segunda-feira, 10 de abril de 2017

O BENEFÍCIO DA DÚVIDA

Foto: Getty Images
A igualdade está evidenciada na tabela. 43 pontos e uma vitória para cada lado. A diferença é que Lewis foi o pole nessas duas primeiras provas (ele vai quebrar o recorde de Schumacher até o fim do ano). Por enquanto, a disputa entre os dois promete. Muito equilíbrio. A Ferrari encostou. Talvez tenha até um ritmo de corrida melhor, mas na China a Mercedes superou as dificuldades iniciais e reagiu. Venceu sem sofrer sustos. Essa será a tônica da temporada.

Começamos com os "ses".  A corrida da China foi atípica. O fim de semana todo, aliás. A chuva equilibrou as coisas e permitiu brigas disputadas e emocionantes. A Red Bull agradece. Vettel antecipou a parada para colocar os pneus macios logo no início e teve o azar de, na volta seguinte, Giovinazzi bater e ver todo mundo passar pelo pitlane e trocar os pneus. Caiu para quinto. Depois, diante de uma F1 mais difícil em se ultrapassar, perdeu muito tempo atrás de Raikkonen, que não conseguia se livrar de Verstappen e Riccardo, que estavam se descolando das Ferraris. Dado o modus operandi dos italianos, foi estranho que o finlandês não tenha recebido ordens para faciliar a vida de Seb. O tetracampeão, quando foi para cima, fez uma linda manobra. Seria correto afirmar que se não fosse o Safety Car, Vettel poderia ter brigado de forma mais direta com Hamilton? Não sei. Apenas estou colocando o mesmo raciocínio da corrida passada. Eu não sei a resposta. Talvez ela varie de acordo com as corridas ou se defina apenas na metade do ano.

Foto: Reprodução
Uma questão importante: as ultrapassagens. Até com o DRS aberto elas estão difíceis, e isso é preocupante. Tem que ter um meio termo. Não pode ser artificial igual nos últimos anos mas também não pode ser um parto. Sorte que a China tinha muitos pontos de ultrapassagem. Quero só ver em outras pistas travadas... vai ser a Austrália ou pior (Cingapura, Mônaco e Hungria, por exemplo). Entretanto, foi bonito ver o pega entre Red Bull e Ferrari. Automobilismo também é perseguir, esperar o momento certo para ultrapassar, levar o outro ao erro e por assim vai. Verstappen parece ser uma exceção à regra. Largando lá de trás, chegou a ganhar nove posições na primeira volta. Fácil como se fosse videogame, segundo suas palavras. Se beneficiou da corrida caótica. Mesmo assim, superou Ricciardo com uma bela ultrapassagem e brilhou. Sentiu a pressão de Vettel, errou e caiu para terceiro. Apesar dos pesares, conseguiu sustentar a terceira posição, mesmo com o australiano o pressionando. Na chuva e com as condições mais equilibradas, Max decide. É uma estrela, um talento e isso todos sabem. Uma pena que a Red Bull não dispõe de um carro que permita a briga pela vitória nesse momento. A F1 estaria fantástica.

Foto: Getty Images
A corrida começou elétrica e movimentada. A chuva mudou tudo. Depois, quando a pista secou, chegou a ficar monótona. A diferença de Mercedes e Ferrari para a Red Bull e dos austríacos para o resto é gritante. São duas categorias. A tendência é esse abismo aumentar, pois as três possuem elevada capacidade de investimento, as outras não (excetuando-se Renault e McLaren, que estão em estágios distintos e bem abaixo das três principais). Os finlandeses foram patéticos. Claramente não conseguem acompanhar o ritmo dos primeiros pilotos. Raikkonen ficou a corrida inteira reclamando do torque do motor, não conseguiu superar as Red Bull e ficou apenas em quinto. Bottas foi pior. Conseguiu a proeza de rodar durante o Safety Car. Um sexto lugar constrangedor. A Mercedes sente falta de Rosberg. Cada ponto será essencial na disputa dos construtores dessa temporada. O que vimos, até então, é que Hamilton e Vettel não terão problemas com a concorrência interna. Os finlandeses devem ser coadjuvantes de luxo no embate dos dois no campeonato.


