terça-feira, 15 de outubro de 2019

MESTRES E APRENDIZES

Foto: Grand Prix
Aproveitando o gancho do dia do professor aqui no Brasil (rá!), o tema do post de hoje é a incerta Renault, comandada por Cyril Abiteboul.

Desde o retorno como equipe, em 2016, a proposta era clara: crescimento ao longo dos anos para, em 2019 ou 2020, brigar por vitórias ou campeonatos.

Como sabemos, nada disso aconteceu. A Renault patina. É claro que houve evolução, mas o motor continua com problemas de durabilidade e potência, o que causa incerteza para parcerias. Red Bull caiu fora e a McLaren vai voltar para a Mercedes em 2021. Sem parceiros para desenvolvimento e quilometragem, a situação fica cada vez mais incerta.

Não só isso. O chassi é deficitário. Por incrível que pareça, os melhores resultados da temporada vieram em circuitos rápidos (Canadá, Itália e Japão). Mesmo investindo um caminhão de dinheiro.

Cyril Abiteboul é o grande comandante. Alain Prost, que já teve uma equipe não muito bem-sucedida, de simples consultor virou dirigente dos franceses. Já tomou algumas providências: a saída de Hulkenberg e a chegada de Ocon, francês e mais jovem, para o ano que vem. Será que realmente Hulk era o maior dos problemas? Bom, o alemão parece não ter o "timing" e hoje é meio complicado de defendê-lo, mas...

E Daniel Ricciardo? Saído da Red Bull para tentar brilhar em uma equipe de fábrica, provavelmente vai usar a Renault para ganhar muito dinheiro. O que será do australiano em 2021? Vai ter vaga na Ferrari? Difícil. Mercedes? Impossível. Mais um que pode ter perdido o "timing" por não haver tantas vagas competitivas na Neo F1.

Com o professor Prost e o "aprendiz" Abiteboul, a Renault dá três passos e cai dois. Patina. Pelo investimento que faz, deveria estar mais próxima da Red Bull. Nesse ano, está sendo surrada pela então deficitária McLaren com os mesmos motores. Com o alto custo, as poucas melhoras e um regulamento incerto, os franceses impacientes irão permanecer na F1 ou irão pular fora igual no passado?

Uma equipe de fábrica dar certo não é fácil, ainda mais agora que não existem mais recursos ilimitados para testes e tudo mais. A Renault da década de 2010 se encaminha para repetir outras grandes montadoras que habitaram a F1 e fugiram para nunca mais voltar após a crise de 2009 e o fim dos patrocínios tabagistas: Jaguar, Toyota, Honda... não dá para dizer que foi um fracasso, mas poderiam ter feito mais.

O que a Renault precisa para voltar a ser de ponta? Mais dinheiro ou uma abordagem competente? Há investimento, equipe qualificada, infraestrutura, bons pilotos mas falta gestão, seja ela do Abiteboul, o cabeça da F1, seja de quem está por trás disso na grande fábrica. O brasileiro Carlos Ghosn, contrário a isso, até autorizou, mas hoje vive outros problemas bem mais graves com a justiça japonesa. Será Prost, de novo como "mestre dos magos", o professor que irá ensinar o aluno Cyril a fazer os franceses grandes de novo?

O tempo (e o dinheiro?) está acabando.

Até!

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

ESTRANHO

Foto: Getty Images
Um final de semana onde passa um tufão no país e tudo continua com quase naturalidade já é estranho. Isso fica pior quando no dia seguinte faz um sol de rachar como se nada tivesse acontecido. O passo seguinte é a Ferrari fazer 1-2 em uma pista que a Mercedes tinha dominado na quinta, sendo o pole Sebastian Vettel. Com tanta coisa intrigante, o resultado foi coisas estranhas numa corrida estranha, esquisita mas também bem chata.

As Ferrari largaram muito mal. Vettel até teria queimado a largada mas "não completamente", segundo a FIA. Por isso que não foi punido. Explicação bem estranha. Estranho também é o meu raciocínio: a largada sensacional de Bottas acontece porque ele reage a "queimada" de Vettel. Pra mim, ficou a sensação de que ele queimou, mas entre o meu olho cansado  às 2 da manhã e sensores modernos, fica difícil competir.

