segunda-feira, 10 de outubro de 2022

ESTRELAS ALINHADAS

 

Foto: Getty Images

Na noite de sexta-feira, peças importantes do quebra-cabeça da F1 2023 foram encaixadas. Uma obviedade e uma relativa surpresa, até.

Como esse querido blog sugeriu no início do ano, lá em janeiro, mas por linhas tortas, Pierre Gasly foi anunciado piloto da Alpine e será parceiro de Esteban Ocon em 2023, formado uma equipe 100% francesa. Os dois, ex-inimigos, agora vão dividir o mesmo ambiente. A missão de Pierre é superar Esteban, mais ambientado e acostumado com o time.

Piastri foi o responsável direto pela ascensão de Pierre. O francês caiu pra cima. Fadado ao ostracismo pela Red Bull, surgiu a oportunidade certa no momento certo. A estrela alinhada. A Alpine também não tinha muitas opções, visto que Ricciardo nunca esteve no radar. Os dois se precisam nesse momento e, de certa forma, a Alpine faz uma dupla que atinge as necessidades diretivas: dois jovens pilotos em um projeto a longo-prazo. Para Gasly, é a grande oportunidade de ouro, agora numa equipe de fábrica.

Dizem que os franceses vão desembolsar 10 milhões de euros para os taurinos para completar a operação.

Como consequência, uma vaga na Alpha Tauri estava aberta, pois Tsunoda já havia renovado. A solução é surpreendente: Nyck De Vries, outrora cotado pela Williams, foi anunciado. Aos 27 anos, o rapaz teve um 2022 cheio de histórias para contar: ligado a Mercedes, fez testes na Aston Martin, correu na Williams e vai para a Red Bull B. Está vivendo.

A contratação diz mais sobre a Red Bull do que sobre o holandês, que tirou a sorte grande. Está no lucro. Aos 27 anos, campeão da F2 e da FE, tem a grande chance da carreira contra um adversário acessível. Vai correr pela sobrevivência. A Red Bull não quis apostar em ninguém da academia, até porque ninguém se mostrou pronto, e preferiu pagar para tirar alguém da Mercedes do que um outro investimento como Drugovich, por exemplo.

De Vries coroa, tardiamente e graças a estar no momento certo e com os contatos certos, o sonho da F1. É um cara que também tem uma história diferente da atual usual, dos talentos cada vez mais precoces. E será mais um holandês na F1, fazendo parceria com o agora bicampeão Max.

Nyck era o ficha um da Williams por motivos próprios, então agora há um certo clima de suspense sobre as vagas restantes: Haas e o time de Grove. Sem o holandês, quem será o escolhido? O jovem Logan Sargeant é da academia da equipe e americano, duas vantagens consideráveis na atual F1. Ademais, quais seriam os outros candidatos, pois não há nenhum nome ventilado?

Posso chutar aqui, facilmente: Nico Hulkenberg (sempre), Stoffel Vandoorne e Felipe Drugovich. Três gerações distintas em momentos distintos. Sabe se lá o que Williams deseja para complementar Alexander Albon, mas em termos esportivos, isso é o melhor que há para o momento. Por esse mistério, é a vaga mais misteriosa que sobrou no grid.

Em circunstâncias diferentes, Gasly e De Vries foram beneficiados pela sorte e as estrelas alinhadas. Dizem, claro, que a sorte acompanha os bons e isso é um complemento, mas todos sabemos que a sorte e o timing mudam carreiras, para o bem e para o mal.

Pierre e Nyck, os felizardos sortudos do final de ano na F1.

Até!


domingo, 9 de outubro de 2022

BI SEM RESSALVAS

 

Foto: Clive Rose/ Getty Images

A previsão do tempo mostrava que o Grande Prêmio do Japão seria uma grande palhaçada protagonizada pela FIA. E assim foi, ou quase isso. Diante das previsões de chuva forte, foi até surpreendente que a direção de prova tenha autorizado a largada.

Com muito spray, obviamente, a visibilidade era um desafio. A primeira volta seria um caos e assim foi. Vettel rodou na primeira curva, Zhou rodou depois e Sainz bateu sozinho e o carro chegou a voltar para a pista. Por sorte, ninguém bateu nele. Albon teve problema no motor e encostou. Gasly bateu na placa que veio para pista depois da batida de Sainz e a confusão estava armada.

