segunda-feira, 9 de julho de 2018

JOGAR (E NÃO JOGAR) PARA A TORCIDA

Foto: Getty Images
Depois de uma corrida disputadíssima e repleta de emoção até o final, Hamilton conseguiu salvar o acidente da primeira curva com Raikkonen e saiu de 17° até chegar em segundo, pressionando Vettel. Com pitada de sorte (Dois Safety Cars consecutivos), a estratégia permitiu que pudesse trocar de pneus e recuperar posições distantes - o pódio estava fora de cogitação. Uma grande atuação, um dos destaques da corrida.

No entanto, ao sair do carro, a expressão de Hamilton era a irritação, a impaciência. Estava prestes a explodir com algo. Saiu do carro e foi direto para o pódio, sem participar da entrevista com Martin Brundle como os demais, tampouco saldou seu torcedor, que sempre lota Silverstone para acompanhar o ídolo, que por pouco não venceu pela sexta vez (a quinta consecutiva) no autódromo.

No pódio, a cara fechada, sem sorrisos e com poucas palavras contrastou com a alegria da Ferrari - principalmente Vettel - líder com nove pontos de vantagem. Algo estava por vir. Na coletiva e na zona mista saíram as bombas: a acusação de que a Ferrari mandou Raikkonen bater nele de propósito. Tese essa que foi endossada pelo chefe Toto Wolff, logo na sequência.

É perfeitamente compreensível não estar satisfeito com o resultado. Afinal, o incidente da largada foi sim preponderante para o resultado final da prova. Ainda assim, é muita irresponsabilidade fazer esse tipo de acusação grave de forma pública. Hamilton e Wolff, representando a Mercedes, são duas instituições muito pesadas e com muitos fãs. Qualquer declaração deve ser feita com cautela. A partir do momento em que você joga para a torcida, os fãs mais radicais sentem-se no direito de fazer ataques virtuais e ofensas a Ferrari e seus pilotos. Afinal, se Hamilton e Wolff, que são lideranças do time acabaram de fazer isso, por que eu não poderia?

Hamilton poderia ter, no mínimo, ter um pouco mais de afeto pela sua torcida local depois da bandeirada. Mesmo que o resultado não tenha sido o esperado, foi uma grande corrida que deixou todos seus fãs orgulhosos. Valorizar o apoio e seus esforços para estar em um fim de semana onde a seleção inglesa estava fazendo história na Copa, ao invés de ser deselegante nas declarações e distante de quem o apoia.

No entanto, ainda bem que ele e Wolff viram que estavam equivocados e deram vários passos atrás. Hamilton disse que Raikkonen se desculpou pelo incidente e o conflito acabou ali, sem mais ressentimentos. Ambos justificaram o "calor do momento" como justificativa para tais acusações. De novo, é compreensível o sangue quente. Que bom que ambos se retrataram. Fim da história. Fim da polêmica.

Sobre ter ignorado a entrevista, o inglês disse que estava muito exausto depois da corrida por ter perdido muitos quilos. Lá é verão, Hamilton disse ter perdido três quilos porque teve que andar no limite o tempo todo. Sem margem para administrar como está acostumado, parece ter sentido o desgaste físico que o restante do grid tem nos finais de semana.

Foi feito a tempestade no copo d'água. As coisas se resolveram. Vida que segue, com aprendizados. Por mais que a raiva e a frustração possam estar presentes, pilotos e dirigentes precisam refletir sobre quem são, quem eles representavam e o peso que possuem antes de qualquer declaração forte. Qualquer coisa fora do tom pode inflamar tanto o paddock quanto os fãs, e isso é muito perigoso.

Até!

domingo, 8 de julho de 2018

SEM HEXA

Foto: Getty Images
Mais uma vez largando na pole em casa, com a torcida empolgada pela grande campanha da Inglaterra na Copa do Mundo (de volta a semifinal após 28 anos) e com quatro vitórias seguidas nos últimos quatro anos, parecia tudo perfeito para Hamilton e os ingleses fazerem a festa. Não deu. A exemplo do Brasil na Copa, Hamilton vai ter que esperar para buscar a sexta vitória em Silverstone e se tornar o maior vencedor do GP da Inglaterra de forma isolada. A vantagem é que o inglês corre lá com o melhor carro todos os anos, então provavelmente é questão de (pouco) tempo para que isso seja alcançado.

