terça-feira, 30 de abril de 2019

SABOTAGEM

Foto: Getty Images
É histórico na Fórmula 1 qualquer equipe que brigue por títulos ter um piloto 1B. Quando isso não acontece, o pau quebra e as consequências são irreversíveis, vide a Ferrari de Gilles e Didier Pironi, a Williams de Piquet e Mansell e a McLaren de Alonso e Hamilton, por exemplo. 

Em outros casos, quando há muito domínio, há a falsa sensação de disputa, seja porque a diferença em relação aos demais é muito grande, seja porque há muitos egos e competitividade envolvidos. Exemplos: Senna e Prost, Hill e Villeneuve, Rosberg e Hamilton e agora já querem colocar o Bottas na parada.

Ano passado, enquanto a Ferrari não tinha feito cagada, Bottas virou um baita piloto 1B. Este ano, pelo que me consta, vai ter uma "disputa". No entanto, caso os italianos reajam, certamente veremos Bottas ser preterido em prol do melhor piloto, o que é uma decisão normal e natural.

Bem, tudo isso para introduzir a questão Ferrari-Leclerc. É natural que viesse para ser um "escudeiro" de Vettel, apesar de um termo depreciativo e designado para quem realmente ganhou na loteria e parou numa grande equipe, naipe Irvine ou Kovalainen. Até mesmo Webber, Coulthard e Barrichello tiveram que se contentar com isso. Então, seria natural um início assim numa grande equipe, mas vamos lá:

Austrália: Leclerc teve que tirar o pé pra não passar Vettel, apesar de a Ferrari ter errado na estratégia com o alemão;
Bahrein: Leclerc ganharia a corrida se não fosse o problema no motor;

China: Leclerc servindo como escudeiro, parando no fim apenas para tentar atrapalhar as Mercedes;

Baku: A mesma coisa; pode-se argumentar que Leclerc errou no sábado e isso foi preponderante, mas de novo: outra estratégia equivocada e, nos dois casos, um quinto lugar, superado por Verstappen;

A Ferrari não se constrange em deixar um carro atrás até mesmo da Red Bull em prol de beneficiar um piloto que julga ser o principal para tentar deter os alemães. Acontece que esse piloto há tempos se tornou errático e vem tendo dificuldades, proporcionando até uma disputa equilibrada até aqui com Leclerc. O monegasco estaria na frente na tabela se tivesse confirmado a vitória no Bahrein.

Meu ponto não é simplesmente transformar Vettel em um segundão inútil ou aposentá-lo, apenas para que deixem os dois disputarem na pista. A Ferrari perde pontos imbecis até na disputa pelos construtores. Quando o carro não falha o piloto erra, aí é complicado.

Leclerc tem potencial e estimula a competição. A Ferrari precisa crescer internamente e parar de errar para depois tentar tirar a diferença que existe em relação a Mercedes ao invés de sabotar o jovem monegasco. Claro que Leclerc está desconfortável com isso, mas o que ele pode fazer? É o primeiro garoto em décadas que os italianos apostam, ele simplesmente não vai botar o pau na mesa e fazer uma rebelião. Hamilton era apadrinhado por Ron Dennis e a McLaren historicamente sempre foi mais liberal quanto a isso, então a comparação não é válida.

O primeiro passo para a Ferrari voltar a se organizar é parar de sabotar o jovem talentoso monegasco. Vettel não está no auge, o que torna a decisão ainda mais ridícula. Além de se prejudicar, a equipe se constrange. Quem agradece é a Mercedes.

Até!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

BOTTADA

Foto: Getty Images
A Fórmula 1 nesta temporada vai me ajudar a escrever textos curtos. O problema é o ânimo para fazer isso.

Vamos lá. Corrida no Azerbaijão sem acidente é um lixo, como foi comprovado logo na abertura, em 2016. Nesta temporada, a cota de bizarrices foi preenchida com os eventos do final de semana.

