para Pato O’Ward, fica a frustração de ter chegado perto. No
entanto, a grande recompensa pode chegar nos próximos meses. Com Ricciardo cada
vez mais fora da McLaren, o mexicano é um candidato natural a assumir essa
vaga, além de Colton Herta. Apesar de mexicano, seria do interesse da categoria
alguém com proximidade do mercado americano para reforçar a categoria, além das
três etapas inseridas no calendário.
Não foi das corridas mais emocionantes mas o final
compensou. Como mágica, vimos a história e o improvável acontecer. Pode até não
ser o que gostaríamos em termos estéticos e de narrativa, mas precisamos
respeitar e admirar. A Suécia de Ronnie Peterson tem um herói para chamar de
seu. Um novo tijolo em Indianápolis.
No atípico ano de 2020, as 500 Milhas de Indianápolis aconteceram sem público e no penúltimo domingo de agosto. Tudo muito diferente, além da primeira edição com o horroroso Aeroscreen. Com a perda aerodinâmica, foi uma prova de poucas emoções e baseada na estratégia e, claro, nas amarelas.
Muitos novatos foram ao muro. Na ponta, o motor Honda dominava as ações. Dixon liderou boa parte das 200 voltas, seguido de perto por Sato e Rossi, com O'Ward, Rahal e Sato colados. Em uma das trocas, Rossi bateu em outro carro nos boxes e foi punido. Ao tentar escalar o pelotão, encontrou o muro.
No último quarto da prova, na última rodada de pit stops, Sato parou antes de Dixon e, numa ultrapassagem por fora, começou a aumentar o ritmo. O neozelandês tentou atacar mas foi muito bem defendido pelo japonês. A corrida prometia um final eletrizante para essa disputa mas, faltando cinco voltas, Spencer Pigot, companheiro de Sato na RLL, bateu forte na quina do pitlane e, diante do estrago, não havia mais tempo para nada.
Segunda vitória do japonês no Brickward, conquistadas nas últimas quatro edições, a primeira da RLL desde 2004, quando Buddy Rice venceu. Apesar do gosto amargo de liderar a maior parte do tempo e mesmo assim não conseguir o segundo triunfo na Indy 500, Dixon aumentou a vantagem e se encaminha para o hexacampeonato na Indy. Graham Rahal foi o terceiro, seguido por Santino Ferrucci, com Newgarden em quinto (a primeira Chevrolet) e Pato O'Ward em sexto.
Foto: F1Mania
Uma das atrações, Alonso em nenhum momento flertou com a vitória, sequer com o primeiro pelotão. Largando em 26° com um carro muito ruim e um motor inferior ao da Honda (ah, a ironia do destino...), também teve problemas com a embreagem e levou uma volta do vencedor. Ao menos, dessa vez, o espanhol conseguiu largar e terminar a prova que ainda lhe resta para conquistar a Tríplice Coroa. Ao que tudo indica, esse sonho está adiado no mínimo até 2023, pois Alonso deixou claro que agora os próximos dois anos serão de foco total na Renault na F1. Valeu a tentativa e a experiência.
Os brasileiros Helio Castroneves e Tony Kanaan também disputaram a prova. No provável último ato com a Penske, Helinho foi o 19° e Tony, também em turnê de despedida, foi o 19°. Ficaram longe do primeiro pelotão, mas quem se importa? O problema é que, depois deles, não há mais nenhum brasileiro na categoria...
É louco pensar que se não fosse a afobação com Dario Franchitti em 2012, Sato agora teria 3 Indy 500 em casa, o mesmo número de Castroneves, por exemplo. Duas vitórias para o japonês que, aos 43 anos de idade, mostra que o auge pode sim ser mais tarde e em outras circunstâncias. Ele continuou dedicando o triunfo para o povo japonês e os acontecimentos do terremoto de quase uma década, em 2011.
Em um ano atípico, uma vitória normal. Uma pena que não houveram testemunhas oculares no Indianapolis Motor Speedway para saudar o Samurai Sato. Ele merece e muito.