Largando mal, caindo para terceiro e depois sendo atingido por Raikkonen, Hamilton caiu para a última posição. Teve que remar todo o pelotão para recuperar o que parecia um grande estrago para chegar em segundo. Controle de danos. Poderiam ser 26, mas agora são "apenas" oito pontos de desvantagem para o alemão da Ferrari, que segue líder do Mundial, assim como sua equipe nos construtores.

Diante do contexto, poderia se considerar uma atuação e situação satisfatória. Dos males o menor. O inglês conseguiu proporcionar um grande show para a torcida. Faltou a vitória. "Culpa" de Raikkonen, punido com dez segundos nos pits. Ao invés disso, Lewis e Toto Wolff preferiram partir para outro viés: a ira, a raiva e acusações. Os dois falaram que a Ferrari do finlandês bateu de propósito no #44, lembrando do ocorrido de duas semanas atrás entre Vettel e Bottas, na França. É compreensível esse sentimento, mas externar de forma pública é muito grave sem provas concretas. Com certeza é algo que vai perdurar nessa temporada, com diversos capítulos até o fim do ano.

Foto: Getty Images
Ao invés disso, poderiam ter respondido o porquê de, mais uma vez, a Mercedes se mostrar perdida com um Safety Car na pista (ou dois seguidos, no caso: acidentes de Ericsson e depois Sainz com Grosjean). Hamilton fez o pit stop, assim como Ferrari e Red Bull. Com pneus novos, teve condições de atacar a Ferrari e conseguiu ganhar a segunda posição de um Bottas que foi sacrificado pela equipe ao permanecer na pista com pneus duros desgastados. Perdeu a chance da vitória e ficou fora do pódio, tomando sufoco no final de um apagadíssimo Ricciardo, que chegou em quinto só porque Verstappen abandonou, com problemas no freio.

Bottas, aliás, simplesmente não conseguiu defender os ataques de Vettel. Mesmo com mais desgaste, um piloto da Mercedes não pode ser passado tão passivamente (ou surpreendido) pela Ferrari que só tinha ali o ponto de ultrapassagem para a vitória. Méritos de Vettel, evidentemente. Ultrapassagem de quem busca o penta e igualou o número de vitórias de Alain Prost (51). Raikkonen vem fazendo boas corridas. Se a Ferrari for lógica, vai renovar com o finlandês pelo simples fato de ter renovado quando ele realizava trabalhos pavorosos, apesar de ter, dessa vez, o fantasma Leclerc por perto.

Hulkenberg foi o melhor do resto, em sexto, seguido de Ocon. O francês cresceu demais nas últimas provas, superando o companheiro de equipe Pérez, que ficou em décimo após Gasly ser punido com acréscimo de cinco segundos no tempo final de prova por jogar o carro do mexicano fora da pista durante disputa nas últimas voltas. Alonso, a fênix que sempre aparece em lugares inóspitos sem nenhum explicação aparente. Com o errático Grosjean voltando a programação, Magnussen teve uma largada ruim e não conseguiu um grande resultado, apesar de manter a regularidade nos pontos.

Vandoorne só está conseguindo ficar a frente das Williams. Isso diz tudo. O carro é ruim, evidentemente, mas é preocupante como a cada corrida o belga, ao contrário de sua geração no futebol, não consegue dar respostas. Talvez nem para permanecer na McLaren, pois isso depende mais de Norris na F2 do que ele, mas em ir para uma outra equipe, a exemplo do que outros chutados pela equipe inglesa fizeram nos últimos anos (Pérez e Magnussen).