Pois bem, diante de uma "dívida histórica", o destino deu a vitória que tirou no ano passado. Bottas largou na pole e venceu sem sustos, em uma corrida chatíssima. Hamilton tentou atacar no final, mas teve que se contentar com a segunda posição. Mais uma dobradinha, a quarta seguida. Nem a Williams de 1992 conseguiu isso, tampouco as do tempo de Schumacher nos anos 2000.

Hamilton disse que foi "muito amigável" na largada. De fato, se jogasse mais duro, certamente teria assumido a liderança. Foi a primeira vez no ano que o pole venceu uma corrida. Hamilton não parece enxergar o finlandês ainda como um rival, tal qual era Rosberg recentemente. Por enquanto?

A Mercedes deixando seus pilotos brigarem tem muito a ver com a costumeira incompetência da Ferrari. O mais incrível é que os italianos parecem cada vez mais empenhados em fazer uma cagada diferente a cada corrida. Leclerc, que desta vez fez bobagem no sábado, teve que partir para o plano B. Quando era líder com os pneus duros, a Ferrari simplesmente acabou com a corrida do monegasco, que só serviu de escudo para Vettel, que desta vez não fez nenhuma cagada. Resultado? Leclerc mais uma vez em quinto, incapaz de sequer se aproximar de Verstappen porque o rendimento com os macios era pífio. Ah, ele fez a volta mais rápida da corrida, mas quem se importa? Bom, por enquanto Bottas lidera o campeonato justamente por isso.

Não tem muito o que comentar. Sérgio Pérez, de quem sou fã, finalmente estreou na temporada com um ótimo sexto lugar. Até Stroll anda bem por lá e conseguiu um nono lugar. Outro grande destaque foi a McLaren, sem problemas e com os dois carros na zona de pontuação, os primeiros de Sainz e mais alguns de Norris. Parece animador para quem sequer passava do Q1 no ano passado. Raikkonen, beneficiado pelo abandono de Gasly, conquistou mais um pontinho. Aliás, o francês se continuar assim certamente será substituído pela Red Bull e não vai demorar muito...

A Renault, uma montadora, busca se reestruturar, mas a temporada até aqui é um fracasso. Hulk nem pontuou. Ricciardo, que vinha num bom ritmo e é considerado o "melhor ultrapassador" da F1, tentou uma manobra arriscada na curva 2, passou reto e impediu Kvyat de fazer a tangência. Não satisfeito, simplesmente deu a ré e acertou o torpedo russo. Os dois abandonaram. Isso é o retrato do australiano hoje na equipe francesa.É como o Cristiano Ronaldo indo pra Juventus e não passar das quartas da Champions, ou algo do tipo. O pior é ouvir letrinha do russo, que disse que ia comprar um retrovisor pra ele... se bem que Kvyat pode, afinal o derrotou em 2015.

O resto é mais do mesmo. Bottas parece estar na melhor forma da carreira, uma grande reviravolta para quem parecia descartado. Ocon não parece ser um cara de sorte. No entanto, ainda não acho o finlandês um concorrente para o título. Para derrotar Hamilton, é necessário nadar até águas profundas, sobreviver a entrada para o vale da morte e ter um pouco de sorte. Por enquanto está se saindo bem, mas resta saber como será o comportamento na segunda metade da temporada, quando Hamilton realmente engata.

Confira a classificação completa do GP do Azerbaijão:


Até!

sexta-feira, 26 de abril de 2019

BIZARRICES

Foto: Getty Images
Mais um dia nem tão normal assim no automobilismo e em Baku.

Logo em 10 minutos da primeira sessão de treinos livres, George Russell rasgava a reta tranquilamente até passar por cima de uma tampa de bueiro (!) que ficou exposta na pista. Claro, é um circuito de rua, normal ter isso. No entanto, não deixa de ser um amadorismo sem limites.

Bem, o assoalho e o câmbio foram danificados e a sessão foi cancelada. Não bastasse isso, o caminhão que retirava do carro da Williams bateu numa marquise e o fluido hidráulico do veículo começou a escorrer bem no FW42. Que fase... é o famoso "jogar pedra na cruz".




