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terça-feira, 21 de maio de 2019

O DESCANSO DO IMORTAL

Foto: Getty Images

De tanto escapar e driblar da morte, Niki cansou e agora está no seu merecido descanso. No céu, já está reencontrando seu amigo e rival James Hunt, Ronnie Peterson, Clay Regazzoni, François Cevert, entre outros.

Morreu hoje Niki Lauda, tricampeão mundial de Fórmula 1, aos 70 anos. Desde o ano passado, ele passou a ter complicações após um transplante de pulmão em virtude de uma forte gripe que o deixou internado dois meses. No início do ano, chegou a ser novamente hospitalizado após passar mal nas festas de fim de ano. Segundo informações da imprensa europeia, ele teve falência renal e morreu ao lado dos familiares em casa, na cidade de Viena.

Mesmo oriundo de uma família rica, Lauda não teve o apoio dos familiares e investiu sozinho na carreira, fato este que o fez romper com a família por algum tempo. Pegando um empréstimo bancário, começou a correr pela March na Fórmula 2 em 1971, sendo rapidamente convidado a pilotar para a F1, fazendo sua estreia na corrida da casa. Depois de uma temporada catastrófica, Niki pegou outro empréstimo bancário e foi correr a temporada 1973 na BRM, equipe outrora vencedora mas já decadente. Sim, Niki Lauda era um piloto pagante.

Apesar de ter feito apenas dois pontos, Lauda chamou a atenção das grandes equipes ao liderar um GP pela primeira vez na carreira no Canadá. Parceiro de equipe de Clay Regazzoni, o suíço foi contratado pela Ferrari e, perguntado por Enzo Ferrari, deu altas recomendações para que o austríaco também viesse. E assim o jovem Lauda foi de pagante para piloto da Ferrari em três temporadas.

Lauda com a BRM, em 1973. No Canadá, chegou a liderar uma corrida. Foto: Getty Images

Depois de uma temporada desastrosa, a Ferrari queria recomeçar. Com Luca di Montezemolo no comando, os resultados começaram a aparecer. Logo na estreia, na Argentina, Lauda foi o segundo. O austríaco venceu duas corridas no ano (Espanha e Holanda). Apesar de seis poles na temporada, o jovem Lauda foi vítima da inexperiência e de problemas técnicos dos italianos, terminando a temporada em quarto.

Em 1975, a temporada não era boa até a estreia da histórica Ferrari 312T. Daí em diante, Lauda deslanchou. Com cinco vitórias e nove poles, sagrou-se campeão ao chegar em terceiro na Itália com a vitória do parceiro Regazzoni, o primeiro título da Ferrari em onze anos.

Lauda no ano do primeiro título. Foto: Getty Images


 O ano seguinte vocês conhecem bem a história, aposto. O post acima conta com detalhes o acidente de Nurburgring e tudo mais. Qualquer coisa, assistam 'Rush'. Vou resumir: Lauda começou a temporada arrasador. No entanto, depois do acidente, ainda estava muito debilitado e viu James Hunt encostar na tabela. Na corrida derradeira, em Fuji, diante do temporal, o austríaco não quis correr o risco de novo e não largou. Hunt foi o terceiro e sagrou-se campeão.

Lauda e Hunt: rivalidade marcante que virou filme décadas depois. Agora, o reencontro no céu. Foto: Getty Images



No ano seguinte, já recuperado, o bicampeonato veio com facilidade. No entanto, a relação com a Ferrari estava estremecida. Brigando com o diretor Daniele Audetto, Lauda não gostou de ser substituído por Carlos Reutemann na temporada passada enquanto lutava pela vida. O argentino virou companheiro de equipe em 1977 e os dois não se bicavam muito. Após garantir matematicamente o título, Lauda simplesmente largou a equipe e não viajou para as duas etapas finais, permitindo assim a estreia de um certo Gilles Villeneuve.

Vale lembrar que Lauda também confrontou os italianos ao dizer, durante testes, que o carro era lento e o motor ruim, isso ainda quando era apenas um novato e sem a moral das vitórias e dos títulos. Lauda sempre foi um exímio acertador de carro, preso aos detalhes e extremamente exigente e perfeccionista, visto por muitos adversários e fãs como alguém antipático e metido, o que de fato poderia ser verdade.

