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Foto: Getty Images |
Com o fim da temporada, chegou o tradicional momento de
avaliarmos como foram as equipes e os pilotos.
Nessa primeira parte, começo com as cinco primeiras equipes colocadas no
Mundial: Mercedes, Ferrari, Red Bull, Force India e Williams.
MERCEDES
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Foto: Autoweek |
Lewis Hamilton: Nota 10
Foi a temporada mais cerebral do mais novo tetracampeão da
praça. Ainda com a velocidade constante, Hamilton soube administrar melhor os
momentos de dificuldade com sua Mercedes do que em relação a outros anos, onde
foi campeão (ou não, vide 2007 e ano passado). A primeira metade do ano foi
complicada, com alguns problemas de temperatura de pneus e a ascensão
inesperada da Ferrari. Entretanto, a segunda metade foi soberba, com poles,
vitórias, recordes e a prova de que Lewis soube administrar os momentos de
dificuldade, como na Malásia. A temporada mais completa de Lewis, que vem em
busca do penta cada vez mais maduro e preparado para lidar com os contratempos
que aparecem.
Valtteri Bottas: Nota 8,5
Primeira metade surpreendente. Segunda metade surpreendente
também, mas de forma negativa. O finlandês contratado às pressas após a
aposentadoria repentina de Nico Rosberg conseguiu fazer mais do que eu
imaginava no início do campeonato. Duas poles e duas vitórias, além de andar perto
de Hamilton. Um começo promissor, dada as circunstâncias. Entretanto, enquanto
Lewis cresceu na reta final, Valtteri decaiu bastante, levando quase cinco
décimos do companheiro e incapaz de andar na frente de Vettel na maioria das
oportunidades. Confesso que esperava que ele andasse assim o ano todo. O #77
começa o ano mais pressionado do que nunca. Com contrato até o fim da
temporada, não faltam alternativas para lhe substituir caso os resultados não
apareçam. É bom o Bottas da primeira parte do campeonato voltar. Do contrário,
a Williams está de braços abertos outra vez.
FERRARI
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Foto: F1 Technical |
Sebastian Vettel:
Nota 9
Em termos de pilotagem, talvez tenha sido também a melhor
temporada de Vettel, digna de um tetracampeão. Entretanto, o descontrole
emocional e erros da equipe na reta final acabaram lhe custando a briga pelo
penta no fim do campeonato. Seb fez o que pode. Liderou o campeonato até
setembro. Depois, com a evolução da Mercedes, involução da Ferrari e as falhas
de confiabilidade, ficou difícil. Depois de um 2016 difícil, o #5 voltou a
extrair o máximo que poderia da Ferrari. Fica a esperança para que os italianos
sigam evoluindo para o ano que vem. Agora, o desafio é fazer com que o grupo de
engenheiros italianos melhore o projeto que começou nas mãos de James Allison,
hoje na rival Mercedes.
Kimi Raikkonen: Nota 7,5
Já faz um bom tempo que Raikkonen não deveria estar na F1,
ou ao menos em uma equipe grande. Ele claramente não entrega resultados e está
sempre aquém do que o carro pode oferecer. Bom, apesar de ser meio
contraditório, a verdade é que Kimi até que foi melhor do que em relação ao ano
passado, obviamente porque o carro é melhor também. Poderia ter vencido duas
corridas: Mônaco (onde foi pole) e Hungria, mas teve que se contentar com o
segundo lugar porque a prioridade é Vettel, o que é lógico e compreensível a
essa altura da carreira. Nada parece fazer diferença para Raikkonen. Como cada
ano que passa eu escrevo que o próximo ano será o seu último, veremos se a
Ferrari irá sair da zona de conforto e irá investir em alguém que também tem
condições de vencer corridas. O problema é se Vettel irá gostar disso. Bom, o
modus operandi dos italianos justificam a quinta temporada de Kimi nesse seu
retorno à Ferrari, e se não for ele será outro segundão inexpressivo...
RED BULL
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Foto: Red Bull |
Daniel Ricciardo: Nota 8
O sorridente australiano é um acumulador de pontos. Não
desperdiça nenhuma oportunidade. Foi assim que venceu em Baku. Se na primeira
metade ele aplicou uma verdadeira surra em Max na pontuação, a segunda metade foi
diferente. O feitiço virou contra o feiticeiro. Sofrendo com a confiabilidade
do motor Renault, Ricciardo perdeu inclusive o quarto lugar no campeonato para
Raikkonen e teve mais problemas do que Max na temporada. Aliás, Ricciardo teve
que ver Verstappen vencer duas vezes com relativa tranquilidade, além de ter
perdido nos qualyfings. Diante de um conjunto que ainda não está pronto para
brigar pelo título e com um companheiro de equipe jovem, faminto por glórias e
com muita moral na Red Bull, Ricciardo terá um ano decisivo pela frente para
analisar suas opções. Se com Vettel na Ferrari as portas da Scuderia não chegam
a se abrir, resta apenas uma cavada na Mercedes caso deseje deixar os taurinos.
