quinta-feira, 9 de julho de 2020

GP DA ESTÍRIA: Programação

A segunda edição do GP da Áustria deste ano foi nomeada como Grande Prêmio da Estíria, que o estado onde fica localizado o Red Bull Ring, em Spielberg.

Foto: Wikipédia

OS JOELHOS DA DISCÓRDIA

Foto: Getty Images
Capitaneados por Lewis Hamilton, a F1 realizou a manifestação antirracista que apoia o movimento Black Lives Matter, que voltou a tona mais forte ainda após o caso de assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos. No entanto, seis dos 20 pilotos resolveram não se ajoelhar e optaram por apenas vestir a camisa com os dizeres de "fim do racismo".

São eles Kimi Raikkonen, Max Verstappen, Charles Leclerc, Carlos Sainz, Daniil Kvyat e Antonio Giovinazzi. Um campeão mundial, duas estrelas e um futuro piloto da Ferrari. É claro que a questão gerou controvérsia e os seis pilotos foram duramente criticados por não aderirem ao movimento e não se posicionarem, embora Leclerc e Verstappen tenham se explicado nas redes sociais o motivo de não terem se ajoelhado.

Hamilton, um dos articuladores, disse estar feliz com o movimento e optou por não tecer comentários acerca dos "seis rebeldes", em declaração para a Autosport:

"Sinceramente, eu não sei os motivos e as opiniões de cada um. Eu sei que há opiniões diferentes entre alguns pilotos, mas isso é algo mais privado e não quero comentar. Acho que ninguém deveria ser forçado a se ajoelhar. Sou muito grato por aqueles que se ajoelharam comigo. É uma mensagem muito poderosa. Só que, decidir se ajoelhar ou não, não é isso que vai mudar o mundo”, destacou.

O inglês, ao invés de se preocupar com essa situação, ele alerta para que a F1 não pare apenas nesse gesto, priorizando ações e atitudes que realmente apresente resultados concretos a médio/longo-prazo.

“Se a gente vai seguir se ajoelhando, eu não sei se teremos outras oportunidades para isso. Certamente não durante os hinos. Acho ótimo que a F1, a Mercedes em particular, percebeu o problema que temos no mundo e resolveu fazer algo a respeito disso. No fim das contas, tudo que fizermos não será suficiente. Precisamos sempre fazer mais. Acho que tivemos maior conscientização nessas últimas semanas. O que nós realmente não precisamos é que isso morra por completo, desapareça e fiquemos sem mudanças”, encerrou.

Sinceramente? Polêmica vazia. Posicionamento não é se ajoelhar, e sim realmente fazer algo concreto, seja público ou não. Essa "histeria do posicionamento de acordo com o que eu penso" só serve para afastar possíveis pessoas que poderiam se interessar a contribuir mas ficam acuadas diante da agressividade e radicalismo dos ditos democráticos e empáticos. Que esse tipo de ato não se limite apenas a tentar agradar a bolha que pouco se importa e quer destruir a categoria. Para quem as pessoas devem se posicionar: para si ou para os outros porque "são pessoas públicas"?

ELES FICAM

Foto: MotorSport
É o que diz Ola Kallenus, CEO da Daimler, empresa-mãe da Mercedes. A revelação foi feita para a Sky Sports antes da largada para o GP da Áustria. 

Apesar da fala assertiva, Toto Wolff desconversa, apenas afirmando que essa sim é uma opção altamente provável. Nada foi assinado oficialmente com os dois pilotos até então
.
"Estou muito feliz com a dupla, em termos de velocidade, performance, mente e colaboração entre ambos, mas nenhuma decisão foi tomada ainda. Em teoria, ambas as vagas ainda estão livres. Mas é claro que Lewis vai ficar se ele quiser. E, depois de ontem, o mesmo vale para Valtteri", resumiu.