1977: ano do bicampeonato e da cisão com a Ferrari. Foto: Motorsport

Nos dois anos seguintes, aceitou uma proposta milionária de Bernie Ecclestone para pilotar pela Brabham. No entanto, se o dinheiro foi bom, o desempenho na pista não foi dos melhores, graças a carro, é claro. Em 1978, até que foi bem: duas vitórias e dois terceiros lugares. No entanto, em 1979, abandonou em todas as corridas menos duas. Na penúltima etapa do ano, final de semana do Canadá, simplesmente se cansou "de andar em círculos", pegou suas coisas e foi embora. Niki Lauda aposentado.

Na Brabham: cansado de "andar em círculos", Lauda se aposenta. Foto: Getty Images


Lauda sempre gostou também de aviões e abriu uma companhia de boeings intitulada Lauda Air. No entanto, sempre estava com o circo nos paddocks, participando como comentarista. No final de 1981, recebeu uma proposta irrecusável de Ron Dennis para assinar com a McLaren. Estava quebrado. A Lauda Air lhe tirou dinheiro. E assim Niki Lauda estava de volta ao jogo depois de dois anos aposentado.

Com muitas dúvidas sobre como voltaria a categoria, Lauda tratou de acabar logo com isso ao vencer em Long Beach logo na terceira etapa do Mundial. Também ganhou na Inglaterra. Com muitos problemas com a McLaren, terminou o campeonato em quinto.

Em 1983, foi um ano de transição entre os motores Ford e o motor Porsche. Lauda conquistou apenas um terceiro lugar na corrida de abertura, no Brasil e um segundo em Long Beach para depois acertar o motor alemão, o que tornou a McLaren a grande candidata ao título de 1984.

Tendo como parceiro um jovem Alain Prost, Lauda sacrificava os treinos para poder render nas corridas. Com 12 vitórias em 16 etapas, a McLaren dominou a temporada. Com cinco vitórias e quatro segundo lugares, o austríaco foi mais regular que o francês e foi tricampeão com 72 pontos, apenas 0,5 a mais que Prost, em virtude da corrida em Mônaco ter valido metade por ter sido interrompida pela forte chuva. É até hoje a maior diferença de anos entre um título e outro. Lauda foi o único a retornar para a categoria e voltar a ser campeão, o único com Ferrari e McLaren.

Segundo lugar em Portugal foi o suficiente para sagrar-se tricampeão. Foto: Getty Images

Em 1985, o canto do cisne. Com muitas quebras e sem a mesma motivação outra vez, Lauda se despediu com a última vitória da carreira no GP da Holanda, que semana passada teve anunciado seu retorno à categoria.

A última vitória na carreira, com Prost e Senna no pódio. Foto:MotorSport
Lauda voltou a cuidar de suas empresas e do ramo dos aviões, mas nunca esteve de fato fora da F1. Nos anos 1990, foi consultor da Ferrari. No início dos anos 2000, ocupou o mesmo cargo na Jaguar. Niki protagonizou um episódio divertido: ele criticou os carros modernos e disse que "até um macaco dirigiria esses carros". Lauda então foi pilotar a Jaguar 2002 em um teste e, bem...


Lauda seguia vendendo e negociando novas companhias de avião até que em 2012 foi anunciado como presidente não-executivo da Mercedes e detinha 10% das ações da equipe. Foi peça fundamental para convencer Lewis Hamilton a trocar a McLaren pelo projeto alemão. Junto com Toto Wolff, formam o império do maior domínio de uma equipe na história da Fórmula 1. 

Lauda convenceu Hamilton a ir para a Mercedes em 2013. Agora, os dois têm oito títulos somados. Foto: Getty Images

Toto e Niki: a maior dinastia da história da F1. Foto: Getty Images
Com seu inconfundível boné vermelho, Lauda virou um "velhinho" boa praça, carismático, bem-humorado e divertido em suas aparições e entrevistas, bem diferente do que era quando piloto. O acidente o humanizou perante o público e a ele mesmo.

Como consequência das queimaduras e gases tóxicos que inalou, Lauda nos anos seguintes teve que fazer transplantes de pulmões e rins. No ano passado, após contrair uma pneumonia, ficou internado por dois meses e fez um novo transplante de pulmão.

No início do ano, foi internado após sofrer uma forte gripe. Lauda mantinha-se confiante de que logo logo estaria de volta ao grid acompanhando a Mercedes. Infelizmente, nesta semana, os problemas renais acabaram se intensificando e ele faleceu de falência renal aos 70 anos em casa, na cidade de Viena.

