terça-feira, 15 de dezembro de 2015

TEXTOS ESPECIAIS: O amparo do magnata

Oi, gente! Então, com uma semana de atraso, vou estrear uma seção que já estava pensando há alguns meses em fazer aqui no blog. São textos que eu fiz na cadeira de Produção Jornalística da FAMECOS/PUCRS, do professor Tibério Vargas Ramos. Se possível, irei tentar publicar ao menos um texto por semana durante as férias da F1.

Vou iniciar o novo quadro com ele (não poderia ser diferente): Bernie Ecclestone! Tem a ver com sua vida pessoal, profissional e um empreendimento recente no Brasil. Confere aí!

O AMPARO DO MAGNATA

Com muito dinheiro no bolso, onde você faria um investimento empreendedor? O britânico Bernie Ecclestone escolheu uma cidade brasileira, desconhecida por muitos
Foto: Grande Prêmio
Fortuna estimada em quase 5 bilhões de dólares. Um dos maiores investidores do mundo e um dos patrões desportivos mais bem pagos. De vendedor de carros usados na famosa rua Warren de Londres a dono absoluto e revolucionário nos negócios de gestão da Fórmula 1 há mais de 30 anos, esse senhor de 84 anos tem muitas histórias e polêmicas para contar.
Um desses causos é saber como e por que um homem tão rico e poderoso é visto com frequência em uma cidade de quase 70 mil habitantes localizada no interior de São Paulo e distante 132 quilômetros da capital paulista. Calma, garanto que tudo tem uma explicação simples e lógica.
Antes de mais nada, é necessário saber quem é essa figura. Trata-se de Bernard Charles Ecclestone, ou simplesmente Bernie Ecclestone. Nasceu em St Peter South Elmham em 1930, numa aldeia distante três milhas ao sul de Bungay em Suffolk, no leste da Inglaterra. Nos anos 1950, ingressou na carreira automobilística, que não durou muito. Foram apenas duas corridas na Fórmula 1, em 1958. Depois de um grave acidente, percebeu que seu ramo era outro: Os negócios.
Começou a fazer investimentos lucrativos no mercado imobiliário e no financiamento de empréstimos, gerindo sua concessionária de carros usados nos finais de semana. Ao mesmo tempo, começou a agenciar pilotos. Um de seus clientes, Lewis-Evans, faleceu após o motor de seu carro explodir na corrida do Marrocos, vítima de queimaduras graves. Abalado, retirou-se do esporte a motor pela segunda vez. Na década seguinte, tornou-se empresário do austríaco Jochen Rindt (único campeão póstumo da F1, em 1970) e co-proprietário da equipe dois da Lotus. Em 1971, passou a ser dono da equipe Brabham numa aquisição que custou 100 mil libras. A escuderia cresceu e foi nela que o brasileiro Nelson Piquet foi campeão do mundo em 1981 e 1983.  Nos anos 1980, Bernie já era dirigente da FOCA (Associação dos Construtores da Fórmula 1) e em 1987 vendeu a Brabham por 5 milhões de libras.
Em um “golpe de mestre”, conseguiu fazer com que a FOCA (que hoje virou FOM, presidido por Ecclestone – Formula One Management) tivesse o direito de negociar os direitos de transmissão das corridas com autorização da FIA, criando a FOPA (Fórmula 1 Participações e Administração) que dividiu a receita em 47% para as equipes, 30% para a FIA e 23% para o próprio Bernie. As equipes se revoltaram e nos anos 1990 foi assinado o Pacto de Concórdia, que negocia os direitos de transmissão e a taxa de inscrição anual das equipes para a disputa do Campeonato Mundial de Fórmula 1. É assim que Bernie ganha dinheiro: Uma porcentagem da venda dos direitos aqui, uma porcentagem das ações das empresas que gerenciam a F1 (como a FOM) e outros negócios pessoais acolá, e o seu patrimônio foi aumentando.
