sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ENTRE VÍRUS E AMEAÇAS

Foto: Grand Prix
O noticiário calmo da F1 em 2020 contrasta com a ebulição que vai acontecer no próximo ano. E uma dessas bombas caiu no meio dessa semana.

Mesmo hexacampeã de pilotos e construtores e uma das principais marcas do mundo, a Mercedes pode estar de saída da F1 como equipe no fim do ano. O time ainda não chegou a um acordo com a Liberty sobre o novo acordo da categoria no ano que vem e, além disso, a Daimler (que administra a equipe alemã), deseja um profundo corte de gastos. Mesmo com títulos e prêmios de arrecadação, a conta não está fechando, com muitas demissões na empresa. Nos próximos dias, uma reunião será realizada para definir tudo isso.

É realmente uma grande bomba, que impacta o futuro de milhares de profissionais que formam uma estrutura vencedora há seis anos, além dos rostos principais, como Lewis Hamilton, Bottas e o chefão Toto Wolff, dito por muitos como o futuro chefe da F1. Imagina como seria para o mercado (aka Ferrari) o futuro maior vencedor da história da categoria e heptacampeão sem contrato? E Toto? Como e onde ficaria, pois também é acionista da Mercedes?

Uma outra parte da equação foi resolvida hoje. Lawrence Stroll, em conjunto com o grupo chinês Geely, adquiriram 16,7% da montadora Aston Martin. Não só isso. A Racing Point será rebatizada Aston Martin a partir de 2021. A montadora britânica, que há anos flertava com a F1, agora será uma equipe de fato na próxima temporada, com grande aporte financeiro de Stroll. Isso, é claro, encerra a parceria com a Red Bull no final do ano.

Com a Mercedes indo embora, pode surgir uma nova força na categoria, além de Ferrari e Red Bull. A Aston Martin, com estrutura e dinheiro, pode dar trabalho. Pode.

O problema é que, obviamente, uma das vagas será do filhote Stroll. Isso é um soco daqueles que acreditam em meritocracia. Estamos aqui, em pleno início de 2020, debatendo a possibilidade de Lance pilotar um carro e ter chances de vencer corridas e coisa e tal. É surreal. Queria torcer que Pérez também tire a sorte grande, mas acho que isso é meio complicado de projetar agora.

Mas pensando bem, mesmo com um carro bom, Stroll não conseguiria fazer muita coisa mesmo. Apenas uma ameaça e um alarde que ainda assim me deixam revoltado.

Foto: EBC
O coronavírus deixa o mundo inteiro em alerta. A nova epidemia vem lentamente se alastrando para o resto do mundo, com casos e suspeitas em todos os continentes. A China foi onde tudo isso, e o país está fazendo o que pode para conter o vírus. É claro que, além da morte e doença de milhares de pessoas, existem grandes prejuízos financeiros para o país. Comércio fechado, aulas canceladas, as pessoas não saem de casa e outros eventos estão sendo cancelados e/ou transferidos.

Em abril, tem corrida em Xangai. Tem corrida? A F1 não se manifestou oficialmente, mas fontes extraoficiais afirmam que ela está de olho no coronavírus. Caso a situação não seja controlada, obviamente que a corrida não será realizada por lá esse ano, mas isso também pode ameaçar outras corridas na Ásia e adjacências.

Que começo de ano, hein? Sem contar no Kobe... Entre vírus e ameaças, a F1 continua, mais de olho no futuro do que no presente.

Até!

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

POR ENQUANTO

Foto: Reprodução
"Mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma aconteceu, tá tudo assim, tão diferente."

Poderia estar escrevendo sobre a canção imortalizada pela voz de Cássia Eller mas essa é, na verdade, a F1 2020. Com todo mundo pensando nas novas regras de 2021 e o quão nova a categoria será até lá, a temporada atual se assemelha muito com 2013, também o último daquele Pacto de Concórida: todo mundo empurrando com a barriga para ver o que dá.

As "mudanças" é que comprovam isso. Ocon no lugar de Hulkenberg na Renault e o tal endinheirado Nicholas Latifi no lugar do Kubica na Williams. É isso.

Faz até sentido. Como está todo mundo pensando na próxima temporada, que promete ser revolucionária, não faz sentido fazer muitos movimentos agora. Portanto, deve ser uma repetição de 2019 mesmo. Quem perde somos nós, mas este é um ano de sacrifício.