Bottas saiu feito um foguete. Leclerc também foi mal e Verstappen tentou se aproveitar. Os papéis se inverteram. O monegasco foi um maníaco irresponsável, jogou e bateu o holandês para fora da pista. Depois da Áustria, Leclerc tem sido muito agressivo na defesa de posições. Ao largar mal, fez de tudo para se segurar. Acabou com a corrida de Max e comprometeu a própria. A asa danificada ficou se arrastando pela pista até se soltar, arrebentar o próprio retrovisor e acertar o de Hamilton que vinha atrás. Imagina se acerta a cabeça...

A FIA, criticada por não deixar o pau quebrar, foi extremista. Chegou a não considerar nenhuma ação e só agiu após Max abandonar. Meteu uma punição de 15 segundos pro monegasco, o que ficou barato. O que acontece no início da corrida não pode ser punido no final. Qual o peso de uma punição de segundos para um carro que é um ou até mais segundos mais rápido que os demais por volta?

Foto: Getty Images
Bottas se encaminhava para uma vitória até inesperada - e estranha -, pois Vettel não tinha ritmo para ir atrás. O motor ferrarista conseguia deter as aproximações de Hamilton, confortável em terceiro. As flechas de prata marcaram Seb, que fez duas paradas, o mesmo com o finlandês. Hamilton então partiu para uma, pois alongou o stint. Estratégias diferentes, uma cortesia da largada atrapalhada da Ferrari. A Mercedes com a faca e o queijo na mão.

Com Bottas e Vettel fazendo duas paradas, Hamilton foi nadando tranquilo em primeiro. Era a estratégia prometida para o finlandês. No entanto, o inglês reclamou de ter voltado com os médios. Pediu os duros mas não levou. Alongando o novo stint, disse não entender a necessidade de uma nova parada. Estaria ele partindo para a vitória? Como seria a situação com a Bottas? Ele não precisava ter feito um novo pit stop também.

Entre prejudicar o finlandês e o inglês, os alemães optaram pela segunda opção. Em uma parada desnecessária, Hamilton não só perdeu a chance da vitória como também voltou atrás de Vettel. Apesar de mais rápido, não foi possível ultrapassar. Seria a compensação da Rússia 2018 sendo paga só agora? Em uma estratégia estranha, a Mercedes sagrou-se hexacampeã de construtores. Ninguém atingiu essa marca consecutivamente. Niki deve estar feliz lá do céu, mas convenhamos: ninguém aguenta mais. Que culpa eles têm?

Albon conseguiu a melhor posição na carreira fazendo o possível com a Red Bull. Nota crítica foi ter praticamente estragado a corrida de Lando Norris logo no início da prova, com a conivência da direção de prova. Sainz Jr mostra que é o melhor piloto com sobras da F1 B, evidenciando o grande momento que vive a McLaren. Seguro e oportunista, não dá chance para o azar. Ricciardo conseguiu uma ótima corrida de recuperação com boa estratégia após ter sido eliminado no Q1.

Para terminar com as estranhices, um problema no sistema virtual de bandeiras fez com que a corrida computasse o resultado até a penúltima volta. Ou seja: nada do que aconteceu na última valeu, incluindo a batida de Pérez ao tentar passar Gasly, que com o motor Honda, fez uma prova competente. Bater e mesmo assim chegar em nono, uma grande façanha de Checo. Estranho. Hulkenberg fechou o top 10.

Na rabeira, vemos uma Alfa Romeo em queda, a Haas na mesma de sempre e a Williams tão vergonhosa que infelizmente já nos acostumamos.

Em um final de semana estranho, basta Hamilton fazer 14 pontos a mais que Bottas para ser campeão no México mais uma vez. Do contrário, nem faz tanta diferença. Lewis já foi campeão nos outros próximos palcos mesmo. E assim caminha a F1. Mesmo estranha, parece tão normal...

Confira a classificação do GP do Japão:


Até!

