segunda-feira, 10 de julho de 2017

TERCEIRA VIA?

Foto: Getty Images
Um GP da Áustria chatíssimo, resumido na largada e nas voltas finais. Sem muitas emoções, Bottas venceu de ponta a ponta pela segunda vez na carreira. Com 136 pontos no campeonato (15 a menos que Hamilton), é possível pensar em título? Teoricamente sim. Apesar de ser o segundão não-oficial da Mercedes, Bottas tem feito mais do que eu esperava, aproveitando as oportunidades e capitalizando nos erros e problemas de Hamilton, além de roubar pontos de Vettel, ajudando o inglês e a equipe alemã no campeonato.

Com sorte e competência, é um milagre o fato de Vettel ser líder do campeonato e com 20 pontos de vantagem para Hamilton. O feito é maior quando é constatado que o alemão está correndo sozinho contra as flechas de prata. Raikkonen é quinto em um campeonato de quatro carros. Em duas corridas onde provavelmente não só perderia a liderança, Seb consegue superar Lewis diante das polêmicas, azares e problemas de câmbio do tricampeão. Até quando irá durar essa "sorte e azar" dos dois?

Foto: Reprodução
Ricciardo merece ser campeão só pelo carisma, mas o australiano bebedor de champagne pelo sapato pilota demais. Outra vez beneficiado pelas circunstâncias, teve competência em ultrapassar Raikkonen na largada e segurar Hamilton nas voltas finais. Mais um merecido pódio para o aussie, que tem incríveis 62 pontos de vantagem para seu companheiro de equipe (107 a 45).

Quinto abandono nas últimas sete corridas. A zica de Verstappen não para. Ao ficar para trás depois de largar mal, foi vítima do "boliche" causado por Kvyat, que bateu em Alonso, que por sua vez tocou no carro do holandês. Os dois abandonaram a prova. É inexplicável. Max foi ultrapassado por Pérez no campeonato. Isso dá uma noção de seu desempenho esse ano, onde evidentemente ele não é o culpado. Deve ser mais frustrante e irritante ainda ver o companheiro de equipe se destacando na frente e conquistando pódios que poderiam ter sido de Verstappen, pois na maioria das vezes em que abandonou ele estava a frente do australiano.

O novo motor Ferrari impulsionou a Haas no seu melhor fim de semana do ano, coroado com o sexto lugar de Romain Grosjean. Poderia ter sido melhor se Magnussen não tivesse tanto azar, com problemas no treino e na corrida. O dinamarquês certamente estaria na frente do francês, o que tem sido uma tônica nessa temporada. Mas o "se" não existe, então...

Foto: Getty Images
O fim de semana da Williams estava sendo horrível até sábado. No domingo, deu tudo certo. Massa e Stroll largaram bem e aproveitaram os incidentes da corrida para conquistar nono e décimo lugares, respectivamente. Era o que dava para ser feito, apesar de Massa chegar a atacar Ocon em alguns momentos. Stroll estava levando sufoco de Magnussen até a Haas do dinamarquês abandonar. O canadense pontua pela terceira vez seguida. De fato está evoluindo: parou de bater e aproveita os abandonos dos outros para pontuar. É isso aí.

Renault: sabemos que a situação está tensa quando Palmer termina a frente de Hulkenberg. Os franceses sonham com Alonso e Kubica... 

Vandoorne segue zerado, aumentando a pressão em cima do belga. Ainda acredito que a cobrança é desmedida, mas é mais um obstáculo para Stoffel superar.

A Toro Rosso vive um sério problema: Sainz está desesperado querendo sair; Kvyat parece não ter mais solução. Mais uma barbeiragem para a conta. O pior de tudo é que, aparentemente, Pierre Gasly é pior que o russo. O que fazer? Sem pilotos da academia da Red Bull para abastecer a equipe, a Toro Rosso está perdida.

Confira a classificação do GP da Áustria:


A próxima corrida será o Grande Prêmio da Inglaterra na semana que vem, nos dias 14, 15 e 16 de julho.