Talvez o que possa despertar mais emoção seja as especulações e a silly season. Poucos ali possuem contrato duradouro com suas equipes. De cabeça, posso citar Pérez, Leclerc e Max Verstappen (este uma certa surpresa).

O que fará Vettel, Hamilton e Bottas? Qual será a movimentação no pelotão do meio? Perguntas que serão respondidas durante a temporada onde, aí sim, as coisas vão começar a mudar e serem diferentes.

Mudaram as estações, mas nada mudou. Por enquanto.

Até!

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

PASSADO, PRESENTE E FUTURO

Foto: Divulgação
Eles estão separados por 16 anos e quatro dias e, por enquanto, um título mundial e sete vitórias. Não existe substituição, mas o fato é que Michael Schumacher está passando o trono para Lewis Hamilton, e isso não é a primeira vez que acontece.

Voltemos para o passado. No último dia 3, Schummi completou 51 anos. Os últimos seis só a esposa Corinne, os filhos Mick e Gina Maria, familiares e amigos próximos é que sabem. O ainda maior piloto da história da categoria (em números) agoniza depois do acidente de esqui que o prende ao próprio corpo de forma inconsciente.

O post não se trata do que aconteceu, mas sim, é claro, de seus feitos e uma certa melancolia e saudade. Quando comecei a acompanhar, era o auge do alemão, que semana sim e semana sim, vencia e não dava chances para ninguém, nem mesmo quando esteve mais ameaçado de perigo. Aquela figura que sorria, erguia o punho e chegava a ser um tenor no hino nacional italiano me fascinava como se fosse um ente querido. A F1 é isso. A cada duas semanas, surge na nossa TV as pessoas que competem, e com o passar do tempo, elas se tornam íntimas, quase familiares e participantes do nosso cotidiano, por mais que estejam muito longe e obviamente não tem a mínima ideia de nossa existência.

A infância tem Michael Schumacher vencendo e sendo o centro de tudo. Ninguém pode tirar. Ao comparar o passado com o que é hoje, bate a tristeza e a saudade. Quando Schummi voltou, já era um adolescente. Foi como uma continuação, uma fagulha de onde tudo começou, talvez por isso aquela pole que não valeu nada em Mônaco tenha sido tão significativa para mim. Era alguém que, mesmo "velho", sem ritmo em uma categoria que mudou muito e que tempos depois descobriu-se que tinha lesão cerebral (decorrente dos acidentes de moto), nos mostrava que "Ei, eu ainda estou aqui!".

Mas o tempo, é claro, é implacável e, como sabemos, passa rápido. Essas memórias tornam-se cada vez mais distantes e o presente parece que não se move. O estado sigiloso de Schummi não permitem boas notícias, ou então aquelas que nós queríamos ler e ouvir. Aquele Michael provavelmente não existe mais, tanto em imagem quanto em forma. Sinceramente, não tenho curiosidade alguma de saber como estaria igual alguns maníacos. Isso machucaria meu senso afetivo da infância.

O amor a um ídolo sempre permanece. Que Schummi, seja lá como esteja, continue lutando nesta grande Grande Prêmio que se chama vida.

Vamos para o presente.

Schumacher passou o bastão, ou melhor, foi obrigado a passar para Hamilton. Não se mostrando mais competitivo, tornou-se descartável. O jovem inglês, a vida toda ligada na McLaren e na Mercedes, surpreendeu a todos ao ser convencido por Niki Lauda e aceitar o projeto alemão que, depois de 2014, todos vocês viram o que aconteceu.

Hoje, Lewis Hamilton completa 35 anos de idade. Parecia ontem que todo mundo destacava a estreia daquele que seria o mais jovem a participar da F1 e o primeiro (e ainda único) negro, ainda mais sendo alçado logo de cara na McLaren e tendo o então bicampeão Fernando Alonso como parceiro. A história, é claro, vocês já sabem.

O tempo, como escrevi e todos sabem, é implacável. 13 anos depois, Hamilton vem pulverizando recordes e tornou-se o grande nome da geração seguinte, sobrepondo-se ao tetracampeão Vettel, natural substituto de Schummi diante de serem compatriotas e por dirigirem uma Ferrari. Hoje, Hamilton é o grande símbolo da F1, "o Schumacher de nosso tempo", não só nas pistas: é de longe o nome mais badalado nos assuntos sociais, globais e de celebridades em virtude das amizades e negócios que têm, nisso ele é muito maior que Schummi um dia foi.