Eaí pessoal, agora está na hora da parte final do Especial
Jordan. Por ser a última parte, é obviamente a mais triste, delicada e
dramática. Vamos lá!
2000: O INÍCIO DO FIM
Trulli na Jordan. Aos poucos, time foi perdendo competitividade. Foto: Getty Images
A temporada 2000 poderia ser a continuação da ascensão dos
amarelos, mas desde o início as coisas começaram a ficar estranhas. Com a
chegada da BAR e a parceria com a Honda, sobrou para a Jordan os motores Mugen
Honda de segunda qualidade. Hill foi substituído pelo italiano Jarno Trulli,
ex-Prost e Minardi.
Durante a temporada, vários engenheiros, técnicos e outros
membros do staff acabaram saindo da Jordan, fruto do início da crise financeira
da equipe. Na pista, as coisas estavam melhores do que parecia. Apesar de
Trulli fazer bons treinos, isso não se resultou em pódios. Com 17 pontos, a
Jordan volta para o 6°, o que esconde um pouco a fragilidade financeira do
time.
Em Mônaco, uma dupla lamentação: Trulli liderava até
abandonar com problema no câmbio; faltando oito voltas para o fim, Frentzen
bateu na Saint Devote quando era o segundo.
Para 2001, uma boa notícia: depois de muitas negociações, a
Jordan conseguiu um acordo para voltar a usar os motores Honda, que fornecia
para eles e a BAR. A rivalidade estava escancarada. A dupla de pilotos foi
mantida até a metade da temporada quando Frentzen, depois de uma série de
desentendimentos com Eddie, acabou demitido. O brasileiro Ricardo Zonta chegou
a correr na Alemanha, mas depois foi feita uma troca: Jean Alesi, nos momentos finais
da carreira, foi para a equipe, enquanto o alemão foi parar na Prost.
Enquanto isso, Trulli carregava a Jordan para o quinto lugar
nos construtores, com 19 pontos, a frente da BAR. Para tentar agradar os
japoneses, Jordan contratou Takuma Sato para a equipe na temporada 2002.
No entanto, a Jordan seguia perdendo dinheiro e
funcionários. Naquele ano, foi estampado o famoso tubarão no bico do carro com
os dizeres “Bitten Heroes”. Por outro
lado, foi o último da Benson & Hedges como patrocinadora principal do time.
"Bitten Heroes": a última temporada da icônica Benson & Hedges como patrocinadora principal da Jordan. Foto: Getty Images
Para 2002, Eddie Jordan passou a acumular funções em sua
própria equipe, cada vez mais endividada. Trulli para a recém-retornada Renault
e para seu lugar o compatriota Fisichella acabou retornando após sair da
Benetton (que havia virado a Renault). A DHL virou a patrocinadora principal,
mas a Benson & Hedges ainda aparecia em corridas eventuais, agora sem os
mascotes e sim “Be On Edge” (de Benson & Hedges).
Fisichella até fazia bons treinos, mas com menos grana a
Jordan não se mostrou competitiva. O máximo que pode fazer foram três quintos
lugares e um sexto. O inexperiente Sato pontuou apenas na última corrida, no
Japão, quando chegou em quinto para delírio da torcida local. Ainda assim, os
amarelos ficaram em sexto no campeonato e novamente superaram a BAR.
Sato na Jordan e o "Be On Edge" na traseira. Foto: Getty Images
2003: ÚLTIMA VITÓRIA
Fisichella sobreviveu a uma corrida caótica para vencer pela primeira vez - a última da Jordan. Cerimônia da vitória só foi realizada duas semanas depois, em Ímola. Foto: Getty Images
Sem dinheiro, o pesadelo aumentava para Eddie Jordan. Nessa
temporada, a Honda deixou a equipe para se concentrar nos esforços com a BAR.
Restou aos amarelos acertar com a Ford, que tinha mais de dois anos de atraso
em relação aos demais. Para fechar as contas, a equipe manteve Fisichella e
contratou o desconhecido Ralph Firman.
No entanto, ainda deu tempo para o “canto do cisne” de Eddie
Jordan e companhia. No caótico GP do Brasil que terminou depois dos acidentes
de Alonso e Webber, Fisichella estava na frente, com Kimi Raikkonen em segundo.