Confira a classificação final do Grande Prêmio da Inglaterra:


Até!

sexta-feira, 6 de julho de 2018

GP DA INGLATERRA - Programação

O Grande Prêmio da Inglaterra foi disputado pela primeira vez em 1948. Atualmente é disputado em Silverstone, perto da cidade de mesmo nome, em Northamptonshire. Juntamente com o GP Italiano, são as duas únicas corridas que figuram no calendário de todas as temporadas da Fórmula 1, desde 1950.

Já foi disputado em Aintree (1955, 1957, 1959, 1961 e 1962), Brands Hatch (1964, 1966, 1968, 1970, 1972, 1974, 1976, 1978, 1980, 1982, 1984 e 1986) e Silverstone (1950 até 1954, 1956, 1958, 1960, 1963, 1965, 1967, 1969, 1971 1973, 1975, 1977, 1979, 1981, 1983, 1985, 1987 - presente), que teve seu traçado reformado em 2010.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:30.621 (Mercedes, 2017)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:26.600 (Mercedes, 2017)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Jim Clark (1962, 1963, 1964, 1965, 1967), Alain Prost (1983, 1985, 1989, 1990 e 1993) e Lewis Hamilton (2008, 2014, 2015, 2016 e 2017) - 5x

SEM AJUDAS

Foto: Getty Images
Áustria, 2001 e 2002. Última volta. Rubinho na frente de Schumacher. Em nome do campeonato, o brasileiro teve que abrir pro alemão nas duas ocasiões. Dezesseis anos depois, a história se repete. Dessa vez, um alemão atrás de um finlandês. Em nome do campeonato, Vettel poderia estar agora quatro pontos a frente de Hamilton. Hoje, essa diferença pode parecer insignificante, mas no final do campeonato pode ser a diferença entre o penta e mais um vice-campeonato.

Não houve troca de posições, o que causou estranhamento para muitos, diante do histórico do modus operandi vermelho em priorizar o líder do time em detrimento do segundo. Questionado sobre isso, Vettel concordou com a decisão (ou ausência de decisão, melhor dizendo). Max venceu a corrida, pois ele merecia e ele não cometeu nenhum erro, então foi um grande desempenho dele. E Kimi fez tudo o que podia”, falou em entrevista ao canal ‘Sky Sports’.

“Eu estava tentando caçar os dois. Kimi estava acelerando o máximo que podia e eu estava acelerando o máximo que podia. Nós estávamos nos aproximando, mas não era o suficiente”, completou.

Ao invés disso, o alemão preferiu salientar que poderia ter alcançado um resultado melhor senão tivesse largado em sexto, fruto de uma punição dos comissários da FIA ao ter atrapalhado Carlos Sainz no qualyfing de sábado. “Eu consegui fazer a coisa certa, mas a corrida poderia ter sido um pouco melhor sem as posições no grid. Estou feliz com o pódio, mas havia mais para nós”, encerrou.


Fiquei surpreendido com a Ferrari não ter feito das suas, embora ache louvável. Que o resultado de pista seja mantido e respeitado. Isso pode, talvez, significar outra coisa: se Raikkonen fosse já um piloto descartado, certamente a ordem teria sido feita. Se isso não ocorreu, é possível que o finlandês ainda tenha lenha para queimar na equipe... e que Leclerc aguarde mais um ano, correndo na Haas. Será?

ELES FICAM

Foto: Getty Images
É o que Niki Lauda garante, embora ainda não haja nada oficial."Eu garanto que ano que vem Hamilton e Bottas vão pilotar pela Mercedes. Isso é certo", afirmou, durante entrevista para a 'ORF'.

Sobre Hamilton, as últimas informações saíram no mês passado. Segundo a imprensa europeia, o tetracampeão pode receber R$ 600 milhões por um acordo de dois anos. Bottas, por sua vez, já declarou meses atrás que gostaria de continuar na equipe alemã, de preferência com uma renovação maior do que apenas uma temporada.