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

GP DO JAPÃO: MUDOU TUDO

Foto:Tsunagan Japan
Geralmente, posto aqui antes dos treinos livres a programação com as notícias e tudo mais. No entanto, esqueci que tudo começaria nesta noite de quinta-feira. Pura sorte? Pois bem, durante a noite foi anunciado que, em virtude do tufão que vai chegar no país, a F1 vai cancelar os eventos no sábado, que incluem o treino livre e o treino classificatório. Portanto, nesse final de semana, não teremos apenas o terceiro treino livre, com a classificação sendo realizada na manhã de domingo (sábado à noite).

Pois bem, deixo aqui os textos que realizei para o post da programação para o GP do Japão e depois irei escrever algumas linhas sobre os treinos realizados nessa madrugada:

ALERTA DE SUPERTUFÃO

Foto: Getty Images
É o que diz Steffen Dietz, ex-meteorologista da F1. O supertufão Hagibis ganhou força e deve atingir Suzuka com força, especialmente no sábado. A previsão é de chuva forte e ventos nos três dias.

"Querido público da Fórmula 1, com o tufão Hagibis, existe uma possível ameaça na situação meteorológica em Suzuka. A fotografia mostra o pior cenário, segundo um modelo. É uma possibilidade, ainda falta uma semana, mas o modelo e a formação são impressionantes. Sigam atentos"

"Hagibis aumentou bastante e agora é um supertufão, de categoria 4. A previsão da pista no Japão e na F1 é bem consistente. A probabilidade de qualquer impacto é alta, mas os detalhes permanecem incertos. Geralmente, o sistema enfraquece bastante antes de chegar no Japão, mas seguirá forte. Os modelos de hoje mostram uma propagação um pouco mais rápida, então, o impacto na F1 pode aparecer já no sábado", alertou Dietz em sua conta no Twitter.

19º tufão do ano no Pacífico, o Hagibis veio das Filipinas e vem avançando em direção ao oeste do país, onde o autódromo de Suzuka é localizado. O último boletim divulgado pela Agência Meterológica aponta que ele se desloca a 25 km/h, com ventos sustentados de 180 km/h.

O Japão tem histórico de adiamento de treinos em virtude das chuvas e ventos fortes. Isso aconteceu em 2004 e 2010, quando os treinos foram realizados no domingo, dia da corrida. Em 2007, a corrida em Fuji foi realizada sob forte chuva.

Em 2013, na Austrália, apenas o Q1 foi realizado. Em 2015, nos Estados Unidos, o furacão Patrícia fez com que o treino também fosse na manhã de domingo.

Em 2014, o furacão Phanfone transformou a corrida do Japão num caos, com largadas atrás do Safety Car, bandeiras vermelhas e o trágico acidente fatal de Jules Bianchi.


Se chove, então provavelmente mal teremos treino e a corrida só quando os pilotos conseguirem colocar os intermediários. Não me animo muito. É muita frescura da FIA, que matou o francês graças a sua negligência e faz malabarismos técnicos para parecer que se preocupa com a segurança dos pilotos, como é o caso do Halo ou proibir corridas em chuvas fortes, o que é um absurdo.

TAPETÃO?

Foto: Getty Images
Eu tento, mas é impossível não escrever algo sobre a equipe mais simpática da F1. A nova notícia do momento é que a FIA pode punir a equipe em perda de pontos porque o chefão Gunther Steiner xingou o comissário Emanuelle Pirro (o mesmo que tirou a vitória de Vettel no Canadá) de idiota após a punição a Kevin Magnussen ao cortar uma curva e não voltar no traçado determinado lá no GP da Rússia.

Segundo o site alemão "Motorsport Total", Steiner foi até a sala dos comissários após a corrida e teve acalorada discussão com o ex-piloto, além de tê-lo xingado no rádio da equipe de "estúpido e idiota" e não ter se desculpado posteriormente.

Steiner pode ser punido por suspensão de uma corrida sem acessar o paddock, uma multa de R$ 1 milhão ou até mesmo perda de pontos de sua equipe.