Segundo lista da Forbes de 2011, Bernie é a quarta pessoa mais rica do Reino Unido, com fortuna estimada em US$ 4,2 bilhões. Foi casado por quase 25 anos com a modelo croata Slavica Radic. Se na F1 Bernie é o “chefão”, não podemos dizer o mesmo em sua vida conjugal. Segundo o que está escrito em uma de suas biografias, intitulada Não sou um Anjo (Editora Novo Conceito, 2011), de Tom Bower, ele constantemente apanhava de sua ex, sempre desconfiada de uma possível infidelidade do marido. Slavica era vista constantemente no paddock e costumava beber muito, às vezes ficando agressiva, humilhando Bernie fisicamente (que chegava a se esconder em outros quartos da casa onde moravam) e psicologicamente (chegou a chamá-lo de anão em público – ele bate no ombro da modelo). Ela constantemente ameaçava ir embora, até que o fez. Pediu o divórcio em 2009. Dizem que Ecclestone pagou cerca de R$ 1,5 bilhão no acordo.
No mesmo ano, uma brasileira entrou na vida do magnata. Durante visita para o Grande Prêmio do Brasil, em novembro, Bernie conheceu Fabiana Flosi, advogada de 38 anos, que na época trabalhava na organização do evento. Paixão à primeira vista. Casaram-se em 2012.  Os laços com o Brasil já não eram somente profissionais.
O empresário estava procurando uma casa de campo no Brasil. Só conhecia as cidades grandes e as de praia, apesar de visitar o país há 45 anos. Foi aí que entrou o município de Amparo. Nem sua esposa brasileira conhecia esse lugar. Fundada em 1829, é famosa por suas lavouras de café, principalmente a partir do ciclo do ouro do café iniciado em 1850. Uma dessas fazendas famosas é a centenária Ycatu (desde 1879), que Bernie conheceu ao acaso, através da indicação de um amigo que queria vender a propriedade. Comprou-a e deparou-se com mais de 120 mil pés de café.
O refúgio de Bernie Ecclestone no Brasil tornou-se público em maio, quando o chefão anunciou uma entrevista coletiva surpresa na cidade. Para quem acompanha automobilismo, não fazia sentido nenhum o que estava acontecendo. Chegava a ser surreal. “Todos que moram aqui são pessoas de sorte”, afirmou Bernie. A coletiva anunciava a nova empreitada de Ecclestone no ramo dos negócios: Ele deseja comercializar a sua marca de café gourmet da fazenda, a Celebrity Coffee of Amparo. Por enquanto, ela é servida somente no paddock da Fórmula 1.
Atual prefeito da cidade, Luiz Vitale Jacob (PSDB) conta que foi procurado por Fabiana após a aquisição da fazenda. Ela perguntou sobre a infraestrutura da cidade em relação a hospitais, restaurantes e o setor de serviços. Desde então, mantém contato frequente com o empresário, que chegou a visitar a prefeitura em sua última aparição na cidade. Constantemente é visto pelos moradores em restaurantes e no centro histórico. Sua presença ainda choca e surpreende os amparenses. Segundo o prefeito, “é a oportunidade perfeita de lançar a cidade de Amparo para o resto do mundo”.
Esse é um pouquinho de Bernie Ecclestone. Repleto de histórias e polêmicas para serem desvendadas. Para muitos, um “exímio empresário, empreendedor e negociante”. Para outros, um “picareta que deveria estar na cadeia”. Todavia, é inegável o seu carisma, mesmo caduco e considerado por muitos um “vilão” acerca das críticas dos fãs de Fórmula 1 a falta de emoção, competitividade e alternância entre os carros nas corridas. A F1 e Bernie chegam a se confundir sendo uma entidade só. Com certeza será um dia histórico quando ele deixar o poder, por conta própria ou por questões de saúde. O que sabemos, entretanto, é que ele vai estar ocasionalmente relaxando e produzindo café na Fazenda Ycatu, com sua esposa e a paz de espírito de um homem que nasceu pobre e hoje é um dos maiores empresários do mundo, deixando um futuro próspero para muitas gerações de sua família – Com polêmica, irregularidades e problemas na justiça.
Por hoje é isso, até o próximo texto!

ANÁLISE DA TEMPORADA 2015 - Parte 2

Fala, galera! Então, vamos continuar o resumo do ano da F1. Dessa vez, escreverei sobre a Red Bull, Force India, Toro Rosso e Lotus. Vamos lá!