Até!

sábado, 8 de julho de 2017

DURO GOLPE

Foto: Getty Images
Líder das duas sessões de treinos até aqui, Lewis Hamilton não terá a oportunidade de conquistar sua 67a pole position na Áustria e a possibilidade de igualar o recorde de Michael Schumacher em casa, em Silverstone. Tudo porque a Mercedes irá trocar sua caixa de câmbio em menos de seis corridas, como consta o regulamento. Com isso, o tricampeão irá largar, no máximo, em sexto.

Caminho mais livre para Vettel. O alemão parece estar com sorte e se beneficiando de tudo. Hamilton, saindo de trás, com certeza irá proporcionar uma grande e disputada corrida domingo. Certamente os dois rivais irão se reencontrar no circuito de Spielberg, e aí só Deus sabe o que vai acontecer.

Entre eles (ou não), tem Bottas. Ele briga com o alemão pela pole. As Red Bull estão andando bem outra vez. Verstappen espera completar uma corrida na temporada. A situação tá difícil. Raikkonen está muito abaixo dos demais. A Ferrari B não consegue roubar pontos de Lewis, ao contrário do compatriota da Mercedes, que vez ou outra faz frente a Vettel.

Foto: Reprodução
É cedo dizer, mas aparentemente a atualização de motor da Honda deu mais potência para a McLaren. Aliado ao bom chassi da equipe, permitiu que Vandoorne e Alonso ficassem entre os dez primeiros no TL1. Animador, desde que o carro não quebre, é claro.

Sainz x Red Bull: cada um olha o lado que convém. Sem perspectiva de ser alçado a equipe-mãe nos próximos anos, o piloto espanhol disse que quer trocar de equipe ano que vem. Christian Horner respondeu forte, chamando Sainz de ingrato, e que sem a Red Bull ele jamais estaria na F1. Verdade, assim como Sainz também quer o melhor para a sua carreira e, em seu entendimento, o melhor seria que os taurinos lhe dessem asas para outras equipes, buscando um protagonismo que não terá na própria Red Bull. O programa de pilotos da equipe não tem ninguém para substituir a fraca temporada de Kvyat, imagina substituir dois de uma vez só? Esse é o drama de Helmut Marko e Horner.

As atualizações da Williams não deram certo, por enquanto. Mesmo em circuito de alta, os tempos de Massa e Stroll não foram bons. É de praxe os ingleses esconderem o jogo nos primeiros treinos, mas não sei até que ponto o rendimento fraco até aqui é apenas um despiste ou não. Só amanhã para sabermos.

Confira a classificação dos treinos livres do GP da Áustria:



Até!


sexta-feira, 7 de julho de 2017

GP DA ÁUSTRIA - Programação

O circo da Fórmula 1 voltou a Áustria em 2014, após a Red Bull comprar e reformular o complexo que abriga o circuito, rebatizando-o de Red Bull Ring. A prova não acontecia no país desde 2003.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:08.337 (Ferrari, 2003)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:07.922 (Mercedes, 2016)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Alain Prost - 3x (1983, 1985 e 1986)

ALONSO DEFENDE VANDOORNE: "DIFÍCIL PARA TODOS NÓS"

Foto: F1Fanatic
O belga, juntamente com Ericsson e Palmer (sem contar Giovinazzi e Button), é um dos três que ainda não pontuou na temporada. Badalado pelas conquistas nas categorias de base (destaque para o título avassalador da GP2 em 2015, com o melhor aproveitamento da história da categoria), o comentário do paddock é de que Vandoorne está abaixo de seu potencial. Muitos já duvidam se ele é tudo isso.

Não é, definitivamente, o caso de Fernando Alonso. O bicampeão, de saída iminente da equipe, disse que a temporada está sendo difícil para todos, especialmente para Stoffel, que nunca correu em várias corridas do circo da F1. Eric Boullier, o chefe, fez uma análise de que o desempenho do belga está abaixo do esperado.

