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O sobrenome, a influência, o dinheiro. Por incrível que
pareça, existem malefícios e grandes responsabilidades quando alguém com essas
características se aventura em qualquer área.
Não é uma romantização de nada, até porque chegar lá já é
extremamente difícil. Muitos certamente não mereciam uma chance se não tivessem
essa série de vantagens, mas que culpa eles têm? São raros os casos onde a
competência caminha lado a lado.
Um exemplo na F1 são os Hill e os Rosberg. É evidente que os
filhos tiveram um pouco mais de facilidade para chegar na categoria, mesmo
Damon, que estreou na F1 com mais de trinta. A partir de uma série de
obstáculos que são pulados, o resto depende do dito talento de quem foi alçado
a aquela posição.
Tem aqueles que são melhores que o sobrenome. Ele ajuda?
Claro, mas o tempo mostra que o talento é muito maior. Max Verstappen é o
grande expoente disso. Não precisa escrever mais nada.
Do outro lado, temos Mick Betsch. Sobrenome da mãe para não
atrair burburinho. Só depois Schumacher. Títulos na F4 e na F2, com arrancada
sensacional, e Mick parou na F1 e na Ferrari. Conquistou com mérito? Sim. Teve
vantagens financeiras e de influência pelo sobrenome? Também.
A Haas. O primeiro ano não era para mostrar muito. O combo
era cruel: novato e carro péssimo. Mick fez o básico: atropelou o fraco
Mazepin. A expectativa para o segundo ano seria um salto de qualidade, uma
progressão.
Vem a guerra e Mazepin sai de cena. Volta o experiente
Magnussen. Evolução na dificuldade. O dinamarquês, mesmo um ano enferrujado, é
páreo duro. Mick precisa dar uma resposta melhor. E ela não veio. Magnussen o
bateu com facilidade, seja em pontos, regularidade e menos prejuízos a um time
frágil financeiramente.
Mick bateu muito. Pressionado pelo companheiro e por nunca
pontuar? Talvez. Pressionado pelo sobrenome? Sim. Usufruiu de tudo na carreira
também graças ao sobrenome? Também.
Gunther teria mais paciência com Mick se ele não fosse
Schumacher? Não sei. Mick chegaria na Haas se não fosse pela Ferrari e pelo
sobrenome? Não sei, talvez não.
O que quero escrever é Mick deveu nessa segunda temporada. O
desempenho de Magnussen o deixou exposto, isso é inegável. No entanto, duas
temporadas não são o suficientes para fazer um julgamento definitivo do piloto.
Tsunoda, outro novato, também enfrenta dificuldades. Zhou, estreante, idem. É
normal.
As questões são urgentes. A Haas precisa de dinheiro e
segurança. Mick não oferece, hoje, essas situações. Mesmo com o sobrenome ou
apesar dele, o caminho foi o rompimento. Honestamente falando, acredito que o
alemão mereceria uma terceira temporada na equipe americana. A definitiva. Sem
desculpas.
Vandoorne merecia ficar na F1. Wehrlein merecia ficar na F1.
Nasr não merecia sair da categoria daquele jeito. Entendem? Citei outros tantos
talentosos e que não têm o peso de Schumacher e a vida continuou. A do alemão
também vai. Ele é jovem e não me surpreenderia se retornasse ao grid. Vai que
tenha mais equipes ou alguma oportunidade de ocasião...
O que quero escrever é o seguinte: o sobrenome também é uma
forma de viver e morrer pela espada na F1. Em um dia você se aproveita, no
outro é “vítima” do próprio entorno que você não escolheu ter, mas certamente
não quis abrir mão para continuar crescendo na carreira.
Até!
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