Sainz e Magnussen se destacaram. O espanhol largou com os pneus macios e passou sufoco no início, rodando, caindo para último e mal conseguia andar pelo circuito. Depois, quando os carros pararam nos boxes, recuperou terreno e chegou a ser o quinto. Terminou em sétimo. Seu companheiro Kvyat abandonou e até agora não sei por quê. A transmissão não mostrou isso (aliás, não anda mostrando quase nada). Kevin trouxe os primeiros pontos da Haas, em uma corrida arrojada e de muitas ultrapassagens. Conseguiu esse feito antes de Grosjean, teoricamente o "líder" da equipe. A dupla da Force India novamente esteve nos pontos. De ponto em ponto, a equipe indiana segue combativa e com esperanças de crescer durante o ano.Outro que fazia um milagre era Alonso. Ele estava em sétimo até a Honda acusar um problema, o que era previsível. Mesmo assim, fica o sentimento de frustração. Vandoorne também abandonou. Fica claro que o problema da McLaren é velocidade e potência. O chassi parece ser bom. Dá para se embolar na briga do meio do grid se os japoneses colaborarem.

Massa foi ultrapassado por todo mundo. Caiu de sexto para penúltimo (ou décimo quarto). Inexplicável. Até agora ninguém se manisfestou. A FW40 teve um problema? Esse carro é uma cópia quase fiel dos últimos dois bólidos, ou seja: com um bom motor e em circuitos velozes, vai se dar bem; em circuitos de baixa velocidade média e com chuva, será um desastre. Previsível (ou não), mas ainda assim indignante. O novato Stroll não resistiu a uma volta sequer. Fica a impressão de que falta piloto para a Williams, talvez a dupla mais fraca depois da Sauber ou Renault. A escolha foi deles. Felipe estava aposentado. Hulkenberg teve seis pontos deduzidos na sua carteira da FIA (o máximo permitido é 12) no fim de semana. Muita barbeiragem e excesso de velocidade nos boxes. Diante de um Palmer que não acrescenta nada, um fim de semana péssimo de Hulk significa chances remotas de pontos para os franceses. Um velho conhecido espanhol está disponível para o ano que vem...

"Bastou ele fazer um post para Giovinazzi que o italiano bateu duas vezes no mesmo ponto". Hahaha. Mais uma zicada em meu currículo. Faz parte do aprendizado do jovem italiano, que sequer havia pilotado na China na carreira. Diferentemente de Stroll e Palmer, tem crédito e talento, mas ficou claro que precisa ser lapidado com calma. Uma equipe intermediária seria o ideal. Provavelmente terá no Bahrein mais uma chance de guiar, agora em uma pista que já conhece dos tempos de GP2, pois o estado de Wehrlein é um grande mistério.

Confira a classificação final do Grande Prêmio da China:


A próxima etapa será na semana que vem no Grande Prêmio do Bahrein, nos dias 14, 15 e 16 de abril.

Até!

quinta-feira, 6 de abril de 2017

GP DA CHINA - Programação

O Circuito Internacional de Shanghai teve sua primeira corrida em 2004, vencida por Rubens Barrichello. É o autódromo mais caro da história. A sua construção custou cerca de 240 milhões de dólares.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:32.238 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:33.706 (RBR, 2011)
Último vencedor: Nico Rosberg (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 4x (2008, 2011, 2014 e 2015)

NOVOS MOTORES PARA 2021?

Atuais V6 turbo. Foto: Reprodução
Com a Liberty Media ávida por resultados competitivos aliados a emoção, novo chefão Ross Brawn começa a pensar no futuro. Com o fim do Pacto de Concórdia estipulado para 2020, a FIA já pensa em alternativas de um novo motor para a F1, mais potente e "barulhento".

O desejo de substituir os atuais V6 turbo e híbridos, complexos, caros e silenciosos surgiu na reunião da semana passada na FIA em Paris, que contou com os fabricantes de motores da F1 mais a Toyota e Audi. A ideia seria criar um motor biturbo com quase 1200cv de potência, adicionando mais uma turbina e removendo o sistema MGU-H, que transforma o calor liberado pela turbina em energia. Além de ser complexo, esse componente seria um dos principais responsáveis pelo "silêncio" dos motores. A informação é da revista alemã "Auto Motor und Sport".

Como conciliar o gosto dos fãs, por motores potentes, barulhentos e "beberrões" (mais poluentes para o meio ambiente) com o vanguardismo da F1, que cada vez mais se adapta com unidades de potência mais verdes e sendo laboratório para os carros de rua? Essa é uma boa questão. O meio ambiente é uma questão muito importante. A Alemanha, por exemplo, até 2030 não terá mais carros com gasolina, apenas elétricos. O fã quer ver a F1 barulhenta, emocionante e difícil de ser guiada. 

