domingo, 13 de novembro de 2022

CONSISTÊNCIA DO INÍCIO AO FIM

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Interlagos é tão abençoada que não precisa somente da chuva para proporcionar uma corrida ótima, divertida e emocionante, com elementos quase naturais de competição.

A Mercedes apostava as fichas no desenvolvimento do fim do ano para vencer a primeira. O W13 é um carro problemático, mas é inegável que a evolução vem a passos largos nas últimas corridas. Tanto que Russell venceu a corrida classificatória e largou na pole pela segunda vez na carreira. Teve a questão dos problemas e erros de estratégia da Red Bull com Max, mas a sensação é que, depois de muito tempo, os alemães poderiam caminhar para a vitória de forma natural.

Com Hamilton na primeira fila, a corrida começou turbulenta. Ricciardo atropelou Magnussen e os dois ficaram fora da prova logo no miolo. Fim do conto de fadas do dinamarquês. A sexta feira jamais será esquecida, mas uma pena que o ex-piloto australiano tenha se precipitado de novo. Ricciardo pode até cair pra cima, pois as chances de ser o piloto reserva da Red Bull no ano que vem são grandes.

Na relargada, a velha rivalidade visceral. Hamilton cansou de ceder para Verstappen. Quase uma trocação franca. Sendo sincero, achei muito mais um incidente de corrida do que qualquer outra coisa. Não havia espaços para dois carros, o que poderia ser resolvido com bom senso, que não existe quando se trata dos dois. Pior para Verstappen, que teve o desempenho comprometido e o fim da série de vitórias consecutivas.

Hamilton teve que fazer uma rápida corrida de recuperação, o que serviu para ser ainda mais amado e festejado pelos agora compatriotas. No campo do "se", a batalha com Russell poderia ser mais franca, o que poderia ter só acontecido de fato no último Safety Car, duvidoso. O carro de Norris já estava quase fora da pista quando optaram por mais uma solução artificial, uma emoção forçada, o que não acho legal.

Nesse momento, o sentimento era muito de "tragam as crianças para casa, pelo amor de Deus" do que qualquer disputa. Hamilton parecia ter um ritmo superior, mas estava escrito: o consistente George Russell venceu pela primeira vez na carreira e em Interlagos, de ponta a ponta. Logo no primeiro ano de Mercedes, o britânico simplesmente supera na pontuação o heptacampeão. Coisa para poucos. A consistência foi premiada em um ano tão difícil e desafiador para a Mercedes.

Os alemães estão de volta. Com a melhor dupla do grid e cada vez mais afinados com o novo regulamento, resta torcer para que o W14 repita o padrão flecha de prata dos últimos anos. Com a punição para a Red Bull, tudo vira uma grande incerteza para o ano que vem.

Depois vieram as Ferrari. Sempre com azares e erros na estratégia, os italianos começaram o ano com favoritismo e já voltaram a ser a terceira força, embora as chances do vice-campeonato de construtores sejam altas. Leclerc prejudicado e Sainz insuficiente. A Ferrari não tem rumo enquanto Mattia Binotto continuar, mas hoje deu tudo "certo", diante das circunstâncias.

Pérez teve todo o combo de segundo piloto ativado. Parecia sortudo ao ter Max fora da disputa, mas a Red Bull foi dominada nos stints e na durabilidade dos pneus. A vitória nunca foi uma possibilidade real. O terceiro lugar sim. Com o Safety Car, Pérez continuou com os pneus médios, mais lentos, e virou passageiro da agonia para as Ferraris, Alonso e o próprio Max, com o carro danificado.

A ideia era Verstappen devolver a posição caso não passasse o espanhol, afinal Checo briga pelo vice. Nada feito e um clima constrangedor dentro da equipe. Segundo informações, seria um ato de vingança por Pérez ter supostamente batido de propósito no classificatório de Mônaco e ter levado vantagem, pois venceu no domingo.