Time que está ganhando não se mexe. Bottas não incomoda Hamilton e pode ganhar algumas corridas lá e cá. Hamilton bate recordes e continua em evidência, assim como Toto Wolff e cia, mesmo que o grupo alemão apresente déficit ano após ano mesmo sendo campeões. E trocar Bottas por Russell é seis por meia dúzia, convenhamos.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 25 pontos
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 18 pontos
3 - Lando Norris (McLaren) - 16 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 12 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 10 pontos
6 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 8 pontos
7 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos
8 - Esteban Ocon (Renault) - 4 pontos
9 - Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
10- Sebastian Vettel (Ferrari) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 37 pontos
2 - McLaren Renault - 26 pontos
3 - Ferrari - 19 pontos
4 - Racing Point Mercedes - 8 pontos
5 - Alpha Tauri Honda - 6 pontos
6 - Renault - 4 pontos
7 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos

TRANSMISSÃO:







quarta-feira, 8 de julho de 2020

A ÚLTIMA DANÇA

Foto: Getty Images

Fernando Alonso está de volta. Ele não poderia sair da F1 simplesmente por ter as portas fechadas para tentar conquistar o tricampeonato. Aquilo estava na cara que era um até breve.

Isso permitiu para o espanhol olhar para o mundo além da principal categoria do automobilismo. Continuou tentando a Indy, onde fracassou ano pasasdo e tenta de novo nos próximos meses, foi bicampeão de Le Mans e campeão do WEC, vencedor de Daytona e se arriscou no Rali Dakar, no início do ano. É um currículo invejável. Ele precisava voltar. O espírito compulsivo e competitivo sempre fala mais alto. Ele não conseguiria dormir sem tentar de novo.

E tinha que ser na Renault, onde fez mais sucesso e vai para a terceira passagem, algo raro na F1. De cabeça, só me lembro dos casos de Clay Regazzoni na Ferrari, Nigel Mansell na Williams e o recente Daniil Kvyat na Toro Rosso/Alpha Tauri, mas todos esses são circunstâncias diferentes. Tinha que ser no palco onde foi bicampeão, agora sem o banido Briatore, que ainda é seu empresário.

Alonso é um cara competitivo. É óbvio que ele assinou pensando em disputar algo e não apenas brincar de F1 aos 40 anos. Certamente Ocon não vai ter vida fácil e as cobranças para que a Renault, pressionada por tantos resultados ruins nos últimos anos, finalmente acerte a mão. Alonso, Prost e Cyril Abiteboul no mesmo ambiente. Ou isso vai dar muito certo ou vai dar muito errado, mas quem se importa?

Alonso de volta à F1 e na Renault é um sopro de nostalgia gostosa em nossas cabeças. Como a série documental de Jordan e dos Bulls, agora seremos testemunhas da Última Dança de Fernando Alonso, no mínimo com dois anos de duração, igual quando sentimos o retorno de Schumacher para pilotar a Mercedes por três anos. Os resultados esportivos importam? Sim, é claro, mas a questão é maior: a nostalgia, as lembranças.

Se Raikkonen se aposentar no final do ano, Alonso será o único remanescente da geração da F1 2001, duas décadas depois. De lá pra cá, tanta coisa mudou nas nossas vidas... escrevi mais ou menos sobre isso lá em 2016 (como o tempo passa!). Os anos passaram, Alonso virou bicampeão, se envolveu em diversos escândalos, quase foi tri e depois foi perdendo força até o divórcio, em 2018. De lá pra cá, mudei de cidade, terminei a escola, a faculdade, comecei a narrar e um projeto de web rádio, sem falar no que o futuro reserva...

Igual Schumacher na Mercedes, Alonso nesse estágio final vai ser igual a terceira passagem de Jordan no basquete, quando foi para o Wizards: os resultados talvez fiquem em segundo plano. O importante é contemplar os últimos rastros de genialidades desses gênios que nos encantaram e participaram da nossa vida sem que eles sequer saibam. Tomara que Alonso consiga uma última pole ou um pódio pela Renault, talvez uma vitória, mas se não conseguir não tem problema, ninguém se importa.

O que vale é a nostalgia e apreciar o momento, a última dança de um dos maiores da história não só da F1, mas também do automobilismo.