Ross Brawn terá bastante tempo para pensar e aprimorar o projeto, mas isso é apenas um dos fatores que a F1 precisa melhorar para dar mais competitividade e emoção nas pistas. Não adianta ser fantástico para o público interno e um lixo para a audiência e os fãs, que são o que realmente importa nessa equação toda, e a Liberty sabe muito bem disso.

TORTURA À VISTA

Foto: Sky Sports
O pior motor da F1 em todos os quesitos irá desembarcar em Shangai sabendo que vai passar vergonha outra vez. Com retas muito grandes, a Honda será facilmente engolida pelas demais. Com isso, a McLaren promete ter um daqueles finais de semana típico de equipe pequena de fim de grid, papel que está se acostumando a cumprir. Alonso e Vandoorne terão extremas dificuldades até para ficar na penúltima fila. Quem sabe o motor Ferrari de 2016 da Sauber não apronte?

Diante da forte exigência do circuito e da fragilidade do conjunto, é muito provável que os abandonos aconteçam. Não há o que fazer, apenas trabalhar muito para melhorar, e isso não tem sido feito em plena terceira temporada de parceira McLaren-Honda. Pelo contrário.

Zak Brown, diretor executivo da escuderia, descartou a construção de motores feitos pela própria McLaren, através de uma das empresas do conglomerado, a McLaren Automotive. Não se descarta que a Ilmor esteja auxiliando os ingleses para tentar alguma melhora e "salvar o motor". Novamente, uma rescisão esbarra nos altos valores do contrato e do dinheiro que os japoneses despejam na equipe de Woking.

Com a queda dos lucros, a ausência de um patrocinador master há 5 anos e resultados pífios, a McLaren não se pode dar ao luxo de romper a parceria, teoricamente, mas continuá-la também pode lhe destruir mais ainda. O que fazer? Parece o óbvio: arrumar um jeito de dar um pé na bunda da Honda e recomeçar mais uma vez (pleonasmo justificado - recomeçar um novo projeto pela segunda vez, com outra parceria ou os próprios recursos da McLaren).

A McLaren precisa acordar.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 25 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 18 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 15 pontos
4 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 12 pontos
5 - Max Verstappen (Red Bull) - 10 pontos
6 - Felipe Massa (Williams) - 8 pontos
7 - Sérgio Pérez (Force India) - 6 pontos
8 - Carlos Sainz Jr (Toro Rosso) - 4 pontos
9 - Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 2 pontos
10- Esteban Ocon (Force India) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Ferrari -            37 pontos
2 - Mercedes -           33 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 10 pontos
4 - Williams Mercedes -   8 pontos
5 - Force India Mercedes -7 pontos
6 - Toro Rosso Renault -  6 pontos


TRANSMISSÃO:






terça-feira, 4 de abril de 2017

MAIS UMA CHANCE PARA ANTÔNIO

Foto: F1 Fanatic
Na F1, assim como na vida, é necessário aproveitar as oportunidades que aparecem. Muitas delas surgem quando menos se espera. Por exemplo, um jovem Sebastian Vettel substituiu às pressas o acidentado Robert Kubica em algumas corridas pela BMW Sauber na temporada 2007. Na estreia, pontuou e tornou-se o mais jovem a pontuar na categoria até então. Isso contribuiu para que fosse, pouco tempo depois, para a Toro Rosso continuar com seus bons resultados. O resto da história todo mundo sabe...

Não quero comparar Giovinazzi com Vettel. Não faz sentido e não é cabível. O que digo é que o italiano novamente terá outra chance de causar boa impressão. Após quase ter ido para o Q2 depois de apenas um treino (só não foi porque errou na última curva da volta) e ter ficado em 12° na corrida com o pior carro do grid (sendo que o "líder da equipe" Ericsson sequer completou a prova), o italiano mostrou o que pode e justificou o hype oriundo da GP2, onde também com um equipamento razoável brigou de igual para igual com o campeão Pierre Gasly, piloto da academia da Red Bull, hoje na Super Fórmula.

Foto: F1 Fanatic

Ao contrário de Wehrlein, que vem numa decrescente e numa série de infelicidades já citadas AQUI, seja por azar, alguma conspiração do destino e/ou irresponsabilidade em causar o próprio acidente na Race Of Champions, o promissor italiano não tem nada a ver com isso. Ainda sem condições físicas para guiar um carro mais potente, pesado e que exige o máximo durante toda prova, o alemão até então prodígio da Mercedes parece caminhar para ser mais um daqueles que se depositavam grande esperança na categoria e que, por motivos variados, acabam não rendendo o que se espera. Estou dramatizando. Ainda há muito pela frente. Certamente Wehrlein irá voltar e, mesmo algumas corridas distante, (não se sabe se ele retorna no Bahrein ou na Rússia) superar o fraco Ericsson. Entretanto, é hora de reagir.