Christian Horner teve que pedir desculpas para Checo. A questão é o seguinte: não existe narrativa onde o certo e o errado possa prevalecer na F1. Quando Pérez assinou o contrato, sabia que passaria por isso, do contrário não estaria mais na categoria.

Verstappen mostrou no final de semana o pacote do piloto ultracompetitivo e "vilão". Os campeões são feitos assim, e por isso também se sobressaem. No entanto, também foi mesquinho. Se até Schumacher já fez jogo de equipe em prol de Irvine e Barrichello, o holandês não deveria ser egoísta para ajudar quem tanto o fez nesses dois anos.

A coisa desandou e o clima está pesado. Evidentemente que a corda vai estourar para o lado mais fraco, o do mexicano. Max é maior que a Red Bull porque, se entender que precisa sair, sempre vai ter um assento competitivo pronto para o melhor piloto da atualidade, mas que ficou devendo enquanto líder e no coletivo. Max sai pequeno do Brasil diante de um ano tão dominante e até então maduro e consciente.

O clima do time e as punições ameaçam a hegemonia dos taurinos. Pérez não tem nada a perder, Disputas internas não costumam terminar bem num tudo. Exemplos não faltam, mas vou escrever mais sobre a questão nesta semana.

Don Alonso largou em 17°, se enroscou com Ocon, foi atrapalhado pelo francês e mesmo assim foi o quinto, dando um passão numa Red Bull. Mais de quarenta anos, senhoras e senhores. Ah, se o temperamento do espanhol fosse menos explosivo... que deleite acompanhar a saga desse cara. Ocon, Bottas e Stroll completaram o top 10.

Uma pena que Seb não conseguiu terminar os pontos. Foi combativo e ousado durante todo o final de semana, mostrando um pouco daquele espírito do tetracampeão avassalador da Red Bull e principalmente dos tempos de Toro Rosso, quando era um prodígio.

Consistência é a chave, seja para George Russell, seja para Interlagos, que sempre entrega corridas e momentos épicos, emocionantes. Mais um final de semana repleto de histórias maravilhosas, com protagonistas diferentes. Aqui é diferente e único. Um patrimônio histórico da velocidade.

Confira a classificação final do GP de São Paulo:


Até!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

INTERLAGOS É DEMAIS

 

Foto: Getty Images

Não leve a mal. Confesso que não estou (ou estava) tão empolgado para a corrida desse final de semana, mesmo no Brasil, mesmo em Interlagos.

Estou com outras prioridades e trabalhos, a temporada está em ritmo de férias... não sentia a mesma vibração de sempre.

Bem, isso se dissipou quando comecei a assistir o treino livre. Muito equilíbrio e alguns testes para o treino classificatório de sexta.

Cara, estou de saco cheio dessas corridas classificatórias. É antinatural. Ninguém se arrisca pensando no domingo. O pior é que inventaram de dobrar o número para o ano que vem. Quem realmente acha legal isso?

E o Brasil foi escolhido pelo segundo ano consecutivo. A questão é que Interlagos tem uma aura que transforma tudo em coisa legal, que dá certo, dando um toque épico a qualquer situação.

Por exemplo, esse fim de temporada chato e sem graça. Interlagos simplesmente se recusa a ser chata e sem graça. Deve ser a energia caótica desse país, que dá brankito todos os dias e impede o marasmo e a normalidade que uma sociedade dita evoluída supostamente tem.

Eis que a chuva chega no autódromo logo depois do treino livre, que teve Pérez como o mais rápido. A partir daí, só reproduzo o que vi e ouvi depois. Diante de outros trabalhos, não consegui acompanhar o treino classificatório. O que mais aconteceria nesse fim de temporada tão sem graça?

É Interlagos, Leonardo. Pelo que li, a chuva e o tempo instável tornaram a sessão totalmente instável e aberta. A pista foi secando e os pilotos batalhando a cada segundo pela melhor situação da pista, que mudava a cada momento. No Q1, saíram Latifi, Zhou, Bottas, Tsunoda e Mick Schumacher. Atenção.