Imagina se uma coisa dessas acontece no Brasil... Bom, ao menos podemos provar as vezes que nem tudo na F1 é tão perfeccionista e profissional. Afinal, umas pataquadas dessas também servem pra quebrar o gelo.

Mas isso não foi tudo. O gran finale veio na F2.

Primeiro, apenas observem isso que o possante indiano Mahaveer Raghunathan (nome de CPU gerado por jogo asiático) fez:


Agora, o que Sean Gelael, que estava com problemas no motor do carro, fez com os pobres comissários azeris:




Um dia e tanto em Baku, que sempre promete corridas malucas e incidentes bizarros. Isso, para esta temporada, já não falta mais. Ansioso.

Ah sim: Leclerc foi o mais rápido no TL2 e Matsushita larga na pole na F2.

Até!

GP DO AZERBAIJÃO - PROGRAMAÇÃO

O circuito de rua de Baku, capital do Azerbaijão, irá receber a F1 pela quarta vez na história. Em 2016, foi com a alcunha de GP da Europa. Desde 2017 que o autódromo recebe o Grande Prêmio do Azerbaijão.

Um circuito urbano tão estreito como o de Mônaco, com retas tão rápidas como em Montreal, no Canadá, e com quase tantas curvas quanto o de Singapura.

O traçado é de autoria do arquiteto Hermann Tilke, responsável pelos desenhos de diversas pistas do calendário. A prova passará por diversos pontos turísticos, mostrando a mescla entre a arquitetura medieval e os modernos arranha-céus da cidade.

O traçado terá 6km, apenas menor que uma volta ao circuito de Spa-Francorchamps. A pista terá 20 curvas, perdendo apenas para Singapura, com 23, e Abu Dhabi, com 21.

Mas a grande característica do circuito é sua largura. Ainda que o regulamento exija que as pistas devem ter no mínimo 12m de largura, em Baku isso será consideravelmente menor, com o máximo de 13m e, em determinados pontos apenas 7,6m. Os carros atualmente têm 1,8m de largura.

A partida e chegada terá lugar na praça Azadliq, um dos principais pontos turísticos de Baku. A velocidade máxima deverá rondar os 340 km/h no final da enorme reta do circuito.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Sebastian Vettel - 1:43.441 (Ferrari, 2017)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:40.593 (Mercedes, 2017)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Daniel Ricciardo e Lewis Hamilton - 1x (2017) e (2018)

VERSTAPPEN SOBRE VETTEL: "NÃO É MÁGICO"

Foto: Racefans

O mau momento do alemão rende comentários gerais. Perguntado pela "La Gazzetta dello Sport", Max Verstappen falou sobre Seb:"Eu sempre achei Vettel um bom piloto, porque não dá para ganhar quatro títulos mundiais sem ser. Mas nunca achei que ele era mágico", afirmou.

O holandês explicou:

"Daniel Ricciardo conseguiu batê-lo na Red Bull e agora a confirmação com Leclerc, que também está deixando a vida dele muito difícil".

Pegando essa resposta como gancho, Max também falou sobre um dia voltar a ter um companheiro de equipe mais "salgado":

"Se algum dia houver a chance de que Leclerc e eu sejamos parceiros certamente vou aceitar esse desafio. O mesmo vale para Hamilton, que já tem cinco títulos mundiais, mas não me importo", disse.


Opinião é opinião e vocês já sabem sobre a minha por aqui. Então, a questão mais interessante desta entrevista é o fato de Max querer matar todos os desafios possíveis. Confiante e selvagem do jeito que é, gostaria que ele tivesse um carro capaz de ser campeão e não só por migalhas deixadas entre Mercedes e Ferrari. Ah, e que tivesse um cara tão talentoso quanto para brigar pelo campeonato. Aposto que não sou o único a querer isso.

MAS JÁ?

Foto: Getty Images
Raslan Razali, diretor de corridas do autódromo de Sepang, na Malásia, disse que o país está de olho em um retorno para a categoria. A última corrida disputada no circuito foi em 2017. Diante da insatisfação com o então contrato vigente, Sepang não quis renovar e apostou as fichas na MotoGP. Agora, com a Liberty Media, um novo acordo pode ser costurado.