Parece o caminho natural. Em time que está ganhando não se mexe, de maneira bem simples.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 146 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 145 pontos
3 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 101 pontos
4 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 96 pontos
5 - Max Verstappen (Red Bull) - 93 pontos
6 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 92 pontos
7 - Kevin Magnussen (Haas) - 37 pontos
8 - Fernando Alonso (McLaren) - 36 pontos
9 - Nico Hulkenberg (Renault) - 34 pontos
10- Carlos Sainz (Renault) - 28 pontos
11- Sérgio Pérez (Force India) - 23 pontos
12- Esteban Ocon (Force India) - 19 pontos
13- Pierre Gasly (Toro Rosso) - 18 pontos
14- Charles Leclerc (Sauber) - 13 pontos
15- Romain Grosjean (Haas) - 12 pontos
16- Stoffel Vandoorne (McLaren) - 8 pontos
17- Lance Stroll (Williams) - 4 pontos
18- Marcus Ericsson (Sauber) - 3 pontos
19- Brendon Hartley (Toro Rosso) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Ferrari - 247 pontos
2 - Mercedes - 237 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 189 pontos
4 - Renault - 62 pontos
5 - Haas Ferrari - 49 pontos
6 - McLaren Renault - 44 pontos
7 - Force India Mercedes - 42 pontos
8 - Toro Rosso Honda - 19 pontos
9 - Sauber Ferrari - 16 pontos
10- Williams Mercedes - 4 pontos


TRANSMISSÃO








quinta-feira, 5 de julho de 2018

CHOCOLATE AMARGO

Foto: LAT Images

Na semana onde vai correr para seus fãs em casa, no palco em que já conquistou 14 vitórias (a última com Hamilton, em 2008), a McLaren escancara a pior crise da história da equipe ao anunciar que Éric Boullier pediu demissão do cargo de chefão do time.

Após realizar bom trabalho na Lotus com Raikkonen e Grosjean, Boullier chegou na McLaren em 2014 ajudar na reestruturação do time de Woking, que passou 2013 inteira sem chegar ao pódio. No último ano com o motor Mercedes, o desempenho dos ingleses não foi bom: apenas um pódio na corrida inaugural da Austrália e uma McLaren muito distante do topo da classificação.

Com o passar do tempo e a chegada da Honda como nova parceira, a esperança era retomar o auge vivido no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 com os nipônicos. Como sabemos, isso tudo foi um total fracasso, que resultou no apequenamento da McLaren, enfiada no fundo do grid e cada vez mais com problemas financeiros, agravados pela ausência de um patrocinador máster desde a saída da Vodafone em 2012 e o rompimento com os japoneses no ano passado.

Com a Renault desde o início, acreditava-se que os problemas estavam resolvidos, pois era dito que o chassi era bom, mas o motor fraco e pouco confiável era o que atrapalha. Com um começo de temporada razoável, o que estamos vendo é a McLaren cada vez mais próxima do fundo do grid ao invés de se aproximar do pelotão intermediário.

Os resultados ruins já deixavam o ambiente tumultuado e a pressão grande em cima de Boullier. Parece que a pá de cal foi a informação publicada pela imprensa inglesa semanas atrás de que os funcionários e mecânicos da McLaren recebiam barrinhas de chocolate Freddo (ou “tortuguita britânica”) como recompensa ao cumprimento de metas alcançadas. Questionado, o francês achava graça da situação e chegou até a dizer que não sairia do cargo diante das especulações de um possível retorno de Martin Whitmarsh ao comando do time.

Freddo, a "tortuguita britânica": fonte de discórdia na McLaren e estopim para a queda de Boullier. Foto: Reprodução
Eis que 12 dias depois, Eric Boullier pediu demissão em anúncio divulgado hoje pela manhã pela McLaren. Zak Brown disse que não se sentiu surpreendido com a decisão que, segundo ele, não era descartada pelo próprio francês. Em meio a temporada, a McLaren já deixa claro que vai fazer uma nova reestruturação da equipe pensando nos próximos anos e praticamente jogando a toalha em relação a este.


A grande novidade de mais uma reestruturação da McLaren nos últimos dias é Andrea Stella, engenheiro que trabalhou com Alonso e veio pra equipe em 2015, sendo o novo diretor de performance. O brasileiro Gil de Ferran, que ano passado atuou como uma espécie de consultor de Alonso durante a preparação para a Indy 500, se transforma em diretor esportivo.