No Q2, ficaram de fora Albon, Gasly, Vettel, Riccardo e Stroll. Com a pista secando, ainda havia dúvida entre o pneu seco e o intermediário. O céu de São Paulo, aquela altura, já estava escuro.

Leclerc foi o único a ir de intermediários, o que foi um engano. Com o pneu macio, Magnussen aproveitou a pista e surpreendentemente fez a volta mais rápida. Vale frisar que o time americano foi competitivo no TL1.

Muita calma. Faltava muito tempo e a tendência natural era os tempos caírem, porque não existia mais chuva. Bom, Russell acabou errando e causou uma bandeira vermelha. A tensão estava no ar. Aquele cheiro de surpresa paulistana, da chuva vindo da represa e do caos ressignificando tudo deu o ar da graça.

Quando tudo parecia que seria resolvido da forma padrão, a chuva forte volta e nada mais poderia ser feito. Tudo bem, é um treino para a corrida classificatória, mas precisamos considerar que Kevin Magnussen e a Haas conquistaram a primeira pole position de suas carreiras.

Uma festa ensandecida nos boxes de Kevin e o carismático Gunther Steiner, o chefão. Diante de tanto caos desde a criação do time de Gene, finalmente uma recompensa. A Haas tem um quê de simpática pelo Drive To Survive, mas vejam como a vida é maluca. Até meados de fevereiro, Magnussen estava na Nascar, continuando a carreira nos EUA depois do fim da F1.

Até que Vladimir Putin resolve mudar a história, não só do Inter, mas também da própria. A guerra e as sanções permitiram ao time falido se livrar do psicopata Mazepin. Quem seria o ficha 1? Pietro Fittipaldi? Não, Kevin Magnussen, que conhece todos os atalhos do time que havia ficado só uma temporada ausente. Um retorno triunfal à la Felipe Massa.

E a pole do consistente Kevin chegou. Não é qualquer um que é alçado pela McLaren até a F1, fazendo o único pódio da carreira justamente na corrida de estreia e sem estar no pódio (Kevin herdou o terceiro lugar após a desclassificação de Ricciardo). Passou pela Renault e fez um trabalho honesto na primeira passagem. Nem todo mundo precisa ser um prodígio para merecer um lugar ao sol.

Escrevi, há anos, que Magnussen tinha virado um journeyman, à cata de aventuras, solitário e um tanto quanto diferente do novo padrão da categoria. Ele precisava de uma grande história para contar aos netos e ser lembrado pelos fãs mais hardcores. O momento chegou e justamente em Interlagos, a terra prometida que transformou Nico Hulkenberg (futuro companheiro de equipe) em prodígio, José Carlos Pace em nome de autódromo, Fisichella e a última alegria de Eddie Jordan e onde Lewis Hamilton virou, de fato, brasileiro.

Provavelmente Magnussen será esquecido no final de semana porque a tendência é perder as posições. Max é o favorito a vitória, larga em segundo. Podemos ter uma dobradinha brasileira, mas Hamilton larga um pouco mais atrás. Russell parece mais credenciado, assim como Leclerc. Bom, isso não é o mais importante.

Magnussen tem a própria história e o momento brilhante. Tem que aproveitá-lo porque, como Eminem bem sabe, eles valem ouro. Precisariam ser congelados, mas isso ainda não é possível.

Por falar em oportunidade, a contrastante situação de Mick Schumacher, que larga em último. Constrangedor para o filho do Michael, que vê a aventura da F1 terminando logo na segunda temporada. Uma pena, mas vocês sabem que sou suspeito para escrever sobre o Schumaquinho.

É lá que eu estou paz. Magnussen entra para o hall dos momentos marcantes, inesperados e contagiantes da F1. O sábado e o domingo nem precisariam existir, mas quem sabe Interlagos, a terra prometida, não presenteia outro felizardo improvável nesse final de semana? Não me leve a mal.

Confira o grid de largada da corrida classificatória do GP de São Paulo:


Até!