Mas o retorno não seria tão breve. Mahathir Mohamad, primeiro ministro do país entre 1981 e 2003, foi o grande responsável pela entrada do país na F1, em 1999. No ano passado, ele voltou ao cargo. Portanto, o interesse existe.

“Ele já mostrou o interesse de que a Fórmula 1 retorne um dia. Mesmo assim, depois da última corrida em 2017, o país precisa esperar ao menos cinco anos para poder voltar”, disse.

Cinco anos em relação a 2017 seria 2022. No entanto, a Liberty tem outros planos e estratégias em diferentes países, como por exemplo mais uma prova nos Estados Unidos e a expansão por circuitos de rua na China, Dinamarca e até mesmo um retorno para a Holanda, visando maximizar o efeito Verstappen.

“A Fórmula 1 ainda vai seguir se desenvolvendo nos próximos dois ou três anos. As corridas também vão ficar melhores. Se eles [Liberty Media] quiserem mais corridas de rua... Talvez a gente queira voltar, mas eles não nos querem agora. Nós só podemos esperar”, encerrou.

Sepang nunca deveria ter saído. Já tinha virado um circuito tradicional, bonito e repleto de grandes corridas, sempre com o clima imprevisível. É a ficha 1 para voltar, sem dúvidas. Por mais circuitos e menos corridas de rua.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 68 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 62 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 39 pontos
4 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 37 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 36 pontos
6 - Pierre Gasly (Red Bull) - 13 pontos
7 - Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 12 pontos
8 - Lando Norris (McLaren) - 8 pontos
9 - Kevin Magnussen (Haas) - 8 pontos
10- Nico Hulkenberg (Renault) - 6 pontos
11- Daniel Ricciardo (Renault) - 6 pontos
12- Sérgio Pérez (Racing Point) - 5 pontos
13- Alexander Albon (Toro Rosso) - 3 pontos
14- Lance Stroll (Racing Point) - 2 pontos
15- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 130 pontos
2 - Ferrari - 73 pontos
3 - Red Bull Honda - 52 pontos
4 - Alfa Romeo Ferrari - 12 pontos
5 - Renault - 12 pontos
6 - Haas Ferrari - 8 pontos
7 - McLaren Renault - 8 pontos
8 - Racing Point Mercedes - 7 pontos
9 - Toro Rosso Honda - 4 pontos

TRANSMISSÃO







quarta-feira, 24 de abril de 2019

A QUARTA CORRIDA

Foto: Motorsport
Olá, pessoal!

Como o Grande Prêmio do Azerbaijão não tem história suficiente para ser relembrada (afinal, está sendo disputada pela quarta vez - três como GP do Azerbaijão e uma como GP da Europa) e é a quarta etapa de uma temporada que até aqui tem o domínio, decidi relembrar de outras "quartas etapas" da era recente da Fórmula 1 que também tiveram domínios de uma equipe, mas diferentes.

Vamos lá:

2004 - SAN MARINO

O GP de San Marino sediado em Ímola na Itália e somente com esta nomenclatura para burlar o regulamento de que não poderia existir dois GPs em um mesmo país com a mesma alcunha, a corrida marcava o aniversário de dez anos de falecimento de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna. Durante o final de semana, o sobrinho Bruno e o grande amigo Gerhard Berger guiaram a mítica Lotus 86, emocionando a todos.

Na pista, a Ferrari mantinha o seu domínio, com Schumacher vencendo as três primeiras etapas. No entanto, a pole ficou com a surpreendente BAR Honda de Jenson Button, que debutava na "posição de honra". 

No entanto, Schummi logo deu o pulo do gato nas famosas voltas voadoras pré-reabastecimento e venceu pela quarta vez no ano, mantendo o 100% que depois garantiria o seu sétimo e último título mundial. Button foi o segundo e a Williams de Juan Pablo Montoya foi o terceiro. Alonso, Trulli, Barrichello, Ralf Schumacher e Kimi Raikkonen completaram a zona de pontuação, num grid que também tinham os brasileiros Felipe Massa na Sauber e Cristiano da Matta na Toyota.