“É difícil e frustrante para ele porque ele não conhece a maioria das pistas, tem de aprender os circuitos e toda a F1”, afirmou o espanhol. “E isso não é possível porque você não pode treinar. Então, nos primeiros treinos, se o carro quebra, aí você tem de ir direto para a classificação sem preparo algum”, salientou.

Então, Vandoorne não tem um pai com um caminhão de dinheiro para bater e fazer o que quiser, embora esteja em uma equipe historicamente gigante. É injusta e desproporcional as cobranças sobre o belga. A busca pelo imediatismo irrita. O que pode, sim, cobrá-lo são os incidentes na Espanha e em Mônaco, onde teve a grande chance de marcar muitos pontos e bateu tolamente.


Lembrem-se que seu companheiro de equipe tem apenas dois pontos no campeonato arrancados à forceps na corrida passada e dispõe dos melhores equipamentos para ser testados, ajustados e aprovados. Não é certo colocar Vandoorne na mesma prateleira que Ericsson e Palmer, por exemplo. Um tempo para Vandoorne.

KUBICA: 80 OU 90% DE CHANCES DE VOLTAR À F1

Foto: F1Fanatic
Se Cyril Abiteboul, chefe da Renault, resolveu esfriar os ânimos dos fãs, o polonês voador resolveu esquentá-los outra vez. Durante o final de semana passada ele guiou outra vez um Lotus 2012 pintado de Renault no tradicional Festival Goodwood, na Inglaterra. Lá, ele revelou ao site "Auto Express" que suas chances de retornar a categoria aumentaram bastante. O motivo?

Segundo a BBC, o polonês foi chamado para outro teste, em data e local não definidos. "Se você me perguntasse o quão realisticamente eu estava pensando que uma volta à F1 fosse possível antes (do teste), eu daria 10% ou no máximo 20% de chances. Porque o relógio está correndo, não só o da classificação, mas também estou ficando velho. Hoje, como sou realista, tenho meus pés no chão, então colocaria as chances em 80% ou 90%", revelou.

Anteriormente, já havia sido veiculado que Kubica havia sido mais veloz que o russo Sergey Sirotkin, piloto de testes da equipe francesa. Outras informações apontam que o polonês, em testes nos simuladores da equipe, está andando no mesmo ritmo de Hulkenberg, o líder da Renault.

Palmer está fora do baralho. Como já disse antes, a conta não fecha. Hulk, Kubica e Alonso, um vai ficar de fora.

Meu temor é que o pessoal fique decepcionado caso o desempenho de Kubica seja decepcionante. É preciso lembrar que ele praticamente tem apenas um braço. É sempre bom desconfiar das outras informações. Na "nova F1", o retorno de Kubica depois de tantos anos afasatado pelo seu acidente e do jeito que foi seria um baita enredo para a categoria e também para o público médio. Uma história de suor, talento e superação.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 153 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 139 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 111 pontos
4 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 92 pontos
5 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 73 pontos
6 - Max Verstappen (Red Bull) - 45 pontos
7 - Sérgio Pérez (Force India) - 44 pontos
8 - Esteban Ocon (Force India) - 35 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (Toro Rosso) - 29 pontos
10- Felipe Massa (Williams) - 20 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 18 pontos
12- Lance Stroll (Williams) - 17 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 11 pontos
14- Romain Grosjean (Haas) - 10 pontos
15- Pascal Wehrlein (Sauber) - 5 pontos
16- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 4 pontos
17- Fernando Alonso (McLaren) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 250 pontos
2 - Ferrari - 226 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 137 pontos
4 - Force India Mercedes - 79 pontos
5 - Williams Mercedes - 37 pontos
6 - Toro Rosso Renault - 33 pontos
7 - Haas Ferrari - 21 pontos
8 - Renault - 18 pontos
9 - Sauber Ferrari - 5 pontos
10- McLaren Honda - 2 pontos