O que seria Safety Car virou bandeira vermelha. Corrida paralisada. O problema é que a chuva continuaria mais forte. E aí? Outra vergonha igual o GP da Bélgica? E a corrida que deveria decidir o campeonato? Quantos problemas...

Começamos pelo primeiro: mal os pilotos tinham ido para os boxes após o anúncio da bandeira vermelha, havia um trator no meio da pista para retirar a Ferrari de Sainz. Só que, ao mesmo tempo, Gasly passava voando. Oito anos depois, nem a FIA e nem os japoneses aprenderam nada. O modus operandi da Federação, sob nova direção, foi o mesmo: culpar o piloto. É verdade que Gasly não deveria estar tão rápido naquelas condições de pista e principalmente com a prova paralisada, mas isso é jogar a responsabilidade injusta para o piloto.

Vai ser necessário outro piloto morrer para aprenderem a lição? Pelo jeito, independentemente do caso, a FIA lava as mãos e joga a responsabilidade para as vítimas. Eles estão preocupados com o piercing do Hamilton...

Já escrevi aqui que a F1 não deveria tratar os fãs igual otário e simplesmente cancelar qualquer evento com chuva. É mais justo e transparente para todos, ao invés de encher linguiça e fazer todo mundo de palhaço, principalmente de madrugada. Os pneus de chuva não foram feitos para correr, foi basicamente o que disse Mario Isola, chefão da Pirelli.

A culpa não é da empresa. Ela faz os pneus conforme as especificações e exigências da FIA. Com os carros cada vez mais largos e pesados, qualquer pista molhada vira um drama para a F1. Por isso que antigamente, com carros mais leves e estreitos, era possível correr em condições piores, tipo Fuji, há 15 anos.

Mas isso a F1 não se preocupa, tampouco em atrair ao menos mais uma equipe para o certame. Bom, a corrida não podia acabar igual a Bélgica né, quando sequer houve corrida? Havia um teatro a cumprir.

A previsão não era das melhores, o dia começava a acabar no Japão e a FIA adotou uma nova estratégia no regulamento após o vexame do ano passado: ativaram a contagem regressiva. Em três horas, a corrida terminaria. Veja bem. Terminaria, e não seria interrompida.

Os pilotos pressionaram para ao menos tentar e ver como seria. Qualquer coisa a FIA colocaria outra bandeira vermelha e faria outra ação constrangedora. Para a nossa sorte, tivemos uma sprint race na chuva.

Verstappen não largou bem, mas segurou o ímpeto de Leclerc e disparou para vencer. Com o passar do tempo, a Ferrari não tinha mais ritmo para acompanhar Max. Pérez, logo atrás, chegava.

Todo mundo largou de pneu de chuva. Determinação da FIA. No entanto, logo que o Safety Car saiu depois da largada em movimento, Vettel e Latifi (!) fizeram o pulo do gato: foram os primeiros a trocar para os pneus intermediários e se deram bem. Escalaram o grid e pararam nos pontos. O canadense, se corresse só na chuva, seria bem competitivo.

Ainda na primeira parte, Ocon segurava Hamilton, enquanto Alonso tentava encostar em Vettel. Russell, mais atrás, se recuperava. De forma heróica e quase bizarra diante do contexto, Latifi conquistou talvez seus últimos pontos na F1. Sejamos sinceros: ano passado ele foi um piloto até correto e, com as estatísticas, pontuou em duas das três temporadas que correu na F1. Um mérito e tanto, considerando o contexto. Norris ainda completou o top 3.

E o vencedor? Verstappen rumou para a vitória. A transmissão mostrou um detalhe importante que praticamente todo mundo não se deu conta na hora: diante da nova regra, apenas as corridas interrompidas é que teriam pontuação reduzida conforme a % de voltas feitas. Como o GP do Japão terminaria no limite do tempo, ela seria considerada uma corrida concluída, mesmo sendo apenas 28 das 53 voltas previstas. Sendo assim, 100% dos pontos estavam em jogo.