Até!

terça-feira, 7 de julho de 2020

F1, LIBERTY, GLOBO E O GOVERNO

Foto: Reprodução
Semana passada, a Folha de São Paulo publicou que existem negociações adiantadas entre a Rio Motorsports e a Liberty Media para que o autódromo de Deodoro, que nem existe ainda (se é que vai existir), seja a sede do GP do Brasil a partir do ano que vem.

2020 é o último ano de contrato de Interlagos com a categoria. No entanto, diante da impossibilidade de correr nessa temporada em virtude do Coronavírus, pode existir a possibilidade de uma renovação automática por mais um ano, igual a Liberty fez com os outros circuitos que não puderam realizar corridas nesse ano.

A diferença monetária é gritante: a tal Rio Motorsports ofereceu 65 milhões de dólares para a FIA, enquanto que o governo de São Paulo/Interlagos mantiveram os 20 milhões anuais acordados há tempos, desde a Era Bernie Ecclestone, que tem um carinho especial pelo circuito. Não só ele, mas quem realmente gosta de automobilismo. A maioria dos pilotos discordou dessa mudança quando questionados no passado.

O suposto autódromo de Deodoro, cujo nome seria Autódromo Ayrton Senna (originalidade nota 10) é administrado pela Rio Motorsports, cujo CEO é JR Pereira. Na semana passada, ele e Carol Sponza, Diretora de Assuntos Institucionais da Rio Motorsports, se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro para falar sobre as pendências que restam para que a obra no circuito seja realizada. O presidente é favorável ao circuito carioca desde quando foi anunciado o projeto, antes mesmo de ser eleito Presidente da República. Agora, então, certamente deve estar ainda mais comprometido com isso após a rixa com o então "aliado" João Doria, governador de São Paulo, mesmo que a situação com Wilson Witzel, governador carioca, seja até pior.

A Prefeitura do Rio já deu o ok, mas o contrato ainda não foi assinado porque ainda não existe aprovado um plano de estudo de impacto ambiental no local onde pode ser construído o autódromo. É um espaço ambiental, onde fica a Floresta do Camboatá, e certamente o ecossistema na região seria impactado, por isso o questionamento de grupos ambientais e políticos.

Floresta do Camboatá, local onde pode ser construído o Autódromo de Deodoro. Foto: O Globo
A questão de um novo autódromo no Rio é antiga, desde quando Jacarepaguá foi demolido para as Olímpiadas de 2016. Em 2012, o exército cedeu um terreno para a construção de um autódromo. No entanto, foram descobertos artefatos bélicos não detonados no local, como armas e munições, e começou um lento processo de retirada dos materiais pelo Exército.

A Floresta do Camboatá é uma de área de 201 hectares, sendo 169 deles compostos por vegetação árborea, segundo relatório realizado pela Diretoria de Pesquisas Científicas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro a pedido do Ministério Público Federal e, claro, uma boa parte da floresta seria afetada com a construção do autódromo. Segundo pesquisas, a área destinada para o circuito de Deodoro ocuparia 150 hectares. Se cada hectare tem 1.053 árvores, teriam que ser derrubadas no mínimo quase 160 mil árvores para a construção do circuito, o que liquidaria de vez com a floresta e todo o ecossistema da região.

O contrato só pode ser assinado quando for realizada uma audiência pública sobre o estudo, que foi suspensa em virtude do coronavírus e também por uma decisão judicial.

Projeto de Deodoro, com o traçado assinado por Hermann Tilke. Foto: Divulgação

Bom, se considerarmos que tudo seja assinado e confirmado, mesmo assim parece improvável que façam uma obra dessa em 18 meses, ainda mais no Brasil, certo? Então por que a insistência e o apoio do governo federal a um projeto que tem mais prós do que contras? Isso que nem vou entrar muito na questão financeira...