2009 - BAHREIN

Foto: Getty Images
Esta é uma outra história que já contei, até recentemente. A Fórmula 1 vivia um novo momento, cortando gastos e sofrendo com a crise, que fez montadoras saírem da categoria. Com o novo regulamento, quem apostou no famoso difusor traseiro se deu bem, enquanto que as tradicionais Ferrari, McLaren e BMW ficaram para trás com a aposta no KERS, o sistema de recuperação de energia cinética.

Jenson Button liderava o campeonato com duas vitórias em três corridas, sendo que na Malásia a corrida teve menos da metade da duração e, portanto, valeu apenas metade dos pontos. Na etapa anterior, na China, o jovem Sebastian Vettel foi o responsável pela primeira vitória da história da Red Bull Racing, ele que também foi o primeiro e único vencedor pela equipe satélite, a Toro Rosso.

No confronto entre os dois, quem se deu bem no sábado foi a Toyota: Trulli e Glock fizeram a primeira dobradinha da história da equipe na primeira fila, com Vettel e Button na segunda fila. 

No entanto, durante a corrida, o melhor ritmo de corrida aliado a uma estratégia acertada fez Button vencer pela terceira vez em quatro etapas. Ele venceria mais duas em sequência para garantir uma vantagem irreversível, bastando somente administrar na reta final, onde a Brawn GP já havia sido superada pelas rivais, para se sagrar um dos campeões mundiais mais improváveis de toda a história. Vettel foi o segundo e Trulli o terceiro, seguido por Hamilton, Barrichello, Raikkonen, Glock e Alonso. O grid também contava com Nelsinho Piquet pela Renault (foi o décimo) e com Felipe Massa na Ferrari, que abandonou com problemas no carro do cavalinho rampante.


2014 - CHINA

Foto: Getty Images

O domínio da Mercedes já começa a ser uma fatia significativa da história deste esporte. Depois de três vitórias em três corridas, as flechas de prata partiram para a quarta vitória sem maiores problemas.

Com mais um treino na chuva, Hamilton evidenciava seu maior talento ao fazer mais uma pole. Em condições não tão desiguais, as Red Bull de Ricciardo e Vettel se intrometeram e o líder Nico Rosberg largou apenas em quarto.

Na corrida, sem chuva, um passeio da Mercedes sem maiores problemas e mais uma dobradinha, a terceira vitória de Lewis no ano. O cara responsável por agitar a bandeira fez isso uma volta antes, portanto a corrida teve uma volta a menos, o que ajudou Alonso e a Ferrari a garantir o terceiro lugar, apesar dos ataques de Ricciardo. Vettel foi o quinto, seguido por Hulkenberg, Bottas, Raikkonen, Pérez e Kvyat. Massa foi o 15° com a Williams.

Bom pessoal, essas foram as lembranças dessa semana. Até a próxima!

terça-feira, 16 de abril de 2019

ESTACA ZERO

Foto: Getty Images
Até 2015, o motor Mercedes reinava absoluto. A superioridade era tanta que a Williams virou quase segunda força naqueles tempos, impulsionado exclusivamente por isso. A Ferrari reagiu e mesmo a Red Bull brigando com a Renault, ela conseguiu se reequilibrar.

Passaram-se três ou quatro temporadas. A Ferrari ameaça mas ainda não consegue bater os alemães. Isso só prova que não é só motor a questão. Em três corridas, três comportamentos distintos do SF90, que dizem ser dotado de muita potência, mas confiabilidade e adaptação imprevisíveis. Se a única equipe capaz de deter as flechas de prata bate cabeça de todos os jeitos, é tudo que uma organização capaz, competente, rica e vencedora deseja.

A Renault não sai do lugar. Só agora que a Honda melhorou, podemos assim dizer. A Red Bull é refém disso. Sem dispor dos motores mais competitivos, ela se vira nos trinta para continuar na frente. A questão é: até quando?