É tipo o STJD afirmar que um jogador pode ser punido por 12 jogos mas no fim das contas basta pagar uma cesta básica. Se Steiner realmente xingou Pirro, ele merece um prêmio, isso sim. Mais uma punição imbecil desse cara que já avacalhou com o GP do Canadá. Por essas e outras que a Haas é a equipe mais simpática do grid, sem dúvida alguma.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 322 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 249 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 215 pontos
4 - Max Verstappen (Red Bull) - 212 pontos
5 - Sebastian Vettel (Mercedes) - 194 pontos
6 - Pierre Gasly (Toro Rosso) - 69 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 66 pontos
8 - Alexander Albon (Red Bull) - 52 pontos
9 - Lando Norris (McLaren) - 35 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 34 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 34 pontos
12- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 33 pontos
13- Sérgio Pérez (Racing Point) - 33 pontos
14- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 31 pontos
15- Kevin Magnussen (Haas) - 20 pontos
16- Lance Stroll (Racing Point) - 19 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 8 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos
19- Robert Kubica (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 571 pontos
2 - Ferrari - 409 pontos
3 - Red Bull Honda - 311 pontos
4 - McLaren Renault - 101 pontos
5 - Renault - 68 pontos
6 - Toro Rosso Honda - 55 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 52 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 35 pontos
9 - Haas Ferrari - 28 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

Os treinos: pois bem, depois de quatro poles consecutivas, a Mercedes resolveu reagir com novas atualizações apesar disso parecer inútil para esse ano, pois já são campeões. A questão é psicológica, de mostrar pra Ferrari e pro resto que são eles quem mandam ainda.

Bottas, apesar de rodar uma vez no TL2, foi o mais rápido nos dois treinos. As flechas de prata foram muito mais velozes que a Ferrari e a Red Bull com motor zerado para tentar andar bem na casa da Honda. Desse jeito, devem ser os grandes favoritos a vencer, por mais estranho que possa ser projetar uma corrida que ninguém sabe em quais condições vai acontecer. No domingo, dizem que o tempo vai estar seco.

Importante salientar que, segundo a FIA, caso não seja possível realizar o classificatório no domingo pela manhã (horário do Japão), o grid foi definido agora. Ou seja: podemos ter Bottas, Hamilton, Verstappen, Leclerc, Vettel e Albon, nesta ordem. No resto, a briga encarniçada de sempre, onde a Toro Rosso é a grande atração local junto com a Red Bull, mas me parece que a McLaren ainda leva certa vantagem na hierarquia da "quarta força" nesse instante.

Pois bem, veja bem as posições do TL2, porque pode ser a do grid de largada também. É o confuso e caótico GP do Japão, cheia de diversas lembranças...


Até!

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

LEMBRANÇAS QUE VOAM

Foto: Getty Images

Como o tempo passa. O blog foi criado para que eu pudesse desempenhar uma atividade de uma disciplina da faculdade de jornalismo que consistia no design das tipografias das letras e o porquê, além do uso das cores. Decidi, então, focar os meus esforços em escrever sobre algo que nos últimos tempos eu sempre tive vontade mas que me faltava a faísca: Fórmula 1.

A primeira corrida que cobri então foi o Grande Prêmio do Japão. Na primeira temporada com a era híbrida, a hegemonia da Red Bull foi substituída pela ascensão da Mercedes e o duelo entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, diante de um esdrúxulo regulamento de pontuação dobrada na última etapa do ano, em Abu Dhabi. Foi assim que escrevi os primeiros posts...



O que mais tinha me chamado atenção foi a confirmação da saída de Vettel da Red Bull. Na época, a Ferrari ainda não tinha oficializado a saída de Alonso. Portanto, era o fim de duas eras e o início de duas novas, sem saber ainda que existia a possibilidade de Alonso retornar a trabalhar com Ron Dennis.

Diante da possibilidade de um tufão, duas novidades do blog iniciante: escrevi um post no início da noite de sexta e outro na madrugada cobrindo o treino classificatório. Sinceramente, não me lembrava, mas deveria ser pelo horário e por estar acordado, no mínimo. Hoje, não tenho mais tempo para isso, infelizmente.


