Foto: Getty Images |
Quem poderia imaginar que uma equipe bicampeã de pilotos,
campeã de construtores e com recordes quebrados na temporada poderia terminar o
ano em crise e cheia de dúvidas para o ano que vem?
A Red Bull consegue essa proeza. Desde a punição por violar
o teto orçamentário e utilizar menos o túnel de vento até o fato novo, ao menos
público, do que aconteceu em Interlagos.
Max Verstappen não quis fazer jogo de equipe para ajudar
Sérgio Pérez a ser vice-campeão mundial. Até aí tudo “normal”, se tratando de
Max. A questão foi o pós-corrida.
O holandês deixou claro que não ia fazer isso e não ia mais
tocar no assunto. Foi bem assertivo. Pérez foi mais surpreendente: disse que
agora sabe quem ele é e basicamente o chamou de ingrato porque, segundo o
mexicano, Max só é bi “graças a ele”.
Declarações muito fortes. O vestiário rachou e só sabemos
disso agora. Segundo a imprensa e informações que vazaram depois, o noivado
acabou de vez quando Pérez teria falado para Horner e Marko que bateu de
propósito no Q3 de Mônaco, o que o beneficiaria para largar na frente de Max. O
holandês se sentiu traído e basicamente deu o troco em Interlagos.
Bom, Max basicamente foi egoísta e passou por cima das
ordens da equipe, o que é um absurdo. O negócio foi tão constrangedor que até
Christian Horner e Helmut Marko pediram desculpas para o mexicano. A questão é:
e agora?
Não existe certo e errado na narrativa ou alguma punição
além disso. A Red Bull foi feita para servir Max Verstappen. Esse era o projeto
desde quando o holandês nem adulto era. Todo mundo que poderia fazer frente
saiu do caminho, como Carlos Sainz e Daniel Ricciardo, por exemplo.
Max sempre teve as vontades atendidas por ser simplesmente
um dos melhores pilotos da história. Apenas isso compensa os desvios de
comportamento e outras crises herdadas do pai, Jos, tão difícil quanto, mas
obviamente nem próximo do talento do filho.
O resultado é basicamente esse: a Red Bull é refém de um
piloto e a culpa é da própria organização. Não interessa se Max vai passar por
cima dos superiores e da hierarquia. Ele pode fazer o que quiser. Do contrário,
uma Mercedes pós-Hamilton ou a Ferrari estão de braços abertos esperando.
O holandês não tem nenhum pudor em ser o “vilão” ou o “anti-herói”
da F1, tal qual foi Alonso antigamente. A diferença é que o espanhol é mais
carismático e o holandês não vai cometer os erros de julgamento de Fernando.
Portanto, alguém mais odiável, porque Max vai seguir protagonista da F1 por
muito tempo, a não ser que a Red Bull erre a mão. Aí, como já escrevi, equipes
interessadas não faltariam.
E Pérez? Vai ser desrespeitado assim passivamente? Sim e
não. Sim porque não há o que fazer. Quando assinou o contrato para continuar na
categoria, todo mundo sabia que seria assim. Não tem o que fazer. O contrato
foi renovado até 2024, mas certamente os taurinos não teriam nenhum
constrangimento em retirá-lo antes disso.
Até por isso, talvez, Daniel Ricciardo volte para casa como
piloto reserva. A carreira do australiano acabou, mas imagina ser segundão de
Verstappen a essa altura do campeonato? Seria a repetição do próprio Checo
quando o mexicano se viu sem vaga após Vettel ir para a Aston Martin.
E o quê Checo pode fazer? Desobediência? Pode, até porque o
mexicano atingiu um teto que jamais poderia imaginar em 2020: está numa equipe
de ponta, venceu algumas vezes, teve pódios e pole. É uma carreira de sucesso
para alguém que estava fadado ao esquecimento por outros fatores.
O mexicano sairia por cima, considerando que seria muito
difícil, pela idade e pela falta de vagas, continuar na categoria. Ele não tem
a força e tampouco o apoio interno para dividir uma equipe igual Rosberg fez
contra Hamilton, por exemplo. Checo sempre soube o lugar dele na hierarquia e
sabia que era um risco passar por esse tipo de situação.
E o futuro? Quando e se Mercedes e Ferrari crescerem e o
trabalho em conjunto for necessário? A história não premia desavenças internas
tão abruptas e supostamente irreversíveis igual vimos hoje, a não ser que a Red
Bull seja uma McLaren de 1988 ou a Mercedes entre 2014 e 2016.
Quase dez anos depois, a Red Bull tem outro Multi 21,
justamente quando voltaram ao topo da categoria. Pode ser muito prematuro, mas
as consequências para todos os envolvidos não tendem a ser agradáveis no médio
prazo se não houver uma composição harmônica unânime (mais conhecido como paz
entre os envolvidos), se analisarmos a história da F1, em linhas gerais.
Até!
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