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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

DOIS PASSOS DO FIM

 

Foto: Getty Images

Mais um capítulo da última temporada de Vettel na Ferrari. Uma coisa melancólica comparável a Game Of Thrones. Nunca assisti a série, mas são esses os comentários que eu li. Comparando a algo que tenha assistido ultimamente, poderia ser também a temporada final de House Of Cards, sem Kevin Spacey, mas enfim, vocês entenderam.

Se antes o tratamento era de primeiro piloto e o status de "a grande esperança", agora Vettel virou aquela figura indesejável no ambiente onde ninguém tem coragem de expulsá-lo mas estão todos torcendo para que saia de lá o mais rapidamente possível. Sequer foi procurado para discutir uma possível renovação. Um tetracampeão do mundo dispensado por telefone.

As coisas se deterioraram muito rapidamente, como a chegada e ascensão de Leclerc deixaram claros. A Ferrari tinha um novo queridinho, que entregava mais resultados, errava menos e ainda por cima era muito mais barato. Os problemas que se sucederam apenas adiaram o final inevitável, mas esse meio do caminho segue com nuances surpreendentes.

Ontem, o ápice. Vettel rodou e reclamou da estratégia da equipe ao ter parado nos boxes com apenas 10 voltas de pneu duro. A resposta: "se não tivesse rodado, não faríamos isso." Depois da corrida, Binotto disse que o alemão chegaria em 12° igual. Enquanto isso, Leclerc conseguia um ótimo quarto lugar.

Esses ataques públicos no rádio e na imprensa são a novidade. Chegou a um ponto insustentável. Como já foi dito e escrito, talvez seja melhor para os dois que as coisas acabem imediatamente. Qual a diferença de seguir até o final do ano? O carro é uma porcaria mesmo. Nesse caso, é claro, o problema maior seria da Ferrari para contratar um substituto que possa ser minimamente competitivo. Pior do que está não fica. 

E Vettel? Ir para a Racing Point/Aston Martin, que se mostra mais uma empresa familiar do que qualquer outra coisa, não parece ser uma boa. Pode servir apenas para engordar o cartel do filhote Stroll. Vale a pena um tetracampeão resolvido financeiramente se sujeitar a isso? Parece claro, olhando de fora, que Vettel precisa de um tempo. Quem sabe, se sentir falta da adrenalina, velocidade e competição, não consiga se reinventar em uma nova categoria a partir de 2022? É a aposta que precisa ser feita porque, nesse instante, Vettel está a dois passos do fim.

Até!

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

GP DOS 70 ANOS: Programação

O Grande Prêmio dos 70 anos da Fórmula 1 é uma edição comemorativa dos 70 anos de existência da categoria. A corrida será realizada em Silverstone, palco onde tudo começou.

Foto: Getty Images

APENAS CHEFE

Foto: Getty Images
  
A Ferrari, em sua eterna reestruturação, continua com mudanças. Antes chefe e diretor técnico, Mattia Binotto deixou a segunda função, focando apenas na primeira.

Há duas semanas, a escuderia anunciou a criação do "Departamento de Performance", comandado por Enrico Cardile e com a presença de Rory Bryne, projetista nos tempos de Schumacher e que mais uma vez está de volta.

“Não sou mais diretor-técnico. Sou apenas o chefe da Ferrari”, disse Binotto à emissora alemã RTL.
Apesar das projeções pessimistas do presidente John Elkann de que a Ferrari só vai voltar a vencer em dois ou três anos, o agora apenas chefe garante que está todo mundo trabalhando duro para que esse mau momento seja superado o mais rápido possível.

A cada corrida, medidas são tomadas pelos passionais italianos. Mattia Binotto é apenas chefe agora, e por enquanto, mas não deveria. A parte técnica combina mais como a de alguém que toma decisões. Não parece ter o perfil para esse tipo de cargo.

CERCO FECHANDO?

Foto: Getty Images


As contínuas denúncias da Renault sobre a possível irregularidade dos dutos de freio da Racing Point podem ganhar um novo e importante capítulo.

Segundo Michael Schmidt, da Auto Motor und Sport, ex-funcionários da equipe rosa levaram informações para os franceses.

Obviamente, se isso for verdadeiro, essas pessoas certamente serão ouvidas no tribunal durante o julgamento. 

A Racing Point alega que adquiriu partes dos freios da Mercedes antes da FIA avisar que os dutos deveriam ser produzidos pelos próprios times.