Foto: Motorsport
RED BULL RACING - Daniel Ricciardo (8° lugar) e Daniil Kvyat (7° lugar) = Nota 7,5
Outro ano prejudicado pela falta de potência do motor Renault. Helmut Marko, Christian Horner e Adrian Newey perderam a paciência com os franceses e protagonizaram momentos de vergonha alheia ao humilhar a Renault durante o ano inteiro. Ok, os franceses não conseguiram trazer melhorias para o motor, mas foi desnecessário tudo isso. O mais grave é que a escuderia austríaca xingou os franceses e alardearam para todos que iriam trocar de fornecedor. Sonharam com a Mercedes, receberam um sonoro não. Negociaram com a Ferrari e exigiram o mesmo motor da equipe italiana, e também receberam não. Desesperados, chegaram até a consultar a Honda, que recusou, pois está em uma parceria exclusiva McLaren. Restou a equipe de energéticos arrependida voltar atrás, se desculpar e manter o motor Renault para o próximo ano, batizado com o nome do novo patrocinador TAG Heuer. Em virtude dessa e outras circunstâncias, a Red Bull passou zerada no ano pela primeira vez desde 2008, mas mostrou que a eficiência aerodinâmica ainda está em dia.

DANIEL RICCIARDO = Nota 7,5 - Dessa vez, sem vitórias. Também é verdade que enfrentou diversos problemas nas classificações e corridas, desperdiçando alguns pontos importantes. Nos pontos, foi derrotado pelo novato companheiro de equipe, uma mancha que incomoda. Ricciardo foi o "Vettel de 2014". Continua um excepcional piloto, refém de um bólido com uma unidade de potência que lhe permita brigar por poles e vitórias. Fez o que pode.

DANIIL KVYAT = Nota 8 - Até Mônaco, parecia que sua cabeça ainda estava na Toro Rosso. Coincidência ou não, seu rendimento cresceu após levar um puxão de orelha público do chefe Helmut Marko. O quarto lugar em Monte Carlo o impulsionou para seu primeiro pódio na carreira, o 2° lugar na Hungria. Contou com os azares de Ricciardo, mas também fez sua parte, andando muito bem e tendo um rendimento constante. A tendência é que a pressão aumente, pois mais cedo ou mais tarde Max Verstappen irá para a equipe taurina, e provavelmente no seu lugar.

Foto: Divulgação

FORCE INDIA - Nico Hulkenberg (10° colocado) e Sérgio Pérez (9° colocado) = Nota 8
Até Silverstone, estava utilizando o carro do ano passado. A escuderia de Vijay Mallya ainda segue com problemas financeiros e, a que tudo indica, irá tornar-se Aston Martin. Entretanto, quando utilizou o carro desse ano, a diferença foi brutal. A regularidade (não tão presente em Nico esse ano, na verdade) dos pilotos e os avanços da equipe permitiram resultados espetaculares, como o terceiro lugar de Pérez na Rússia. No fim do ano, chegou a ser a terceira ou quarta força da F1. Com 7 anos de F1, a Force India se estabeleceu como equipe média, mas busca alçar voos maiores, apesar das dificuldades financeiras. Aston Martin vem aí?

NICO HULKENBERG = Nota 7 - Começou o ano constante como sempre. Todavia, falta um resultado expressivo na F1 para o alemão de 28 anos, vencedor das 24 horas de Le Mans. Nessa temporada, um agravante: Se envolveu em diversos acidentes, incomum para a sua habilidade e potencial. Foi uma de suas temporadas mais fracas na categoria.

SÉRGIO PÉREZ = Nota 9 - Em termos de pilotagem, foi o melhor ano de sua carreira. Mais maduro, teve uma pilotagem constante, com menos erros (vide GP da Hungria). Precisa ser mais veloz nos treinos. Contudo, nas corridas, o que é mais importante, parece sempre funcionar na estratégia dos longos stints, administrando os pneus e parando o mais tarde possível para retornar com pneus novos e atacar nas voltas finais. Foi assim que conseguiu o pódio na Rússia (também graças ao acidente dos finlandeses Raikkonen e Bottas na última volta). Um ano inesquecível para o mexicano, que enfim pode correr no seu país, delírio daqueles que acompanhavam de perto o grande prêmio.