A questão é simples: na mesma reunião, também foi discutida a participação da Rio Motorsports em comprar os direitos de transmissão da F1, com o apoio do governo, é claro (e imagino que vocês saibam o porquê). Esse é o último ano de contrato da Globo com a agora Liberty, que ainda não foi renovado. Bernie já deu várias concessões para a emissora em virtude da longevidade e de, na época, a cobertura massiva da dupla Galvão Bueno e Reginaldo Leme.

Agora, sob nova direção, a Liberty exige contrapartidas: 22 milhões de dólares anuais e a entrada da F1 TV, streaming da categoria, no país. No contrato atual, a Globo ainda detém os direitos de TV e internet, mas certamente vai perder isso no próximo ciclo, se aceitar. A Globo aceita pagar apenas 20 milhões.

Dizem, que se a Rio Motorsports pagar o que a Liberty deseja, a transmissão seria repassada para o Grupo Disney, que agora são os canais Fox Sports e ESPN em âmbito esportivo. Seria o fim definitivo da categoria sendo transmitida em TV aberta, ao menos por agora. Tudo isso seria uma jogada do governo para atingir dois inimigos de uma vez: a Rede Globo e João Doria.

Bom, nem é preciso falar sobre as consequências terríveis que a construção de um circuito caríssimo em uma área de preservação ambiental vai acarretar para o estado, seja criminal ou financeiramente. Me surpreende a Liberty cair nesse papo, mas o bigodudo não é flor que se cheire. Interlagos é uma estrutura pronta e um dos circuitos preferidos e tradicionais da F1. Tirá-lo de lá é tirar uma história da categoria, mas sabemos que o Brasil não se importa muito com isso. É uma terra de ignorantes.

Pra finalizar, sobre as transmissões: duvido muito que a Globo não renove com a Liberty. Ela ganha uma grana altíssima dos patrocinadores, exibidos no horário nobre da TV brasileira (intervalo do Jornal Nacional) e ainda tem o apoio de figuras influentes na emissora, como Galvão Bueno.

É evidente que a F1 é um elefante na sala da atual Globo: o que um esporte de ricos e "poluente" tem a ver com o editorial da emissora, liberal na economia e progressista nos costumes por que isso dá dinheiro? A transmissão é porca. Os treinos não passam desde 2014, nem o pódio é mais transmitido... mas ainda assim é melhor que permaneça por lá do que entrar em uma aventura apenas por birra. Os clubes que romperam com a Globo para assinar com a Turner entendem do que estou falando...

Além do que, um dos canais da Disney vai ser extinto em breve. Considerando que o futebol internacional é o carro-chefe, alguém realmente acredita que o produto seria tão melhor valorizado assim? Vai ter repórteres e uma equipe nos autódromos? As corridas não irão ficar em segundo plano para que seja transmitido Brighton x Watford pela Premier League?

Nada disso faz sentido. O atual não é nada bom, mas o futuro pode ser muito pior.

Até!

segunda-feira, 6 de julho de 2020

E ASSIM O MUNDO SEGUE...

Foto: MotorSport

Como diz aquele meme: "as expectativas eram baixas mas puta merda". Os testes de pré-temporada e as próprias declarações contundentes de todos já denunciavam que algo estava errado e não era blefe. A Ferrari, ao tentar tirar um pouco de velocidade de reta e melhorar nas curvas, conseguiu piorar as duas coisas. Perdeu a mão.

Isso, ligado ao polêmico acordo com a FIA acerca dos motores do ano passado levantam suspeitas sobre o quão no regulamento estava essa situação toda. Coincidência ou não, Haas e Alfa Romeo hoje só superam a Williams e a própria Ferrari começa a brigar de foice no escuro com Racing Point e McLaren.

A partir do momento que Vettel foi o 11° no Q2, me caiu a ficha e entendi a contratação de Sainz. Em virtude dos acontecimentos e consequências do covid, a Ferrari não tinha perdido apenas o ano de 2020, o que era esperado, mas também 2021. Mesmo sendo a Ferrari, a perda de dinheiro seria grande. Isso, aliado com os rendimentos do piloto alemão que já não são mais condizentes com sua atual capacidade, fizeram com que os italianos optassem por não renovar o vinculo e optar pela escolha do barato Carlos Sainz, um acumulador de pontos mais do que necessário nesse curto-prazo.