“Durante uma visita a nossa fábrica, a FIA revisou toda a documentação sobre os nossos dutos de freio. No mesmo dia, compararam o desenho com o da Mercedes e fizeram seus comentários”, disse Andy Green, diretor-técnico da equipe.

No entanto, Nikolas Tombazis, diretor-técnico da entidade, negou a inspeção. Green respondeu que Tombazis não estava na inspeção e, depois do encontro, enviou para a FIA mais informações sobre os dutos de freio.

“Não se trata de esconder o desenho. Eles comentaram que a solução era igual à da Mercedes, e explicamos que isso é porque compramos dutos de ar de 2019, quando ainda era legal. Nossos advogados estão lidando com esse problema há algumas semanas e mandamos mais documentos para a FIA durante o fim de semana”, explicou.

Dependendo do que decidirem, talvez a dinâmica das forças no pelotão intermediário muda tudo. Além das punições, um carro enfraquecido com um piloto fraco, um com covid e outro fora de ritmo pode ser fatal para as pretensões esportivas e financeiras da Racing Point em 2020 além de, é claro, ser um aviso bem entendível para as demais equipes não tentarem tal "malandragem".

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 88 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 58 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 52 pontos
4 - Lando Norris (McLaren) - 36 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 33 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 26 pontos
7 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 22 pontos
8 - Lance Stroll (Racing Point) - 20 pontos
9 - Daniel Ricciardo (Renault) - 20 pontos
10- Carlos Sainz Jr (McLaren) - 15 pontos
11- Esteban Ocon (Renault) - 12 pontos
12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 12 pontos
13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 10 pontos
14- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
15- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 1 ponto
16- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 146 pontos
2 - Red Bull Honda - 78 pontos
3 - McLaren Renault - 51 pontos
4 - Ferrari - 43 pontos
5 - Racing Point Mercedes - 42 pontos
6 - Renault - 32 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 13 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO:







segunda-feira, 6 de julho de 2020

E ASSIM O MUNDO SEGUE...

Foto: MotorSport

Como diz aquele meme: "as expectativas eram baixas mas puta merda". Os testes de pré-temporada e as próprias declarações contundentes de todos já denunciavam que algo estava errado e não era blefe. A Ferrari, ao tentar tirar um pouco de velocidade de reta e melhorar nas curvas, conseguiu piorar as duas coisas. Perdeu a mão.

Isso, ligado ao polêmico acordo com a FIA acerca dos motores do ano passado levantam suspeitas sobre o quão no regulamento estava essa situação toda. Coincidência ou não, Haas e Alfa Romeo hoje só superam a Williams e a própria Ferrari começa a brigar de foice no escuro com Racing Point e McLaren.

A partir do momento que Vettel foi o 11° no Q2, me caiu a ficha e entendi a contratação de Sainz. Em virtude dos acontecimentos e consequências do covid, a Ferrari não tinha perdido apenas o ano de 2020, o que era esperado, mas também 2021. Mesmo sendo a Ferrari, a perda de dinheiro seria grande. Isso, aliado com os rendimentos do piloto alemão que já não são mais condizentes com sua atual capacidade, fizeram com que os italianos optassem por não renovar o vinculo e optar pela escolha do barato Carlos Sainz, um acumulador de pontos mais do que necessário nesse curto-prazo.

Isso tudo, é claro, capitaneado pelo talentoso Leclerc. Em uma corrida de exceção, onde era necessário oportunismo, o monegasco aproveitou a chance e tirou um segundo lugar da cartola que parece improvável para o resto da temporada, mais do que nunca justificando as escolhas da Ferrari.

Para as corridas seguintes, Binotto e cia já avisaram: não vai ter atualizações. O jeito é correr com isso aí e tirar o que pode do carro, principalmente Leclerc, até porque Vettel já está em tom de despedida da categoria. Assim como o alemão, a Ferrari está ladeira abaixo.

Quem deve ser cobrado por uma organização, a mais rica, popular e influente politicamente não ganhar nada há 13 ou 14 anos, já contando com o ano que vem? A verdade é que a Ferrari sempre foi uma bagunça, tirando a era Schumacher, Ross Brawn e Jean Todt e talvez mais tarde lá com Niki Lauda.

E o assim o mundo (da Ferrari) segue: ladeira abaixo, clamando por um líder que resolva todos os males do mundo (da Ferrari).

terça-feira, 12 de maio de 2020

SEM ADEUS

Foto: AP Photo
Para quem está sobrevivendo a pandemia, ela pode ser um período para se fazer pensar e repensar várias questões mundanas que em um dia normal ninguém teria tempo, interesse ou temor em mexer.