A TV japonesa não viu Max Verstappen cruzar a linha e ele mesmo continuou acelerando fundo. Diante desse contexto, explicitado pela transmissão, a questão era simples: se Pérez ultrapassasse Leclerc, o campeonato acabava.

Na última curva, Leclerc errou, foi reto e voltou à frente do mexicano, cruzando em segundo. No entanto, a FIA foi rápida até demais para os seus padrões e puniu rapidamente o monegasco com acréscimo de cinco segundos ao tempo final da prova.

Pérez em segundo. Dobradinha da Red Bull. Enquanto Max dava entrevista para Johnny Herbert, a FIA anunciava na transmissão, para assombro do holandês e da própria Red Bull: Max Verstappen é bicampeão do mundo, aos 25 anos, e com quatro provas de antecedência.

Incontestável. Sem ressalvas. Mesmo com um começo ruim, ele e a Red Bull sobraram e aproveitaram todas as brechas deixadas pela Ferrari e o carro mal formado pela Mercedes. A questão do teto de gastos é um outro debate que ainda vai dar pano para manga. Nada mais poético que Max conquistasse o bi no Japão, terra da Honda, disposta a reatar com a Red Bull para a partir de 2026.

É muito bom ver um piloto talentoso alcançar o que se imaginava, sem ser vítima do destino, do azar ou de más escolhas. Talvez seja um trauma pelo que Alonso poderia ter sido. Aliás, Max iguala Alonso no bicampeonato e em 32 vitórias na carreira. Incontestável.

Lamentável que o título tenha sido confirmado pelos comissários e numa situação que até o próprio circo da F1 desconhecia da nova regra da FIA depois do caso Bélgica do ano passado. A FIA está uma várzea. Mais um pouco, teríamos um rapaz e um monte de gente no meio da pista balançando a bandeira quadriculada e pulando, berrando e correndo na frente dos carros. E alguém com o cronômetro, é claro.

A Ferrari reclama com razão da rapidez da punição, mas ali não tinha muito espaço para debate. Imagina Max ser anunciado campeão numa canetada horas depois? Seria pior ainda. Para nós, brasileiros, uma recompensa para quem ficou até às 6 da manhã acordado.

Max Verstappen. Um nome já na história da F1. O que o futuro reserva? A Red Bull tem fome de mais conquistas. O holandês também. Ele é muito jovem. Há sete anos, ele estreava, ainda menor de idade, num treino livre em Suzuka também. O destino estava escrito, maktub. Estamos diante de um dos maiores da história, sem dúvida alguma.

Que a Mercedes volte a ser competitiva, porque a Ferrari não tem a mínima condição, seja pela equipe, seja pelos erros decisivos de Leclerc no momento de pressão. Quem diria. Eu achava que o monegasco era mais completo e equilibrado emocionalmente que o holandês, mas o tempo está mostrando o contrário.

A FIA transformou a consagração do bicampeonato de Max Verstappen em um evento menor, num show de incompetência, desrespeito aos pilotos e ao público. O trator, a chuva e a inércia da direção de prova colocaram o título mais do que merecido de Max, talvez no auge da carreira (talvez não) em algo sem importância. Claro que era uma questão já sacramentada há tempos, mas o holandês merece uma comemoração consagradora, seja da categoria, seja dele próprio ou da equipe para a próxima etapa, em Austin, no Texas.

O que resume tudo é: Max Verstappen, bicampeão, sem ressalvas.

Confira a classificação final do GP do Japão:




sexta-feira, 7 de outubro de 2022

CORUJÃO MOLHADO

 

Foto: Divulgação/Alpine

Chove em Suzuka. Choveu em Porto Alegre, chegou a chover forte no início da madrugada, depois parou. Foi nesse clima molhado que a F1 retornou para o Japão depois de três anos. O tempo é sempre algo que preocupa a categoria nessa época do ano lá por Suzuka.

A última visita da F1 teve treino de sábado cancelado e a classificação foi na manhã de domingo, lembram? Era chuva e alerta de ciclone... 

Pois bem, a chuva recebeu a F1 nos primeiros treinos livres de sexta, o que torna tudo um grande ponto de interrogação. A pista chegou a secar gradativamente conforme os carros andavam, mas a chuva voltou a apertar na parte final. Após zerar o cronômetro, Mick Schumacher bateu. Chassi danificado e alguns pontos perdidos na briga para permanecer na F1 em 2023.