No entanto, devido a um erro da FIA, Kimi foi considerado vencedor e Fisichella
o segundo.
Fisichella e Jordan: última celebração da equipe não foi no pódio. Foto: Getty Images
A lambança só foi desfeita na corrida seguinte, em Ímola quando
Eddie e Fisichella receberam os troféus de vencedor de Ron Dennis e Raikkonen.
Aquela seria a quarta e última vitória da Jordan na F1 e a primeira de Fisico
na categoria, mas ambos não puderam comemorar no topo do pódio.
Foi a famosa corrida de exceção porque a Jordan terminou a
temporada fazendo mais três pontos e em nono nos construtores. Firman fez
apenas um pontinho na Espanha e ficou mais conhecido pelo forte acidente que
sofreu no treino livre do GP da Hungria, tendo sido substituído às pressas pelo
piloto local Zvolt Baumgartner.
Para piorar, Jordan processou a Vodafone, alegando que a
marca tinha feito um acordo verbal com a equipe antes de ir para a Ferrari. A
alegação não deu resultado e Eddie teve que pagar indenizações para a Vodafone.
Isso foi quase o tiro de misericórdia na organização.
A decadência da Jordan já estava escancarada. Sem dinheiro
para 2004, o carro mal tinha patrocinadores e a equipe teve que se virar.
Heidfeld e o pagante Giorgio Pantano foram os escolhidos.
O alemão até fazia o
que dava, mas o carro era muito ruim. Por atraso de pagamento, Pantano ficou
fora da corrida do Canadá e foi substituído pelo alemão Timo Glock, que chegou
em sétimo na estreia, apesar de que só foi possível chegar nessa posição porque
Williams e Toyota foram desclassificados. Na sequência, ele substituiu Pantano
até o fim do ano.
Como desgraça pouca é bobagem, a Ford anunciou que estava de
saída da F1 no fim do ano. Sem motor e sem dinheiro, a Jordan só conseguia
superar a Minardi. Com muito esforço, o time se manteve para 2005, mas o estado
era crítico.
2005: O FIM
Narain Karthikeyan: coube a ele fazer parte da "última dança" da Jordan. Foto: Getty Images
Sem motor e sem dinheiro. O que fazer? De última hora, a
Toyota assinou com a Jordan para fornecer motores, mas a situação era
irreversível. No início do ano, Eddie Jordan vendeu o grupo para a Midland por
U$$ 60 milhões.
No entanto, a Jordan ainda existiria para aquele ano, como
se fosse uma “turnê de despedida”. O aspecto de abandono estava visível na
dupla de pilotos: os desconhecidos Narain Karthikeyan e o português Tiago
Monteiro.
O que seria uma despedida melancólica acabou não sendo tão
ruim assim. Graças ao motim das equipes de pneu Michelin que não correram em
Indianápolis 2005, a famosa “corrida de seis carros”, isso permitiu a Jordan um
último pódio. Não importa se as circunstâncias eram constrangedoras. Enquanto a
Ferrari fazia a primeira dobradinha do ano e a primeira vitória de Schumacher
em uma temporada difícil, o português Tiago Monteiro foi o responsável por
fazer história duas vezes: o primeiro português a estar no pódio da F1 e o
último da equipe Jordan. As imagens do pódio dizem tudo.
Tiago Monteiro: o primeiro pódio de um português e o último da Jordan. Foto: Getty Images
Monteiro ainda conquistou um último pontinho da história do
time ao chegar em oitavo em Spa. Na corrida derradeira, no Japão, o português
foi o 11°, enquanto o indiano bateu. Uma boa metáfora. Com 12 pontos e em nono
(e penúltimo) lugar, assim se encerrava uma trajetória de 15 temporadas na F1.
Coube também ao português o último ponto da equipe na categoria. Foto: Getty Images
A Jordan virou a Midland F1, que durou apenas uma temporada.
Em 2007, ela virou a Spyker, que também durou um ano e foi comprada pelo
excêntrico (e picareta) indiano Vijay Mallya, que a transformou na Force India.