Foto: AutoSport
SCUDERIA TORO ROSSO - Max Verstappen (12° colocado) e Carlos Sainz Jr (15° colocado) = Nota 7,5
Chegou a andar na frente da matriz Red Bull. Com dois pilotos jovens, ousados e inexperientes, chamou a atenção da mídia e dos fãs (principalmente Verstappinho). Com o frágil motor Renault e diversos problemas mecânicos, além dos acidentes (principalmente de Sainz), não podem fazer muita coisa. Agora, a expectativa é pelo motor 2015 da Ferrari para o ano que vem. Com mais experiência e um bólido mais rápido, Max e Sainz podem brigar com mais frequência pelos pontos.

MAX VERSTAPPEN = Nota 9 - Achei ele um pouco superestimado pela mídia e fãs. De fato, é. É um talento nato, com grande potencial, mas muita calma. Se envolveu em uma bobagem em Mônaco e foi crucificado injustamente por conta da idade (à época, com 17; agora, com 18). Na segunda metade da temporada, cresceu: Pontuou em oito corridas consecutivas. Mostrou ser muito agressivo e arrojado, buscando ultrapassagens em pontos que geralmente os pilotos não arriscam. Ele não é assim. Max é diferente. Se trilhar um caminho sólido, pode tornar-se campeão mundial. Sua vantagem é sua juventude muito precoce, o que lhe permite muitos anos na F1.

CARLOS SAINZ = Nota 7 - Os números não mostram muito bem a diferença entre ele e o seu companheiro de equipe holandês. Verstappen é melhor que Sainz, de fato, mas não é uma diferença muito grande. Sainz largou na frente mais vezes que Verstappinho, porém se envolveu em mais acidentes e teve mais problemas no carro, o que obviamente o prejudicou na comparação com o companheiro prodígio. O espanhol não pode fazer muita coisa, impossibilitado pelos problemas já citados acima, mas certamente vai precisar mostrar mais ano que vem, pois sabemos como a Toro Rosso adora incinerar seus jovens pilotos (Buemi, Alguersuari e Vergne que o digam).


LOTUS F1 TEAM - Romain Grosjean (11° colocado) e Pastor Maldonado (14° colocado) = Nota 7
Com problemas financeiros desde 2013, a Lotus agora é moda do passado. Devido as dívidas, os mecânicos foram diversas vezes impedidos de entrar nos boxes da equipe. Bernie Ecclestone teve que constantemente intervir e pagar as pendências, enquanto os funcionários comiam nos boxes das outras equipes. Dentro da pista, Maldonado se envolveu em diversos acidentes e problemas e Grosjean atingiu uma maturidade impensável para quem era o "maníaco da primeira curva" em 2012. O pódio na Bélgica coroou o seu trabalho. Agora, com o retorno da Renault, investimentos pesados serão realizados a médio-prazo e, quem sabe, os franceses voltam aos tempos de glória da década passada.

ROMAIN GROSJEAN = Nota 7,5 - De saída para a Haas, Grosjean sempre teve menos quilometragem nos treinos em relação a Maldonado, pois frequentemente cedeu o carro em uma das sessões de sexta para o futuro titular, Jolyon Palmer. Guiou muito bem e conquistou um pódio improvável diante dos inúmeros problemas da Lotus. Agora, a aventura é na nova equipe americana, já almejando a vaga de 2017 da Ferrari. O francês amadureceu e evoluiu muito.

PASTOR MALDONADO = Nota 6 - É quase improvável que termine as corridas. Proporciona momentos de puro entretenimento ao bater e se envolver em acidentes com outros pilotos. Foi atropelado por Grosjean nos treinos. É um piloto rápido, mas que nunca está com a cabeça no lugar, por isso está sempre propenso a inúmeros erros e presepadas. Entretanto, está garantido no ano que vem, sempre bancado pela grana da PDVSA. Maldonado é um showman às avessas, mas poderia ter mais atuações memoráveis como a da Espanha em 2012 ao invés de ser chacota nas redes sociais.

Amanhã tem novidade no blog! Te liga! Fui!

domingo, 13 de dezembro de 2015

MARCOS GOMES CAMPEÃO

Foto: Fernanda Freixosa
O ano no automobilismo está quase no fim. Hoje foi realizada a grande decisão da Stock Car - Cacá Bueno buscava o hexa, enquanto Marcos Gomes buscava o título inédito. Deu Gomes.

A chuva na classificação de sábado jogou os dois para o fim de pelotão. Em tese, melhor para Gomes, com vantagem na tabela. A corrida teve muitos acidentes, parecia brincadeira de carro-choque.