Alonso foi o mais rápido, mas isso não significa nada, apenas a nostalgia do espanhol e das madrugadas da velocidade no Japão por aqui. O Corujão, absurdamente descontinuado pela Globo em prol de programas de humor sem graça. Fica aqui o meu registro indignado. 

O TL2 teve intermináveis 30 minutos a mais porque a Pirelli pediu mais tempo para testar os pneus de 2023. Com a chuva, no entanto, o teste foi cancelado, mas mantiveram os 30 minutos a mais de treino. Pra quê, meu Deus? Com essa chuva, poucos carros vão para pista e vai ter pouca ação. A torcida e os fãs vão ficar olhando para o absoluto nada ao invés de ir para casa ou dormir, por exemplo.

O que deu para perceber, com a pista molhada, é que Suzuka fica menos rápida. Nessa condição de pista, teoricamente, favorece quem tem mais downforce e fica menos dependente do motor, que vai ser menos exigido com a pista molhada. 

Assim, em tese, a Mercedes pode diminuir a desvantagem para Ferrari e Mercedes e entrar na briga, se o tempo continuar assim no final de semana. Na chuva, os pilotos fazem a diferença e estamos falando simplesmente de Hamilton e Russell. Não dá para descartá-los nunca, sobretudo nessas condições. E foi assim que os dois fizeram dobradinha no TL2, com George na primeira posição, com a dupla da Red Bull logo atrás: Max em terceiro e Pérez em quarto.

O tempo no Japão é uma incógnita, o que torna tudo para o final de semana bem misterioso. Claro que Max é favorito para vencer e só depende dele o bicampeonato. Esse é o tempero e o que vai manter milhões de brasileiros acordados nesse final de semana. Ah, as madrugadas de Suzuka... ainda mais valendo o campeonato. E se a chuva persistir, melhor ainda: fica aquele clima bom para ficar deitado no sofá assistindo a F1 (ou pegar no sono), tal qual a atmosfera da música "Stan".

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

GP DO JAPÃO: Programação

 O Grande Prêmio do Japão foi disputado pela primeira vez em 1976, em Fuji. Foi disputada novamente em 1977 e ficou fora da categoria por 10 anos, até retornar com a pista de Suzuka em 1987. Desde então, o Japão sempre sediou um GP por ano na Fórmula 1 até 2020, quando o circuito ficou de fora do calendário por duas temporadas em virtude do Covid-19, retornando à F1 em 2022.

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:30.983 (Mercedes, 2019)

Pole Position: Sebastian Vettel - 1:27.064 (Ferrari, 2019)

Último vencedor: Valtteri Bottas (Mercedes)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1995, 1997, 2000, 2001, 2002 e 2004)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 341 pontos

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 237 pontos

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 235 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 203 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 202 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 170 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 100 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 66 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 59 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos

11- Daniel Ricciardo (McLaren) - 29 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 24 pontos

13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

14- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 576 pontos

2 - Ferrari - 439 pontos

3 - Mercedes - 373 pontos

4 - McLaren Mercedes - 129 pontos

5 - Alpine Renault - 125 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 52 pontos

7 - Aston Martin Ferrari - 37 pontos

8 - Haas Ferrari - 34 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 34 pontos

10- Williams Mercedes - 6 pontos


MAIS CINCO?

Depois de estar desgostoso com a F1 mesmo conquistando vários títulos e, principalmente após o final do campeonato do ano passado em Abu Dhabi, parece que a chama de Lewis Hamilton na F1 está mais acesa do que nunca.

Ao menos é o que afirma o amigo e chefe Toto Wolff. Vizinhos de residência em Mônaco, o alemão confidenciou que o inglês quer ficar mais tempo na categoria: meia década, para ser mais exato.

“A vantagem é que nos falamos bastante. Na semana passada, nos sentamos e ele disse ‘olha, eu tenho mais cinco anos em mim, como você vê isso?’” disse Wolff, em entrevista ao Channel 4 F1.