Isso tudo, é claro, capitaneado pelo talentoso Leclerc. Em uma corrida de exceção, onde era necessário oportunismo, o monegasco aproveitou a chance e tirou um segundo lugar da cartola que parece improvável para o resto da temporada, mais do que nunca justificando as escolhas da Ferrari.

Para as corridas seguintes, Binotto e cia já avisaram: não vai ter atualizações. O jeito é correr com isso aí e tirar o que pode do carro, principalmente Leclerc, até porque Vettel já está em tom de despedida da categoria. Assim como o alemão, a Ferrari está ladeira abaixo.

Quem deve ser cobrado por uma organização, a mais rica, popular e influente politicamente não ganhar nada há 13 ou 14 anos, já contando com o ano que vem? A verdade é que a Ferrari sempre foi uma bagunça, tirando a era Schumacher, Ross Brawn e Jean Todt e talvez mais tarde lá com Niki Lauda.

E o assim o mundo (da Ferrari) segue: ladeira abaixo, clamando por um líder que resolva todos os males do mundo (da Ferrari).

domingo, 5 de julho de 2020

PARTICULARIDADES

Foto: Getty Images
Como todos sabem, esse é um ano diferente. No entanto, apesar das particularidades, o resultado final não será o mesmo.

Toto Wolff fez o drama habitual de destacar que os dois carros poderiam ter abandonado e que foi tudo no sacrifício. Mesmo assim, no limite, as flechas de prata definitivamente não tem um adversário a não ser o imponderável.

Quem poderia ameaçar algo era Verstappen, traído por um problema no motor Honda. A partir dali, Hamilton pressionava e ficava aquele clima de que era questão de tempo para Lewis, punido por ter passado as quatro rodas fora do limite da pista no treino (qual a dificuldade de colocar brita/grama nesses lugares?) no sábado, assumir a ponta e vencer. 

É até raro o imponderável aparecer de forma tão contundente numa era de carros que dificilmente quebram. Seria um fator ficar oito meses sem corrida e desde fevereiro sem mexer nos carros? Os dois carros da Haas que o digam, e assim a corrida ganhou outros contornos.

Enquanto a Mercedes nada de braçada, existe uma briga encarniçada pelas outras posições, tirando Verstappen. Albon, Racing Point, McLaren, Leclerc e talvez Ricciardo, tudo no mesmo ritmo. Vai depender do dia, da pista e das especificidades. 

Hoje, a Mercedes apostou em uma parada, assim como Pérez. Albon, por outro lado, colocou os macios e foi pra cima. Com o Safety Car e faltando poucas voltas, era a chance não só do primeiro pódio mas também da primeira vitória só que, outra vez, havia um Lewis Hamilton no caminho.

Foto: Getty Images
A punição é justa, mas ficou barato para Hamilton. Sou contra essa punição de acrescer tempo no final. Isso beneficia o infrator. Basta fazer uma bobagem qualquer, meter uma vantagem gigantesca que esses segundos acrescidos não significam nada. Apenas um bom Drive Through resolve essa equação de maneira justa. Pior para a Albon, que caiu para o final do grid e depois abandonou. Outra chance de brilhar desperdiçada. Ele não é totalmente inocente. Poderia muito ter esperado mais um pouco e pagou pela inexperiência mas faz parte do processo. É fácil ser engenheiro de obra pronta.

Essa aberração fez, por exemplo, Hamilton quase garantir o pódio. Só não foi porque Norris conseguiu voar no final para o primeiro pódio na carreira. Tudo conspirava mais uma vez para Pérez, mas a Racing Point falhou na estratégia e o mexicano perdeu espaço. Ainda por cima, foi punido por acelerar demais nos boxes. Com o abandono de Stroll, o time do pai Lawrence fez menos pontos do que se esperava.