Lauda deixa a esposa, Birgit Wetzinger (que cedeu um rim para transplante; eram casados desde 2009) e cinco filhos: os gêmeos Max e Mia, de oito anos, frutos do atual relacionamento, e Mathias, ex-piloto, e Lukas, de 39 e 37 anos, respectivamente, frutos do antigo casamento com Marlene Knaus (entre 1976 e 1991).  Lauda também teve um filho fora do casamento chamado Christopher

A história de Niki Lauda ficou mais conhecida com o lançamento do filme 'Rush', em 2013. Dirigido por Ron Howard ('Uma Mente Brilhante'), o filme contou a história da temporada de 1976, que teve o antagonismo de James Hunt e Lauda no aspecto técnico e temperamental. Um perfeccionista hardworker vs um playboy beberrão e adepto de festas e orgias. Durante meses, Howard acompanhou a F1 in loco, com Lauda contando os detalhes e falando minuciosamente sobre aquela época. O resultado foi um filme espetacular. Se não assistiu, assista. Se já assistiu, assista novamente!

Chris Hewsworth e Daniel Bruhl em 'Rush'. Foto: Divulgação
Daniel Bruhl e Niki Lauda. Foto: Divulgação
Um super herói. Um cara que driblou e matou a morte várias vezes e agora pode descansar em paz. Seu esforço sobrenatural, a capacidade técnica e o perfeccionismo o fizeram ser um dos maiores pilotos e personagens da história do esporte a motor. O acidente quase fatal, que resultou nas queimaduras e em um rosto deformado, na verdade o humanizou de vez, mostrando que mais do que vencer, a vida vem em primeiro lugar, e esta foi a 26a e mais importante conquista de Andreas Nikolaus Lauda, que também teve 24 poles e 54 pódios.

Privilegiados aqueles que o viram correr, mas o seu legado já está eternizado, na história e no cinema. Obrigado, "computador".

Até!

quarta-feira, 5 de julho de 2017

RECOMENDAÇÕES

Foto: Reprodução
Olá! O post de hoje será sobre o lançamento de dois documentários essencialmente interessantes e indispensáveis para nós, amantes do automobilismo, principalmente da F1. Nesse fim de semestre onde estou acamado, vale e muito a dica. Vamos lá:

McLaren - O homem por trás do volante: O documentário sobre o piloto neozelandês Bruce McLaren, que fundou a equipe homônima, foi lançado em DVD faz quase um mês. O longa, dirigido por Roger Donaldson, apresenta passagens sobre a vida do piloto, sua carreira na F1 e a fundação da equipe McLaren, onde competiu e é hoje uma das maiores equipes da categoria.

O documentário está disponível nas lojas, na internet e nos serviços on demand das TVs por assinatura. Confira!


Foto: Reprodução
No mês que vem, será a vez da Williams lançar seu documentário. Dirigido por Morgan Matthews, o filme irá contar a trajetória de 40 anos da equipe na F1, com imagens "inéditas e lendárias" de grandes figuras da equipe, incluindo entrevistas exclusivas com Jackie Stewart, Alan Jones, Nigel Mansell e Nelson Piquet. Não se sabe se o documentário será exibido no Brasil. Preferem passar filme de super-heróis...

De acordo com o anúncio da equipe, o documentário "é um retrato honesto, autêntico e incrivelmente revelador de uma das histórias mais extraordinárias no automobilismo."

Williams terá sua estreia mundial na terça-feira que vem, dia 11 e chegará aos cinemas europeus no dia 4 de agosto.

Muito ansioso! Confesso que já deveria ter assistido ao do McLaren mas a preguiça me consome... parece de propósito as duas equipes terem lançados documentários no mesmo ano em um curto espaço de tempo entre os dois. Fantástico!

É a chance de mostrar a história e a paixão por trás das equipes, através das pessoas, que muitas vezes ficaram perdidas no tempo, diante da modernidade e que nós precisamos entender e resgatar esse sentimento para a atual F1.

Diante dessa filosofada sem sentido, confesso, me despeço. E assistam! Me cobrem para vê-los também!

Até!

terça-feira, 9 de maio de 2017

VÍDEOS E CURTINHAS #29 - Lembranças

Foto: Alchetron
Semana de Grande Prêmio da Espanha, mais uma vez no dia das mães. Hora de relembrar alguns acontecimentos importantes dessa semana no mundo da F1.