Depois de Raikkonen, Hamilton, assim como Schumacher, é um dos mais velhos da geração atual, junto com Vettel. 13 anos depois, de "novo Senna", superou o ídolo e neste ano pode definitivamente superar aquele que teve que lhe entregar o bastão, tanto na Mercedes quanto no protagonismo da F1.

Difícil não imaginar que Hamilton não consiga sete vitórias e mais um título mundial neste último ano do regulamento ano. Sendo assim, o inimaginável recorde de títulos seria equiparado e o de vitórias superado em apenas 14 anos! O que prova, definitivamente, que o tempo voa e que aquelas lembranças da infância virem, de fato, cada vez mais lembranças, embaralhadas com o que a história nos proporciona corrida após corrida. Feliz aniversário, Hamilton!

Foto: Getty Images
O futuro.

Max Verstappen só faz aniversário em setembro, quando irá completar apenas 23 anos, mas hoje seu nome estava nas notícias. De maneira surpreendente, renovou contrato com a Red Bull até 2023. Seu vínculo anterior durava até o fim desta temporada.

Surpreendente porque foi em janeiro, antes dos testes e na última temporada antes da "nova F1" que um dos quebras-cabeças do futuro está fora de questão. É uma decisão arriscada, sem dúvida um tiro no escuro. Se as coisas não derem certo, Max vai estar desperdiçando mais três temporadas da carreira. Apesar de ser muito jovem, perder tempo nunca é bom.

O que fez Max renovar o contrato tão cedo se naturalmente seria candidato a ir para a Mercedes e até mesmo a Ferrari? Só pode ser uma ampla confiança na equipe e na Honda não só para agora, mas sim para os próximos anos. Sendo assim, isso pode ter implicado, nas entrelinhas, na própria manutenção da parceria dos nipônicos com os taurinos. No ano passado, a Honda disse que iria reavaliar tudo no fim deste ano para saber se continuaria na F1 a partir do ano que vem.

Max é uma carta fora do baralho dos outros. Continua exclusiva da Red Bull, que agora vai ter foco e tranquilidade total para trabalhar em prol de seu pupilo. No entanto, todos sabemos que contratos também servem para serem rompidos, então logicamente essa resposta do certo ou do errado só vai ser descoberta diante dos resultados que serão apresentados neste ano e, principalmente, no início do novo mundo de 2021.


Passado, presente e futuro. Quem sabe aqui não esteja a nova passagem de bastão. De Hamilton para Max, a prova cabal que o tempo chega para todos nós e ele, sim, é implacável.

Até!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

SEGUNDA CHANCE

Foto: MotorSport

Aos 23 anos, Ocon tem uma rara segunda oportunidade na Fórmula 1. Claro que sua primeira passagem pela categoria foi interrompida por questões alheias a sua pilotagem, mas voltar numa equipe de fábrica é sempre um bom sinal.

Sempre apadrinhado pela Mercedes e cortejado pela Renault, Esteban foi mais um que caiu no conto de ser o parceiro de Hamilton um dia. Wehrlein foi traído e o francês entendeu que precisava salvar a carreira saindo das garras de Toto Wolff.

Muito badalado quando chegou por ter vencido Max Verstappen na base, essas expectativas foram em parte cumpridas. Boas (e tensas) disputas com Pérez, criando uma rivalidade na equipe e um terceiro lugar no grid da Bélgica. Bem, nos dois anos que esteve na Force India/Racing Point, foi derrotado por Pérez, uma boa nota de corte. Nada definitivo, mas nada tão maravilhoso assim.

Agora na Renault, o desafio é ainda maior: Daniel Ricciardo. O agravante é o ano parado. Simulador não é a mesma coisa. A competição será interessante e apenas nos próximos movimentos é que iremos saber qual é o real nível e a posição de Esteban Ocon na prateleira da Fórmula 1.

Ser rival de Max já é meio caminho andado. Só falta mostrar mais na pista. A Renault, sempre com os “poréns”, ainda é um bom parâmetro para as próximas temporadas. É o que Ocon precisa apostar nesta segunda chance. Qualidade já mostrou ter, mas as vezes nem isso basta, e sim estar no lugar certo e na hora certa.

Até!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

ANÁLISE FINAL DE 2019 - PARTE 2

Foto: Getty Images

Fala, galera! Estou de volta com a parte final da minha análise da temporada 2019 com as equipes que faltaram. Vamos lá!

McLAREN

Foto: Getty Images
Carlos Sainz – 9,0: o melhor do resto, sem dúvida. Em Interlagos, o pódio que faltava para coroar um grande trabalho. Se o espanhol foi vítima de desconfianças ao ser superado por Max e Hulk na Toro Rosso e Renault, na McLaren o “sucessor de Alonso” foi quase perfeito. Apesar de não muito rápido nas voltas rápidas, soube usar o grande ritmo de corrida para se afirmar perante a competição de seu calibre. Com a evolução dos ingleses, pode ser questão de tempo para que o espanhol seja o novo piloto regular mas com uma pitada de sorte, estilo Pérez, mas a concorrência é dura.

Lando Norris – 7,5: a temporada decepcionante na F2 me deixou com desconfiança, mas Lando foi muito melhor nesta temporada do que na anterior. Parece que a qualidade e o desafio que enfrentaria o fizeram entrar no nível. Muito rápido, ele mesmo admite que falta administrar melhor os pneus e o ritmo de corrida nos domingos. É normal, faz parte do processo, é da juventude. Com uma McLaren melhor estruturada, um companheiro comprovadamente capaz e um Lando mais experiente é a receita ideal para que as coisas sejam no mínimo iguais em 2020, mas a expectativa é de superação.

RACING POINT

Foto: Reprodução/Racing Point
Sérgio Pérez – 8,0: Uma primeira metade de campeonato bem apagada, onde chegou a ser superado por Stroll, o que seria uma aberração. O pódio anual não veio, mas no segundo semestre o mexicano voltou a ser regular, junto com a melhora do carro. Mesmo com o aporte do pai Stroll, a Racing Point não conseguiu superar McLaren e Renault, o que talvez seja normal. No próximo ano, a expectativa é a mesma: somar pontos e bater Stroll, o que não é difícil.

Lance Stroll – 6,5: tirando o aborto que foi o quarto lugar na Alemanha, foi o de sempre. Lento e sem ritmo de corrida, somando poucos pontos com o carro que tinha a disposição. Sorte dele (e azar o nosso) que seu emprego nunca está sob risco, mas isso prova uma questão: por mais que exista estrutura e repetição de trabalho, se não existir talento, já era. 

ALFA ROMEO

Foto: Getty Images
Kimi Raikkonen – 7,0: funcionário público batendo carteira. É bom e também estranha a longevidade do IceMan. No primeiro semestre, foi quase perfeito. Aproveitou as oportunidades e somou pontos como um líder de equipe. No verão europeu, ele e a Alfa tiveram uma queda vertiginosa, sendo Raikkonen mais lento que o próprio Giovinazzi. Pra 2020, temos que somente desfrutar da carreira e do grande personagem que é esse finlandês para a F1, não a toa será o piloto com mais largadas na história.

Antonio Giovinazzi – 6,5: Um começo muito aquém das credenciais que tem na base. Pode se dizer que os dois anos inativos podem ter influenciado, mas Antonio foi lento e só começou a ter melhores resultados no final do ano. Para sua sorte, parece que fica mais por falta de opção e a perspectiva somente para 2021 do que qualquer outra coisa. Essa rápida melhorada no fim do ano pode ser o combustível que faltava para engrenar de vez na categoria. 

TORO ROSSO

Foto: Motorsport
Daniil Kvyat – 7,0: O pódio inesperado da Alemanha foi um grande alento para aquele que só estava vendo o lado ruim das coisas. Com experiência, estava superando Albon em pontos e fez boas corridas. Na segunda metade, com Kvyat, perdeu um pouco da regularidade e conseguiu poucos pontos, com alguns erros. Talvez Kvyat seja isso mesmo, um piloto irregular mas que agora ganhou mais um ano de sobrevida, graças também a estagnação do programa de pilotos da Red Bull. Seguirei na torcida.