Me lembro de algumas partes da corrida: a saída com Safety Car em várias voltas e uma disputa até animada pela vitória, até surgir o novo carro de segurança após a batida de Adrian Sutil, na Sauber. Aí eu dormi, já estava muito tarde, se não me engano quase amanhecendo.

Quando acordei, vi Vettel e Hamilton com cara triste, o céu quase noite lá no Japão e um tom de voz quase fúnebre do narrador Luís Roberto, de muita preocupação. Comecei a pesquisar por notícias e depois não lembro o que fiz, se dormi ou fui direto votar. Precisava pesquisar, porque com o acidente do Schumacher eu fiquei o dia todo de boa achando que "era só mais uma peripécia do alemão" e quase chorei quando li a gravidade das notícias no fim do dia.

Era domingo de eleição. Não lembro se dormi e fui votar ou fiquei mais tempo pesquisando, mas aquilo acabou com o meu dia. Justo com Jules. Um acidente grave. Um piloto inconsciente. Como escrevi há meia década, a corrida estava em segundo plano. O foco era o estado de Jules.




A coisa era muito mais grave do que imaginávamos, talvez pelo otimismo de acreditar que depois de Senna ninguém mais morreria na pista. Ledo engano. Graças a incompetência da FIA em liberar a pista com um trator na área de escape e a atitude calhorda de esconder as imagens do acidente para fingir que tudo estivesse bem, além de terem colocado a culpa no francês que já estava morto, Jules morreu alguns meses depois. Inacreditável.

Logo na primeira corrida que “cobri”, um dos pilotos que eu mais torcia ficou inconsciente. Na primeira! E escrevia aos quatro cantos que Bianchi seria um piloto Ferrari nos anos seguintes. Me sinto “culpado” pelo acidente, porque parece que “ziquei” o cara. Muito triste.

Quis o destino, cinco anos depois, nos dar outra morte de um francês e colocar o tutor e amigo deles na Ferrari, local que supostamente seria de Jules por direito na sucessão natural da Ferrari. E cinco anos depois e mais de 700 posts até então, chegamos a mais um GP do Japão, comemorando cinco anos de vida. O tempo voa. Apesar do sentimento agridoce da primeira lembrança ser tão amarga, muita coisa mudou aqui no blog e na minha vida desde então, e esse espaço é quase um diário testemunha dessas transformações, embora não fale objetivamente delas por aqui, mas sim em outras redes que vocês podem acompanhar.


Até!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

GUERRA (NEM TÃO) FRIA

Foto: Daily Express
Desde o início a briga pela hierarquia na Ferrari esteve aberta. Leclerc, imposto pelo finado Sergio Marchionne, aproveitou-se do fato de ser uma "joia" da academia da Ferrari, um sangue novo, para tentar capitalizar em cima do combalido Vettel, com o status de tetracampeão mas sendo muito mais um piloto errante do que verdadeiramente o líder que os italianos precisam.

Na Austrália, Leclerc já queria passar Vettel por ser o mais veloz. Binotto segurou a onda. No Bahrein, o motor ferrarista deixou na mão o que seria a primeira vitória do monegasco. Nas corridas seguintes, vimos Vettel mais veloz nos treinos e Leclerc respondendo nas corridas. No entanto, na maioria delas a Ferrari tinha como prioridade o alemão, sacrificando a corrida de Charles.

Da metade da primeira parte da temporada em diante, vimos Leclerc reagir nos treinos e dominar completamente Sebastian. No entanto, o jovem cometeu dois erros, um deles em Baku e o outro na Alemanha, capitalizados pelo alemão. Em Mônaco, novamente Charles foi sacrificado no Q1 para salvar Vettel. Na Hungria, o problema em administrar os pneus e as estratégias diferenciadas fizeram Vettel garantir o pódio.

