segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DIVÓRCIO ESPERADO

 

Foto: Reprodução/Rede Globo

Se confirmou o que era bem possível de acontecer, apesar das esperanças ainda continuarem. A Rede Globo confirma que não vai renovar o contrato de transmissão da Fórmula 1 e encerra uma parceria de mais de 40 anos na bandeirada do GP de Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro.

Esse post do mês passado ajuda a entender o que estava (e está) por trás dessas decisões e, agora, os nós começam a ser desfeitos. Em readequação financeira, a Globo está liberando profissionais e também abrindo mão de outras competições esportivas importantes. Ela também encerrou o contrato com a Conmebol e não vai mais transmitir a Copa Libertadores. Assim como a Liberty, a confederação sul-americana de futebol não aceitou renegociar o acordo assinado no passado. O motivo da Globo retroceder nos contratos é simples: com a alta do dólar, torna-se insustentável manter esses vencimentos.

Se a Libertadores, que é algo muito mais "importante" e foi sumariamente descartada, a Fórmula 1 não ficaria para trás, isso que não mencionei a briga na justiça para a Globo pagar menos para a Fifa as transmissões da Copa do Mundo do Catar, em 2022. Até isso está ameaçado. Essa crise do dólar com a televisão não é inédita e aconteceu no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando a crise econômica brasileira causou o fechamento de diversas empresas de comunicação, principalmente da então emergente televisão à cabo.

Analisando sob a perspectiva técnica, também não seria uma decisão surpreendente. Sem brasileiros desde 2018 e o domínio chato da Mercedes, é difícil cativar um fã médio com as corridas de atualmente. O produto não compensa. A audiência é boa, claro, existem muitos fãs da velocidade, mas o Brasil é forjado em heróis locais que lutam contra o mundo cruel e vencem e, convenhamos, vai demorar para surgir outro candidato a herói no esporte.

A exemplo do que fez com a Moto GP, a tal Rio Motorsports deseja comprar os direitos de transmissão da Fórmula 1 e repassar para o Grupo Disney, que em breve terá apenas a ESPN. A mesma Rio Motorsports que é dona do autódromo de Deodoro e negocia com a Liberty a inclusão do inexistente circuito no calendário da F1 nos próximos anos.

A saída da Fórmula 1 da Globo pode significar o fim do automobilismo como um esporte mainstream e a definitiva entrada como algo de nicho, tal qual a Moto GP, por exemplo, que também saiu da TV aberta e fincou raízes no SporTV e agora na Fox Sports. Tudo isso, é claro, é péssimo, e não estamos discutindo sobre o narrador a, b ou c ou o repórter ou o comentarista.

Sem a principal emissora do país por trás do esporte, a tendência é que toda a cadeia sofra e desmorone. Como co-organizadora do GP do Brasil em Interlagos, muito provavelmente o histórico autódromo perca força no embate e futuramente seja transformado em grandes condomínios e palco eventual para o Lollapalooza porque, afinal, sem a F1, a Stock Car e outros eventos nacionais não sustentam a conta.

Uma última esperança é que tudo isso seja um jogo, um blefe, para que no final tudo dê certo. A Band também não renovaria com a Indy e, na semana da abertura da temporada, tudo voltou ao normal.

Do contrário, caso isso se confirme, não só os telespectadores irão perder, mas sim o automobilismo nacional e todo seu ecossistema estarão gravemente feridos e diante de uma perspectiva nada animadora para o futuro.

Até!

domingo, 30 de agosto de 2020

SPA

 

Foto: Getty Images

Difícil ter uma corrida boa em 2020. A distância é muito grande. Spa, apesar de um circuito grandioso, padece do mesmo mal de Interlagos: corrida no seco é muito ruim. Hoje, foi mais uma corrida sem emoção, ou quase isso.

Bottas tentou atacar mas deve ter entendido que ele é apenas um segundão, que segura Verstappen e fica em segundo, menos no campeonato, onde está atrás do holandês. Max não tem carro e faz o que pode. Falta a Red Bull dar mais condições para Albon brigar, mas este não se ajuda.

A grande notícia do final de semana foi o bom desempenho da Renault. A tendência é de repetição no final de semana seguinte, em outra etapa com circuito rápida e uso constante do motor no giro máximo. Ricciardo ainda fez a melhor volta no final, mostrando um bom trato dos franceses nos pneus. Será que finalmente a Renault começa a acertar a mão? O australiano fica pensativo e o espanhol se anima...