Pierre Gasly – 7,0: se não fosse o pódio no Brasil, seria um dos piores do ano. Na Red Bull, foi uma tragédia, mas na Toro Rosso voltou a normalidade e foi brindado com um pódio. Talvez Gasly também esteja na mesma prateleira que Kvyat: irregular demais para voos maiores. No entanto, é mais jovem e ainda tem o benefício da dúvida. No entanto, com os dois rejeitados, fica improvável uma segunda chance, mesmo se acontecer algo na equipe mãe.

WILLIAMS

Foto: Autoracing
George Russell – 6,5: na verdade a nota é porque basicamente é impossível ter um critério objetivo para avaliar o inglês. Superou Kubica em todas as corridas mas não pontuou. É cruel. Com o carro fraco da Williams e um companheiro com limitações físicas, fica complicado traçar um parâmetro, apesar dos predicados da F2 serem animadores. Pra 2020 a situação não vai ser muito diferente, a não ser que talvez tenha virado o novo “ficha 1” da Mercedes, se é que isso ainda vale alguma coisa.

Robert Kubica – 6,5: o retorno valeu pela superação pessoal e o ponto conquistado na Alemanha. É o que entra nos livros de história. De resto, se não fosse pelo histórico e pela ciência de suas limitações (além do dinheiro), Robert teria sido dispensado no meio da temporada. Com um carro ruim, pertencia a outra categoria e isso é até bom, porque também foi prejudicado por ter poucos parâmetros, mas ser brutalizado por Russell não é positivo. Que seja feliz em outra categoria com o alento de que o tal Latifi não vai fazer muita coisa diferente, isso que este está com 100% das capacidades físicas e técnicas.

E essa foi a minha análise. Concorda? Discorda? Comente!

Até mais!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

ANÁLISE FINAL DE 2019 - PARTE 1

Foto: Getty Images

Fala, galera! Com o término da temporada, teremos o tradicional post analisando o desempenho dos 20 pilotos durante o ano. Nesta primeira parte, vou começar com Mercedes, Ferrari, Red Bull, Renault e Haas:

MERCEDES

Foto: RaceFans

Lewis Hamilton – 9,5: No auge da forma. Mesmo com “apenas” cinco poles, teve muito mais vitórias, mostrando que o ritmo de corrida, consistência e senso de oportunidade estão lá. Tirando Alemanha e Brasil, onde cometeu erros, no resto sobrou, não a toa conquistou mais um título sem fazer grande esforço, seja pela incapacidade de Bottas e os inúmeros erros da Ferrari. No último ano de regulamento, 2020 pode ser histórico para ele e para a F1.

Valtteri Bottas – 8,5: Tirando poucas corridas onde rendeu bem, não está no nível de Hamilton. Isso se torna um problema quando o finlandês passa a ser talvez o único adversário para o campeonato. Bottas não deixou de tentar, mas a falta de ritmo e outros erros, além de várias corridas apagadas o transformaram em um vice sem brilho. Ao menos venceu várias corridas e largou na pole mais vezes que Hamilton até, o que é uma grande evolução em relação ao ano passado, onde terminou zerado. Talvez tenha a última chance de brigar por algo grandioso nessa abençoada Mercedes.



FERRARI

Foto: Getty Images
Sebastian Vettel – 7,5: Um tetracampeão com mais baixos do que altos. A vitória vinda dos céus em Cingapura o livrou de um ano zerado. Muitos erros injustificáveis e infantis de alguém com mais de 50 poles e vitórias, principalmente os incidentes patéticos na Itália e em Interlagos. Vettel está pressionado e sabe disso, parece não conseguir lidar bem com a competição interna. Prefere ver outro brilhar do que Leclerc, por exemplo. Ao perder no confronto direto, já começa 2020 enfraquecido. Mesmo com toda a aura que tem, 2020 também pode ser um ano derradeiro nas pretensões competitivas de Seb.


Charles Leclerc – 8,5: Entregou mais que o esperado, mesmo com todos destacando o imenso talento que tem. A velocidade está lá, derrotou o tetracampeão, mas é normal que ainda falte equilíbrio e experiência. Além disso, também teve azar em algumas chances. Charles poderia ter vencido muito mais que apenas duas corridas, mas essas duas foram talvez nos dois palcos mais icônicos do automobilismo. A mudança de postura na defesa de posições após o caso Verstappen na Áustria o transformou em um piloto mais “sujo”. Precisa de mais experiência e se fazer menos de vítima. Charles está no caminho certo e é, mais do que nunca, o queridinho da Ferrari.