Essa, por sua vez, sobreviveu até meados de 2018, quando virou a Racing Point e
que, em 2021, será a montadora Aston Martin, sob administração de Lawrence
Stroll.
Mais do que revelar grandes talentos na base e que chegaram
na F1. A Jordan foi o ponto de partida de Michael Schumacher, deu visibilidade
para Rubens Barrichello, Eddie Irvine, Ralf Schumacher e também foi o canto do
cisne para Damon Hill e Jean Alesi, além do auge de Hainz Harald Frentzen.
O
carro amarelo bonito com bico irreverente sempre vai ter um lugar no coração
dos fãs que puderam acompanhar aquela época, torcendo para que aquele patinho
feio ficasse bonito e que até hoje lamenta seu fim.
Eddie Jordan, assim como Peter Sauber, podem ser
considerados os “últimos românticos”, que representam uma época onde qualquer
um poderia fundar uma equipe e correr por aí apenas pelo amor no automobilismo.
Hoje, as garagistas não existem mais. O mundo é dominado pelas montadoras.
Assim como Frank Williams, infelizmente o tempo é cruel, mas a história não se
apaga.
Qualquer fã de 30-40 anos lembra com carinho da Jordan. Ela
não ficou marcante por títulos, mas todo mundo lembra de suas vitórias e pódios
improváveis, quando a F1 ainda estava na era das tabagistas e coisas do tipo.
Agora o que restou foi saudade, saudosismo e vídeos do YouTube para conhecer e
relembrar esses momentos.
E assim termina o Especial Jordan, que serve como uma
espécie de aquecimento para o início desta temporada diferente nesse ano
diferente que virou 2020. Espero que tenham gostado.
Simon Pagenaud largou na pole, liderou a maior parte das 200 voltas e venceu pela primeira vez a Indy 500, quebrando um jejum de 99 anos (!) sem vitórias da França no Brickyard.
Isso não quer dizer que foi uma vitória necessariamente fácil, muito pelo contrário, ao menos nas últimas 10 voltas.
O francês liderou a corrida quase de ponta a ponta, sendo ameaçado por Newgarden e Ed Carpenter. Vindo de trás, Alexander Rossi foi o grande nome da corrida. Endiabrado e ousado, foi pra cima agressivamente e estava perseguindo a liderança até que um problema na bomba de combustível no terceiro pit o fez cair pra sexto. Sorte e azar ao mesmo tempo, porque o incidente se deu durante uma bandeira amarela.
A corrida não teve tantos acidentes na pista. Logo no início, uma amarela para o estreante Colton Herta, que abandonou com problemas. Depois, o herói Kyle Kaiser foi o primeiro a encontrar o muro.
Os pits é que tiveram mais problemas. Hélio Castroneves acertou a traseira de James Davison e teve a corrida comprometida desde aí. Na outra parada, Jordan King acertou o pneu separado pela equipe para a troca na perna do mecânico. Will Power e Takuma Sato tiveram problemas, além de Rossi. Marcus Ericsson conseguiu a proeza de bater após a desaceleração e a entrada nos pits.
Um mini big one foi instaurado faltando 30 voltas. Sebastien Bourdais fechou Graham Rahal até a grama, os dois se tocaram e causaram um efeito dominó com outros cinco carros que rodaram e bateram. Bandeira vermelha pra retirar os destroços dos carros e limpar a pista.
Nesse meio tempo, Power e Sato ressurgiram das cinzas para ficar entre os dez primeiros, assim como Ryan Hunter-Reay e Tony Kanaan, apagadíssimos no terceiro pelotão.
Apesar dos carros retornarem a pista, o Pace Car andou mais algum tempo. Faltando 11 voltas, a relargada e o ritmo insano da corrida. Rossi e Pagenaud brigando metro a metro pela vitória. Na antepenenúltima volta, Rossi assumiu a liderança. Na penúltima, Pagenaud deu o troco pra não perder mais. Faltou potência para um revoltado Rossi, chateado com sua grande atuação não ter sido recompensada com a segunda vitória em Indianápolis.