TRANSMISSÃO


quarta-feira, 5 de julho de 2017

RECOMENDAÇÕES

Foto: Reprodução
Olá! O post de hoje será sobre o lançamento de dois documentários essencialmente interessantes e indispensáveis para nós, amantes do automobilismo, principalmente da F1. Nesse fim de semestre onde estou acamado, vale e muito a dica. Vamos lá:

McLaren - O homem por trás do volante: O documentário sobre o piloto neozelandês Bruce McLaren, que fundou a equipe homônima, foi lançado em DVD faz quase um mês. O longa, dirigido por Roger Donaldson, apresenta passagens sobre a vida do piloto, sua carreira na F1 e a fundação da equipe McLaren, onde competiu e é hoje uma das maiores equipes da categoria.

O documentário está disponível nas lojas, na internet e nos serviços on demand das TVs por assinatura. Confira!


Foto: Reprodução
No mês que vem, será a vez da Williams lançar seu documentário. Dirigido por Morgan Matthews, o filme irá contar a trajetória de 40 anos da equipe na F1, com imagens "inéditas e lendárias" de grandes figuras da equipe, incluindo entrevistas exclusivas com Jackie Stewart, Alan Jones, Nigel Mansell e Nelson Piquet. Não se sabe se o documentário será exibido no Brasil. Preferem passar filme de super-heróis...

De acordo com o anúncio da equipe, o documentário "é um retrato honesto, autêntico e incrivelmente revelador de uma das histórias mais extraordinárias no automobilismo."

Williams terá sua estreia mundial na terça-feira que vem, dia 11 e chegará aos cinemas europeus no dia 4 de agosto.

Muito ansioso! Confesso que já deveria ter assistido ao do McLaren mas a preguiça me consome... parece de propósito as duas equipes terem lançados documentários no mesmo ano em um curto espaço de tempo entre os dois. Fantástico!

É a chance de mostrar a história e a paixão por trás das equipes, através das pessoas, que muitas vezes ficaram perdidas no tempo, diante da modernidade e que nós precisamos entender e resgatar esse sentimento para a atual F1.

Diante dessa filosofada sem sentido, confesso, me despeço. E assistam! Me cobrem para vê-los também!

Até!

quarta-feira, 28 de junho de 2017

RUMORES

Foto: Getty Images
Otmar Szafnauer, diretor-executivo da Force India, confirmou a revista alemã "Auto Motor und Sport" que a equipe indiana ingressou na FIA pedindo a mudança do nome da equipe para Force 1 no ano que vem. A justificativa de Vijay Mallya é tornar a equipe "mais internacional" para os investidores. O viés inicial nacionalista já teria sido superado. Ele nega que essa internacionalização da equipe se deva ao fato de estar enfrentando problemas com o governo do país, fruto de uma dívida referente a falência da empresa aérea Kingfisher. Convém destacar que esse ano o carro já é rosa (em virtude da empresa BWT), sem os detalhes das cores da bandeira da Índia, e nos últimos o bólido chegou a ser preto e prateado.

Olha, Force India é um nome estranho mas que todos estamos já acostumados. Se for trocar, que seja um nome decente ao invés de Force 1. Parece nome de nave espacial de filme de ficção científica. Cruzes.

Foto: Motorsport
Alonso empurrou, nas entrelinhas, seu compatriota Carlos Sainz Jr para a McLaren a partir do ano que vem. "Neste momento nós não somos competitivos, mas a McLaren vai ser sempre a McLaren. Em algum momento vai estar novamente no pódio, entre os cinco primeiros. Sempre vai estar ali. Depois de três anos difíceis, os bons tempos virão. Não sei se a McLaren vai ser campeã em cinco ou dez anos, mas há muito mais oportunidades do que na STR. De modo que, se Carlos tiver a chance, sempre vou apoiá-lo", disse.

O bicampeão está de saída da equipe inglesa e busca negociações com outras equipes para 2018. Flavio Briatore tenta convencer Toto Wolff de que seria uma boa a reedição da "parceria" com Hamilton, enquanto o empresário Luís García Abad foi visto conversando com a cúpula da Renault para formar dupla com Hulkenberg.