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

GP DE SÃO PAULO: Programação

 O Grande Prêmio do Brasil é disputado desde 1972 (1973 na F1), sendo realizado em Interlagos (1972-1977, 1979, 1980, 1990-atualmente) e já foi sediado em Jacarepaguá (1978, 1981-1989).

Após o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil de 2020 em decorrência da Pandemia de COVID-19 e uma série de incertezas sobre a permanência do evento em Interlagos, o então governador do estado de São Paulo confirmou, em novembro de 2020, a renovação do contrato com a Fórmula 1 até 2025.

Entretanto, a corrida realizada em Interlagos passou a ser oficialmente designada de Grande Prêmio de São Paulo, em virtude do acordo mal-sucedido entre a Rio Motorsports e a F1 para a construção do Autódromo de Deodoro, que não vai mais acontecer, mas que a empresa adquiriu o direito do nome "Grande Prêmio do Brasil" pelos próximos anos.


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Valtteri Bottas - 1:10.540 (Mercedes, 2018)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:07.281 (Mercedes, 2018)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Alain Prost - 6x ( 1982, 1984, 1985, 1987, 1988 e 1990)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 416 pontos (CAMPEÃO)
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 280 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 275 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 231 pontos
5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 216 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 212 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 111 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 82 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 71 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 47 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 24 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 696 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 487 pontos
3 - Mercedes - 447 pontos
4 - Alpine Renault - 153 pontos
5 - McLaren Mercedes - 146 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 53 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 49 pontos
8 - Haas Ferrari - 36 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

LÁ VEM O ALEMÃO (DE NOVO)...

Foto: Divulgação/Aston Martin

Alguns indícios apontam para que Nico Hulkenberg ocupe a última vaga disponível para 2023, na Haas. Podem ser meras coincidências, mas são questões interessantes de se analisar.

Primeiro: a Aston Martin contratou outro piloto reserva para o time. Além de Felipe Drugovich, a equipe de Lawrence Stroll vai ter Stoffel Vandoorne, ex-Mercedes, campeão da Fórmula E. O cargo de piloto reserva era ocupado pelo alemão, que inclusive substituiu Vettel nas duas primeiras corridas do ano.

A outra é a Haas não garantir a permanência de Mick Schumacher. O tempo passa e, a essa altura, parece ser inimiga do filho de Michael. A percepção é sentida também pelo paddock. O consultor Helmut Marko aposta que a Haas vai trazer alguém experiente para ser o companheiro de Kevin Magnussen, e esse alguém disponível e compatível com a realidade financeira do time é justamente Nico.

O interessante é que ele e Magnussen são rivais, com direito a xingamentos e gestos obscenos. Bem, o alemão confirma que há conversas e está otimista.

“No final das contas, a decisão não é minha. Não sou eu quem vai decidir. Ainda há conversas. Estou relativamente otimista, mas teremos de ser um pouco mais pacientes”, disse para a Servus TV.

Gunther Steiner, o chefão, afirmou que a decisão será baseada em alguém que pode guiar no projeto a "médio e longo prazo".

“Para mim, não se trata de uma corrida, uma volta. Trata-se do que será melhor para a Haas a médio e longo prazo. Não é como se, marcando pontos agora, Mick tivesse o lugar ou não”, disse para a TV RTL.

Dois pilotos experientes, sem gastos e sem o apadrinhamento da Ferrari. A Haas vai ganhar uma boa grana com a colocação no Mundial, se comparar com os anos anteriores. Hulk é um cara barato e louco para voltar. A questão é o encaixe com Magnussen. 

Seria uma dupla curiosa, material garantido para quem gosta de assistir a série da Netflix. E muita experiência para uma equipe que precisa do mínimo de erros possíveis, o que não é o caso de Mick.

COPO MEIO CHEIO

Foto: Divulgação/McLaren

Sem vaga para 2023 e lutando para voltar ao grid em 2024, já veterano, a situação não parece boa para Daniel Ricciardo. No entanto, o australiano não perde o sorriso mesmo diante de tantas dificuldades nos últimos.

Ric acredita que a pausa vai ser boa para respirar um pouco, se recuperar dos abalos e continuar motivado para a sequência da carreira.