Atualmente, Alonso é o único quarentão da categoria. Wolff foi indagado sobre como ele imaginaria Hamilton com essa idade na F1:

“Não sei se 40 anos é aquela idade em que você diz que não é mais adequado ser um piloto de corrida. Se você olhar para onde Fernando está com 41 anos, ele ainda está inteiro. Agora, ele é o mesmo Fernando que era aos 25? Eu não sei, mas ele ainda é muito competitivo”, respondeu.

O chefão da Mercedes também citou o exemplo de Tom Brady, que aos 44 anos ainda joga no futebol americano. 

Competidores viscerais não mudam nunca. Quando estava ganhando fácil, Hamilton ficou entediado. Bastou perder o campeonato do jeito que foi e esse 2022 esquecível da Mercedes para reacender o espírito competitivo do piloto.

O tempo está contra Hamilton, embora ele não precise provar mais nada. É que ninguém gosta de sair por baixo, ainda mais o Sir, que venceu em quase todos os anos da carreira. Em outra entrevista, Wolff também deseja manter Russell na equipe por um bom tempo.

É a melhor dupla da F1. Imagina os dois correndo por meia década, brigando por títulos e vitórias? Que isso saía do campo das ideias e do papel assinado para que possamos testemunhar com os nossos olhos no futuro.


TENTANDO REATAR

Aproveitando a visita para o Japão para disputar a corrida em Suzuka, a Red Bull pensa no futuro, mais precisamente em 2026, quando a F1 vai introduzir uma nova geração de motores.

Segundo informação do "The Race", os taurinos se reuniram com uma velha conhecida: a Honda. A ideia da equipe austríaca é acertar o retorno da parceria quando chegar o novo regulamento de motores.

Atualmente, a Red Bull herda a tecnologia dos japoneses e está desenvolvendo o próprio motor, o Red Bull Power Trains, que também equipa a Alpha Tauri até 2025.

A partir de 2026, a Fórmula 1 retirará o sistema de MGU-H e aumentará a potência elétrica do carro em 50% com o MGU-K, além da mudança para combustíveis 100% sustentáveis. Segundo a "The Race", as negociações avançam bem.

O acordo precisa ser aprovado pelo conselho da Honda. Por enquanto, segundo a publicação, os diretores não parecem muito dispostos. Há uma resistência dentro do conselho sobre os compromissos financeiros e como seria possível conciliar o retorno para a F1 e a busca por tecnologias neutras em carbono, motivo que fez os japoneses deixarem a categoria.

Sem a Porsche, é um sinal que a Red Bull não aguenta construir o próprio motor por muito tempo. É inegável que a parceria deu certo. Tudo depende do humor da Honda que, assim como a Renault, são os mais instáveis da categoria. Tomara que reatem. Será bom para todos os envolvidos.


TRANSMISSÃO:

07/10 - Treino Livre 1: 0h (Band Sports)

07/10 - Treino Livre 2: 3h (Band Sports)

08/10 - Treino Livre 3: 0h (Band Sports)

08/10 - Classificação: 3h (Band e Band Sports)

09/10 - Corrida: 2h (Band)

terça-feira, 4 de outubro de 2022

A QUESTÃO HAAS

 

Foto: MotorSport Images

Sem dúvida, o caso dos americanos é o mais intrigante entre as vagas disponíveis para 2023. Nunca é demais lembrar que o ano começou com Mazepin, mas graças a guerra foi possível se livrar dele e trazer Magnussen com um bom dinheiro. O time de Gene Haas caiu para cima.

Mazepin era tão fraco que serviu apenas para valorizar as ações de Mick Schumacher, como se o problema fosse apenas o carro muito deficitário. A chegada do experiente dinamarquês expôs as fragilidades do filho de Michael.

Logo no retorno, Magnussen fez bons pontos, enquanto Mick sofria com problemas de desempenho e acidentes. Uma pressão natural, por ser quem ele é, e também por estar perdendo para alguém que chegou na equipe às pressas, por mais que já conhecesse o ambiente.

A notícia da provável descontinuidade de Mick no programa da academia de pilotos da Ferrari é, na verdade, o que pode ser o grande divisor de águas na carreira do alemão e na trajetória da Haas. Supostamente livre no mercado, mas sem o apoio dos italianos, Mick teria o final da temporada para tentar impressionar as equipes disponíveis, que no caso são Alpine e Williams e talvez a Alpha Tauri, se Gasly for para Alpine. Duas opções, portanto.