Vamos ver até quando o sorrisão fica em seu rosto.
Max Verstappen: Nota 8
O texto é o oposto de Daniel. Isso poderia ser o suficiente,
mas como gosto de ocupar linhas, vamos lá. Trata-se de um cara que será campeão
mundial, uma hora ou outra. Verstappen teve alguns abandonos que não foram sua
culpa, mas houve falhas que sua inexperiência e inconsequência lhe custaram
bons pontos. É fácil fazer isso quando se trata de um franco atirador sem estar
no melhor carro e/ou sem disputar o título. Para os próximos anos, essas
disputas duras (e muitas vezes desproporcionais) na pista podem lhe custar um
campeonato, ainda mais se tratando de Daniel Ricciardo como companheiro de
equipe. Seu próximo passo para evoluir como piloto é esse. A partir daí, será
questão de tempo para que a F1 coroe esse holandês como campeão do mundo.
FORCE INDIA
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Foto: Motorsport |
Sérgio Pérez: Nota 7,5
Faltou o pódio anual que o mexicano tira da cartola.
Todavia, a consistência esteve lá, assim como atitudes deploráveis na disputa
interna contra o novato Esteban Ocon. Dinheiro de Carlos Slim versus imposição
da Mercedes. Algo era necessário para se impor na liderança da equipe, agora
sem Hulkenberg. Os dois passaram do ponto, mas a questão fica pior para Pérez,
por ser mais experiente. Deveria ter evitado alguns toques. A crítica é que se
mostrou muitas vezes passivo em disputas com outros carros. Com francês mais
experiente e habituado a equipe, a batalha interna de Pérez será mais dura no
próximo ano. Se ir para a Ferrari é algo quase impossível a essa altura da
carreira, o importante é carimbar outra vez o casco do possível futuro piloto
da Mercedes.
Esteban Ocon: Nota 7,5
Consistência incrível. Não pontuou em apenas duas vezes. Foi
combativo e mostra credenciais de ser um excepcional piloto para as próximas
temporadas. Nunca é demais lembrar que já venceu Max Verstappen na World Series
em 2014. Espero que tenha aprendido com os erros na disputa com Pérez. A
agressividade excessiva pode lhe afastar de uma provável vaga na Mercedes para
2019, talvez. Uma pena que a Force India não tenha mais receitas. Com a
competência que possui, ambos os pilotos teriam condições de surpreender ainda
mais.
WILLIAMS
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Foto: LAT Images |
Felipe Massa: Nota 7
Quase perdeu para Stroll. Um resumo simplista e maldoso
poderia ser assim. Entretanto, não condiz com a realidade. O brasileiro
enfrentou diversos problemas durante a temporada em corridas que estava bem
melhor que o canadense e a pontuação final no campeonato é enganosa, dando a
entender que foi uma disputa equilibrada. Não. Massa foi mais azarado e até
preterido em alguns casos em detrimento do riquinho dono da equipe. Todavia,
isso não muda o fato de que a Williams precisa urgentemente de pilotos melhores
em sua equipe, e não sei se terá com Robert Kubica com uma mão só em condições
questionáveis. Bem, Massa fez o seu papel para alguém que foi chamado de volta.
Que seja feliz em seus projetos pessoais.
Lance Stroll: Nota 7
Apesar de não ter credenciais para a F1 e sobretudo para a
Williams, não dá para negar que o guri tem sorte. Em menos de dez corridas um
pódio inesperado em Baku. Em Monza, no molhado, largou em segundo. São questões
pontuais, mas acontecem, e é importante aproveitá-las. Entretanto, o que se viu
foi um piloto que queimou etapas para estar na principal categoria do
automobilismo e não se mostrou pronto para atingir um nível mínimo de boa
pilotagem. É inegável dizer que evoluiu durante a temporada, até porque seria
impossível piorar, apesar de algumas corridas vexatórias e constrangedoras.
Bom, no fundo a culpa não é de Stroll, mas de quem se sujeita a isso. Pagando
bem que mal tem, não é verdade? Não, mas para a Williams sim.
Bom, essa foi a primeira parte da minha importantíssima
análise. Concordam? Sim? Não? Sim e não? Comente. A qualquer momento volto com
a parte dois dos meus sensatos dois centavos sobre a F1 em 2017. Até!