E não para por aí: Simon Roberts vai supervisionar as divisões de produção, engenharia e logística, enquanto Stella também vai ser o responsável pelas operações de pista.

Tal qual um time de futebol em crise, a McLaren mexe em todos os setores de forma quase imediata buscando resultados que parecem cada vez mais distantes de serem alcançados. No início de maio, Tim Goss foi demitido do cargo de diretor técnico. Ele estava na equipe desde 1990. Além disso, tanto tempo de administração arcaica e conservadora na mão de ferro de Ron Dennis também fez a McLaren não se modernizar e entender que os tempos haviam mudado, que não era mais possível pedir tanto dinheiro em patrocínio diante de uma recessão financeira mundial. Além disso, demanda-se um tempo para modernizar e se adequar uma nova gestão, “americana” no caso. Sem resultado e sem dinheiro, as coisas tendem a piorar.

E assim segue a McLaren, incerta em todas as funções, perdida e naufragando cada vez mais. Não se sabe se a equipe está mais interessada em outras categorias, ninguém sabe quem serão os pilotos para a próxima temporada e ninguém sabe o que o futuro reserva para o time de Woking. Uma bagunça total. Só falta a torcida protestar na sede. The peace is over and the future is unclear.

Até!

quarta-feira, 4 de julho de 2018

OS REIS DA INGLATERRA

Foto: AP
Esse post é praticamente um vídeos e curtinhas sem esse título porque achei o de cima melhor, mas o intuito é o mesmo. Aí vai!

No país onde foi realizada a primeira corrida da história da F1, hoje temos um triplo empate entre os três maiores vencedores do Grande Prêmio da Inglaterra. Até hoje, ele foi realizado em três circuitos diferentes: Silverstone, Brands Hatch e Aintree.

Jim Clark é o único que venceu nos três locais. O primeiro triunfo foi em Aintree, em 1962, guiando a Lotus. Ele acabou vencendo mais três vezes seguidas com a mesma equipe (em 1963 Silverstone, 1964 Brands Hatch e 1965 Silverstone outra vez), voltando a ganhar em Silverstone em 1967.



Foto: Motorsport
Entre os anos 1980 e 1990, Alain Prost conseguiu a proeza de igualar o recorde de Clark, vencendo com quatro equipes diferentes (Renault, McLaren, Ferrari e Williams) em 1983, 1985, 1989, 1990 e 1993, respectivamente.

Relembre a vitória de 1989 na McLaren, quando conquistou o tricampeonato, com direito a rodada do então companheiro de equipe e desafeto Ayrton Senna:


Foto: F1
Quinze anos depois da quinta vitória de Prost, um outro britânico começava em Silverstone uma trajetória de sucesso. Largando em quarto, Lewis Hamilton deu um show em casa, levando a torcida ao delírio para vencer pela primeira vez na Inglaterra, colocando mais de um minuto de vantagem para Nick Heidfeld e Rubens Barrichello, que completaram o pódio. Relembre:


Depois disso, Hamilton venceu as quatro últimas edições, correndo pela Mercedes.

Até!

terça-feira, 3 de julho de 2018

UM MÊS PARA SOBREVIVER - Parte 2

Foto: The Drive
Se os indianos conseguiram se sustentar nos últimos meses, talvez a história da Force India pode ter um final definitivo no fim desse mês. São as informações que circulam no paddock.

Como já relatado no texto de março, a equipe indiana segue com gravíssimos problemas financeiros, agravados diante dos altos custos da F1 e a falta de receitas. A negociação com uma empresa de bebidas não prosperou, e a situação continua periclitante.

Caso não haja um comprador, a Force India pode fechar as portas no fim do mês, porque a partir daí não vai ter mais nada nos cofres. No fim de semana, o CEO da Liberty e da F1 Chase Carey se reuniu com Bob Fenrley, chefe administrativo do time. Nos últimos meses, a equipe não está conseguindo pagar os fornecedores e nem o transporte dos equipamentos para os GPs. Situação semelhante a que viveu a Lotus em 2015, antes de ser comprada pela Renault.

