Foto: LAT Images |
Na semana onde vai correr para seus fãs em casa, no palco em
que já conquistou 14 vitórias (a última com Hamilton, em 2008), a McLaren
escancara a pior crise da história da equipe ao anunciar que Éric Boullier
pediu demissão do cargo de chefão do time.
Após realizar bom trabalho na Lotus com Raikkonen e
Grosjean, Boullier chegou na McLaren em 2014 ajudar na reestruturação do time
de Woking, que passou 2013 inteira sem chegar ao pódio. No último ano com o
motor Mercedes, o desempenho dos ingleses não foi bom: apenas um pódio na
corrida inaugural da Austrália e uma McLaren muito distante do topo da
classificação.
Com o passar do tempo e a chegada da Honda como nova
parceira, a esperança era retomar o auge vivido no final dos anos 1980 e início
dos anos 1990 com os nipônicos. Como sabemos, isso tudo foi um total fracasso,
que resultou no apequenamento da McLaren, enfiada no fundo do grid e cada vez mais
com problemas financeiros, agravados pela ausência de um patrocinador máster desde
a saída da Vodafone em 2012 e o rompimento com os japoneses no ano passado.
Com a Renault desde o início, acreditava-se que os problemas
estavam resolvidos, pois era dito que o chassi era bom, mas o motor fraco e
pouco confiável era o que atrapalha. Com um começo de temporada razoável, o que
estamos vendo é a McLaren cada vez mais próxima do fundo do grid ao invés de se
aproximar do pelotão intermediário.
Os resultados ruins já deixavam o ambiente tumultuado e a
pressão grande em cima de Boullier. Parece que a pá de cal foi a informação
publicada pela imprensa inglesa semanas atrás de que os funcionários e
mecânicos da McLaren recebiam barrinhas de chocolate Freddo (ou “tortuguita
britânica”) como recompensa ao cumprimento de metas alcançadas. Questionado, o
francês achava graça da situação e chegou até a dizer que não sairia do cargo
diante das especulações de um possível retorno de Martin Whitmarsh ao comando
do time.
Freddo, a "tortuguita britânica": fonte de discórdia na McLaren e estopim para a queda de Boullier. Foto: Reprodução |
Eis que 12 dias depois, Eric Boullier pediu demissão em
anúncio divulgado hoje pela manhã pela McLaren. Zak Brown disse que não se
sentiu surpreendido com a decisão que, segundo ele, não era descartada pelo
próprio francês. Em meio a temporada, a McLaren já deixa claro que vai fazer
uma nova reestruturação da equipe pensando nos próximos anos e praticamente
jogando a toalha em relação a este.
A grande novidade de mais uma reestruturação da McLaren nos
últimos dias é Andrea Stella, engenheiro que trabalhou com Alonso e veio pra
equipe em 2015, sendo o novo diretor de performance. O brasileiro Gil de
Ferran, que ano passado atuou como uma espécie de consultor de Alonso durante a
preparação para a Indy 500, se transforma em diretor esportivo.
E não para por aí: Simon Roberts vai supervisionar as
divisões de produção, engenharia e logística, enquanto Stella também vai ser o
responsável pelas operações de pista.
Tal qual um time de futebol em crise, a McLaren mexe em
todos os setores de forma quase imediata buscando resultados que parecem cada
vez mais distantes de serem alcançados. No início de maio, Tim Goss foi
demitido do cargo de diretor técnico. Ele estava na equipe desde 1990. Além disso,
tanto tempo de administração arcaica e conservadora na mão de ferro de Ron
Dennis também fez a McLaren não se modernizar e entender que os tempos haviam
mudado, que não era mais possível pedir tanto dinheiro em patrocínio diante de
uma recessão financeira mundial. Além disso, demanda-se um tempo para
modernizar e se adequar uma nova gestão, “americana” no caso. Sem resultado e
sem dinheiro, as coisas tendem a piorar.
E assim segue a McLaren, incerta em todas as funções,
perdida e naufragando cada vez mais. Não se sabe se a equipe está mais
interessada em outras categorias, ninguém sabe quem serão os pilotos para a
próxima temporada e ninguém sabe o que o futuro reserva para o time de Woking.
Uma bagunça total. Só falta a torcida protestar na sede. The peace is over and
the future is unclear.
Até!
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