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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

NOVAS CASAS?

 

Foto: Divulgação

No meio desse imbróglio, um novo e já esperado capítulo. Conforme antecipado há dois meses aqui, a tal da Rio Motorsports adquiriu os direitos de transmissão da F1 nos próximos cinco anos, em acordo já confirmado com a Liberty Media. 

A novidade nessa parada é a definitiva chegada da F1 TV Pro, o streaming da categoria que os brasileiros não tinham acesso em virtude do contrato com a Globo. Lá, o fã pode assinar e ter acesso a onboards, câmeras, narrações e transmissões sobre tudo o que acontece na Fórmula 1, o que ele antes não tinha até o final de 2020.

Pois bem, a Rio Motorsports deve repassar os direitos para as emissoras de televisão que tiverem interesse na categoria, se a lógica for mantida. A mesma coisa foi feita com a MotoGP. A empresa repassou para o Grupo Disney e nos próximos seis anos, contando com 2020, é lá que todos podem ver as peripécias de Valentino Rossi, Marc Márquez (a partir de 2021) e companhia limitada.

O porém é que, na verdade, o Rio Motorsports tem 45 dias para apresentar as garantias bancárias que sacramentem o acordo. A empresa deu um calote na MotoGP. O Grupo Disney, por intermédio da ESPN da Argentina, foi quem fez os pagamentos a Dorna e manteve a categoria na grade do canal.

O dono, JR Pereira, recentemente também esteve interessado em comprar a Fox Sports, que em breve vai deixar de existir após a fusão com a ESPN. O Cade também fez a mesma pergunta: e as garantias? Até hoje elas nunca foram apresentadas.

Certamente a diferença entre o valor de transmissão entre a F1 e a MotoGP é gritante. Se um novo calote for dado, qual a emissora televisiva que terá condições de pagar o que a Liberty deseja? Aliás, será que vai ter algum canal, seja ele de TV aberta ou fechada, que vai querer a F1 nessas condições? O Grupo Disney, que agora possui a MotoGP, seria um candidato natural, mas e as TVs abertas? Quem pode e tem interesse no produto? Difícil responder.

A Rio Motorsports tem, como todos previam, a posse da Fórmula 1 e do autódromo de Deodoro, que fica no meio da floresta de Camboatá e ninguém tem a mínima ideia do que vai aconteccer por lá.

Como também foi escrito há alguns meses, aparentemente a Liberty Media acredita no poder da palavra nos acordos. "Se nos prometem é porque podem fazer. Por que nos enganariam?", deve pensar alguém com um altruísmo, inocência e bom senso comoventes.

Ao mesmo tempo que a F1 pode ter caras novas na TV e nas pistas aqui em terra brasilis, ela também pode ter sofrido um golpe. Ao tentar sair de um apartamento no subúrbio para buscar algo melhor, infelizmente são grandes as chances da F1 e dos fãs aqui no Brasil acabarem na sarjeta, de baixo do viaduto, a Deus dará. 

Até!

terça-feira, 7 de julho de 2020

F1, LIBERTY, GLOBO E O GOVERNO

Foto: Reprodução
Semana passada, a Folha de São Paulo publicou que existem negociações adiantadas entre a Rio Motorsports e a Liberty Media para que o autódromo de Deodoro, que nem existe ainda (se é que vai existir), seja a sede do GP do Brasil a partir do ano que vem.

2020 é o último ano de contrato de Interlagos com a categoria. No entanto, diante da impossibilidade de correr nessa temporada em virtude do Coronavírus, pode existir a possibilidade de uma renovação automática por mais um ano, igual a Liberty fez com os outros circuitos que não puderam realizar corridas nesse ano.

A diferença monetária é gritante: a tal Rio Motorsports ofereceu 65 milhões de dólares para a FIA, enquanto que o governo de São Paulo/Interlagos mantiveram os 20 milhões anuais acordados há tempos, desde a Era Bernie Ecclestone, que tem um carinho especial pelo circuito. Não só ele, mas quem realmente gosta de automobilismo. A maioria dos pilotos discordou dessa mudança quando questionados no passado.

O suposto autódromo de Deodoro, cujo nome seria Autódromo Ayrton Senna (originalidade nota 10) é administrado pela Rio Motorsports, cujo CEO é JR Pereira. Na semana passada, ele e Carol Sponza, Diretora de Assuntos Institucionais da Rio Motorsports, se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro para falar sobre as pendências que restam para que a obra no circuito seja realizada. O presidente é favorável ao circuito carioca desde quando foi anunciado o projeto, antes mesmo de ser eleito Presidente da República. Agora, então, certamente deve estar ainda mais comprometido com isso após a rixa com o então "aliado" João Doria, governador de São Paulo, mesmo que a situação com Wilson Witzel, governador carioca, seja até pior.