Assim como o relacionamento de vários casais acabaram rapidamente com a necessidade de conviver 24 horas nesse confinamento forçado, Ferrari e Vettel decidiram em terminar a relação no final do ano. Nada que surpreenda.

Esse sintoma de fim de relação era bem claro desde que o alemão entrou em uma espiral negativa, em 2018. De lá para cá, a ascensão e boa temporada do protegido Leclerc apenas serviram para acelerar o processo da Ferrari em perceber que não pode gastar tanto dinheiro em alguém que não entrega um resultado condizente a esse pagamento.

Um cansou do outro. A missão em reerguer a Ferrari e tentar copiar os passos do ídolo Schumi deu certo até a página dois. Depois, quando a Ferrari não falhou, Vettel deu pane. É uma despedida sem adeus. Se a temporada começar, vai ser em julho, mas francamente, ninguém se importa muito com isso. É uma distopia pensar no que vai acontecer. Por outro lado, os testes de verão mostraram que esse será mais um ano perdido para os italianos.

Vettel fracassou na Ferrari? Difícil afirmar isso depois de 14 vitórias e ser o terceiro mais vencedor da história da Scuderia. Agora, com certeza vai ficar aquela sensação de que ele entregou menos do que podia ou do que a Ferrari esperava. Convenhamos: Vettel é um bom piloto, mas nada que justifique quatro títulos mundiais. Teve a sorte e competência de estar no momento certo na hora certa. Ademais, Alonso, que saiu brigado com os italianos, sai com a sensação de entrega muito maior porque mesmo com menos equipamento ele batalhou pelos títulos. Vettel não chegou nem perto disso.

O futuro da Ferrari é tornar Leclerc oficialmente o protegido. De contrato renovado até 2024, está nele as fichas para a quebra de uma hegemonia. Assim como a Red Bull, os conservadores italianos entregam essa responsabilidade para um jovem porque, nas últimas vezes que apostou nos medalhões, não deu certo. Ao menos irão gastar bem menos.

Como Leclerc é o protegido, quem virá não irá incomodá-lo. O objetivo é ser um acumulador de pontos,um Albon, um Bottas. Quem se encaixa melhor nisso, tanto enquanto piloto quanto em personalidade? Segundo a imprensa europeia, Carlos Sainz será o escolhido. De chutado da Red Bull pela influência de Verstappen, o espanhol sucessor de Alonso agora pode disputar roda a roda com o rival holandês. Que ironia.

Outro que corre por fora é Giovinazzi, mas esse aí mal mostrou suas credenciais na Alfa Romeo e, além do mais, a Ferrari se mostra muito cética em contratar italianos para a equipe. Os últimos (Badoer e Fisichella) foram em circunstâncias excepcionais. Eu não duvidaria que tirassem da cartola o Mick Schumacher, o Schummi Jr. Está tudo uma loucura.

Leclerc e Sainz. Certamente essa seria a dupla de pilotos mais insossa da história da Ferrari, sem dúvida alguma. Até na penúria dos anos 90 haviam pilotos carismáticos e admirados pelos tifosi, como Jean Alesi e Gerhard Berger. Para uma equipe como a Ferrari ter dois jovens nem tão carismáticos assim e abrir mão de um multicampeão é complicado. Eu apostaria em Ricciardo e até no retorno de Alonso, mas isso certamente nunca vai acontecer.

E Vettel? Bom, daí existe um efeito dominó. A imprensa europeia há semanas divulga que o alemão recebeu sondagens de McLaren e Renault. Se Sainz realmente for pra Ferrari, é caminho livre. Imagina Vettel numa McLaren com o retorno do motor Mercedes. Nostálgico... além do mais, a Renault não parece nem perto de estar estruturada. Por outro lado, Ricciardo pode ir para a equipe inglesa e aí sobraria Vettel para os franceses.

O tetracampeão merece respeito. Pode não estar mais no prime e depender de inúmeras variáveis para extrair o máximo do carro mas ainda assim é superior a no mínimo 80% do grid. Hoje, talvez sem a pressão dos títulos e vitórias que já tanto conquistou, uma nova aventura, liderando uma outra grande escuderia de grife pode ser o início de um desfecho bacana daquele está no top 5 da Fórmula 1 em títulos e vitórias.