Nos últimos anos, a Force India já recebia a premiação antecipada da temporada durante o ano. Entretanto, desde a chegada da Liberty Media ao comando da categoria que os indianos não recebem mais esse dinheiro adiantado. Agora, para fazer esse adiantamento, é necessária a aprovação de todas as equipes. Os indianos chegaram a pedir no início da temporada. Apenas a Williams vetou a ação.

A solução óbvia é a venda da equipe. Aí, entretanto, o buraco é mais embaixo. Vijay Mallya, o dono, está preso na Inglaterra e há anos se arrasta um processo para ser extraditado para a Índia. Uma das formas de compra da equipe é através das regras do compilance, que ficou mais rígida nos últimos anos ("é o conjunto de regras para que as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da empresa sejam cumpridas, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer", segundo explicação da reportagem do Voando Baixo no globoesporte.com)

Vijay Mallya, dono da Force India, onde acumulou dívidas e problemas com a justiça. Foto: Zimbio
Outro problema é a suspeita de que a Force India tenha dívidas ocultas, o que sempre é um risco para futuros investidores. A melhor possibilidade para que saia um negócio rápido seria Vijay pedir concordata para a Force India. Assim, a justiça britânica ficaria sob administração e evitaria justamente que algum possível interessado fosse surpreendido com essas tais possíveis dívidas ocultas.

Segundo a imprensa europeia, existem três interessados na equipe: um americano que tem ligações com John Malone, da Liberty Media, um russo e Andreas Weißenbacher, dono da BWT, empresa especializada em tecnologia de águas e atual patrocinadora principal do time. Um tempo atrás, chegou-se a cogitar que a Mercedes poderia entrar no negócio e transformar a Force India em uma "Mercedes B", a exemplo da Sauber com a Ferrari e da Toro Rosso com a Red Bull (se bem que Ocon está lá como forma de baratear o custo dos motores alemães no time).

É o primeiro pepino que a Liberty Media tem para lidar na sua administração. Ela, que pensa tanto em 2021, quando acaba o Pacto de Concódia, precisa dar um jeito de pensar e agir no agora, para evitar que a F1 tenha 18 carros a partir da segunda metade do ano. Do jeito que os custos estão e as equipes se movimentam, é cada vez mais real a "DTMtização" da categoria, com equipes de fábrica (Renault, Ferrari, Red Bull e Mercedes) e suas equipes satélites (Williams, Force India, Haas, Sauber, Toro Rosso) e a McLaren como uma "meia-satélite, meia-fábrica".

A Williams já disse que se as coisas não mudarem, vai pular fora também. A McLaren não está em situação confortável também. Ou seja, são mais do que necessárias medidas para baratear os custos e tornar a categoria suscetível de interesse para outras montadoras, que aguardam o que vai se desenrolar para 2021, adentrar na categoria. Não é a toa que o interesse de todas é a Fórmula E, mais barata, moderna e rentável.

Em suma: salvem a F1, por favor!

Até!


domingo, 1 de julho de 2018

BOM PARA QUASE TODO MUNDO

Foto: Getty Images
Depois da largada, quando Raikkonen passou Bottas, chegou a incomodar e depois perdeu as posições para a Red Bull, estava vendo a corrida apenas no automático. Com Hamilton abrindo para Verstappen e com Vettel largando mal e perdendo posições, apenas o imponderável poderia salvar a corrida do marasmo habitual.

Tal qual na Copa do Mundo, onde a maioria torce para os fracos em detrimento dos mais fortes, em questão de poucas horas duas gigantes caíram: a Espanha e a Mercedes. Aliás, o problema em Bottas teve fundamental importância para a boa corrida que tivemos hoje em Spielberg.

O problema no câmbio de Bottas foi o sinal amarelo para a Mercedes: quebra do novo carro em seu primeiro final de semana. Com o Virtual Safety Car acionado, Ferrari e Red Bull correram para os boxes e trocaram os pneus. Voltaram para a pista com menos desvantagem para Hamilton, que não parou. Impressiona como a Mercedes está batendo cabeça nas estratégias, principalmente quando acontece algo na pista. Sem saber se continuava ou não pista, o inglês já estava com os pneus desgastados e parou pouco depois, voltando para quarto. Desde então, Verstappen assumiu a ponta para não mais largar.