Sato veio do nada, passou Newgarden e Carpenter e conseguiu um improvável terceiro lugar. Newgarden, que liderou algumas voltas, se contentou com o quarto lugar. Will Power fez uma prova de recuperação e ficou em quinto. Faltou força para Ed Carpenter na reta final, o que culminou com o sexto lugar.
Tony Kanaan foi o nono, Matheus Leist o 15° e Hélio Castroneves o 18°. Não foi das melhores corridas da história das 500 Milhas, mas as 11 voltas finais valeram a pena. Ao menos foi melhor que o ano passado. O novo kit não parece ser bom e isso é preocupante.
A corrida não coroou o melhor piloto da tarde, mas premiou aquele que mais mereceu, desde os treinos e que liderou a maior parte da corrida. Roger Penske conquista a 18a vitória. Newgarden mantém a liderança no campeonato, seguido por Scott Dixon, Rossi, Sato, Power e o vencedor Pagenaud. Leist é 18° e Tony Kanaan o 19°.
Pela terceira vez, o enteado de Tony George e dono da própria equipe, Ed Carpenter vai largar na pole na 102a edição da Indy 500. Só mesmo Ed para frear o domínio da Penske, fazendo a pole com certa autoridade, muito mais rápido que o segundo colocado Simon Pagenaud. Seus parceiros de equipe largam logo atrás: Will Power em terceiro e Josef Newgarden, líder do campeonato, em quarto.
De volta a Indianápolis após o grave acidente que sofreu ano passado, Sebastien Bourdais consegue um inexplicável quinto lugar com a Dale Coyne. A equipe do pole esteve muito bem no Fast Nine. Spencer Pigot larga em sexto e Danica Patrick, em sua última corrida da carreira, é a sétima, apesar de estar sem pilotar um carro de monopostos desde 2011, quando saiu da Indy para entrar na Nascar. Mais rápido do Bump Day, Hélio Castroneves em apenas o oitavo. Scott Dixon, pole do ano passado e brigando com a Ganassi, completa a primeira parte do grid.
Por falar em Bump Day, a surpresa e decepção do fim de semana é a eliminação de James Hinchcliffe, um dos postulantes ao título. Com uma pitada de azar, foi o primeiro a entrar na pista depois da chuva no sábado. Além disso, enfrentou problemas de vibração no carro e abortou a última tentativa. A britânica Pippa Mann foi a outra eliminada do grid. Sempre é bom ressaltar que quem se classifica para a Indy 500 é a equipe, e não o piloto. Portanto, Hinchcliffe pode perfeitamente substituir Robert Wickens, parceiro da Schmidt Peterson por exemplo, apesar disso não ser o mais correto.
Hinchcliffe está fora da Indy 500. Foto: Autoweek
Quem também não foi nada bem foi Alexander Rossi. O vice-líder do campeonato e vencedor da corrida em 2016 vai largar em penúltimo. A dupla brasileira da A.J. Foyt merece elogios. Tony Kanaan e Matheus Leist foram os "melhores do resto" e largam em 10° e 11°, respectivamente. Vencedor do ano passado, Takuma Sato é o 16°.
Agora fica toda a expectativa para a corrida na semana que vem, que começa pontualmente às 13h19 e tem a transmissão da Band e do Band Sports.
Mais uma edição histórica das 500 Milhas de Indianápolis, o segundo principal evento esportivo do final de semana, só perdendo para a emocionante despedida de Francesco Totti da Roma (não menti!). Pela primeira vez na história um asiático venceu a Indy 500. Takuma Sato, tão criticado e vítima de piadas preconceituosas sobre os japoneses não serem bons pilotos, deu a volta por cima. Essa foi apenas sua segunda vitória na categoria. No fim, a justiça foi feita: o japonês esteve perto de vencer em 2012, quando tentou passar Franchitti na última volta e bateu.
Diante de uma corrida sempre caótica e aleatória, Sato se deu bem nas estratégias e foi agressivo quando necessário. Mais uma bela história na Indy 500, coroando a carreira de um piloto que, com certeza, é um dos maiores (senão o maior) do automobilismo japonês. Curiosidade: seu melhor resultado na F1 também foi em Indianapólis, quando foi o terceiro, em 2004.