"Sem dúvidas, os últimos dois anos foram bem complicados. Especialmente quando você se esforça muito e não recebe nada de volta, isso pode abalar você", disse.

O australiano aposta no distanciamento da categoria para voltar a enxergar as coisas positivas que construiu em mais de dez anos de carreira.

Eu sei o valor até mesmo de uma pausa de verão. Eu sei que se afastar pode te dar uma perspectiva diferente. Do jeito que as temporadas são, tem sido implacável — você não tem realmente a oportunidade de se reconstruir. Todos são diferentes, mas eu realmente acredito que será uma bênção disfarçada", continuou. 

Ricciardo já pensa em 2024: as conversas com as equipes iniciaram. Não está descartado que o australiano seja piloto reserva em 2023, sendo apostado como possível destino a Red Bull ou a Mercedes.

"Eu estou conversando com as equipes, mas ainda quero manter um pé na porta para 2024. Tenho certeza que só de ver as luzes apagarem na primeira corrida [de 2023], já terei aquela coceira. Então, quero estar de volta em 2024”, finalizou, falando para a Sky Sports.

É preciso da positividade para sair um pouco do caos que nossa cabeça cria. No entanto, não me parece que o tempo vai ajudar Ricciardo. Pelo contrário. Novos talentos mais baratos surgem, protegidos pelas academias de pilotos ou grandes investimentos. "Você é a sua última corrida ou temporada". Ricciardo foi um desastre na McLaren. Vai receber para não correr. Não é um cartaz positivo. Estou falando em termos competitivos, claro. 

Uma equipe menor sempre vai ter o australiano como opções, até porque ninguém desaprende, ainda mais um cara que desbancou Vettel na Red Bull e deu trabalho para Verstappen. A questão é: não há vaga ou contexto para Ricciardo nos grandes times. O tempo, infelizmente, passou.

TRANSMISSÃO
11/11 - Treino Livre 1: 12h30 (Band Sports)
11/11 - Classificação: 16h (Band e Band Sports)
12/11 - Treino Livre 2: 12h30 (Band Sports)
12/11 - Corrida Classificatória: 16h30 (Band e Band Sports)
13/11 - Corrida: 15h (Band)

terça-feira, 8 de novembro de 2022

UM DE NÓS

 

Foto: Reprodução/Instagram

Lewis Hamilton é definitivamente um cidadão brasileiro. Nesta semana, o heptacampeão recebeu o título honorário e uma medalha, em sessão realizada na Câmara de Deputados, em Brasília.

O mote para esse reconhecimento oficial foi a vitória apoteótica em Interlagos no ano passado, quando largou em último na corrida sprint e chegou em quinto e, na corrida, largou em décimo para vencer Max Verstappen e brigar pelo título até o final.

Como todos sabem, a ligação de Hamilton com o país vem desde o início da carreira, através do ídolo Ayrton Senna e as cores do primeiro capacete que usou na F1. Apesar da ligação afetiva, Hamilton sempre teve dificuldades em Interlagos, até guiar a super Mercedes.

Sim, mesmo o título mundial conquistado em 2008 foi com muito drama, na última curva. Só depois que o inglês deslanchou e conquistou três vitórias por aqui, mais que o ídolo, inclusive.

Mas a identificação com o nosso Senna é só uma pequena parte hoje em dia. Hamilton virou um cidadão do mundo, um modelo diante de um mundo carente de pessoas que tenham posições humanistas e razoáveis perante as injustiças da vida.

Com o passar do tempo, Lewis ganhou a consciência de quem ele é e o que ele representa no ambiente onde trabalha. Agora, Hamilton é um Sir, heptacampeão, dono de diversos recordes e o rosto mais conhecido da categoria, mesmo por pessoas que nunca tenham assistido a uma corrida. Ele se tornou maior que a F1.