Voltando para Norris: depois de uma estreia precoce ano passado, onde foi razoavelmente bem, o britânico badalado já começa com tudo em 2020. Importante destacar que a McLaren, com problemas na pré-temporada e problemas financeiros consegue um resultado enorme, importantíssimo nessa disputa encarniçada no bloco intermediário durante todo o ano. Norris também teve coragem e talento para ultrapassar na hora certa e não se contentar com um quarto lugar, brecando Sainz além, claro, de tirar um enorme peso das costas, o do primeiro pódio.

Em segundo ficou a surpreendente Ferrari. Vou tentar escrever mais sobre eles amanhã, mas a situação já é pública: os próximos dois anos serão perdidos. O pódio caiu do céu graças ao oportunismo e talento do monegasco. A incompetência e falta de comando características dos italianos. Vettel, por sua vez, começa a turnê de despedida rodando como sempre e com um constrangedor décimo lugar em uma corrida onde apenas onze completaram. 

Tirando Latifi, que quase estreia com um pontinho, os sobreviventes foram Gasly, Ocon e Giovinazzi. Haas e Alfa Romeo parecem coladas com a Williams na lanterna e a Alpha Tauri parece descolada do grande pelotão intermediário. Vou dar um desconto para o francês porque ele é talentoso e está sem ritmo de corrida. Com a saída de Ricciardo, é natural que cresça e volte a boa forma. Pelo menos é isso que a Renault espera.

Foto: Getty Images
O novo pódio. Interessante que mesmo todo mundo respeitando o distanciamento, o momento de emoção é incomparável. Que o protocolo vá para o inferno. Foi assim que pensou Norris ao abraçar uma eufórica equipe de engenheiros e do chefe/empresário Zak Brown.

Em uma temporada que ninguém sabe o quão próxima do fim ela está, Bottas abre uma vantagem interessante, mas isso não é um drama para Hamilton, favoritaço e pronto para fazer história mais uma vez. No entanto, o desempenho dele na Áustria não é dos mais empolgantes. Para a semana que vem, não pode dar sopa para o azar. Bem que poderiam fazer um traçado invertido para tentar tornar tudo mais interessante, não?

Afinal, só o imponderável pode ameaçar a Mercedes. As particularidades, claro.

Confira o resultado do Grande Prêmio da Áustria:


Até!



sexta-feira, 3 de julho de 2020

AQUECENDO

Foto: Getty Images
Nunca ficamos tanto tempo sem a Fórmula 1: 7 meses. Quis o destino que por aqui estivesse com as temperaturas mais baixas do ano justo agora, o que não foi convidativo para acordar às 6 da manhã. Às 10, na base do sacrifício, foi possível.

Num primeiro momento, parece que pouco importa a ordem dos carros, a questão das forças e os prognósticos. Só queremos carros acelerando, onboards e rodadas. Depois que nos reambientamos, aí sim o senso crítico começa a funcionar de novo.

Nada vai parar a Mercedes, com ou sem o DAS. Parece que a vantagem aumentou ainda mais. A Red Bull vem com um novo motor Honda mas ainda esconde o jogo. Parece ser a segunda força. A Racing Point, aka Mercedes B, começa muito bem, pronta para incomodar a Ferrari e estar a frente de Renault e McLaren. A questão é quanto tempo isso vai durar porque certamente a equipe não vai ter como manter essa condição diante da atualização dos times mais ricos.

A Ferrari entendeu que será a terceira força em 2020. Uma despedida melancólica para Vettel e uma freada em Leclerc. Estão mais próximos do pelotão intermediário do que do topo. Alpha Tauri, Alfa Romeo e Haas parece um pouco atrás. A Williams já parece um carro de F2.

Resumindo: aguardamos tanto tempo mas nada vai mudar. É frustrante, mas todo mundo sabia, apesar da pausa ter esquecido. E assim seguimos, ao menos aquecendo. Se o domínio for tão grande, ninguém se importaria que a temporada se resumisse a oito corridas, não é mesmo? Ainda mais porque Toto Wolff já deixou escapar que dificilmente a F1 vai ir para as Américas em 2020, mas isso é assunto para outro post.