Largando em 27º, o líder do campeonato e favorito ao título foi atingido na confusão da largada e acabou embaixo dos pneus. O paulista do carro #80 da VRT ainda conseguiu ir para os boxes, ficou uma “eternidade” parado para que os mecânicos consertassem seu carro e voltou à pista com sete voltas de desvantagem para todo o pelotão.

Sorte dele que Cacá Bueno também teve problemas. Largando em 26° (precisava ao menos chegar em quarto para ser campeão), teve o capô danificado e não pode fazer nada. Com isso, não houve realmente uma disputa. Os dois se prejudicaram no início e isso sacramentou o título de Marcos Gomes.

Aliás, Marquinhos é o primeiro filho de campeão que conquista a taça. Seu pai, Paulo Gomes, é tetracampeão da Stock Car.

Átila Abreu venceu, seguido por Diego Nunes e Felipe Fraga, que completaram o pódio.

Nessa semana: Análises a caminho e novidade (será?)!

Até!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

SPYGATE, O RETORNO?

Foto: Autoracing
Fala, galera! Pois bem, escrevi ontem que iria estrear uma novidade no blog. Entonces, diante da notícia potencialmente importante, decidi adiar por algum tempinho. Por incrível que pareça, não gosto de ficar prometendo as coisas justamente pelo risco delas não se concretizarem e eu passar por uma situação embaraçosa. Mas enfim, segue o jogo.

O assunto de hoje pode se desdobrar em um grande escândalo nos próximos dias. A notícia é a seguinte: A Mercedes está processando o ex-engenheiro Benjamin Hoyle por supostamente salvar informações confidenciais da equipe (que inclui dados de quilometragem, informações sobre a fabricação das unidades de potência e códigos de corridas) para supostamente repassar a Ferrari, também sua suposta futura equipe.

Hoyle estava na Mercedes desde 2012. É o maior especialista no que diz respeito a perfomance e desempenho de Motor de Combustão Interna (ICE). Ele anunciou que deixaria a equipe no final do contrato (nesse ano) e iria para uma outra equipe. Sabendo disso, os alemães o afastaram de todas as atividades relacionadas a F1 e o repassaram para a DTM. Um caso semelhante é o do grego Peter Prodromou, que ficou um ano na geladeira da Red Bull após anunciar sua ida para a McLaren.

Enfim, Hoyle teria surrupiado arquivos de F1 da Mercedes para repassar ao pessoal da Ferrari, sua futura (ou não) equipe. Em uma ação judicial de 19 de outubro, a Mercedes alegou que as "atitudes de Hoyle foram calculadas para destruir ou danificar seriamente a relação de confiança" que ele tinha com a marca. "Benjamin Hoyle e, potencialmente, a Ferrari tiveram uma vantagem ilícita."

Agora, a Mercedes tenta impedir que Hoyle trabalhe em qualquer outra equipe na próxima temporada, assim como o retorno dos documentos, arquivos e pagamento de honorários legais.

Foto: Grande Prêmio
Relembrando o Spygate: Em 2007, o ex-chefe de mecânicos da Ferrari, Nigel Stepney, entregou ao engenheiro Mike Coughlan, da McLaren, um dossiê que continha informações confidenciais a respeito do projeto dos italianos. A FIA descobriu e afastou Stepney (hoje, já falecido) da F1 por 15 e multou a McLaren em 100 milhões de dólares, além da exclusão da escuderia britânica do campeonato de 2007, vencido por Kimi Raikkonen.

Ainda é muito cedo para prever qualquer desdobramento do caso. O que parece bem claro é que a Mercedes vai fazer de tudo para impedir que a Ferrari se aproxime e ameace seu reinado. O caso do túnel do vento da Haas também vai ser utilizado pelos alemães como argumento para tentar punir a Ferrari e evitar a perda da hegemonia da F1. Agora, é aguardar as repercussões e novas informações do escândalo.

Até lá!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ANÁLISE DA TEMPORADA 2015 - Parte 1

Salve, pessoal! Começarei hoje os tradicionais posts com a análise e os comentários do desempenho de cada equipe e dos pilotos nesse ano. Hoje, vamos com as ponteiras: Mercedes, Ferrari e Williams. Vamos lá!