A Ferrari, como contrapartida a parceria técnica que tem com a Haas, ela pode usar da influência para colocar algum de seus pilotos de academia por lá. Sem Mick, dizem que o candidato natural seria Antonio Giovinazzi, hoje reserva da Ferrari. Um nome experiente.

A grande questão é: o que Gene Haas quer? Qual o objetivo? Magnussen é o cara da liderança do time e trouxe um belo acordo financeiro nesse retorno às pressas. O problema financeiro da equipe é notório, não a toa se abraçaram no Mazepin. Há algum outro piloto rico no mercado disposto a parar na Haas?

Se a resposta for não, a Ferrari tem carta branca. Aliás, os italianos podem ter a voz ativa simplesmente na base da chantagem: ou colocamos o que queremos, ou a parceria técnica acaba. Aí a Ferrari escolhe Giovinazzi, por exemplo.

É fato que o italiano sucumbiu nos anos que teve na Alfa Romeo, mas ainda tenho certa simpatia pelo o que ele fez na F2 em 2016, sendo vice-campeão sem patrocínio algum e numa equipe fundo de quintal. O problema é que isso foi há quase sete anos e devemos olhar para frente.

Magnussen e Giovinazzi, considerando essa a escolha óbvia, seria uma dupla bem equivalente. Nada demais, mas equivalente. Dois jovens que outrora já foram promessas e hoje são apenas coadjuvantes, o que não é nenhum demérito. Nem todo mundo é Verstappen ou Hamilton.

O que chama a atenção é que a Haas aparentemente não tem nenhuma ideia de qual caminho seguir. Magnussen está ali por um acaso, graças a Putin.

E se não tiver guerra ou algum conflito na Dinamarca em 2023? Ou alguma questão diplomática com a Itália neofascista? Qual o projeto da Haas na F1? Sobreviver? Pagar as contas? Seduzir a Porsche e tentar recuperar o prejuízo ao focar somente nos EUA, como sempre foi? Muitas dúvidas e divagações.

A Haas é um grande mistério.

Até!

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

NATSUKASHISA

 


O Japão sempre teve uma aura de fim de festa ou de decisão. Até o início da década passada, Suzuka fechava a temporada. Lá, era sinônimo de emoção. Exemplos inesquecíveis são os três títulos de Ayrton Senna, além de outras lembranças interessantes como o título de James Hunt em Fuji, os títulos de Damon Hill e Mika Hakkinen nos anos 1990 e o hexacampeonato de Michael Schumacher.

Com mais corridas no calendário, o Japão ficou na reta final do calendário e, desde então, somente Sebastian Vettel conseguiu levantar o caneco por lá, quando dominou o campeonato de 2011. Mesmo com a Mercedes construindo uma hegemonia, a posição no calendário impedia o Japão de retomar essa tradição.

No entanto, nesse 2022 cheio de corridas e nuances particulares, Max Verstappen tem grandes chances de ser o bicampeão mais precoce da história da F1, seja pela idade ou pela antecedência, o que superaria outros campeões muito antecipados como Nigel Mansell, Michael Schumacher e o próprio Sebastian Vettel.

É um retorno para a nostalgia, até mesmo para o fato de passar a madrugada assistindo F1, o que só voltou esse ano com a Austrália.

O bicampeonato de Max Verstappen também teria um grande valor simbólico para a Honda que, embora tenha saído oficialmente da nominata da F1 e da Red Bull, ainda fornece motores e tem uma parceria técnica com os taurinos, que desenvolvem o motor a partir das especificações dos japoneses. Seria uma repetição da dobradinha com os títulos do tempo de McLaren, lá com Ayrton Senna.

Ademais, é isso que resta para escrever sobre a F1 atual: é questão de tempo para Max ser consagrado, enquanto aguardamos as notícias do mercado de pilotos, principalmente a vaga da Alpine. Um pouco sem criatividade e cansado demais do calendário extenso que a F1 ainda aumentou para o ano que vem.

Seguimos.

Até!


INTERMINÁVEL

 

Foto: Getty Images

A F1 não corre na chuva, basicamente. Imagina num circuito de rua que naturalmente é longo e arrastado. A largada foi adiada para que as condições melhorassem, em tese. Aproveitei para ir votar e me atualizei depois.