Enquanto Wehrlein não retorna (será que volta?), Giovinazzi, que é piloto da academia da Ferrari, segue com oportunidades de demonstrar seu talento em mais um final de semana, onde aposto minhas fichas que será superior a Ericsson. Se continuar nesse caminho, o que não estará reservado para Antônio? Vaga na Haas para o ano que vem? Substituir logo de cara Raikkonen na Ferrari? (convenhamos que isso é pura ilusão; Ferrari não coloca jovens pilotos na equipe principal assim, ainda mais italianos - há um trauma da equipe com os pilotos compatriotas).

O que eu mais poderia torcer no curto-prazo mas que não irá acontecer por motivos de "empresas suecas mandam na equipe": Wehrlein e Giovinazzi formarem a dupla da Sauber. Seria um sopro para que os suíços tentassem pontos milagrosos. Com o sueco e um alemão novo na equipe e cambaleante física e psicologicamente, as chances que são normalmente pequenas tornam-se mínimas.

De corrida em corrida, Giovinazzi tem as ferramentas necessárias para tornar-se em breve uma das estrelas da F1. É o que eu aposto, e vocês?

Até!

segunda-feira, 27 de março de 2017

TEMOS UM CAMPEONATO

Foto: Getty Images
Quatro meses depois, a F1 voltou. Na madrugada de sábado para domingo, testando o sono e a paciência dos fãs. Bom, por ser a corrida de estreia da "nova F1", era difícil não ficar empolgado com o que ia acontecer: carros potentes, mais rápidos, mais difíceis de serem guiados, promessa de emoção na pista com a busca por alguém que possa deter a Mercedes, etc. Pois bem, vimos apenas a última coisa: pelo que parece, a princípio, a Mercedes não irá dominar o campeonato de ponta a ponta como nos últimos três anos. A Ferrari voltou. A Ferrari voltou (ao menos Vettel). Entretanto, a "nova F1" parece uma releitura dos anos 2000: carros impressionantes, mas com pouco ou quase nada de competitividade dentro da pista.

A vitória foi decidida no famigerado box (o que era comum pelos idos de 2004). Hamilton, com maior desgaste nos pneus, parou mais cedo. Vettel, que não deixou o inglês escapar, aproveitou o tempo a mais na pista para continuar andando forte no primeiro stint e fez o suficiente para fazer o pit stop e voltar a frente do tricampeão. O que ficou claro: o W08 é mais veloz em ritmo de classificação; em corrida, as coisas se equivalem, e a Ferrari parece ter menos problema de desgaste dos pneus. Hamilton voltou do pit atrás de Verstappen e, embora estivesse mais rápido, não esboçou tentativa de ultrapassagem, pois era muito difícil se aproximar, devido a aerodinâmica desses novos bólidos. Com isso, Vettel se isolou e partiu para a vitória. Hamilton, novamente com problema de desgaste dos pneus, não teve forças para acompanhar o SF70 e teve Bottas chegando bem próximo, em terceiro.

Foto: Getty Images
A nova F1 mostrou como será difícil ultrapassar com essas regras. Embora tenha embolado a disputa enre Ferrari e Mercedes, a corrida foi uma procissão. Dormi umas 10 voltas, algo impensável para um GP da Austrália, sempre movimentado e com Safety Car, independentemente da condição climática. Pouquíssimas disputas dentro da pista. Apenas me lembro de Ocon e Hulkenberg passarem Alonso no fim da prova, isso que a McLaren do espanhol estava com problemas. A Liberty Media certamente vai rever isso no curto/médio-prazo e fazer ajustes no regulamento, inclusive na questão da distribuição financeira das equipes. Com o dinheiro melhor distribuído, mais equipes terão condições de brigar por vitórias. Hoje, claramente só temos Ferrari, Mercedes e Red Bull com potencial. O abismo para o resto é gritante.

A Red Bull está distante das outras duas equipes, mas está isolada como terceira força até aqui. Não se pode duvidar de Adrian Newey e seus homens, mas existe um caminho para percorrer até poder brigar por vitórias. Raikkonen e Bottas estão muito distantes de seus companheiros de equipe. Ambos, até aqui, podem servir para atrapalhar o adversário, embora Valtteri tenha feito um papel melhor que Kimi, distante até de brigar pelo pódio. Ricciardo errou no Q3 de sábado e pagou pelo preço dos danos do carro. Com problemas de câmbio, abandonou a prova, decepcionando o público local.