Por falar em espanhol, Sainz sequer largou. Norris ficou atrás da Racing Point. Apesar do início fulminante, a McLaren parece menor do que em relação ao ano passado. E o pior: a cara do espanhol ao ver a situação da futura equipe, a Ferrari, diz tudo...

Pierre Gasly confirma a tese de que os pilotos da Red Bull pilotam melhor na Alpha Tauri do que o contrário. Ganhando posições, sendo agressivo, arrojado... junto com Ricciardo, o grande destaque do final de semana. 

A Ferrari... nunca tínhamos visto uma equipe tão perdida e ruim em todos os aspectos. Não há carro, reta, motor, chassi... Existiram momentos ruins nos anos 1990, mas desde 1980 não se via, em resultados, algo tão desanimador. E o pior: para o ano que vem vai ser a mesma coisa, graças a pandemia e o adiamento das novas regras. 13° e 14°. Isso é um escândalo. Um belo presente para os tifosi as próximas duas corridas em casa. Sorte que não tem público, ou apenas uma parte dele em Mugello.

O único momento de emoção foi o acidente de Giovinazzi, que ricocheteou para o meio da pista e o pneu, solto, atingiu Russell. Um susto. Mick Schumacher sorri por dentro, a estreia na F1 está cada vez mais próxima. O italiano, mesmo com um carro ruim, desperdiça as oportunidades a cada semana.

Apesar do calor na Europa e do macacão preto, que esquenta mais, na Bélgica Lewis Hamilton viveu um final de semana de Spa, de relaxamento. Tem sido assim nos últimos anos. Agora, só faltam duas vitórias para igualar Schumacher. Wakanda Forever.

Até!

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

VELOZES

 

Foto: Getty Images

Na clássica Spa Francorchamps, um circuito de alta, os motores vão fazer a diferença. É importante lembrar que a partir desta corrida não teremos mais o "modo festa" no Q3, o que em tese prejudica a Mercedes. Só em tese. Nos treinos de hoje, um equilíbrio muito grande entre Mercedes, Verstappen e até Ricciardo se atrevendo a andar entre os ponteiros.

No segundo pelotão, Racing Point e McLaren. A melhor equipe de motor Ferrari é a Alfa Romeo. A Ferrari está preparada para mais um fiasco na temporada. O fundo do poço é cada vez maior.Talvez isso possa provocar rupturas fortes para a sequência, com duas corridas na Itália.

Por falar em pistas, a FIA anunciou que a segunda corrida no Bahrein, o GP do Sakhir, será com o traçado utilizando o anel externo. Ou seja, uma pista de 3.700 metros, com média de 260 km/h e tempo de volta inferior a um minuto. 87 voltas. Ou seja, uma mini Indy. Pior para a Ferrari, que vai sofrer. Sorte dos italianos é que essa será a penúltima etapa da temporada e não vai valer nada praticamente, mas é muito legal esses circuitos/traçados diferentes em um ano tão atípico. Diria eu que esse é o grande atrativo da temporada.

Impossível não falar sobre a iminente fim da parceria entre Fórmula 1 e Globo no Brasil. Escrevi isso anteriormente no blog no mês passado e pretendo fazer um post mais elaborado na semana que vem. Um resumo: se isso realmente se confirmar (lembrem-se da Band e da Indy se acertando aos 45 do segundo tempo neste ano), é o fim do automobilismo como algo mainstream no país. Ele vai continuar com essa trajetória de esporte de nicho, onde só os malucos apaixonados é que vão acordar cedo para procurar links obscuros na internet para assistir. 

Em Spa, em uma pista veloz, a promessa é de algo talvez equilibrado, um ano após a morte de Anthoine Hubert na F2 no acidente envolvendo Juan Manuel Correa. Será emocionante, sem dúvidas. Que sejam velozes e não furiosos.

Confira os tempos dos treinos livres para o GP da Bélgica:






quinta-feira, 27 de agosto de 2020

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Getty Images

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)

Pole Position: Charles Leclerc - 1:42.519 (Ferrari, 2019)

Último vencedor: Charles Leclerc (Ferrari)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)


O JAPONÊS VEM AÍ 

Foto: Motorsport.com


Pelo jeito, é questão de tempo que a Fórmula 1 volte a ter um japonês no grid. Ausente desde a saída de Kobayashi na Caterham em 2014, a impressão ganha ares de quase certeza porque não foi qualquer um que falou, foi Franz Tost, o chefão da Alpha Tauri.