Singapura poderia marcar o título mais do que antecipado para Max Verstappen. No entanto, parece que deu tudo errado para ele e quase para Red Bull. Erros de ambos no sábado comprometeram o domingo: Verstappen errou e abortou a volta que lhe deixaria na pole. Depois, por erro de cálculo da equipe, não pode completar a volta que lhe daria a pole porque não teria combustível suficiente para voltar aos boxes. Largou em oitavo.

Enquanto isso, Charles "Montoya" Leclerc fez mais uma pole e poderia ao menos sonhar em diminuir a vantagem no campeonato, ou simplesmente quebrar a sequência da Red Bull. O problema é que Pérez, segundo no grid, o ultrapassou na largada e disparou.

O mexicano em circuitos de rua segue muito competitivo, apesar da queda de rendimento durante a temporada, também fruto do carro estar naturalmente mais a feição de Max. Pérez teve uma liderança quase tranquila, ameaçada por Safety Car. Se é normal ter uma corrida acidentada num circuito de rua, imagina na chuva.

Latifi atropelou Zhou e causou a primeira infração. Depois, alguns Safety Car Virtual e, por último, Tsunoda. No final da prova, a pista foi secando. Russell, que largou lá atrás, tentou o caminho sozinho, mas só depois a pista melhorou. Com os pneus slicks e todo mundo realinhado, Leclerc tentou caçar Pérez. O mexicano teve muita calma para resistir aos ataques, mesmo travando pneu, e conseguiu rumar para a quarta vitória na carreira, a segunda no ano e a terceira em circuitos de rua. 

Pérez foi advertido duas vezes por estar muito distante do Safety Car no momento do alinhamento, nas duas ocasiões. Na primeira, o mexicano levou apenas uma repreensão, mas depois foi punido com cinco segundos. Como Checo chegou sete e meio, bastou a vitória. Ficaria muito feio para a FIA tirar a vitória na canetada depois de toda a cerimônia. Seria constrangedor. Essas decisões poderiam ser tomadas mais rapidamente para não fazer o público como palhaço, igual não correr na chuva.

Singapura já é uma corrida longa e cansativa. Com a chuva e Safety Car, estourou o limite de duas horas: 69 das 71 previstas. Uma verdadeira epopeia para quem assistiu, ainda mais pelo horário. Imagina essa situação com mais circuitos de rua insuportáveis? Pelo menos Singapura tem o charme de ser a primeira corrida noturna.

Max Verstappen e Lewis Hamilton tiveram uma noite ruim. Os dois erraram muito. Verstappen passou reto ao tentar ultrapassar Norris e perdeu a chance de somar mais pontos, até mesmo brigar pelo pódio. Hamilton chegou a bater e danificar o bico e também desperdiçou uma boa oportunidade de pódio porque pressionou Sainz, mas não tinha a possibilidade de abrir a asa para fazer a ultrapassagem em virtude da chuva.

Leclerc teve se contentar com o segundo lugar e Sainz, muito abaixo no ritmo de corrida, em terceiro. Graças a sorte e a estratégia, Norris e Ricciardo conseguiram um quarto e quinto lugares, com o australiano muito atrás do inglês. Isso, graças ao duplo abandono da Alpine, fez a McLaren retomar a quarta posição nos construtores.

A Aston Martin conseguiu bons pontos com Stroll e Vettel. Mick Schumacher lutou com Russell, em corrida desastrosa, mas não foi o suficiente. Gasly fechou o top 10.

Verstappen e Red Bull erraram e mesmo assim Pérez voltou ao protagonismo. A diferença é que eles tiveram um final de semana ruim com 100 pontos de vantagem perante a Ferrari.

Para Max, a temporada, apesar de longa, pode acabar mais cedo do que o imaginado: basta vencer no Japão que o holandês será bicampeão, diferentemente da arrastada corrida em Singapora.

Tanto nas eleições quanto na Fórmula 1, o grande prêmio teve a definição adiada. A F1 pode acabar na semana que vem, mas ainda assim é um Outubro tenso e decisivo em todas as partes.

Confira a classificação final do GP de Singapura:


Até!