Sem adeus, mas convenhamos: é até melhor que seja assim.

Até!

segunda-feira, 2 de março de 2020

BLEFE NO DIVÃ?

Foto: Getty Images
Ah, o discurso... ele pode ser feito de tantas maneiras e com vários objetivos diferentes.

Às vezes, se fala apenas o que o outro quer ouvir, mas também pode ser aquilo que as pessoas não querem encarar, e em muitos casos isso é uma terceira via, pois nem o interlocutor e nem o autor da mensagem falam e escutam o que realmente desejam.

Em meio a ameaça mundial do coronavírus que já cancelou a corrida na China e coloca em risco outros circuitos, o discurso mais interessante até aqui é o da Ferrari, que sempre será o personagem principal do enredo da F1.

A equipe mais famosa, mais popular, com mais fãs... e por isso a mais pressionada, que chega para o 12° ano sem título. Nos últimos anos de pré-temporada, a expectativa era sempre animadora: "agora vai! Vamos bater a Mercedes!". Tempos rápidos e reconhecimento dos rivais sempre tornaram os italianos os bicho-papões de Melbourne, até chegar o choque de realidade. Seja pelo carro ou pelos erros de Vettel, a Ferrari segue num círculo vicioso de equívocos, decepções, cobranças e pressões.

Nesta pré-temporada, no entanto, a pista mostrou outra coisa. Problemas no carro, pouca quilometragem na primeira semana e tempos mais lentos do que Mercedes e Red Bull. Leclerc falando que o carro não está bom, assim como o chefão, Mattia Binotto.

O discurso é sempre perigoso, ainda mais na pré-temporada. Ninguém realmente sabe a condição de cada um. Os pneus, a quantidade de combustível, o acerto aerodinâmico, a característica de cada carro dependendo do estilo de pista e das condições climáticas...

Binotto diz que o carro teve problemas desde o início da concepção e que a Ferrari já precisa correr atrás do prejuízo imediatamente na abertura da temporada. A pressão aumenta. Mais um ano sem taça e sem condições de ser competitivo diante da Mercedes, que até inovou com o DAS? Sério mesmo?

No entanto, esse excesso de sincerídio de Binotto e Leclerc me deixam desconfiado. Colocar a equipe numa condição tão inferior será realmente verdade e o discurso, apesar de ser para a imprensa, é interno, ou existe uma tirada de pressão diante das lições aprendidas nos últimos anos?

O coronavírus é a grande preocupação mundial , mas a pressão e a preocupação no lado de Maranello é constante. Imagina essas duas coisas juntas? É o que está acontecendo agora por lá.

A temporada 2020 começa em 10 dias.

Até!

terça-feira, 19 de novembro de 2019

EU SOU VOCÊ AMANHÃ

Foto: Alliance/DPPI
Durante os anos 1980, uma campanha publicitária de Jacques Lewkowicz fez muito sucesso: para vender uma vodka, foi criado o "efeito Orloff", nome do produto: uma pessoa convencia a outra para beber o produto e, no fim, dizia "porque eu sou você... amanhã". Se bebesse a Orloff, o sujeito não ficaria triste, deprimido e arrependido no outro dia. Na cultura popular, essas expressões começaram a ser usadas quando ações se repetiam com o passar do tempo.


Talvez Vettel não beba vodka, mas certamente está passando pelo efeito Orloff. Em 2010, enquanto brigava pelo título mundial sendo uma jovem promessa, ele teve que lidar com um relacionamento conflituoso com o experiente e menos talentoso Mark Webber, que o acusava de ser protegido de Christian Horner, Helmut Marko e companhia.

Na corrida da Turquia, enquanto disputavam a primeira posição, Vettel acabou se chocando com o australiano e os dois bateram em plena reta. O alemão abandonou e Webber conseguiu salvar um terceiro lugar. Era a materialização do clima bélico que vivia a jovem Red Bull, até então inexperiente como protagonista andando na frente. No fim das contas, tudo deu certo e o jovem talentoso se sobrepôs ao experiente cinco anos seguidos, com quatro títulos mundiais.


Em 2014, sendo o tetracampeão experiente, foi batido com facilidade pelo jovem Daniel Ricciardo sem criar problemas. O fim de ciclo estava evidente e rumou para a Ferrari, onde só enfrentou Kimi Raikkonen e, mesmo assim, teve um acidente parecido na largada de Cingapura em 2017:


Agora com Leclerc, o acidente no Brasil é igual ao da Turquia. Vettel passa, tenta atravessar um pouquinho o carro na marra, Leclerc não cede e os dois colidem. Pior para os italianos. Nesta temporada, são sete poles para o novato monegasco e apenas uma para Vettel. Duas vitórias a uma, sendo que poderiam ser quatro a dois. Vettel foi superado pelo jovem Leclerc, que não o "respeita".