Trata-se de Yuki Tsunoda, de 20 anos de idade, campeão da F4 japonesa e piloto que conta com o apoio tanto da Honda quanto da Red Bull. Ou seja, é mais do que ideal que se encaixe na filial Alpha Tauri em breve. 

Atualmente em quarto na F2, o desempenho de Tsunoda impressiona Franz Tost, que afirmou que o jovem vai receber uma chance na equipe "cedo ou tarde".

“Acima de tudo, Red Bull e Honda apoiam o Tsunoda porque ele é um piloto fantástico. É um piloto muito talentoso, muito habilidoso, e isso já ficou claro na Fórmula 3 ano passado. Na Áustria esse ano [na F2] eu me lembro que ele estava liderando na chuva, mas infelizmente entrou tarde demais nos boxes por algum problema no rádio. Ele trocou os pneus tarde demais e terminou em segundo, mas aí chegamos em Silverstone e ele venceu.

“Ele está melhorando suas performances. Ele está cada vez mais experiente e, claro, cedo ou tarde o espero em um carro da AlphaTauri”, destacou.

A declaração de Tost vem num timing interessante, pois dias antes Helmut Marko, o consultor da Red Bull, afirmou que "Daniil Kvyat não está andando como esperávamos". Dos 14 pontos da Alpha Tauri no campeonato, 12 foram marcados por Pierre Gasly.

 Conhecendo Marko, não seria loucura considerar mais uma troca de pilotos em meio a uma temporada, mesmo em um ano atípico, o que significaria mais uma demissão de Kvyat. Bom, o que fica claro é que nem Tost está satisfeito com o russo e que é questão de tempo para Tsunoda chegar à F1. Credenciais técnicas e de bastidor ele possui, e de sobra. O japonês vem aí.

BANDEIRA BRANCA

Foto: Getty Images

Depois de protestos em todas as corridas da temporada, uma punição de 15 pontos e uma multa de 400 mil euros (R$ 2,5 milhões), a Renault finalmente pediu à FIA para retirar os protestos contra a arqui-inimiga Racing Point. O motivo? Os objetivos foram atingidos, principalmente após a assinatura do Pacto de Concórdia na semana passada.

“Além das decisões, os assuntos em questão eram vitais para a integridade da Fórmula 1 tanto durante a temporada atual quanto no futuro. Entretanto, um trabalho intenso e construtivo entre FIA, Renault e todos os acionistas da Fórmula 1 levaram a um progresso concreto para salvaguardar a originalidade do esporte com a ajuda das emendas feitas às Regras Esportivas e Técnicas planejadas para 2021, confirmando as exigências para se qualificar como Construtor.

“Alcançar nosso objetivo estratégico no contexto do novo Pacto da Concórdia era nossa prioridade. A controvérsia do começo da temporada deve ser colocada no passado, e precisamos focar no restante de um campeonato intenso e único”, disse a equipe francesa em nota.

As outras equipes acompanharam a Renault e pediram ampliação da pena. Helmut Marko foi mais além ao acusar a equipe rosa de ter recebido dados e desenhos da Mercedes. Bom, se a principal reclamante se deu por satisfeita, a tendência é que esse assunto seja finalmente esquecido, assim espero.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 132 pontos
2 - Max Verstappen (Red Bull) - 95 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 89 pontos
4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 45 pontos
5 - Lance Stroll (Racing Point) - 40 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 40 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 39 pontos
8 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 32 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 23 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 20 pontos
11- Sebastian Vettel (Ferrari) - 16 pontos
12- Esteban Ocon (Renault) - 16 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 14 pontos
14- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 6 pontos
15- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
16- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 221 pontos
2 - Red Bull Honda - 135 pontos
3 - Racing Point Mercedes - 63 pontos
4 - McLaren Renault - 62 pontos
5 - Ferrari - 61 pontos
6 - Renault - 36 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 16 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO

















terça-feira, 25 de agosto de 2020

VÍDEOS E CURTINHAS #40

 

Foto: Alfa Romeo

Salve, pessoal! Notícia é o que não falta para este post, então vamos lá, sem enrolação:

- Apesar de Callium Ilott ser o líder do campeonato e o estreante Robert Shwartzman ser o segundo melhor piloto da academia da Ferrari na F2, a tendência mesmo é que Mick Schumacher esteja na F1 em 2021. Pelo que disse Mattia Binotto, a intenção, é claro, que o Schumaquinho comece na Haas ou na Alfa Romeo, equipes parceiras dos italianos. Talvez fosse uma decisão óbvia, mas Mick vem se mostrando um piloto apenas comum na F2. 