Esse tamanho não foi só pelas vitórias e títulos, e sim pelas posições que toma. Antirracistas, humanistas, tentando tornar o ambiente da F1 menos tóxico, machista e racista. Não são ações somente da boca para fora ou em posts em redes sociais. Hamilton está disposto a enfrentar o sistema e todos sabemos que ele só poderia fazer isso com o peso que tem porque é justamente Lewis Hamilton.

A F1 depende da popularidade e carisma de Lewis. Hamilton não precisa mais da F1. Ele continua porque é um esportista, um competidor visceral e apaixonado pelo que faz, mesmo diante de decisões controversas que tiraram o octacampeonato no ano passado, por exemplo.

O brasileiro se identifica com essas lutas, com as vitórias, com a representatividade, assim como Lewis se enxerga mais humano por aqui. Pela cor da pele, pela humildade das pessoas, pelo carinho dos fãs, aqui é onde Hamilton mais se sente em casa depois de Silverstone.

A questão do pertencimento vai muito além de um país, língua ou cultura. São os valores humanistas, é se reconhecer no outro, é ter personalidade e sensibilidade, fazendo com que as pessoas se identifiquem e levem isso como motivação para prosperar, ter alegria, superar as adversidades.

Hamilton sempre foi um de nós, a diferença é que agora é oficial. Que bom que essas homenagens e respeito seja feito no auge do heptacampeão, ainda jovem e ávido por mais conquistas.

É claro que isso não pode ficar da boca para fora. Em contraste com esse momento bacana de reconhecimento, vivemos em um país dividido, onde mimados não aceitam o resultado da maioria das urnas e partem para o revanchismo, a violência, a intimidação, o racismo e até referências nazistas. Um país racista, embora formado majoritariamente por negros.

Que a Câmara dos Deputados não seja apenas aproveitadora da imagem de Hamilton para aparecer nas fotografias ao lado do Sir e apliquem esse reconhecimento a tantos outros negros e pobres que precisam de um incentivo para prosperar e contribuir com o nosso país, ao invés de serem terceirizados e relegados a marginalidade, num país que sempre foi governado por poucos e para poucos, a oligarquia de sempre, que agora está escalonada em um conservadorismo ultrarradical que nos ameaça diariamente nas ruas e nas redes sociais.

Lewis Hamilton é um de nós, mas que isso não seja apenas uma frase vazia, e sim parte de um processo de retomada do Brasil, mais justo, igualitário e, sobretudo, sensível.

Até!


segunda-feira, 31 de outubro de 2022

NASCE UMA ESTRELA

 

Foto: Getty Images

A notícia do final de semana foi a confirmação da chegada da Audi na F1. Depois de tantas idas e vindas e boatos ao longo das décadas, parece que finalmente estamos próximos disso ser verdade, de fato.

Só mais quatro aninhos: A Audi anunciou a parceria com a Sauber para 2026, quando estreia o novo regulamento de motores. Resta saber o que será da Porsche, que flertou com a Red Bull, mas ainda não arrumou nada.

A Sauber vai correr por duas temporadas com o nome original, visto que “Alfa Romeo” vai acabar no final do ano que vem. Serão, portanto, dois anos de transição antes de finalmente ter uma parceria forte novamente.

Alfa Romeo era só um nome para o marketing. Agora, é Audi. É motor, é investimento. Tentando sair do ostracismo, esse pode ser o grande pulo do gato para o ex-time de Peter.

Os alemães tem dinheiro e know how, terão muito tempo para testar e entender como funciona a F1. A desvantagem é justamente essa: o tempo e o fato de serem inexperientes na categoria. Pode ser que, assim como foi o retorno da Honda, seja necessário alguns anos de ajustes, sacrificando o desempenho.

Para uma empresa desse porte, ficar nas últimas posições é fiasco, ainda mais no universo absurdamente caro da F1. No entanto, devo entender que eles sabem dos riscos  e do projeto a longo-prazo que está sendo realizado.

Para a Sauber, é uma parceria que chega na hora certa. Desde os tempos de BMW que o time não vive com uma boa expectativa de protagonismo ou um pouco mais de atuação. Foi com os alemães que o time venceu a única corrida na categoria e chegou a liderar o campeonato de 2008 com Kubica.