Mais isolado no posto de quarta força é a Williams, digo Massa. O brasileiro largou em sétimo, superado pelo ótimo tempo de Grosjean, mas logo na largada pulou para sexto e ficou ali até o final, chegando 1 minuto e 23 segundos atrás do vencedor. A Williams não estava perto das primeiras equipes como se alardeava nos testes, mas está bem na briga pelos pontos. O problema é Stroll. Além de errar muito, o que era esperado, mostra-se incrivelmente lento. O onboard de seu carro mostra o volante "tremendo" na reta e evidenciando a dificuldade de condução do FW40. Abandonou faltando 14 voltas. A Williams disse que foi "problema técnico". O paddock diz que o canadense cansou. Se a segunda hipótese for verdade, os novos carros deixam claro que os mais novos não têm condição de dirigir um F1 mais robusto e difícil que nem o desse ano (Wehrlein o que diga). Óbvio que Verstappen foi bem, mas o erro é comparar o holandês com Lance. Não existe semelhança nenhuma. Seria melhor para a família Stroll ter ido para a GP2 agora. A exigência é outra e o jovem piloto só estará se queimando na F1. Até que ponto o staff da Williams vai se sujeitar ao dinheiro do senhor Lawrence? É isso que queremos saber.

Foto: Jason Reed/Reuters
Force India e Toro Rosso mostraram bons carros e conseguiram colocar seus dois pilotos na zona de pontuação. Embora os indianos rosas aparentemente estejam um pouco atrás da Williams na briga pela quarta força, tudo indica que eles devem ficar a frente dos ingleses na tabela, até porque o time de Vijay Mallya tem dois pilotos que pontuam. Isso faz diferença. Pérez ganhou quatro posições e foi seguro, fez o papel de líder do time. Kvyat parece ter se recuperado depois de um ano traumático. Apenas não entendi o porquê de ter feito duas paradas, sendo que a primeira foi mais tarde que as demais. Chegou em nono. No fim, o jovem Ocon estreou na Force India com um pontinho conquistado sobre Alonso, que fazia milagre, e Hulkenberg. A Renault ainda não mostra evolução o suficiente para pontuar, apesar de ter um piloto espetacular, mas esbarra no mesmo problema da Williams: o outro não é. Dinheiro não vai faltar para os franceses evoluírem no decorrer da temporada, e tenho certeza que isso irá ocorrer.

Foto: Getty Images
Alonso quase fez milagre com a carroça da Honda. O espanhol ganhou as posições de Ocon e Hulkenberg na largada e aproveitou o abandono de Grosjean para ficar em décimo, posição que sustentou até quase o final, quando teve problemas de suspensão e abandonou a prova faltando quatro voltas, depois de ser superado pelos carros da Force India e Renault. A fênix disse que poucas vezes teve um carro tão pouco competitivo e essa foi uma das "melhores corridas da carreira". A Honda chega a ser mais de 10 km/h mais lenta do que os demais motores. Ou os japoneses melhoram urgentemente ou a McLaren ficará definitivamente no fim do grid quando a F1 chegar nos circuitos de alta velocidade. Imagina em Spa ou em Monza? Se em três anos a Honda só acumulou fracassou, a tendência é que sigam em dificuldades, embora prometam um novo motor até Mônaco. Talvez só no tempo da Minardi que o bicampeão enfrentasse tantas dificuldades. Seu companheiro de equipe, Vandoorne, foi o 13°.

Para finalizar: Giovinazzi tem muito potencial para ficar na F1. Depois de pegar uma bucha e substituir Wehrlein a partir do TL3, quase foi para o Q2, se não tivesse errado na última curva da volta. Na corrida, fez um papel correto e chegou em 12°, enquanto Ericsson abandonou. O italiano aproveitou a chance. Pontuar seria pedir demais, mas é mais um que mostrou superioridade ao sueco. Fica a campanha pela chegada de Giovinazzi como piloto titular, seja no lugar de Wehrlein ou de Ericsson. O piloto, que agora é da Academia da Ferrari, mostrou cartaz. Se a F1 tivesse 22, 24 ou 26 carros, certamente não teria esse problema, mesmo sem um grande patrocínio. É uma pena que essas oportunidades sejam cada vez mais raras e Strolls, Palmers e Ericsson imperem na categoria...

Confira a classificação final do GP da Austrália:


A próxima corrida será no Grande Prêmio da China, daqui duas semanas, nos dias 7, 8 e 9 de abril.