Começando pela lembrança dos 35 anos sem Gilles Villeneuve. Para muitos, um gênio. Para outros, um porra louca superestimado por suas ousadias e barbeiragens na pista. Para fugir do clichê de postar a disputa do canadense com o Rene Arnoux no GP da França, aqui fica um tributo do excelente Antti Kalhola:


Outro aniversário importante é o da Williams na F1. A equipe de Sir Frank completou 40 anos na categoria com números impressionantes: 114 vitórias com 16 pilotos diferentes, com 7 títulos de pilotos e 9 de construtores (os últimos em 1997). O maior vencedor com a equipe é Nigel Mansell, com 28 triunfos. Abaixo, todos os vencedores pela Williams:

Damon Hill (21), Alan Jones e Jacques Villeneuve (11), Nelson Piquet e Alain Prost (7), Ralf Schumacher (6), Keke Rosberg (5), Riccardo Patrese e Juan Pablo Montoya (4), Carlos Reutemann e Thierry Boutsen (3), Clay Regazzoni, David Coulthard e Heinz Harald Frentzen (1).

E claro, para completar, Pastor Maldonado. Sua única vitória na carreira (e a última da Williams até aqui) vai completar MEIA DÉCADA. Sem dúvida alguma um dos acontecimentos mais improváveis desse esporte em toda a história. Uma atuação impecável do venezuelano, que liderou do início ao fim e segurou o ímpeto de gente como Alonso e Raikkonen. Memorável. Relembrem (como o tempo passa...):

Foto: Getty Images

Sobre o boato da Brabham: ele apareceu algum tempo atrás, sem força, e continuo duvidando da sua possibilidade. Óbvio que seria espetacular que uma escuderia histórica retornasse para a categoria (importante: os donos da marca realmente são os Brabham, diferente do caso da "Lotus" recente), mas não comprando a Force India. Mesmo que os indianos estejam com dificuldades econômicas, eles foram os únicos que não só conseguiram se manter mas também crescer na categoria. 

Que os Brabham comprem o espólio de uma Manor ou Caterham da vida e recomecem sua história do zero, aumentando o grid ao invés de matar com um time tão simpático como o liderado pelo picareta Vijay Mallya.

Foto: Reprodução

Por enquanto, isso é tudo pessoal! Até mais!

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

VÍDEOS E CURTINHAS #17

Foto: Globoesporte.com

Salve, pessoal. Tudo bem? É semana de GP Brasil! Essa é uma das imagens mais icônicas da era moderna da F1.. O primeiro título de Hamilton e a última vitória de Felipe Massa... O contraste, percebe-se, está além da foto do dia 2 de novembro de 2008: A "alegria triste" do vencedor Massa, e o êxtase do campeão Hamilton.

Por falar no inglês de penteados excêntricos e ousados, Lewis virá mais tarde para o Brasil. O tricampeão participaria de uma coletiva de imprensa em um hotel de São Paulo em um evento de um patrocinador da Mercedes, mas foi cancelado. Especula-se que o tricampeão não está se sentindo bem (Será que bebeu alguns drinks suspeitos?) e que até não participaria da corrida do fim de semana. Vale ressaltar que, embora tenha sido campeão em 2008, Hamilton nunca venceu em Interlagos. Será que esse ano finalmente vai?

Foto: Renan do Couto/Grande Prêmio
Em parceria com o Instituto Ayrton Senna e a autorização do condomínio e seus moradores, foi inaugurado um painel com a imagem do tricampeão. A obra é de autoria do artista Eduardo Kobra e o mais importante: É permanente. Muito lindo.

A McLaren, como sempre, vai testar possíveis soluções aerodinâmicas e de motor em Interlagos. A informação é de Eric Boullier, diretor da equipe. Pronto, essa era a notícia. Alonso e Button, campeões no Brasil, afirmaram que adoram o público brasileiro e que estão correndo por diversão, até porque não há outra coisa a fazer. Boullier, entretanto, teme que Alonso perca a motivação de correr na F1 pelo fato do carro estar tão lá atrás e apresentar diversos problemas. Existe uma solução bem simples para isso: RESOLVA OS SEUS PROBLEMAS, McLAREN HONDA!

Países que mais venceram no GP Brasil:
1 - Brasil - 9 vitórias (2x Fittipaldi, Senna, Massa, Piquet e Pace)
2 - França - 8 vitórias (6x Prost, 1x Laffite e 1x Arnoux)
3 - Alemanha - 7 vitórias (4x Schumacher, 2x Vettel e 1x Rosberg)

E para finalizar, alguns vídeos icônicos do GP Brasil: A vitória de Senna em 1991, a corrida de 1977 (em tempos românticos e com Cenas Lamentáveis), vencida pela Ferrari de Carlos Reutemann e o título mundial de Jenson Button em 2009, em corrida vencida por Mark Webber: