quarta-feira, 8 de junho de 2016

JEJUNS

Foto: F1Fanatic
13 de setembro de 2009. 2460 dias atrás. Essa foi a última vez que o Brasil venceu uma corrida de F1. Detalhe: Button e Raikkonen seguem na F1, e o vencedor foi Rubens Barrichello, que saiu da categoria já faz cinco anos. Vitória com a Brawn GP, que virou Mercedes...

Essa marca negativa superou o hiato brasileiro entre 7 de novembro de 1993 (vitória de Senna em Adelaide, Austrália) e 30 de julho de 2000 (vitória de Rubinho em Hockenheim, Alemanha). O país é o terceiro mais vencedor da história da categoria (101 triunfos), atrás do Reino Unido (248 vitórias) e Alemanha (163 vitórias). A perspectiva não é nada animadora.

Massa e Nasr não estão garantidos na F1 em 2017. Mesmo se permanecerem, dificilmente vencerão, pois suas equipes (ou possíveis escuderias) não oferecem carro para a vitória (salvo raras corridas malucas). O Felipe mais velho está nos seus últimos anos de F1 e dentro de alguns anos deve sair do circo. O caso do "Senna ao contrário" (rsrsrsrs) também é complexo. Sem equipamento, precisa impressionar os chefes de equipes como Renault e Williams para seguir na F1, por exemplo. Não é nada fácil. E o futuro?

Sem representantes na GP2 e na GP3, os jovens brasileiros poderão demorar alguns anos para ingressar na F1, isso se conseguirem. Teoricamente, o "ficha 1" é o jovem Sérgio Sette Câmara, que disputa a F3 europeia e é piloto da academia da Red Bull. Além dele, Pedro Piquet também disputa pela primeira vez a categoria depois do bicampeonato da F3 Brasil. Os outros dois jovens são Pietro Fittipaldi e Vitor Baptista (Fórmula V8 - Antiga Renault 3.5). Para impressionar empresários e equipes em geral, é preciso mostrar resultado desde o kart. Para mostrar o resultado, além de possuir bom capital familiar, é preciso o apoio de empresários e patrocinadores. Bem, aí está o problema.

Rubinho, vencendo pela primeira vez, em Hockeinheim, 2000. Foto: Flatout
Evidente que boa parte do público brasileiro deixou de assistir a F1 após a morte de Senna e a Era Schumacher. O velho saudosismo de sempre: "Era bom naquele tempo que os carros não faziam tanta diferença, tinha mais ultrapassagem, emoção, blá blá blá". Bobagem. Deixaram de ver porque o Brasil deixou de ganhar. Barrichello era um jovem piloto que foi alçado pela mídia leiga como a salvação da pátria. Com menos audiência e interesse, menos investimentos. Menos resultados. Menos pilotos ingressando nas categorias europeias. Menos pilotos chegavam as principais categorias do automobilismo europeu e mundial. E o resultado é esse, de forma geral e simples. Claro que a economia mudou e os custos e gastos são outros, mas também não houve nenhum esforço, tanto da iniciativa privada quanto da iniciativa pública (a última tentativa foi do próprio Massa, com a Fórmula Futuro em 2011 e 2012).

A única categoria de monoposto brasileira é a F3 Brasil, que é inferior aos certames europeus, mais estruturados e endinheirados. Com menos rodagem, os brasileiros sofrem para alcançar o ritmo competitivo inicial de outros certames da Europa. A pressão pelo resultado imediato afeta o desempenho, e muitos patrocinadores não seguem adiante. Tanto é que apenas o peso de alguns sobrenomes acabam convencendo as marcas a continuarem acreditando. O principal causa disso tudo é a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), onde o Lívio Oricchio escreveu um artigo brilhante e completo, explicando tudo o que eu jamais poderia escrever (LEIA AQUI).

Conclusão: O problema é estrutural. Enquanto o Brasil não oferecer mínimas condições de desenvolvimento do esporte a motor no país, será cada vez escasso o número de pilotos nas competições mundiais. Sem ingressar na F1, o jejum vai só aumentar... Hoje, são 2460 dias. Amanhã, 2461, e contando, contando...

OUTROS JEJUNS:

Foto: Bandeira Verde
Outros países tradicionais na F1 passam por uma seca até pior que a do Brasil. É o caso da França. A última vitória foi há 20 anos, no caótico e histórico GP de Mônaco de 1996. Olivier Panis, pilotando a francesa Ligier, venceu uma prova que apenas quatro carros completaram (além dele, Coulthard, Herbert e Frentzen). Apesar de ter Grosjean, os franceses perderam seu melhor talento, Jules Bianchi, que praticamente iria para a Ferrari no futuro não tão distante. Sobrou Grosjean na Haas, embora também não se descarte uma possível ida para a equipe do cavalinho rampante. Ah, e tem Vergne, sem equipe desde 2014. Relembre:



Foto: GP Expert
Embora os Italianos praticamente só deem atenção para a Ferrari, a última vez que um piloto italiano venceu foi na Malásia, dia 19 de março de 2006. Desde então ele e Trulli se aposentaram e nenhum piloto do país ingressou na F1 (a não ser Badoer como tampão da Ferrari em 2009 após o acidente de Massa). A grande esperança é Rafaelle Marciello, que está na GP2. Relembre a comemoração do Fisico:



Por enquanto é isso, até!

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