No retorno das férias, o furacão Leclerc veio com tudo. Na Bélgica, teve auxílio de Vettel, que virou um "escudeiro" para segurar Hamilton. Na Itália, uma quebra de acordo em quem deveria dar o vácuo para quem já começou o problema da falta de hierarquia e de uma palavra contundente do chefe Mattia Binotto, também inexperiente nessas situações.

Na Cingapura, um erro de cálculo ou não fez Vettel pular para a liderança depois dos boxes. Leclerc tentou atacar mas não deixaram. Era a vitória que o alemão precisava para tentar retomar a liderança.

Na Rússia, um jogo de equipe na largada (!) fez Vettel pular a liderança, prometer devolver a posição e não cumprir, perdendo apenas nos boxes. O abandono fez o alemão potencialmente parar em um lugar fortuito para a entrada do Safety Car Virtual e prejudicar Leclerc, mas hoje a Ferrari disse que instruiu Seb a parar o carro imediatamente diante do risco em ser eletrocutado com os problemas enfrentados na unidade de potência.

A temporada já está perdida mas a Ferrari atualmente pode ocupar o status de melhor carro. Leclerc é o jovem em ascensão. Vettel é o tetracampeão que ainda tem, de certa forma, o protecionismo do chefe. A Ferrari sempre trabalhou com um primeiro piloto historicamente desde o traumático Villeneuve-Pironi, lá em 1982.

A pergunta que fica é: Vettel tem no mínimo mais um ano de contrato. Leclerc é o presente/futuro da equipe. O que será feito dos dois até o final da temporada e para 2020? É uma guerra que fica cada vez mais quente. O que será do alemão no final do ano que vem? Vai renovar? Vai perder o status de primeiro piloto?

E pensar que só colocaram Leclerc para cumprir o que o finado Marchionne mandou. Quem ganha com isso é o público, mas e a Ferrari? Já são 12 anos de jejum e contando...

Até!

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

FALTAM 57 PONTOS

Foto: Getty Images
Mais uma vez alguns vão discutir sobre merecimento ou não de alguém vencer uma corrida, o que é tão relativo... uma bobeira da Ferrari + um problema dos italianos e o acaso gerado por isso fizeram com que Lewis Hamilton voltasse a vencer depois de três corridas.

Começamos pela Ferrari. Nunca tinha visto jogo de equipe em largada. Vettel saiu de trás para ultrapassar Hamilton e se defender dos alemães. Também como parte do acordo, assumiria a liderança para depois devolver ao monegasco. Vettel não fez isso e Leclerc reclamou no rádio. No entanto, o alemão abriu cinco segundos de vantagem ao #16 e, portanto, não estava mais rápido. Como contraponto, pode-se dizer que Leclerc jamais teria sido tão amigável na primeira curva se não fosse Vettel ou um acordo. Na Ferrari não há comando. Não é necessário um 1-2 explícito, mas sim uma hierarquia. Há claramente problemas de ruídos ali que só não são piores porque os italianos não são postulantes ao título.

A ideia de devolver a liderança a Leclerc depois dos boxes deu certo, mas ninguém contava que o motor de Vettel fosse para os ares. Mais um problema no potente porém frágil motor italiano. Vettel, para alguns, parou em um lugar ruim de propósito para causar um Safety Car ou seria somente um carma? Enquanto isso, as Mercedes alongavam o stint porque estavam com os médios. Com Vettel fora e com uma distância considerável graças ao Virtual Safety Car, a dupla das flechas de prata aproveitou para parar e voltar fazendo dobradinha. Vettel e Leclerc, uma guerra (nem tão) fria assim.

Apesar de muito mais rápidos no setor 3 e no 1, a turbulência e o rápido desgaste dos pneus macios não permitiu a Leclerc brigar. Ficou empacado atrás de Bottas e teve que se contentar com o terceiro lugar. Mais uma vez o monegasco não conseguiu a vitória após largar na pole. Culpa dele? Talvez. Culpa de Vettel? Talvez. Culpa da Ferrari? Sempre! No entanto, Charles está insuportável, chorão demais para quem está na primeira temporada em uma grande equipe. Imagina quando tiver 5 ou 10 vitórias ou se for campeão do mundo...