Foto: F1Fanatic
MERCEDES AMG F1 - Lewis Hamilton (campeão) e Nico Rosberg (vice-campeão) = Nota 10
Mais uma temporada implacável dos alemães. 16 vitórias na temporada e 19 poles. Uau. O W06 Hybrid mostrou a que veio e a Mercedes fez 3 pontos a mais em relação ao ano passado. Confirmaram as expectativas. Para o ano que vem, a tendência é que ainda estarão a frente, o que não sabemos é se essa distância para a Ferrari ou uma outra equipe vai aumentar ou diminuir em relação ao final dessa temporada.

Lewis Hamilton = Nota 10 - Com menos problemas, o título veio de forma mais fácil. Sua pilotagem foi espetacular, muito superior ao ano passado. Fez mais poles e, obviamente, venceu mais. Aniquilou Rosberg até ser campeão, quando relaxou e desde Cingapura teve uma queda de rendimento devido a mudanças na pressão dos pneus após o episódio na Itália. Nada que o preocupe, a princípio, para 2016. É o grande favorito para o tetra-campeão.

Nico Rosberg = Nota 8 -  Foi amplamente superado pelo seu companheiro de equipe e apenas garantiu o vice-campeonato ao engatar 3 vitórias seguidas no fim do certame, quando já estava tudo decidido. Com equipamento mais capacitado, teve trabalho para superar Vettel e apenas mostrou serviço contra Hamilton agora, na saideira da temporada. A grande dúvida é se seu crescimento é um sinal de que ano que vem as coisas serão diferentes na Mercedes ou se deve a um relaxamento natural pós-título de Hamilton, regado a festas e bebedeiras.

Foto: Divulgação
SCUDERIA FERRARI - Sebastian Vettel (3° colocado) e Kimi Raikkonen (4° colocado) = Nota 9
A evolução em relação ao ano passado foi visível. Primeiramente, por vencer corridas (em 2014, passaram em branco). Em segundo, o grande responsável pelo desempenho da equipe foi a evolução do motor, colocando os italianos no mesmo nível ou até superior as Mercedes. Seb venceu 3 provas e conquistou a pole em Cingapura, se redimiu a temporada apática pela Red Bull. Raikkonen teve muitas barbeiragens e perdeu pontos importantes para a equipe, embora tenha garantido a renovação de contrato e possível aposentadoria pela Scuderia. Agora, é aguardar para saber se os Italianos conseguirão dar o pulo do gato ou vão esperar 2017, com as novas regras e especificações da categoria.

Sebastian Vettel = Nota 9 - Estava cercado de muitas dúvidas em relação ao seu real potencial em virtude do fraco desempenho com a Red Bull em 2014. Entretanto, parece ter acabado com as desconfianças logo na Malásia, quando venceu sua primeira corrida pelos tifosi. Vettel extraiu o máximo da Ferrari. Sempre constante, venceu quando pôde e brigou pelo segundo lugar do Mundial até o México. Suas três vitórias foram em circunstâncias diferentes, mas que mostram sua qualidade. Salvo as atuações no Bahrein e em solo mexicano, o tetracampeão foi muitíssimo bem.

Kimi Raikkonen = Nota 6 - Ficou devendo. A expectativa era um desempenho melhor, pois o SF15-T é um bólido muito superior ao carro de 2014. Entretanto, Kimi se envolveu em muitos acidentes (em grande parte, causados por ele próprio, sendo assim, culpado - principalmente com Bottas, duas vezes) e perdeu muitos pontos para  Ferrari. Quase foi superado pelo compatriota da Williams. É provável que ano que vem seja a sua última temporada pela F1. Espero que o IceMan faça bonito e apague as últimas temporadas melancólicas que fez.

Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio
WILLIAMS MARTINI RACING - Valtteri Bottas (5° colocado) e Felipe Massa (6° colocado) = Nota 8
Com menos investimentos e o avanço das rivais Ferrari e Red Bull (e Force India na segunda metade do ano), perdeu força. Hoje, talvez seja a terceira, quarta ou quinta força da F1. Com o bom motor Mercedes, conseguiu resultados satisfatórios. Todavia, quando dependeu da aerodinâmica em circuitos mais travados (Cingapura e Mônaco, por exemplo), seu desempenho foi muito ruim. Seus pilotos são medianos e nada mais. O que prejudica a equipe são os péssimos pit stops e estratégias de corridas capitaneadas por Rob Smedley. Que coisa horrível! Precisam treinar e muito para 2016! O FW38 é totalmente diferente do modelo anterior. Portanto, a Williams 2016 é um mistério.