Como escrito antes, Ilott está merecendo mais e Shwartzman é muito mais talentoso. Enfim, Mick vai subir pelo sobrenome como todos sabiam. O mais engraçado é que se o alemão conseguir um resultado espetacular nas primeiras corridas, ninguém vai lembrar do "histórico na base". Sainz Jr e Vandoorne estão aí para lembrar disso.

Foto: Getty Images

E a Williams finalmente foi vendida. O anúncio foi na semana passada. O fundo de investimento americano Dorilton Capital efetuou a compra, sem valores divulgados publicamente. Oficialmente, a Williams deixa de ser uma garagista, o fim de uma era. Francamente, a Williams que todo mundo conhecia acabou com o fim da parceria com a BMW. O que vimos nos últimos 15 anos foi uma triste decadência que levou até esse momento. Com esse tal fundo de investimento e o papai Latifi bancando tudo, os ingleses pelo menos irão sobreviver. Eu fico pensando: o que leva um fundo de investimentos a comprar uma equipe de Fórmula 1? Como são um fundo, duvido muito que estejam no jogo só para lavar dinheiro. Eu aposto que, dentro de alguns anos, irão passar o negócio adiante recebendo menos do que gastaram.

Foto: Racer

- Jean Todt e Roger Penske em Indianápolis, no final de semana. O presidente da FIA disse abertamente que gostaria que a F1 voltasse para o Brickyard, onde teve provas entre 2000 e 2007. Tudo depende, é claro, da Liberty, que certamente deve achar mais interessante correr nas ruas de Miami... ah, além disso, aposto que aquela curva com esses pneus farofa iam causar muito temor em alguns telespectadores mais frescos... volta, Indianápolis!

Foto: FIA

A FIA anunciou as últimas quatro datas da temporada 2020. Como surpreendente, temos o retorno do GP da Turquia, ausente desde 2011 e sempre lembrado como o palco da primeira vitória de Felipe Massa, o maior vencedor nesse circuito. Além disso, teremos duas corridas no Bahrein (o GP do Bahrein e o GP de Sakhir), com a temporada se encerrando, é claro, em Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro. Como escrito antes, é legal esse retorno a pistas esquecidas e que certamente nunca estarão de volta em situações normais. Seria bem legal se a Malásia retornasse. É um dos melhores traçados feitos pelo Tilke e faz falta no calendário. Confira as datas das corridas restantes na temporada 2020:

30/08 - GP da Bélgica
06/09 - GP da Itália
13/09 - GP da Toscana (Mugello)
27/09 - GP da Rússia
11/10 - GP de Eifel (Nurburgring)
25/10 - GP de Portugal
01/11 - GP de Emília-Romagna (Ímola)
15/11 - GP da Turquia
29/11 - GP do Bahrein
06/12 - GP de Sakhir
13/12 - GP de Abu Dhabi

Foto: Getty Images

Dono de uma boate na Sardenha, ele mandou reabrir em meio a pandemia. Lá, 60 pessoas, entre frequentadores e infectados, foram infectados com o covid. Depois, foi jogar bola numa pelada, sendo um dos jogadores Sinisa Mijalhovic, atual técnico do Bologna, que depois também esteve com covid.

Aos 70 anos, Flavio Briatore está internado em um hospital em Milão em estado grave em decorrência do coronavírus. Não duvide da gripezinha. Melhoras ao chefão, um dos malvados favoritos da história da F1.

Vídeos: hoje faz 35 anos da última vitória de Niki Lauda. Aproveite!

Como essa semana é o Grande Prêmio da Bélgica, impossível não postar a histórica ultrapassagem de Mika Hakkinen em Michael Schumacher há vinte anos:




Até!


domingo, 23 de agosto de 2020

SAMURAI SATO

 

Foto: CBS

No atípico ano de 2020, as 500 Milhas de Indianápolis aconteceram sem público e no penúltimo domingo de agosto. Tudo muito diferente, além da primeira edição com o horroroso Aeroscreen. Com a perda aerodinâmica, foi uma prova de poucas emoções e baseada na estratégia e, claro, nas amarelas.

Muitos novatos foram ao muro. Na ponta, o motor Honda dominava as ações. Dixon liderou boa parte das 200 voltas, seguido de perto por Sato e Rossi, com O'Ward, Rahal e Sato colados. Em uma das trocas, Rossi bateu em outro carro nos boxes e foi punido. Ao tentar escalar o pelotão, encontrou o muro. 