Até!

sexta-feira, 24 de março de 2017

MATANDO A SAUDADE

Foto: Sutton Images

Às 22h em ponto, a F1 voltou. A goleada do Brasil nas Eliminatórias fez o tempo passar tão rápido quanto a velocidade desses carros na pista que bastou apenas trocar de canal que estava tudo pronto. Finalmente voltamos a escutar o ronco dos motores.

Apesar da Mercedes despistar, as flechas de prata dominaram o treino, com Hamilton e Bottas fazendo 1-2, meio segundo mais rápido que as Red Bull, que ficaram em terceiro. Entretanto, não sabemos a quantidade de combustível que cada carro utilizou, então nada pode ser descartado. Será despiste ou é a vantagem real? Vale ressaltar que a Mercedes utilizou o pneu ultramacio, o mais rápido, enquanto os outros não.

A Ferrari em quinto e sexto pode ter desapontado alguns, mas penso que foi apenas uma escondida de jogo. No TL2, os italianos mostraram suas credenciais da pré-temporada e estão empolgando a todos. Finalmente teremos uma rival a altura da Mercedes depois de três temporadas?

Massa em sétimo evidenciou a hierarquia da F1: Mercedes-Ferrari-Red Bull-Williams, embora acredite que a linda Force India rosa (carro fofo, parece um danoninho ou uma bala de iogurte) tenha condições de brigar com o pessoal de Grove. Stroll foi o 13° e conseguiu boa quilometragem. Só pelo fato de não bater, é possível considerar que tenha feito uma boa sessão.

Ademais, Haas, Toro Rosso e Renault vão brigar no tapa por dois ou três lugares na pontuação. Evidente que o primeiro treino não mostrou nada ainda e que muitos times irão evoluir não só no final de semana, mas também na temporada. Dizem que a Renault conseguiu ganhar alguns cavalos a mais na potência de seu motor. Hulkenberg conseguiu andar bem no top 10. O alemão irá carregar os franceses, pois Palmer claramente não tem condições de pilotar uma equipe de fábrica. Sua permanência é o erro mais gritante dessa temporada.

Por fim, a McLaren e a Sauber ocupam os últimos quatro lugares. O time de Woking conseguiu aguentar mais ou menos bem. Vandoorne mal andou, com problemas no carro. Alonso fez uma boa classificação. Será mais um ano de muita luta e batalha para tentar conquistar heroicos pontinhos. A Sauber apenas completa o grid, com Ericsson e Wehrlein duelando para definir quem será o penúltimo.

Confira a classificação do TL1:


Foto: Reprodução

A Ferrari mostrou a que veio no TL2. Hamilton liderou a sessão, Vettel o segundo e os dois finlandeses logo atrás, na ordem Mercedes e Ferrari. Tudo indica que alemães e italianos disputarão centésimo a centésimo a pole position e irão ficar próximos na corrida. É o que o mundo da F1 torce, por uma competitividade maior. A Red Bull ficou com a quinta e sexta posição, de Ricciardo e Verstappen, mesmo o holandês tendo andado menos de dez voltas.

Foto: Reprodução

Entretanto, o treino ficou marcado pela primeira porrada no muro da temporada, e só poderia ser do Palmer. Contrariando o favoritismo de Stroll, o carro número 30 perdeu o controle na entrada da reta dos boxes e bateu de frente na proteção de pneus, paralisando o treino por quase 10 minutos. Pouco depois do reinício da sessão, o azar de Massa apareceu rápido demais: um problema no câmbio forçou a abandonar o treino. Problema de confiabilidade justo agora é uma questão delicada de se resolver. Espera-se que não haja punições para o brasileiro pela troca do equipamento. Sejamos francos: Melbourne nunca foi um lugar de sorte para Felipe, tanto é que seu melhor resultado foi um quarto lugar, em 2013.

                       
                                         Foto: Reprodução
No fim, Ericsson não conseguiu frear e o carro rodou, parando na brita, logo na curva do final do setor 1. Olhando essas coisas é que bate uma saudade do Nasr... imagina o brasileiro olhando isso de muito longe? Deve bater uma tristeza e uma sensação de injustiça muito grande. Enfim, é o mundo da F1, que só quer saber de dinheiro.
Foto: Reprodução

A grande novidade na transmissão foram espécies de "pontinhos" que sinalizavam cores diferentes. A cada 500m, sensores captavam o tempo de volta dos carros. Se aparecesse a cor verde, sinalizava o melhor tempo pessoal do piloto. Se fosse roxo, era o melhor da sessão. Se fosse cinza é porque o tempo estava abaixo do seu próprio melhor. Além disso, do lado aparecia a estimativa de posição que o carro estaria ao completar a volta. Impressionante essa tecnologia, mas também tira a graça e o suspense de acompanhar a volta inteira sem saber o que ia acontecer, apenas se baseando nos tempos dos dois setores. Com certeza será algo a ser trabalhado durante o ano, mas gostei muito da novidade.