Nunca a Fórmula 1 teve tanto tempo de domínio. Claro, ultimamente ela ficou definida por eras: a "era Schumacher", a "era Red Bull" e agora a "era Mercedes". Não existe nada a ser feito para evitar isso no mínimo até o ano que vem. As forças estão definidas e os pelotões estão bem espalhados. Não há margem para aproximação ou alguma embaralhação. O imprevisível não existe. Quebras de motor são raríssimas. Essa era a vantagem das décadas anteriores em termos de emoção e disputa: o imponderável.

Em tese, as coisas precisam ser modificadas para 2021. Terá a inexperiente Liberty Media capacidade para convencer quem realmente manda a mudar? A mão de ferro de Bernie faz falta nessas horas. Periga, na verdade, que as coisas continuem do jeito que estão: domínio de uma equipe, outra secundária, outra terciária, uma mistura no meio e alguém para completar no grid.

A Fórmula 1 volta a estaca zero de 2014, logo no início da era híbrida. Mercedes perfeita e o resto incapaz de detê-los. Até quando a Fórmula 1, o público e os patrocinadores irão aguentar este espetáculo tão chato e previsível? Ninguém vai querer saber de post divertido nas redes e tampouco de hashtags. Queremos briga, equilíbrio, emoção, disputa. Tudo o que não existe desde a era dos pneus "Farelli", que produziu o campeonato mais emocionante de todos os tempos em 2012.

A perspectiva não é nada boa. Te vira, Chase Carey!

Até!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

NINGUÉM VAI LEMBRAR


A única coisa que será lembrada nesta corrida 1000 da Fórmula 1 é que ela foi disputada na China e foi vencida por Lewis Hamilton.

Ninguém vai lembrar que o inglês começou a vitória logo na largada e administrou a corrida toda com Bottas o comboiando.

Ninguém vai lembrar que a Ferrari é patética e mais uma vez ferrou Leclerc com uma estratégia inacreditável, fazendo o monegasco cair de terceiro para quinto ao beneficiar o decadente errante Vettel na estratégia, sendo que este não fez nada faz algum tempo.

Ninguém vai lembrar que Verstappen parece estar amadurecendo e contendo o ímpeto, pensando nos pontos e sendo alguém cerebral. Ninguém vai lembrar que Gasly ganhou um ponto extra porque isso realmente não é importante.

Ninguém vai lembrar que Ricciardo marcou seus primeiros pontos com uma decepcionante Renault, que praticamente não avança e novamente teve problemas com Hulkenberg.

Sabem porque que ninguém vai lembrar? Porque esta corrida foi o retrato da F1 dos últimos anos. Mercedes dominante, Ferrari batendo cabeça e tropeçando nas próprias pernas, Red Bull confortável como terceira força e apenas o pelotão intermediário movendo fundos por brigas (adivinhem?) intermediárias (destaque para a boa corrida de Kimi Raikkonen). Se a Liberty não fizer nada a respeito, a F1 está cada vez mais fadada a ser esquecida, e isto será tema do próximo texto.

Ninguém vai lembrar que Kubica e Giovinazzi estão sendo surrados pelos seus companheiros. Infelizmente, as condições físicas do polonês não permitem um alto rendimento na maior parte da corrida. Somando-se ao péssimo carro da Williams, está o talentoso George Russell. O italiano está cada vez mais aquecendo o banco do Schumacher Jr.

Ninguém vai lembrar que a Haas não tem pilotos a altura do carro, ou ao menos um deles.

Deveriam lembrar a grande corrida de Alexander Albon. Largando dos boxes, foi ganhando posições e conquistou um heroico décimo lugar com a Toro Rosso. Apesar do forte acidente que o impediu de participar do treino e acabou gerando toda essa situação, se o tailandês nascido na Inglaterra continuar com bons desempenhos, Gasly pode ser mais uma vítima do abatedouro de Helmut Marko.

Mas ninguém vai lembrar.

Confira a classificação final do GP da China:


Até!