No último quarto da prova, na última rodada de pit stops, Sato parou antes de Dixon e, numa ultrapassagem por fora, começou a aumentar o ritmo. O neozelandês tentou atacar mas foi muito bem defendido pelo japonês. A corrida prometia um final eletrizante para essa disputa mas, faltando cinco voltas, Spencer Pigot, companheiro de Sato na RLL, bateu forte na quina do pitlane e, diante do estrago, não havia mais tempo para nada.

Segunda vitória do japonês no Brickward, conquistadas nas últimas quatro edições, a primeira da RLL desde 2004, quando Buddy Rice venceu. Apesar do gosto amargo de liderar a maior parte do tempo e mesmo assim não conseguir o segundo triunfo na Indy 500, Dixon aumentou a vantagem e se encaminha para o hexacampeonato na Indy. Graham Rahal foi o terceiro, seguido por Santino Ferrucci, com Newgarden em quinto (a primeira Chevrolet) e Pato O'Ward em sexto.

Foto: F1Mania

Uma das atrações, Alonso em nenhum momento flertou com a vitória, sequer com o primeiro pelotão. Largando em 26° com um carro muito ruim e um motor inferior ao da Honda (ah, a ironia do destino...), também teve problemas com a embreagem e levou uma volta do vencedor. Ao menos, dessa vez, o espanhol conseguiu largar e terminar a prova que ainda lhe resta para conquistar a Tríplice Coroa. Ao que tudo indica, esse sonho está adiado no mínimo até 2023, pois Alonso deixou claro que agora os próximos dois anos serão de foco total na Renault na F1. Valeu a tentativa e a experiência.

Os brasileiros Helio Castroneves e Tony Kanaan também disputaram a prova. No provável último ato com a Penske, Helinho foi o 19° e Tony, também em turnê de despedida, foi o 19°. Ficaram longe do primeiro pelotão, mas quem se importa? O problema é que, depois deles, não há mais nenhum brasileiro na categoria...

É louco pensar que se não fosse a afobação com Dario Franchitti em 2012, Sato agora teria 3 Indy 500 em casa, o mesmo número de Castroneves, por exemplo. Duas vitórias para o japonês que, aos 43 anos de idade, mostra que o auge pode sim ser mais tarde e em outras circunstâncias. Ele continuou dedicando o triunfo para o povo japonês e os acontecimentos do terremoto de quase uma década, em 2011.

Em um ano atípico, uma vitória normal. Uma pena que não houveram testemunhas oculares no Indianapolis Motor Speedway para saudar o Samurai Sato. Ele merece e muito.

Até!



segunda-feira, 17 de agosto de 2020

A QUESTÃO RED BULL: Parte 2

Foto: Getty Images

 Retomo a questão de duas semanas atrás porque ela vale a discussão, principalmente depois do acontecido de ontem. Sim, é verdade que o tailandês nascido e criado na Inglaterra não se ajuda, mas a Red Bull nem esconde que ele ou qualquer outro jovem que está na matriz serve apenas para engordar o cartel de Max e se queimar no médio/longo-prazo.

Usaram Albon de cobaia para Max. Anteciparam a parada e colocaram os pneus duros. Depois de algumas voltas, onde ficou evidente que aquilo não daria nada, é que pararam o holandês enquanto este esbravejava diante dos pneus se esfarelando. Claro que Max é a prioridade, mas Albon teve sua corrida terminada ali praticamente, chegando apenas em oitavo.

Sem contar a diferença de performance. Parece que são 3 Alpha Tauri e uma Red Bull. Se pudesse, os taurinos só colocariam Max na equipe principal. Tirando ele, Ricciardo e Vettel, todo mundo que ali chegou foi tostado sem dó nem piedade. A questão aqui é simples: Gasly parece andar melhor na Alpha Tauri do que na Red Bull. Não parece no mínimo estranho? Ele, Kvyat, Albon... que Max é melhor ninguém duvida, mas será que os três são realmente "idiotas" perto do holandês, como disse George Russell?

Não há ninguém na academia de pilotos que possa superar o trabalho desses três no momento, então o que fazer: demitir todo mundo e cada um brincar de segundo piloto da Red Bull a cada seis meses? Não seria melhor acabar com a Alpha Tauri, que só serve pra isso, e contratar um segundo piloto experiente que faça justamente isso que Albon faz mas de um jeito melhor, tipo um Pérez ou um Hulkenberg?

É simplesmente constrangedor e irritante ver carros razoáveis sendo desperdiçados por decisões políticas nefastas. Max não precisa disso e a própria Red Bull perde tempo e dinheiro com esse messianismo puro.

Até!