Resumindo: Ferrari e Mercedes muito próximas, seguidas de Red Bull, Williams e Force India. Haas, Toro Rosso e Renault disputam a tapa a zona do pelotão intermediário, com McLaren e Sauber no fim do grid. Ansioso pelo treino e a disputa das flechas de prata com o cavalinho rampante. Será que teremos briga ou tudo não vai passar de uma doce ilusão?

Confira a classificação do TL2:



Até!



quinta-feira, 23 de março de 2017

GP DA AUSTRÁLIA - Programação

O Grande Prêmio da Austrália entrou no circo da F1 em 1985. Foi disputado nas ruas de Adelaide até 1995, quando foi substituído pelo circuito de Albert Park, que é palco do GP até os dias atuais, sempre abrindo a temporada da F1 nos últimos 21 anos (exceção de 2006 e 2010).

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:24.125 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:23.529 (RBR, 2011)
Último vencedor: Nico Rosberg (Mercedes)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 4x (2000, 2001, 2002, 2004)

PADDY LOWE: EMPOLGOU

Antes rivais, agora colegas. Foto: Portal Race
Recém chegado como novo diretor técnico e acionista minoritário da Williams, Paddy Lowe declarou que sua nova equipe está mais forte em algumas áreas do que a Mercedes, seu antigo local de trabalho. 

O desafio é saber extrair o máximo do que você tem à disposição para obter os melhores ganhos. Isso não é diferente se você trabalha em uma determinada estrutura, como eu tinha em outra equipe, ou no que temos aqui. O processo é o mesmo e há coisas na Williams que, sem dúvida, já são muito melhores do que a Mercedes tem”, disse Lowe ao Motorsport.com.

Lowe está de volta a escuderia onde começou há 30 anos. Apesar da declaração, ele descartou "milagres" para essa temporada e projeta que a partir de 2018 o pessoal de Glove irá evoluir: com dinheiro de Stroll e reforços na equipe técnica, talvez seja possível. Entretanto, tudo terá que ser feito a médio/longo-prazo. Por enquanto, a prioridade é brigar pelo quarto lugar nos construtores, posição essa perdida na temporada passada para a Force India, de orçamento muito inferior. Veremos o que a Williams, que aos poucos se reestrutura, irá fazer nesse ano.

PROCURA-SE MOTOR

Tempo que a McLaren era respeitada... Foto: This Is F1
Uma obviedade: a McLaren não está nada satisfeita com a parceira Honda. Prestes a entrar no terceiro ano como fornecedora de motores da escuderia de Woking, a impressão é que o MCL32 regrediu aos tempos de 2015. Diante da baixa potência e dos problemas de confiabilidade, é natural que surjam especulações em torno do futuro dessa união. A imprensa europeia noticia que os ingleses teriam procurado a Mercedes para o retorno da parceria que durou quase 20 temporadas, o que foi rechaçado por Toto Wolff.

Mesmo que os alemães tivessem aceitado a oferta, certamente a potência da unidade motriz seria inferior as utilizadas pela equipe-mãe. Ser um time cliente certamente impediria a McLaren de retornar aos tempos áureos, por isso a aposta na exclusividade da Honda, que até aqui deu longe de dar certo. Talvez se uma parceria com a Sauber para 2018 fosse oficializada (isso se os suíços durarem até lá)... 

Entretanto, os japoneses despejam cerca de R$ 80 milhões para os ingleses, inclusive pagam os salários de Alonso. Então, por mais que não exista resultados, também não é possível descartar os japoneses, pois o custo de rescisão de contrato é exorbitante. A McLaren, para voltar a ser grande, precisa seriamente pensar em construir seu próprio motor no futuro. Dinheiro e estrutura eles têm, a McLaren Technology Group é um exemplo disso. 

Os ingleses não tem mais tempo a perder.