Foto: Reprodução
Ficar atrás dos outros, gerando turbulência e aumentando a temperatura do carro podem ter sido fatores que contribuíram para que Hamilton abandonasse com problemas no motor. Antes da VSC, o inglês caminhava para uma vitória tranquila. Os alemães não só perdem pontos importantíssimos para o campeonato como também deixaram Vettel, de atuação apagada, reassumir a liderança, agora com um ponto a mais.

Max teve uma atuação espetacular. Controlou a liderança com maestria, poupando os pneus e não deixando Raikkonen se aproximar na reta final para tentar a ultrapassagem. Depois da última bobagem em Mônaco, o holandês não errou mais. Está sendo consistente e vencendo Ricciardo, que hoje abandonou. Aliás, o tal novo motor Renault demonstrou ter sido um fracasso, pois Hulkenberg abandonou e Sainz sequer pontuou. Delírio da Red Bull, ao vencer em casa, e também da númerosa torcida holandesa, que invadiu mais ainda a Áustria e teria sido responsável pela grande comemoração do dia, não fosse a insanidade dos russos em Moscou depois da classificação diante da Espanha.

A Ferrari talvez foi a que tenha mais a que comemorar com os abandonos da Mercedes e do australiano. Raikkonen foi razoavelmente combativo, mas ficou a impressão de que se forçasse mais poderia ter vencido a prova. Impressionante como os pneus da Ferrari estavam durando mais. Vettel conseguiu chegar em terceiro e, estranhamente, os italianos não fizeram jogo de equipe para beneficiar o alemão. Três pontos a mais ou a menos podem decidir um campeonato. Será que eles pensaram nas críticas de 2001 e 2002 e recuaram?

Foto: Getty Images

O efeito dominó da Mercedes deu um boost para boa parte do grid. Por exemplo, Grosjean. Até então zerado, o francês conseguiu conquistar o melhor resultado da Haas até aqui, seguido por Magnussen. Era para isso ter acontecido na Austrália, se não fossem os erros nos pit stops. É definitivamente a quarta força do grid essa Ferrari de 2017... Na sequência, a dupla da Force India, com Ocon e Pérez. Pode ser uma das últimas corridas da equipe, ao menos com esse nome. Os problemas financeiros estão ficando cada vez piores e a chance do time acabar é mais do que provável.

Pra mim o piloto do dia é esse extraterrestre chamado Fernando Alonso. Com uma asa dianteira do ano passado, depois de ele e Vandoorne terem arrebentado nos treinos, o espanhol largou dos boxes para chegar numa inacreditável oitava posição, sem sequer ser mostrado durante a corrida. Como isso aconteceu? Isso só reforça o talento desperdiçado que o espanhol virou. Por outro lado, Vandoorne teve um toque na largada que comprometeu toda a sua corrida. Críticas pesadas ao belga. Só se Lando Norris não ganhar a F2 para que Stoffel se mantenha na equipe na F1, ao que tudo indica. Ainda acho as críticas excessivas, mas é fato que está devendo.

Até Ericsson pontuou, em 10°! Ficou atrás, como sempre, de Charles Leclerc. Uma coisa é certa: não vai ficar na Sauber ano que vem. Resta saber se vai para o próximo degrau, que é a Haas (no lugar de Grosjean, mesmo que o francês conquiste os pontos que não conseguiu até aqui) ou sobe vários de uma vez para aposentar Raikkonen e ser parceiro de Vettel.

Além de Mercedes e Renault, os perdedores de hoje foram a Williams (como sempre), a Toro Rosso e a Renault, que não pontuaram e tiveram problemas durante a corrida. Mais uma vez, o VSC salvou uma monótona corrida e a transformou em algo que nos entreteu. Veremos o que nos aguarda em Silverstone, na semana que vem, terra de Hamilton:

Confira a classificação final do GP da Áustria:


Até!