Foto: Getty Images
Max Verstappen – 9,0: Tirando o retorno das férias e a lamentável “malandragem” do México, Max conseguiu, com um carro inferior, superar as duas Ferrari. Isso é um feito e tanto e diz quase tudo. Muito mais cerebral e regular, ainda tem aquela fagulha que pelo jeito é intrínseca a sua personalidade. Ao colocar tudo a perder em uma curva, oportunidades são desperdiçadas. Os taurinos ainda não têm carro para título, então isso não é tão cobrado. Por outro lado, com outro jovem de destaque na mesma posição, os holofotes podem ser divididos e perdidos. Encarar um personagem sincero de vilão talvez não seja o suficiente. Max, mais do que nunca, precisa amadurecer ainda mais.

Alexander Albon – 8,0: Coisas do destino: foi o único piloto Red Bull da temporada ao não chegar no pódio, mas por incrível que pareça foi o mais consistente deles. Um início razoável na Toro Rosso o “credenciou” (na verdade foi Gasly quem se desprestigiou) a vaga de cima. Lá, quase sempre fez o que era necessário: ficar em quinto ou sexto, aproveitando as quebras e acidentes. A grande corrida do Brasil teve um final catártico para o jovem tailandês, mas é questão de tempo para que brilhe de fato. Não será competição para Max pela questão técnica e organizacional da Red Bull, então é imprescindível estar no lugar certo e na hora certa, sem erros, para brilhar.

RENAULT

Foto: Getty Images
Daniel Ricciardo – 7,5: Uma temporada decepcionante onde é difícil fazer qualquer avaliação. Se não fosse pelo dinheiro, escreveria que Ricciardo está bastante arrependido da troca. Os franceses não oferecem uma perspectiva animadora. Na pista, o aussie fez o que pode, como grande destaque o quarto lugar na Itália. No meio do pelotão, suas ultrapassagens não foram mais tão cirúrgicas e estar lá também significa mais incidentes. Aguarda ansiosamente um novo regulamento e novas oportunidades. Não há o que fazer.

Nico Hulkenberg – 7,0: temporada melancólica de despedida. Na hora H, fraquejou. A corrida na Alemanha foi simbólica e definitiva. Apesar de bons resultados na base da regularidade, faltou aquela corrida de encher os olhos, além de ter sido derrotado por Ricciardo na maioria das vezes. Um fim triste de categoria para quem foi promessa há tanto tempo e sai de mãos vazios, sem um pódio sequer.

HAAS

Foto: RaceFans
Kevin Magnussen – 6,5: o carro e a gestão tenebrosa da Haas respingaram no carro. Os pilotos podem não ser uma Brastemp mas também são reféns e vítimas disso tudo. Um carro veloz em classificação e com um ritmo de corrida péssimo com pneus que degradam rapidamente só poderiam resultar em algo catastrófico. O resultado foi esse. Magnussen foi o menos pior deles.

Romain Grosjean – 5,5: “Inacreditável terem renovado com ele, apenas isso. Uma série incrível de erros e cagadas. Talvez nem o próprio Grosjean tenha contado com a renovação através do duro Gunther Steiner. Com um grid extremamente jovem e dominado pelas “academias de pilotos”, talvez a única coisa positiva da Haas é ainda manter essa independência no que tange a escolha dos pilotos. Que venha mais um ano de trapalhadas do francês, talvez pode ser a última, pense nisso.” Escrevi exatamente isso ano passado e nada mudou. Nenhuma palavra a mais ou a menos.

E essa foi a primeira parte da minha análise. Concorda? Discorda? Comente aí! Até mais, com o resto dos resumos!

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

MAIS UM ALPHA

Foto: Getty Images
Apesar da única vitória da história da antiga Minardi ter sido em 2008 com Sebastian Vettel, pode-se dizer que a Scuderia Toro Rosso encerra suas atividades na Fórmula 1 na melhor temporada da história da equipe, justamente quando veio os dois pódios improváveis com os renegados Daniil Kvyat e Pierre Gasly.