Em algumas teorias nos últimos meses, me parece que o principal objetivo de Vettel e não perder para o companheiro de equipe. Na largada, foi passado facilmente por Hamilton e não esboçou reação. Ao ser passado por Leclerc, tentou reagir rapidamente. Duas tônicas da carreira de Seb. Ele sabe que está perdendo prestígio e mesmo com a aura de campeão que tem isso não vai ser o suficiente para as próximas temporadas. O tempo não está a favor dele, e sim da nova estrela, "o Vettel do passado", Leclerc.

Foto: Reprodução/FOM
Eu sou você amanhã. Vettel virou o Webber do passado e Leclerc o Vettel de antes? Mais ou menos e sim. Um cara com o currículo dele jamais será um segundo piloto e a qualidade dos dois jamais podem ser comparadas. Leclerc tem potencial para ser um grande piloto e já está provando rapidamente, assim como Seb conseguiu.

Sobre o incidente, não estou aqui para apontar culpados, até porque os dois têm responsabilidades. Leclerc não deu espaço, algo corriqueiro depois do passão de Max na Áustria, e Vettel tentou ganhar esse espaço na força, resultando nisso. Mattia Binotto não tem pulso para comandar esses dois, principalmente agora que Leclerc vai ficar, com o tempo, maior do que já é.

Como Vettel pode solucionar isso? Bebendo Orloff para não virar o Webber da vez? Me parece que não está fazendo isso... enfim, não vai ser o último embate entre esses dois. 2020 promete. Como a Ferrari vai lidar com essa hierarquia questionada? Vodca demais dá dor de cabeça!

Até!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

GUERRA (NEM TÃO) FRIA

Foto: Daily Express
Desde o início a briga pela hierarquia na Ferrari esteve aberta. Leclerc, imposto pelo finado Sergio Marchionne, aproveitou-se do fato de ser uma "joia" da academia da Ferrari, um sangue novo, para tentar capitalizar em cima do combalido Vettel, com o status de tetracampeão mas sendo muito mais um piloto errante do que verdadeiramente o líder que os italianos precisam.

Na Austrália, Leclerc já queria passar Vettel por ser o mais veloz. Binotto segurou a onda. No Bahrein, o motor ferrarista deixou na mão o que seria a primeira vitória do monegasco. Nas corridas seguintes, vimos Vettel mais veloz nos treinos e Leclerc respondendo nas corridas. No entanto, na maioria delas a Ferrari tinha como prioridade o alemão, sacrificando a corrida de Charles.

Da metade da primeira parte da temporada em diante, vimos Leclerc reagir nos treinos e dominar completamente Sebastian. No entanto, o jovem cometeu dois erros, um deles em Baku e o outro na Alemanha, capitalizados pelo alemão. Em Mônaco, novamente Charles foi sacrificado no Q1 para salvar Vettel. Na Hungria, o problema em administrar os pneus e as estratégias diferenciadas fizeram Vettel garantir o pódio.

No retorno das férias, o furacão Leclerc veio com tudo. Na Bélgica, teve auxílio de Vettel, que virou um "escudeiro" para segurar Hamilton. Na Itália, uma quebra de acordo em quem deveria dar o vácuo para quem já começou o problema da falta de hierarquia e de uma palavra contundente do chefe Mattia Binotto, também inexperiente nessas situações.

Na Cingapura, um erro de cálculo ou não fez Vettel pular para a liderança depois dos boxes. Leclerc tentou atacar mas não deixaram. Era a vitória que o alemão precisava para tentar retomar a liderança.

Na Rússia, um jogo de equipe na largada (!) fez Vettel pular a liderança, prometer devolver a posição e não cumprir, perdendo apenas nos boxes. O abandono fez o alemão potencialmente parar em um lugar fortuito para a entrada do Safety Car Virtual e prejudicar Leclerc, mas hoje a Ferrari disse que instruiu Seb a parar o carro imediatamente diante do risco em ser eletrocutado com os problemas enfrentados na unidade de potência.