O delírio da televisão japonesa, que comemorou bebendo leite!
Quando se trata de Indy 500, Helio Castroneves é um gigante. Largou lá atrás, mas com a estratégia correta e um pouco sorte o fez subir, aos poucos a classificação. Chegou a assumir a ponta nas voltas finais, mas foi ultrapassado por Sato e teve que se contentar com outro segundo lugar, adiando "La Quarta", que o igualaria com nomes como Al Unser, Rick Mears e A.J. Foyt no hall dos maiores vencedores das 500 Milhas. Além disso, o #3 sai fortalecido na briga pelo tíitulo, líder da tabela. Que Helinho não se desanime e nem tenha uma queda de rendimento. É forte candidato ao título!
O brasileiro teve sorte demais. Ele passou por baixo do carro de Scott Dixon enquanto este decolava de ponta-cabeça para o muro, danificando apenas a asa traseira. O pole-position ficou vendido e decolou após Jay Howard bater no muro e voltar na sua frente. O neozelandês nasceu de novo. Teve muita sorte. Um ângulo minimamente diferente poderia ter causado uma trégia incalculável. Ainda bem que tudo correu conforme o que os boletins médicos informaram. Dixon saiu até caminhando! Um milagre!
Foto: Getty Images
Alonso mostrou o porquê de tanta badalação ao seu redor durante essa experiência. Novato, com os auxílios de Gil de Ferran e Marco Andretti, o espanhol se manteve entre os dez primeiros durante toda a corrida e liderou durante 22 voltas. O bicampeão aprendeu que, nas primeiras 150 voltas, o pessoal não é tão combativo, mas nas 50 finais é que realmente começa a Indy 500 e as dificuldades aumentam.
Quando estava em sétimo, brigando com Sato e Kanaan, o motor Honda resolveu agir até no continente americano. Se antes já haviam tirado Hunter-Reay da disputa, Alonso não se livrou da zica e teve que abandonar, faltando cerca de 30 voltas. Fazia tempo que não se via o espanhol tão feliz, que prometeu retornar em breve para a disputa de uma (ou umas) edição (edições). Afinal, a missão não está completa. E até bebeu o leite dos vencedores. Alonso sai mais gigante dessa experiência do que quando entrou.
Fala, galera! Tá chegando a segunda parte do Especial Jenson Button, revisitando a carreira deste grande piloto que no final de semana irá participar de sua última corrida na F1 (Será?). Hoje falaremos de seu período na BAR/Honda, onde conquistou seus primeiros pódios e sua primeira vitória na carreira.
Foto: F1Fanatic
Jenson chegou na equipe onde Villeneuve era um dos donos. O clima hostil prevaleceu desde o início. O campeão mundial disse que Button tinha marketing do que habilidade e parecia um membro de boy band. Button não ligou muito. Logo na primeira corrida, na Austrália, Villeneuve não parou na volta prevista e foi aos boxes na mesma volta de Button, que ficou atrás do canadense, esperando o pit stop, perdendo segundos preciosos. Villeneuve disse que teve um problema no rádio, mas a história não parecia muito verídica. Nas seis primeiras provas, Jenson marcou oito pontos contra três do seu companheiro de equipe (destaque para o quarto lugar na Áustria). Seu grande susto foi a batida à quase 300 km/h em Mônaco num treino de sábado, ficando inconsciente e, portanto, de fora da prova. Ele retornou na prova seguinte, no Canadá, e seguiu batendo Villeneuve, que sofria de inúmeros problemas técnicos e mecânicos. Button conquistou outro quarto lugar e terminou o campeonato com 17 pontos. Após o fim da temporada, foi anunciado que o japonês Takuma Sato seria seu parceiro de equipe no ano de 2004.