PILOTOS E EQUIPES DA TEMPORADA 2017:

MERCEDES - LEWIS HAMILTON #44 e VALTTERI BOTTAS #77
RED BULL - DANIEL RICCIARDO #3 e MAX VERSTAPPEN #33
FERRARI - SEBASTIAN VETTEL #5 e KIMI RAIKKONEN #7
FORCE INDIA - SÉRGIO PÉREZ #11 e ESTEBAN OCON #31
WILLIAMS - FELIPE MASSA #19 e LANCE STROLL #18
McLAREN - FERNANDO ALONSO #14 e STOFFEL VANDOORNE #2
TORO ROSSO - CARLOS SAINZ #55 e DANIIL KVYAT #26
HAAS - ROMAIN GROSJEAN #8 e KEVIN MAGNUSSEN #20
RENAULT - NICO HULKENBERG #27 e JOLYON PALMER #30
SAUBER - PASCAL WEHRLEIN #94 e MARCUS ERICSSON #9

TRANSMISSÃO

Foto: Arte Globoesporte.com


terça-feira, 21 de março de 2017

VÍDEOS E CURTINHAS #27 - O ÚLTIMO INÍCIO?

Foto: Wikipédia
Desde 1996 a Austrália abre a temporada da F1 (exceção 2006 e 2010, quando o circo começou no Bahrein). É, sem dúvida nenhuma, uma das corridas com maior ansiedade e expectativa, obviamente por ser a primeira do calendário. É o momento em que deixamos de ficar órfãos de fotos e vídeos amadores da pré-temporada para apreciar a primeira amostragem dos novos carros.

Esse ano tem um componente especial: a radical mudança de regulamento. Os primeiros resultados da pré-temporada indicam a Ferrari mais próxima ou até superior a Mercedes, a Red Bull envolta de mistérios, a Williams com um projeto bem nascido e a vergonha da McLaren em mais um ano que promete ser caótico.

Foto: Pinterest
Esses jovens rapazotes são o tema do post. Kimi Raikkonen e Alonso estreavam na F1 há incríveis 16 anos. Com a aposentadoria de Button, os dois passaram a ser os mais antigos do grid na categoria (considerando que o finlandês ficou duas temporadas ausente, em 2010 e 2011, assim como Massa em 2003). Com isso, a fênix tem mais GPs disputados.

Kimi na Sauber, com 21 anos e Alonso na Minardi, com 19 eram os novatos estreantes daquela época. Peter Sauber teve que prometer desempenho do finlandês para a FIA lhe conceder a superlicença, pois Raikkonen "pulou" a F3000 e chegou direto na F1, a exemplo de Max Verstappen. Alonso sempre foi uma aposta de Briatore e acabou "emprestado" a Minardi para pegar experiência, tendo como companheiro de equipe o brasileiro Tarso Marques e também o malaio pagante Alex Yoong mais para o fim do ano.

Confira (ou relembre) como foi a estreia dos jovens no longínquo GP da Austrália de 2001, que também tinha como destaque a chegada de Juan Pablo Montoya a categoria, depois de muito sucesso na Indy. A corrida, no YouTube, pode ser conferida clicando aqui . O resto, vocês sabem o que aconteceu...


Os dois também já venceram em Albert Park. Alonso foi o primeiro, em 2006 (ano do bi), onde Raikkonen foi o segundo, na terceira etapa da temporada. Recentemente, o retrospecto do espanhol não é dos melhores: não correu em 2015, quando se recuperava de uma lesão sofrida num acidente na pré-temporada e ano passado acabou se envolvendo em um acidente cinematográfico com a Haas de Estebán Gutiérrez, o que impediu sua participação na corrida seguinte, no Bahrein. Relembre:




Já o IceMan, por sua vez, conquistou duas vitórias em solo australiano. A primeira foi em 2007, ano do título, justamente na estreia pela Ferrari. Sua segunda e até então última vitória na carreira foi em 2013, ainda pela Lotus.





O blog relembra a trajetória dos dois pilotos porque existem grandes possibilidades de ambos se aposentarem no fim da temporada. Com Alonso cada vez mais desgostoso com os problemas da McLaren Honda e Raikkonen já com 38 anos, pode ser que seja o último ínicio de temporada dos dois, juntamente com Massa, a tríade mais longeva da atual F1 que deve se retirar no fim de 2017, representando o fim de uma era na F1 (como eu escrevi no ano passado, clicando aqui). É melhor aproveitar e desfrutar dessas lendas!

OFF TOPIC: Não postei nada sobre a nova cor da Force India. O carro rosa é lindo, embora pareça uma bala de morango. Gostei que a F1 está ficando menos monocromática, com predominância de preto e cinza. Viva o laranja da McLaren, o rosa dos indianos, o vermelho Ferrari, o azul Sauber, o branco Williams, etc. Só faltou a Renault manter o amarelo que remete a Jordan mas enfim, variedade de cores sempre é muito bem vinda para os olhos do espectador.

Foto: Divulgação
Até!