A temporada já está perdida mas a Ferrari atualmente pode ocupar o status de melhor carro. Leclerc é o jovem em ascensão. Vettel é o tetracampeão que ainda tem, de certa forma, o protecionismo do chefe. A Ferrari sempre trabalhou com um primeiro piloto historicamente desde o traumático Villeneuve-Pironi, lá em 1982.

A pergunta que fica é: Vettel tem no mínimo mais um ano de contrato. Leclerc é o presente/futuro da equipe. O que será feito dos dois até o final da temporada e para 2020? É uma guerra que fica cada vez mais quente. O que será do alemão no final do ano que vem? Vai renovar? Vai perder o status de primeiro piloto?

E pensar que só colocaram Leclerc para cumprir o que o finado Marchionne mandou. Quem ganha com isso é o público, mas e a Ferrari? Já são 12 anos de jejum e contando...

Até!

quarta-feira, 29 de maio de 2019

NEBULOSO

Foto: Getty Images
O ano da Ferrari já está perdido e pode ficar ainda pior se não vencer na temporada.

Com "favoritismo" depois dos testes de pré-temporada, o que se viu até aqui do SF70H foi um fracasso absoluto em todos os aspectos, sendo escanteado até por Max Verstappen em vários momentos da temporada.

A exceção foi no Bahrein, quando Leclerc correspondeu, mas daí o motor abriu o bico no terço final de prova e comprometeu a única chance de vitória até aqui dos italianos no ano.

O foco deste texto é a relação entre Charles Leclerc e Ferrari. O monegasco só está aí porque foi honrado o compromisso do falecido Marchionne, embora a maioria fosse favorável a mais uma renovação de Kimi Raikkonen. Aí mora o problema. Uma chegada sem a total aceitação da equipe.

Já na Austrália, Leclerc encostava em Vettel e queria passar, a equipe não deixou. Na Espanha, a Ferrari bateu cabeça entre os dois pilotos e prejudicou os dois. No Azerbaijão, Leclerc quis correr mais que o carro e bateu.

Neste final de semana, a equipe simplesmente não o devolveu pra pista para melhorar o tempo, sabendo que a pista de Monte Carlos emborracha rapidamente conforme os carros andam. Vettel só saiu porque estava ficando fora e foi justamente ele quem tirou Leclerc dos 15, o que deixou o monegasco mais uma vez puto com a equipe.

Na corrida, resolveu ser showman. Passou lindamente Norris, mas na tentativa de repetir a dose com Hulkenberg, acabou danificando o carro e abandonado.

Leclerc tem estofo para bater de frente com Vettel e a Ferrari, equipe que historicamente sempre teve um piloto 1A e um piloto 1B? Não. Tem desempenho pra isso? Até tem, mas a verdade também é que está errando demais para um piloto Ferrari.

Marchionne, querendo mudanças, talvez tenha feito Leclerc dar um passo além? Acredito que não, tanto que o monegasco fez a pole logo na segunda corrida. O que estranha é essa relação onde Leclerc parece ser a vítima perante ao mundo da F1, ávido por um novo protagonista e alguém que desbanque de vez Hamilton e as Mercedes, mas parece que ele não está pronto para esse papel.

O lado bom é que a temporada da Ferrari já está perdida, ou seja: Leclerc tem carta branca pra arriscar e errar o quanto quiser que isso não irá infuenciar em nada. Talvez a temporada seja para amadurecimento e aprendizado para aí sim, quando tiver carro e uma equipe menos amadora nas escolhas, seja mais cerebral e verdadeiramente um "piloto Ferrari".

No mais, o presente e futuro de Ferrari, Vettel e Leclerc são bem nebulosos...

Até!

terça-feira, 30 de abril de 2019

SABOTAGEM

Foto: Getty Images
É histórico na Fórmula 1 qualquer equipe que brigue por títulos ter um piloto 1B. Quando isso não acontece, o pau quebra e as consequências são irreversíveis, vide a Ferrari de Gilles e Didier Pironi, a Williams de Piquet e Mansell e a McLaren de Alonso e Hamilton, por exemplo. 

Em outros casos, quando há muito domínio, há a falsa sensação de disputa, seja porque a diferença em relação aos demais é muito grande, seja porque há muitos egos e competitividade envolvidos. Exemplos: Senna e Prost, Hill e Villeneuve, Rosberg e Hamilton e agora já querem colocar o Bottas na parada.

Ano passado, enquanto a Ferrari não tinha feito cagada, Bottas virou um baita piloto 1B. Este ano, pelo que me consta, vai ter uma "disputa". No entanto, caso os italianos reajam, certamente veremos Bottas ser preterido em prol do melhor piloto, o que é uma decisão normal e natural.