A Prefeitura do Rio já deu o ok, mas o contrato ainda não foi assinado porque ainda não existe aprovado um plano de estudo de impacto ambiental no local onde pode ser construído o autódromo. É um espaço ambiental, onde fica a Floresta do Camboatá, e certamente o ecossistema na região seria impactado, por isso o questionamento de grupos ambientais e políticos.

Floresta do Camboatá, local onde pode ser construído o Autódromo de Deodoro. Foto: O Globo
A questão de um novo autódromo no Rio é antiga, desde quando Jacarepaguá foi demolido para as Olímpiadas de 2016. Em 2012, o exército cedeu um terreno para a construção de um autódromo. No entanto, foram descobertos artefatos bélicos não detonados no local, como armas e munições, e começou um lento processo de retirada dos materiais pelo Exército.

A Floresta do Camboatá é uma de área de 201 hectares, sendo 169 deles compostos por vegetação árborea, segundo relatório realizado pela Diretoria de Pesquisas Científicas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro a pedido do Ministério Público Federal e, claro, uma boa parte da floresta seria afetada com a construção do autódromo. Segundo pesquisas, a área destinada para o circuito de Deodoro ocuparia 150 hectares. Se cada hectare tem 1.053 árvores, teriam que ser derrubadas no mínimo quase 160 mil árvores para a construção do circuito, o que liquidaria de vez com a floresta e todo o ecossistema da região.

O contrato só pode ser assinado quando for realizada uma audiência pública sobre o estudo, que foi suspensa em virtude do coronavírus e também por uma decisão judicial.

Projeto de Deodoro, com o traçado assinado por Hermann Tilke. Foto: Divulgação

Bom, se considerarmos que tudo seja assinado e confirmado, mesmo assim parece improvável que façam uma obra dessa em 18 meses, ainda mais no Brasil, certo? Então por que a insistência e o apoio do governo federal a um projeto que tem mais prós do que contras? Isso que nem vou entrar muito na questão financeira...

A questão é simples: na mesma reunião, também foi discutida a participação da Rio Motorsports em comprar os direitos de transmissão da F1, com o apoio do governo, é claro (e imagino que vocês saibam o porquê). Esse é o último ano de contrato da Globo com a agora Liberty, que ainda não foi renovado. Bernie já deu várias concessões para a emissora em virtude da longevidade e de, na época, a cobertura massiva da dupla Galvão Bueno e Reginaldo Leme.

Agora, sob nova direção, a Liberty exige contrapartidas: 22 milhões de dólares anuais e a entrada da F1 TV, streaming da categoria, no país. No contrato atual, a Globo ainda detém os direitos de TV e internet, mas certamente vai perder isso no próximo ciclo, se aceitar. A Globo aceita pagar apenas 20 milhões.

Dizem, que se a Rio Motorsports pagar o que a Liberty deseja, a transmissão seria repassada para o Grupo Disney, que agora são os canais Fox Sports e ESPN em âmbito esportivo. Seria o fim definitivo da categoria sendo transmitida em TV aberta, ao menos por agora. Tudo isso seria uma jogada do governo para atingir dois inimigos de uma vez: a Rede Globo e João Doria.

Bom, nem é preciso falar sobre as consequências terríveis que a construção de um circuito caríssimo em uma área de preservação ambiental vai acarretar para o estado, seja criminal ou financeiramente. Me surpreende a Liberty cair nesse papo, mas o bigodudo não é flor que se cheire. Interlagos é uma estrutura pronta e um dos circuitos preferidos e tradicionais da F1. Tirá-lo de lá é tirar uma história da categoria, mas sabemos que o Brasil não se importa muito com isso. É uma terra de ignorantes.

Pra finalizar, sobre as transmissões: duvido muito que a Globo não renove com a Liberty. Ela ganha uma grana altíssima dos patrocinadores, exibidos no horário nobre da TV brasileira (intervalo do Jornal Nacional) e ainda tem o apoio de figuras influentes na emissora, como Galvão Bueno.

É evidente que a F1 é um elefante na sala da atual Globo: o que um esporte de ricos e "poluente" tem a ver com o editorial da emissora, liberal na economia e progressista nos costumes por que isso dá dinheiro? A transmissão é porca. Os treinos não passam desde 2014, nem o pódio é mais transmitido... mas ainda assim é melhor que permaneça por lá do que entrar em uma aventura apenas por birra. Os clubes que romperam com a Globo para assinar com a Turner entendem do que estou falando...

Além do que, um dos canais da Disney vai ser extinto em breve. Considerando que o futebol internacional é o carro-chefe, alguém realmente acredita que o produto seria tão melhor valorizado assim? Vai ter repórteres e uma equipe nos autódromos? As corridas não irão ficar em segundo plano para que seja transmitido Brighton x Watford pela Premier League?

Nada disso faz sentido. O atual não é nada bom, mas o futuro pode ser muito pior.

Até!