Na verdade, quase tudo será a mesma coisa, apenas o nome irá mudar. A Toro Rosso vai virar Scuderia Alpha Tauri, uma marca de roupas cujo dono é o Dietrich Mateschitz, o mesmo da Red Bull. O nome, obviamente, serve para alavancar a evidência em relação a tal marca.

Toro Rosso vai virar Alpha Tauri. Foto: Reprodução/Internet

Com o novo nome, pode existir a possibilidade que a cor do carro seja diferente. Desde 2006, quando foi comprado o espólio da Minardi, a Toro Rosso sempre usou um roxo com azul escuro. Somente nos últimos anos foi adotado um azul mais claro.

Em 14 temporadas, foram 268 corridas e 1 vitória, 1 pole, 3 pódios e 499 pontos. Indiscutivelmente, pelos resultados, Vettel, Kvyat e Gasly podem ser considerados os melhores e mais importantes pilotos da escuderia.

Comprada da Minardi no fim de 2005, a Toro Rosso sempre serviu como equipe satélite da titular Red Bull. Com o tempo, passou a ser a equipe laboratório, que tinha somente os jovens pilotos da academia, que estreavam lá e poderiam ser aproveitados (ou não) no time de cima.

Tudo começou com os fracos Scott Speed e Vitantonio Liuzzi. Com as sobras da Minardi, era natural começar no pelotão de baixo, ainda mais sem experiência. No entanto, com a administração de Gerhard Berger, a equipe começou a subir.

A equipe satélite começou a andar melhor que a titular. A Toro Rosso sempre usou as sobras da Red Bull, mas o motor em algumas temporadas chegou a ser diferente e isso foi um fator desequilibrante: enquanto os taurinos usavam Renault, os "taurininhos" chegaram a usar motor Ferrari por alguns anos. Com Vettel, uma pole e vitória improvável em Monza fizeram história com a equipe "italiana" de sede em Faenza, utilizando as estruturas da Minardi.

Berger e Vettel: a única vitória da Toro Rosso na história. Foto: Getty Images
Mais do que resultados concretos, o objetivo da Toro Rosso sempre foi claro: revelar talentos para a Red Bull, tal qual uma categoria de base do futebol que abastece o time principal. Vettel foi alçado e fez história, tornando-se um padrão e exemplo de sucesso. No entanto, nem todos são Vettel na Red Bull, e alguns entenderam isso...

Helmut Marko e algumas de suas vítimas... Foto: Getty Images
A Red Bull pode ser um sonho para jovens pilotos que sonham com grandes carros, equipes, vitórias e títulos, mas também é um grande pesadelo, ao menos para a maioria deles. Para cada Vettel, vários outros foram queimados pela exigência de Helmut Marko, que também estimulava a rivalidade entre os jovens. Speed, Liuzzi, Bourdais, Buemi, Alguersuari, Vergne e posteriormente Kvyat e o próprio Gasly são exemplos da faca de dois gumes. Isso sem contar aqueles que ficaram no meio do caminho e sequer chegaram no topo, e o caso de outros que voltaram de forma inesperada, como Hartley e agora a sensação Alexander Albon.

Ricciardo e Verstappen: casos raros de sucesso, até um deles ser preterido pelo outro... Foto: Divulgação/Red Bull
Durante meia década a Toro Rosso foi constantemente cobrada por Marko pela falta de resultados. No entanto, este ano finalmente veio algum retorno depois da evolução da Honda e também de um pouco de sorte e oportunismo de seus pilotos outrora renegados.

Se antes era abundante a entrada de talentos, as dificuldades na base mostram que a Red Bull tem mais cuidado ao incinerar seus pilotos, sendo agora mais comum o "rebaixamento" do que a total ruptura. Ainda assim, a Toro Rosso/Red Bull cumpre seu papel de abastecer o grid em suas equipes (ou não), como Sainz pode muito bem provar.

Agora, a F1 tem mais uma alfa querendo se provar no bando, quer dizer, Alpha, tal qual o Athletico. De resto, segue tudo como está, com Gasly e Kvyat como pilotos. Ansioso para ver se o novo carro terá coloração diferente.

A exemplo da Force India, Toro Rosso era outro nome que nos acostumamos e vamos sentir falta. Em todo o caso, bem vinda a mais uma Alpha, a Alpha Tauri.

Até!