Bem, tudo isso para introduzir a questão Ferrari-Leclerc. É natural que viesse para ser um "escudeiro" de Vettel, apesar de um termo depreciativo e designado para quem realmente ganhou na loteria e parou numa grande equipe, naipe Irvine ou Kovalainen. Até mesmo Webber, Coulthard e Barrichello tiveram que se contentar com isso. Então, seria natural um início assim numa grande equipe, mas vamos lá:

Austrália: Leclerc teve que tirar o pé pra não passar Vettel, apesar de a Ferrari ter errado na estratégia com o alemão;
Bahrein: Leclerc ganharia a corrida se não fosse o problema no motor;

China: Leclerc servindo como escudeiro, parando no fim apenas para tentar atrapalhar as Mercedes;

Baku: A mesma coisa; pode-se argumentar que Leclerc errou no sábado e isso foi preponderante, mas de novo: outra estratégia equivocada e, nos dois casos, um quinto lugar, superado por Verstappen;

A Ferrari não se constrange em deixar um carro atrás até mesmo da Red Bull em prol de beneficiar um piloto que julga ser o principal para tentar deter os alemães. Acontece que esse piloto há tempos se tornou errático e vem tendo dificuldades, proporcionando até uma disputa equilibrada até aqui com Leclerc. O monegasco estaria na frente na tabela se tivesse confirmado a vitória no Bahrein.

Meu ponto não é simplesmente transformar Vettel em um segundão inútil ou aposentá-lo, apenas para que deixem os dois disputarem na pista. A Ferrari perde pontos imbecis até na disputa pelos construtores. Quando o carro não falha o piloto erra, aí é complicado.

Leclerc tem potencial e estimula a competição. A Ferrari precisa crescer internamente e parar de errar para depois tentar tirar a diferença que existe em relação a Mercedes ao invés de sabotar o jovem monegasco. Claro que Leclerc está desconfortável com isso, mas o que ele pode fazer? É o primeiro garoto em décadas que os italianos apostam, ele simplesmente não vai botar o pau na mesa e fazer uma rebelião. Hamilton era apadrinhado por Ron Dennis e a McLaren historicamente sempre foi mais liberal quanto a isso, então a comparação não é válida.

O primeiro passo para a Ferrari voltar a se organizar é parar de sabotar o jovem talentoso monegasco. Vettel não está no auge, o que torna a decisão ainda mais ridícula. Além de se prejudicar, a equipe se constrange. Quem agradece é a Mercedes.

Até!

terça-feira, 19 de março de 2019

EXCEÇÃO OU REGRA?

Foto: Getty Images
Para a temporada ter alguma emoção, tudo depende de como a Ferrari vem, pois é a principal concorrente da Mercedes nesses anos de era híbrida (tirando 2014, quando simplesmente isso não existiu; vá lá, 2015 e 2016 também).

Pois bem, a pré-temporada em Barcelona trouxe animação e, junto com a evolução das temporadas passadas, parecia que "agora vai": teremos uma disputa. Não foi o que aconteceu. Claro, sempre frisamos: as características das pistas, bem como a temperatura ambiente e o clima influenciam tudo. Foi o caso?

A Ferrari sequer foi para o pódio. Em momento algum flertou com a possibilidade de vitória. Devido a uma estratégia equivocada, Vettel não teve como segurar Max Verstappen, restando a ele o quarto lugar, garantido por Mattia Binotto diante de um faminto estreante Charles Leclerc em busca de mostrar serviço.

Analisando a velocidade de reta, um dado significativo: todos os carros equipados com o motor italiano (incluindo Haas e Alfa Romeo) ficaram entre os mais lentos, bem atrás de Mercedes e até de Honda e Renault. Isso não acarretou em perda aerodinâmica: do contrário, os americanos e os ex-suíços (?) não teriam conquistado bons resultados apesar das estratégias distintas.

Por que a Ferrari esteve com o motor mais lento? Certamente não operou com a potência máxima. Os italianos enfrentaram alguns problemas na pré-temporada, mesmo diante do frio europeu da Catalunha. Na Austrália, em um outro clima, poderia correr riscos de enfrentar problemas. Será que foi isso que Binotto e companhia raciocinaram?