Muito arriscado tecer um comentário sobre quatro anos, mas é o seguinte: os dois têm muito a ganhar e se completar. A Sauber precisa de uma parceira que injete dinheiro e seja exclusiva para se desenvolver na categoria; a Audi precisa de uma estrutura para começar a entender desse universo chamado F1 sem a pressão do resultado imediato caso já se envolvesse com alguma equipe maior e tradicional.

O que será da Porsche, Andretti e os outros boatos? Quatro anos é muito, mas mesmo assim é divertido pensar numa categoria mais barata, inclusiva e com mais equipes no grid, dando mais oportunidades para pilotos, funcionários, fãs, mídia, etc.

Até!


MELHORES MOMENTOS

 

Foto: Divulgação/ Red Bull

Vai ser bem curto. Ainda não assisti a corrida e talvez não assista a reprise, algo que seria pessoalmente inédito em dez anos. Ainda não sei o porquê, mas vamos lá, que as últimas horas foram intensas, malucas e emocionantes.

Pelo que li, a Mercedes estava no páreo para brigar pela vitória. No primeiro stint, Hamilton estava próximo de Verstappen. A Red Bull é um carro tão avassalador que o ritmo, de macios, foi duradouro.

Os alemães reclamaram que os compostos eram duros demais, mas a verdade é que a Mercedes deve nas estratégias. Os taurinos sempre levam vantagem na leitura da corrida e no segundo stint, com os pneus duros, Hamilton não teve o que fazer. Foi mais um passeio de Max.

Quatorze vitórias no ano. Recorde em uma temporada. Max Verstappen já é histórico, assim como a Red Bull. 16 vitórias em 19 corridas. Um domínio impressionante e acachapante. Não deu para Pérez tentar vencer em casa, mas outro pódio foi o suficiente para fazer os mexicanos delirarem de alegria pelo herói local. No próximo ano, quem sabe?

A Ferrari virou terceira força, de fato. Que papel coadjuvante e deprimente nesse final de temporada. Deu a lógica: os italianos perdem a força durante o ano e a Mercedes naturalmente se recupera do prejuízo e ganha terreno. Será o suficiente para ganhar uma das duas provas que faltam para não saírem zerados em 2022?

Outro destaque pelos melhores momentos foi Daniel Ricciardo. Mesmo atropelando Tsunoda, por algum motivo o australiano conseguiu um bom sétimo lugar, o melhor do resto. Foi no México que Ric fez a última pole dele com a Red Bull, então é um palco que ele pode se dar bem. O estilo casa.

Alonso e seu azar habitual, além de Ocon e Norris, os regulares, nos pontos, e Bottas no top 10. Fazia tempo que o finlandês não pontuava.

O México mostra a força avassaladora da Red Bull, no ritmo, na estratégia e no talento de Max Verstappen.

Se no início nós imaginávamos outra guerra com a Mercedes, o 2022 mostrou um Max mais completo e maduro, sem o fantasma e a pressão do primeiro título. Sim, Verstappen já está na prateleira dos grandes pilotos da história. 2022 é um ano espetacular para o bicampeão.

Até!


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

MOVIMENTOS

 

Foto: Jared C. Tilton/ Getty Images

Mais anúncios e reviravoltas nesse final de semana tão decisivo, onde a corrida vai ficar em segundo plano, menos para os mexicanos e Checo Pérez. A Red Bull vai trabalhar para que Checo vença em casa? Max vai cooperar? Tomara que sim, mas precisamos ver o que vai acontecer.

A falta de critério da FIA é assustadora. Os comissários aceitaram um protesto da Haas que foi feito depois do tempo. Com isso, Alonso recuperou o sétimo lugar que conquistou em Austin. Como os comissários fizeram uma presepada? Como eles consideraram perigoso o carro da Alpine permanecer na pista se nenhum aviso foi dado durante a corrida?