Confira a classificação dos treinos livres do GP da Áustria:



Até!

quinta-feira, 2 de julho de 2020

GP DA ÁUSTRIA: Programação

O circo da Fórmula 1 voltou a Áustria em 2014, após a Red Bull comprar e reformular o complexo que abriga o circuito, rebatizando-o de Red Bull Ring. A prova não acontecia no país desde 2003.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Kimi Raikkonen - 1:06.957 (Ferrari, 2018)
Pole Position: Charles Leclerc - 1:03.003 (Ferrari, 2019)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Alain Prost - 3x (1983, 1985 e 1986)

É A NOVA ERA

Foto: Reprodução/Williams
A decadência da Williams vinha a todo vapor desde o fim da parceria com a BMW. No entanto, a equipe ganhou um suspiro após assinar com a Mercedes para 2014 quando os alemães tinham um motor muito superior aos demais.

Com o tempo, a equipe foi decaindo de novo até chegar abaixo do fundo do poço. Atolada no final do grid e com dívidas, a família se viu obrigada a mudar o rumo: o fim da equipe, ou então um novo modelo de administração.

Colocar o time a venda para os investidores foi, segundo Claire Williams, cogitado semanas antes do anúncio público:

“Nosso desejo principal é encontrar o melhor resultado para a equipe. Se isso significar uma venda completa, tudo bem. Se isso significar a venda da maioria [das ações] como um caminho para uma venda completa, que assim seja. Ou se isso significar que alguém queira entrar e trabalhar ao nosso lado, fantástico! Provavelmente, poderíamos juntar os fundos para continuar, mas já fazemos isso há tempos. Está na hora da mudança”, reforçou.

A aposta da Williams é a partir do ano que vem, quando entra em vigor o teto orçamentário, o que pode permitir ao time uma disputa maior pelas posições no grid.

No entanto, até chegar a esse nível, o FW43 pode melhorar mas não será o bastante. O brilho no olhar está evidentemente para o futuro. Claire se diz animada com o potencial dos possíveis novos investidores.


O problema da Williams é administrativo. Claire não está capacitada para o cargo, bem como os pares que foram ali colocados nos últimos anos. Não há investimento que se salve se isso não for entendido.


DE SAÍDA? SIM. É IMPORTANTE? TAMBÉM

Foto: Getty Images
É o que diz o chefão Cyril Abiteboul sobre Daniel Ricciardo. Apesar de estar rumo à McLaren, o australiano vai continuar participando do desenvolvimento do carro desse ano, o que significa que Esteban Ocon não será privilegiado.

“Não vai haver nenhum tratamento preferencial entre Esteban e Daniel na esteira da decisão dele, porque não é a política do time. Sejamos honestos, também não é uma necessidade, já que não estamos lutando pelo campeonato no momento. Não faria absolutamente nenhum sentido, e Daniel estará envolvido no processo de desenvolvimento do carro”, afirmou.

Ricciardo passou por situação semelhante há dois anos, quando anunciou a saída da Red Bull para a equipe francesa. Todavia, ele se diz acostumado e que, apesar do clima de despedida, o foco será redobrado no retorno ao trabalho:

“Talvez no primeiro encontro com algumas pessoas no time possa ter aquele momento de, talvez, não sei se a palavra é constrangimento, mas eu passei por isso há alguns anos. Mas, de fato, acho que, como o tempo passou desde a notícia e eu falei, se já não vi, com alguns dos membros do time, acho que é realmente a volta ao trabalho”, disse.

Que o profissionalismo existe, isso não há dúvida, mas ninguém é bobo. Não faz sentido dar prioridade ou que alguém que não vai estar na organização saiba de pormenores relacionados ao ano que vem. Isso é conversa pra boi dormir. Não será surpreendente, diria eu até provável que gradualmente o francês vai passar a andar mais rápido ou vai ter menos problemas no carro. É assim que funciona.

TRANSMISSÃO