Voltando a Sainz, o espanhol já foi especulado por diversas equipes nesses anos, como Ferrari e Renault, menos na equipe-mãe Red Bull. É o seu último ano de contrato com os taurinos e fica claro para as duas partes o desejo de Sainz de subir a equipe principal, mas também o desinteresse de Marko em efetivá-lo, até porque Verstappen e Ricciardo não sairão da equipe no próximo ano. O que resta? Outra temporada na insossa Toro Rosso? O filho de Carlos Sainz deveria tentar cortar as asas da Red Bull e tentar trilhar um novo caminho na categoria. Se conseguir se manter, estará no lucro, mas também existe o risco muito grande de ser mais um Vergne, Buemi ou Alguersuari da vez.

Foto: LAT Images
Já havia caído como uma bomba a especulação de que a Mercedes estaria de saída da F1 no final de 2018. Pois bem, Eddie Jordan tratou de colocar mais gasolina no fogo. O conceituado ex-dono da equipe que leva seu sobrenome informou, durante o GP do Azerbaijão, que os alemães tentam dar um jeito de burlar o Pacto de Concórdia (válido até 2020) e buscam um comprador para a equipe. Além disso, dois grandes patrocinadores da equipe como a UBS e a Petronas já estariam de saída do time ao final do ano.

Toto Wolff ironizou e chamou tudo isso de mentiras e fake news. O que todos sabemos é que a F1 é um esporte muito caro. A grande prioridade da Liberty será baixar os custos e tentar seduzir outras equipes e montadoras de volta para a categoria. Existe um gasto muito grande para as equipes médias apenas se manterem na F1, sem perspectiva de pódio, tampouco vitória. O modelo precisa ser revisto.

Só o futuro dará razão a alguém nessa até então fofoca, mas considerando que a Mercedes mesmo tricampeã de pilotos e construtores teve prejuízo financeiro nesses anos, a ausência de importantes patrocinadores e o dinheiro de campeão poderiam colocar em risco os investimentos do conglomerado alemão. A partir disso, não vejo nenhum absurdo em uma retirada do circo, já com o objetivo bem sucedido de títulos nessa passagem como uma equipe própria pela F1.

A silly season irá esquentar ainda mais quando a F1 entrar em férias. Seguiremos aguardando e comentando por aqui o que achar pertinente.

Até mais!

terça-feira, 27 de junho de 2017

O TEMPERO QUE FALTAVA

Foto: CNN
A relação era cordial demais para dois pilotos que somam sete títulos mundiais. Um busca o penta, o primeiro pela Ferrari, tentando repetir o feito de Schumacher. O outro busca o tetra que, em tese, deveria ter vindo no ano passado, mas surgiu um Nico Rosberg no meio do caminho. Era interessante o fair play entre Lewis e Seb no final de cada corrida. Os dois se cumprimentando e se parabenizando a cada vitória do adversário nessa dura disputa de 2017. Tudo isso até domingo.

Hoje, esse clima não existe mais.

A tensão e a rivalidade, que iriam crescer naturalmente com o desenrolar do campeonato, toma proporções muito maiores depois dos incidentes de dois dias atrás. A cordialidade irá aparecer pouco. Evidente que o respeito nos cumprimentos públicos irão aparecer, mais tímidos. Mas o clima azedou. A disputa dentro e fora da pista de Hamilton e Vettel e Mercedes e Ferrari será cada vez mais intensa. Os bastidores irão pegar fogo. Não existem mocinhos nesse enredo.

O brake test e a reação desproporcional de Vettel era o tempero que faltava para esse campeonato ficar cada vez mais saboroso para a imprensa e os fãs. Evidentemente que, no final das contas, para um deles irá ficar uma sensação indigesta, mas isso é o esporte.