2004: Primeira pole e muitos pódios - Button começa a se destacar
Foto: Motorsport
Pela primeira vez na carreira, Button era o cara mais experiente da equipe. 2004 foi a sua melhor perfomance na carreira até então. Logo na segunda etapa, na Malásia, conquistou o primeiro pódio, chegando em terceiro. Na corrida seguinte, também chegou na mesma posição, no Bahrein. Duas semanas depois, a primeira pole: Ímola foi o palco, dez anos depois da morte de Senna e Ratzenberger. Na corrida, chegou em segundo, atrás de Schumacher e sua mais que dominante Ferrari F2004. O desempenho de Button foi impressionante: 10 pódios em 18 corridas e não pontuou em apenas três etapas. Com isso, o britânico foi o terceiro colocado no Mundial de Pilotos, atrás apenas de Schumacher e Barrichello e garantiu o vice-campeonato inédito da BAR/Honda nos construtores.
Última volta a partir de 1:34:00
Apesar do ano muito positivo dentro das pistas, Button se envolveu em uma polêmica contratual. No meio da temporada, ele assinou um contrato de dois anos para retornar a Williams. Foi uma decisão surpreendente, visto que a BAR era a segunda ou terceira força da F1 no momento e a equipe de Grove buscava se retornar ao topo. A BAR insistiu que tinha prioridade em exercer a cláusula de renovação automática e levou a questão à FIA. O staff de Button respondeu que a cláusula perdia validade caso a BAR estivesse ameaçada de perder os motores Honda para os próximos anos. Após uma batalha de judicial de dois meses, a FIA decidiu a favor da BAR, e Button permaneceu na equipe. David Richards, antigo chefão, foi substituído por Nick Fry depois da Honda comprar 45% da equipe, e Button trocou de empresário.
Foto: F1 Fansite
A temporada de 2005 prometia a manutenção do ótimo desempenho do ano anterior. Entretanto, isso não esteve nem longe de acontecer. O começo foi difícil: os dois carros da equipe abandonaram nas duas primeiras etapas (na Malásia, depois de apenas três voltas de corrida). No Bahrein, Jenson vinha de uma ótima corrida de recuperação. Estava em quarto depois de largar em 11°, mas teve que abandonar outra vez. Em San Marino, o terceiro lugar veio. Todavia, os comissários encontraram na inspecção pós-corrida que havia um segundo tanque de combustível mantido dentro do principal. O carro estava 5,4 kg abaixo do peso mínimo. Embora os comissários não tenham feito nada, a FIA apelou e levou para a Corte Internacional. Não se podia provar que a BAR agiu deliberadamente de má fé, mas os dois carros da BAR foram desclassificados da corrida de San Marino e a equipe foi suspensa da F1 por duas corridas.
Corrida de Ímola foi aquele pega histórico entre Alonso e Schumacher
A BAR retornou no GP da Europa. Button tentava melhorar,mas chegou em décimo. Ele surpreendeu todo mundo ao fazer a segunda pole da carreira no Canadá, mas bateu na volta 47 da corrida quando estava em terceiro. A corrida seguinte, dos Estados Unidos, foi a famosa "corrida dos seis carros", e a BAR estava zerada em nove corridas. Entretanto, depois disso Button pontuou em todas as corridas, com dois pódios (Alemanha e Bélgica), terminando a temporada em nono e a BAR em sexto nos construtores.
A segunda pole de Button começa em 1:38
Melhores momentos do GP da Alemanha de 2005
Pódio do GP da Bélgica de 2005
Pelo segundo ano seguido, Button envolveu-se em uma polêmica contratual com a Williams. Ele assinou um pré-contrato pelo time para a temporada 2006, mas no meio do caminho entendeu que as perspectivas na BAR eram melhores e que não era obrigado a ir para a equipe de Glove. Frank Williams exigiu a apresentação do piloto. Depois de alguns meses de negociação, Button pagou 18 milhões de libras pela liberação do contrato e permaneceu na BAR, que virou Honda. Os japoneses compraram da empresa de tabaco os 55% restantes das ações. Antes disso, a equipe havia anunciado a contratação de Rubens Barrichello, ex-Ferrari, para a próxima temporada.
A continuação será no próximo post, que contará a trajetória de Button pela Honda. Até!