Neste ano, cada piloto tem direito a usar apenas três motores. A partir do quarto, punições. Receosa com a confiabilidade, os italianos se preservaram na abertura da temporada, influenciando no desempenho e na diferença em relação a Mercedes e até a Honda da Red Bull? E as outras, será que também não fizeram isso? A Mercedes "gastou" a potência ou a durabilidade é muito mais confiável? Acredito que seja a segunda opção.

Se, por questão de característica a Ferrari optou pela segurança e vai com "força máxima" no Bahrein, podemos acreditar que a corrida de abertura foi uma exceção à regra. Não que a Ferrari vire favoritaça diante disso, mas o nível de competição certamente será mais elevado. E se com força máxima no deserto o motor apresentar problemas? E se mesmo assim a desvantagem para as flechas de prata se mantiverem do jeito que está? A exceção pode ter virado regra e possivelmente pode sacramentar com a morte da temporada logo no primeiro mês de campeonato.

O mundo da F1 torce para que seja apenas um final de semana ruim. Afinal, como já foi escrito, a emoção da temporada depende do antagonismo cada vez mais forte dos italianos perante aos alemães que, convenhamos, ninguém aguenta mais ver ganhando.

Até!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

MUDANÇAS EM MARANELLO

Foto: Mark Thompson/Getty Images
Primeiro post do ano depois de alguns dias de descanso. As notícias são de alguns dias atrás, então perdi a chance de fazer um post com o famoso título "Arrivabene, Maurizio". Melhor assim.

Atendendo a mais um pedido do falecido presidente Sérgio Marchionne, a Ferrari demitiu o ex-chefe e alçou Mattia Binotto, então chefe de motores e um dos responsáveis pela retomada competitiva da equipe nos últimos dois anos como novo chefão.

Arrivabene substituiu Marco Mattiacci e comandou os italianos durante quatro anos. Algumas vitórias, a sensação de que era possível brigar com a Mercedes e as decepções marcaram sua passagem. Sem conhecimento técnico (afinal, era "apenas" um funcionário da patrocinadora, a Philip Morris) mas com grande liderança, Arrivabene conseguiu recuperar os italianos e fez mais até do que se poderia imaginar. Basta lembrar como era a equipe em 2014, com a saída de Luca di Montezemelo e Alonso...

Na Ferrari desde 1995, Binotto galgou até chegar nessa posição. Pelo que diziam no paddock, o clima na equipe não era nada bom e o italiano venceu a guerra interna contra o compatriota. Arrivabene, por não possuir o conhecimento técnico, ficou sem condições de dar ordens construtivas, principalmente diante da grande dificuldade da equipe dentro e fora das pistas, o que coincidiu (ou foi fruto das diferentes ações?). Arrivabene passou a culpar a equipe técnica pela falta de evolução na parte final do campeonato, o que certamente tornou as coisas piores.

Foto: Marco Canoniero/ Getty Images
Binotto tinha o apreço de Marchionne pelos avanços da Ferrari. O grupo de jovens italianos alçado pelo ex-presidente pegou a base do trabalho desenvolvido por James Allison e deu salto gigantesco com o cavalo rampante. Agora, Binotto tem dois desafios: ser o chefe e desenvolver o novo carro da Ferrari de acordo com as mudanças do regulamento. Será o técnico Binotto ter a energia de Arrivabene e trazer os resultados de uma equipe que já está mais de dez anos sem ganhar títulos ou construtores?

Vettel perde um grande defensor, talvez o maior. Como será a relação com o novo chefe? Leclerc terá a tão falada igualdade de condições logo na estreia. Arrivabene fez um bom trabalho, mas a Ferrari, na busca de resultados, queima uma ponte apostando no trabalho bem realizado da juventude nos últimos anos. Será essa nova equipe capaz de conduzir a Ferrari aos títulos outra vez?

Outro ex-F1 foi contratado pelos italianos para ajudar no simulador. Trata-se de Pascal Wehrlein, recém saído da Mercedes. O alemão vai conciliar o trabalho da Ferrari com o Mundial de Fórmula E. A imprensa noticia que os italianos talvez estejam a procura de outro piloto, pois a equipe perdeu Kvyat e Giovinazzi para a Toro Rosso e a Sauber, respectivamente. É uma boa para o alemão, que mantém contato com a categoria e quem sabe pode até voltar para a equipe suíça ou ir para a Haas no futuro, dependendo de seus resultados e do que acontecer na F1.

Bem, por enquanto é isso. O primeiro texto do ano é sempre especial. Muitos mais virão, certamente!

Até!