Em outras equipes, o bicho está pegando também: Force India, Toro Rosso (como sempre) e Sauber estão longe de ter um relacionamento saudável entre seus integrantes. Raikkonen e Bottas devem ser os compatriotas que possuem o pior relacionamento em toda a história da F1. Quando a Red Bull voltar a brigar por títulos, Verstappen e Ricciardo deverão polemizar ainda mais. O holandês, com DNA de campeão, obviamente não está satisfeito com a sequência de quebras, mas Ricciardo já provou contra Vettel que também é um campeão do mundo em potencial.

Em suma: salve-se quem puder! Enquanto isso, assistiremos a tudo de camarote, querendo mais entretenimento e emoção para a F1.

Esse é um momento que dificilmente se repetirá nos próximos meses.

Foto: CNN
Até!

segunda-feira, 26 de junho de 2017

VIROU BADERNA

Foto: Getty Images
"Mas o que é isso?" O gesto de Ricciardo diz tudo. Vou tentar explicar o que aconteceu na corrida de hoje baseado nos fatos da prova: aleatoriedade total. Posso afirmar que: Ricciardo, azarado na Espanha e em Mônaco ano passado, vê a sorte sorrir na Malásia 2016 e hoje. Enquanto isso, Max Verstappen abandonou pela quarta vez em seis corridas. O mais desavisado, o "analista de resultado", pode achar que o australiano está dando um banho no holandês (afinal, está 92 a 45 na classificação), mas não. Parece que todo o "azar" de Ricciardo passou para Verstappen, que não tem resultados que corroborem com seu desempenho em 2017. Até quando?

A corrida de hoje foi uma fiel reprodução do automobilismo norte-americano. Inúmeros acidentes, bandeiras amarelas, Safety Cars e até bandeira vermelha. Essa sequência de acontecimentos caóticos beneficiou Valtteri Bottas. De praticamente fora da corrida, mais de um minuto e meio atrás do primeiro carro a frente no início da prova, vítima de uma batida em Raikkonen na segunda curva, o Safety Car permitiu ao finlandês tirar a volta de atraso e voltar colado no pelotão, ultrapassando quase todo mundo (e contando com a "sorte", é claro) para chegar na segunda posição. Apesar do erro inicial, na minha opinião ele foi o piloto do dia.

Foto: Getty Images
É, temos que engolir Lance Stroll como o piloto mais jovem a conseguir o pódio no ano de estreia na F1. Não, ele não é o mais jovem a estar no pódio, esse é Verstappen, que atingiu o feito em seu segundo ano de categoria. Desde Alemanha 2001 que um canadense não subia ao pódio, com Jacques Villeneuve a bordo de sua BAR Honda. Deixando o momento PVC de lado, concluo que: pela primeira vez, Stroll apresentou um ritmo de razoável para bom em um final de semana. Superar Massa no treino livre e na classificação é um claro indicativo disso. Dizem que ele copia os setups do brasileiro desde o Canadá, o que pode fazer sentido. Enfim, méritos para o canadense que conseguiu quebrar a banca ao não bater na curva do castelo e sobreviver aos incidentes da corrida, sempre imprimindo um bom ritmo para conquistar o terceiro lugar. Poderia ter sido segundo, mas tirou o pé antes da linha de chegada e foi passado por Bottas. Ao menos um errinho tinha que ter, né? Senão não seria Stroll, hehehe. Parabéns ao garoto.

Foto: Getty Images
É quase unânime que "Massa iria vencer se não tivesse abandonado". Um abandono estranho, aliás. Um problema na suspensão logo depois da bandeira vermelha. Voltando ao assunto, acho um raciocínio muito simplista. É óbvio que ele fazia a sua melhor corrida no ano e tinha reais chances de pódio. Entretanto, vale lembrar que Bottas já estava escalando o pelotão e é muito fácil fazer esse tipo de previsão após o ocorrido com Hamilton e Vettel. Se for assim, os dois citados poderiam ter vencido "se", assim como a dupla da Force India, Raikkonen e Verstappen. Não existe. Azar para o brasileiro, que poderia ter, sim, conquistado um grande resultado. Não sei se a vitória, mas certamente o pódio no lugar de Stroll. Apesar disso, Massa segue a frente do jovem canadense no campeonato: 20 a 17.