Pelo menos tiveram o bom senso de assumir o erro e seguir em frente, mas a impressão que dá é que a FIA está refém de tantas regras esdrúxulas que não consegue mais gerir com bom senso tudo o que compõe uma corrida de automóveis. Isso precisa ser urgentemente revisto, porque há muitos erros, interpretações confusas e polêmicas que sugam os fãs para as letras miúdas do regulamento ao invés das disputas de pista.

Nessa semana, tivemos o anúncio oficial da chegada da Audi para a F1 a partir de 2026, numa parceria com a Sauber. Ainda só confio e acredito vendo, daqui quatro anos. No entanto, a oportunidade sorriu para os suíços: depois da parceria e o nome da Alfa Romeo, o ex-time de Peter tem a grande chance de voltar a sonhar com algum destaque na F1, relembrando o sucesso com a BMW, que permitiu até hoje a única vitória da equipe na categoria.

Com o know how, estrutura e investimento dos alemães, pode ser que surja uma nova força formidável e interessante para o médio/longo-prazo da F1. Escreverei sobre isso em um post específico, mas a impressão é de ânimo e confiança com esse anúncio.

Na pista, no Hermanos Rodríguez, a mesma estrutura da semana passada, em Austin: o primeiro treino teve muitos novatos e substituições, como Pietro Fittipaldi, a estreia de Doohan na Alpine (e Piastri chupando dedo), Liam Lawson, Logan Sargeant e De Vries (agora na Mercedes!).

Zhou teve problemas, assim como Pietro Fittipaldi. O brasileiro, ao menos, conseguiu andar um pouco. No entanto, deve ser frustrante esperar tanto e, quando chega a hora, acontece alguma coisa com o carro. Liam Lawson, o outro novato da Red Bull/Alpha Tauri, também teve problemas no finalzinho do treino.

Sem ter o carro dominante, o motor da Red Bull domina o México há anos. Agora que são bicampeões, parece improvável que os adversários façam alguma concorrência, embora a diferença entre os tempos seja bem pequena e exista um equilíbrio, aparentemente.

Mesmo assim, a Ferrari fez dobradinha no TL1, com Sainz e Leclerc, seguidos pela Red Bull, Hamilton e Alonso. Com muitas retas e altitude considerável, o motor faz a diferença na corrida mexicana.

No TL2, mais testes de 1h30 com a Pirelli. E outra batida de Leclerc. Se pode servir de alento para Ferrari, é melhor bater na sexta do que no final de semana. Claro que a batida forte de traseira pode ser trabalhosa para os mecânicos, mas também pode encerrar a cota. A classificação pode estar em perigo, mas a temporada acabou mesmo. O que é mais um erro ou frustração para a Ferrari de 2022, mesmo?

Eu achava Leclerc mais completo que Verstappen, até escrevi sobre isso. No entanto, o tempo mostrou que um evoluiu e o outro não. Leclerc é até um piloto naturalmente mais veloz, mas é muito inconstante. Erra demais nos momentos decisivos, bate sozinho, se martiriza, faz um drama.

Na posição que está, precisa ser mais calmo, seguro e consistente, Já são cinco temporadas na F1. Não é mais nenhum garoto, embora seja jovem. É um ponto que o monegasco vai precisar mudar para romper a barreira entre bom piloto para alguém capaz de ser campeão.

No final do treino, Zhou teve um problema e o treino terminou em bandeira vermelha, assim como na primeira sessão.

Russell foi o mais rápido porque foi um dos poucos que pode usar os compostos atuais, mais velozes. No entanto, há equilíbrio no México: em voltas rápidas, Red Bull, Ferrari e Mercedes não estão tão distantes. A diferença vai ser o ritmo de corrida e aí os taurinos sobram.

A expectativa é grande para Checo Pérez fazer história em casa. O azar do México nesse ano, para nós brasileiros, é o timing. Final da Libertadores e Eleições. Certamente vai ser complicado para mim assistir ao vivo, mas vai ser aquela tensão saber dos pormenores enquanto o futuro do país está em jogo.

E que o México também exploda em felicidade com o herói local.

Confira a classificação dos treinos livres:





Até!