Foto: Getty Images |
Estagiário, engenheiro-chefe, diretor-chefe, diretor-técnico
e chefe de equipe. Em 28 anos, Mattia Binotto ascendeu ao topo da estrutura da
Ferrari, mas a trajetória encerra-se em dezembro. Ele pediu para sair.
A imprensa italiana já falava disso há semanas. O favorito
para assumir seu lugar é Frederic Vasseur, da Alfa Romeo.
Binotto permaneceu como chefão da equipe por quatro
temporadas. Substituiu Arrrivabene, que tinha substituído Marco Mattiacci, que
substituiu Luca di Montezemolo. A verdade é que, diante da decadência e da
Ferrari cada vez mais aumentar o jejum de títulos, o cargo virou uma batata
quente.
Desde empresários a pessoas mais ligadas a política, Mattia
Binotto foi colocado ali porque era o responsável pelo motor italiano, onde a
Ferrari fez grande avanço e bateu de frente com a Mercedes no quesito, chegando
a superá-los. Era alguém técnico, que entendia o processo e era um novo perfil de
liderança.
Entre os altos e baixos, a Ferrari teve mais altos. Saiu de
segundo posto até o polêmico acordo sobre os motores, teve um 2020 vexatório e
se reergueu. Era a favorita na pré-temporada. Duas vitórias nas três primeiras
corridas. O problema de Binotto foi a questão, justamente, política. As
entrelinhas.
Lidar com uma reestruturação, onde não há muita pressão pelo
protagonismo, é uma coisa. Binotto e a Ferrari lidaram com isso muito bem. A
Ferrari voltou a ser protagonista, a fazer poles, a vencer. Binotto e a Ferrari
sucumbiram com o próximo passo: a excelência, a regularidade.
Com a Mercedes fora do caminho e a Red Bull ainda
cambaleante, a Ferrari teve a grande chance de disparar no campeonato. Isso não
aconteceu. Claro que Sainz e Leclerc tiveram seus erros, mas o problema foi de
gestão. Inexperiência no setor e também em voltar a disputar, de fato, pelas
taças.
Faltou priorizar um piloto e estratégias. Todos sabem que Leclerc
é superior a Sainz, mas a prática não foi feita. Claro que é uma situação difícil
internamente, mas decisões difíceis são necessárias, e Binotto falhou. Não
bancou Leclerc e, a partir daí, a relação desandou.
Claro que a prioridade é manter o monegasco, mesmo que ele
também não tenha se ajudado na temporada. Binotto precisava sair. Falta pulso.
Foi importante em um processo e, agora que a Ferrari necessita do próximo passo,
precisa buscar um profissional que preencha esses requisitos.
Vasseur pode ser esse cara. Experiente nas equipes de base,
lidou com jovens campeões. Na Alfa Romeo, também define prioridades. Claro, tem
menos obrigações, mas não é fácil lidar com a loucura do meio da tabela, onde
cada ponto vale milhões para os orçamentos e a sobrevivência da equipe.
Binotto precisava sair. Acredito que, em breve, pela
importância interna que teve na Ferrari, possa voltar. Talvez outras equipes
fiquem de olho para o futuro. Mattia vestiu a camisa, aceitou o desafio e
tentou, mas seu lugar é na parte interna, e não na liderança. Alguns tem essas
características, outros não.
E, como falam os jovens: tá tudo bem.
Até!