A Force India não apaziguou os ânimos e perderam, outra vez, boa chance de conquistar um resultado espetacular. No início, achei que Pérez teve responsabilidade, mas depois me dei conta de que ele já estava quase no muro quando foi acertado por Ocon. Represália pelo jogo duro no Canadá? Bom, pior para o mexicano que abandonou e o francês, que poderia ter conquistado um pódio inédito, conseguiu se recuperar e chegar em sexto. O clima está fervendo entre os dois. Se não existir pulso firme, a equipe pode perder mais oportunidades de progressão, e a carreira dos dois pode ter a reputação abalada. Hora do puxão de orelha e evitar a auto-destruição de seus carros.

Foto: Getty Images
Juro que estava esquecendo. Aconteceu tanta coisa que acabei deixando o principal para o quase fim. A FIA concluiu que Hamilton não fez o que o estavam acusando, de break test intencional. Nas outras relargadas o inglês fez o mesmo. A questão é que Vettel, para não ser atacado, ficou colado, até demais. Espera. Hamilton foi irresponsável ao ficar a 40 km/h na saída de uma curva e início de uma reta. Já foi advertido várias vezes sobre isso. Vettel, por mais irritado que estivesse, não poderia ter feito o que fez, mesmo que a 40 km/h. É anti-profissional. Não houve punição, mas sim um arranjo político. Hamilton, com problemas na proteção do cockpit, foi obrigado a parar. Para que a situação não soasse injusta, Vettel foi punido com 10 segundos de stop and go por "direção perigosa", coincidentemente anunciado pela FIA após a parada do inglês. Foi brando. Os dois saíram no lucro nesse caso.

Foto: Reprodução
Hamilton foi o mais prejudicado. De uma vitória quase certa e uma diminuição na distância para o líder, acabou saindo de Baku com mais dois pontos de desvantagem. Pelo que foi o final de semana, Vettel foi o "vencedor", agora com 14 pontos a frente do tricampeão (153 a 139). O que era uma rivalidade relativamente cordial acabou incinerada. Mercedes x Ferrari. Hamilton x Vettel. Não tem reuniões nem nada para esfriar os ânimos. Vai ter muito jogo político, falcatrua e outros estranhamentos na pista. Como é bom ver duas equipes brigando pelo título. Que vença!

Para finalizar, coisas importantes que parecem não ter sido diante do que aconteceu hoje: Alonso marcou os primeiros pontos da McLaren no campeonato. Inacreditável ver os dois carros da equipe terem sobrevivido a reta de Baku sem a explosão dos motores. Não só isso, como também passaram as Sauber na reta! Enfim, os ingleses seguem na lanterna dos construtores. Wehrlein conseguiu mais um pontinho para os suíços. Será que vão demitir ele por estar atrapalhando o plano de Ericsson e seus investidores? Só com uma corrida de 10 carros para ver o sueco pontuar, pelo jeito.

Magnussen conseguiu bons pontos para a Haas. Está vencendo o teoricamente líder de equipe e especulado na Ferrari Romain Grosjean. O dinamarquês, dentro do que é possível, mostra seu valor, mostrando condições de se manter no pelotão intermediário da F1. Sainz se recuperou das barbeiragens e foi o oitavo.

Bastou especularem Alonso na Renault para que os franceses fossem a única equipe zerada do final de semana. Hulk cometeu um erro bobo. Palmer, quando não é ele é o carro, mas quem se importa? Está com os dias contados. Nico tem que aguentar sete anos sem pódio, enquanto Stroll conquista seu primeiro na oitava corrida da carreira. Síndrome de Heidfeld é inevitável.

Confira a classificação final do GP do Azerbaijão. A próxima etapa será o Grande Prêmio da Áustria, nos dias 7, 8 e 9 de julho. Até lá!