Foto: Getty Images
Verstappen com uma Red Bull distante da competitividade em pistas de alta cumpriu o papel de chegar em quarto. No entanto, deve ser frustrante ver toda a atenção da mídia e dos fãs na "nova estrela" e não poder fazer nada, dependendo da boa vontade e trabalho dos nipônicos. Albon, largando dos boxes, conseguiu chegar em quinto ultrapassando todo mundo, principalmente no final da prova, o que é sua especialidade. Já fez mais que Gasly durante todo esse tempo, isso que não pegou pré-temporada ou meses de simulador na preparação.

Sainz é o melhor do resto e voltou a pontuar com uma McLaren, que terá o retorno do motor Mercedes em 2021, mostrando que é definitivamente a quarta força. Pérez vem reagindo junto com a Racing Point e voltando a ser regular entre os 10. Norris também pontuou e teve uma corrida um pouco mais difícil. Foi beneficiado pela patética punição a Magnussen, que ganhou cinco segundos por não voltar pela pista através do caminho que os comissários tinham orientado. Ridículo. Ao menos a Haas voltou a pontuar. Hulkenberg fechou o top 10 na irregular e grande decepção do ano que é a Renault.

Foi interessante a briga entre as duas Toro Rosso, se estranhando durante quase toda a corrida. A Alfa Romeo não se encontrou depois das férias. Vê-los fechando o grid foi estranho. Primeiro grande erro de Russell e Ricciardo se envolvendo em mais um incidente logo na largada. Ele e Grosjean fizeram GIovinazzi de sanduíche. Pior para os dois primeiros e o coitado do francês dessa vez foi a vítima. Ao menos o australiano tá ganhando muita grana pra dar algumas voltinhas em circuitos pelo mundo.

E os Estados Unidos que fizeram tanto esforço para trocar de data com o México na esperança de ver o amigo dos rappers campeão por lá pode ter seus planos frustrados, isso porque faltam apenas 57 pontos para o hexa de Hamilton, que muito provavelmente pode ser conquistado pelo terceiro ano consecutivo no México. No entanto, o mais interessante do momento é a ascensão ferrarista e a disputa Vettel/Ferrari x Leclerc, enquanto a Mercedes segue vencendo apesar de já estar pensando em 2020 e 2021.

Confira a classificação final do GP do México:




Até!

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

VIROU O JOGO?

Foto: Getty Images
No penúltimo GP da Rússia que será disputado em Sochi (a partir de 2021, a ideia é transferir a prova para São Petersburgo porque serão realizadas obras que irão diminuir o traçado do atual circuito russo), podemos estar vendo uma inversão de forças para o final da temporada.

A Mercedes, já campeã de pilotos e de construtores, concentra suas forças para o carro do ano que vem e o novo regulamento de 2021. Com isso, permite a chegada de Ferrari e Red Bull. Os taurinos seguem com a Honda mostrando que ainda não é confiável o suficiente para chegar no patamar dos italianos e dos alemães. Todos os carros irão trocar o motor e vão largar nas últimas posições. Para brigar por títulos, é necessário melhorar isso. Tem que deixar de ser cobaia. A potência pode ser um bom sinal, afinal Verstappen foi o mais rápido no segundo treino livre.

Só a Mercedes venceu na Rússia até hoje. Será que teremos o fim desse jejum? Leclerc liderou o primeiro treino livre, mostrando que o avanço da Ferrari após as férias de verão é mais do que real. Talvez não seja o suficiente para o título, mas é bom para recuperar a confiança e manter os dois pilotos motivados.

Corrida interessante para ver se o motor da Renault também realmente melhorou, pois sabemos que o chassi está devendo e Riccardo disse que pode sair no final do ano que vem, para surpresa de ninguém e a sempre inquietante briga do meio do pelotão, acrescidos com as duas Red Bull saindo de trás.

Será que a Ferrari vai engatar a quarta? Será que Bottas vai mostrar a força que tem andando em Sochi? Será que a Mercedes já está pensando em 2020 ou a ameaça ferrarista é real? Veremos.

Confira os tempos dos treinos livres:



 Até!