Valtteri Bottas = Nota 7,5 - Nunca embarquei na hype gigantesca que colocaram no finlandês. Muitas achavam (e ainda acham) que Bottas tem potencial para ser campeão do mundo, que é um piloto espetacular e valeria o investimento de 12 milhões de euros que a Ferrari supostamente teria feito para contratá-lo no meio do ano. Não acho. É um bom piloto e só. Consistente, sólido e erra pouco. Acumula muitos pontos, o que é importantíssimo. Entretanto, não tem o diferencial de um Hamilton, Vettel ou Alonso, por exemplo. Superou outra vez Massa na pontuação, mas isso não quer dizer muita coisa. Seu futuro é uma incógnita. Grosjean parece ser o favorito para a Ferrari em 2017. Talvez a Mercedes, caso Hamilton e Rosberg continuem se estranhando nas declarações...

Felipe Massa = Nota 7 - Foi uma temporada diferente do brasileiro. Geralmente, começa muito mal o ano, mas depois se recupera após as férias de julho. Neste ano, foi o contrário. Acumulou muitos pontos no início e teve uma queda de rendimento (assim como toda a equipe) no final. Perdeu de novo para Bottas. Ao menos, foi uma temporada consistente. Há tempos que Massa não sofria com problemas e acidentes. Porém, ainda sofre com os stints longos e administração de pneus. Seu futuro é incerto. Talvez seja sua última temporada. Tomara que não.

Bom pessoal, por enquanto é isso. Durante a semana, quem sabe, farei a parte dois.
Se liguem que tem NOVIDADE chegando no blog! Até mais!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

INFORMAÇÕES E ESPECULAÇÕES

Foto: Divulgação
Se o pessoal pensou que com o término da temporada as equipes e dirigentes estariam já de férias sem fazer nada, estão muito enganados. Desde segunda, muita coisa aconteceu de importante na F1 e no automobilismo, além das especulações, claro. Vamos conferir:

BREAKING NEWS: Agora é oficial - A Renault está de volta a F1 como escuderia (não sabemos até quando...) Os franceses retornam após venderem a equipe para o grupo de investimentos Genii, comandado por Gerard Lopez, em 2012. O grande empecilho era a negociação com Bernie Ecclestone sobre a Renault ter direito de receber uma maior distribuição do dinheiro como "equipe histórica" (afinal, os franceses entraram na F1 em 1978, entre idas e vindas...) . Ao todo, foram exatos 300 GPs disputados no período que compreendeu 1977 a 1985, e depois, entre 2002 e 2011. A fábrica conquistou 35 vitórias, 51 poles e 100 pódios. Fernando Alonso, com 105 GPs e 17 vitórias, foi o responsável por levar o time ao topo do mundo ao faturar os títulos das temporadas 2005 e 2006, no auge da Renault na F1.

Foto: Getty Images
BERNIE/TODT CONTRA-ATACAM: O Conselho Mundial da FIA anunciou ontem que Ecclestone e Jean Todt terão poder para tomar decisões em relação a estrutura, motores e redução de custos na categoria sem precisar da aprovação das equipes. A FIA aprovou também mudanças no número de tokens que as fabricantes poderão utilizar nos próximos anos: 32 em 2016, caindo para 25 na temporada 2017.

As áreas de proteção ao redor da cabeça dos pilotos terá o material modificado, ganhando mais rigidez para aumento da segurança.

Além disso, a entidade fez mudanças no gerenciamento dos pneus, dando certa dose de liberdade para as equipes escolherem os compostos. A Pirelli levará três tipos diferentes de pneus para cada corrida e os times poderão escolher o que desejarem para dez dos 13 jogos de pneus disponibilizados a cada final de semana de prova.

A partir da próxima temporada, a asa móvel será permitida imediatamente após o Safety Car Virtual ser desativado. Além disso, o recurso passará a ser utilizado nos treinos livres - o objetivo é evitar períodos de bandeira vermelha nas sessões.

CALENDÁRIO 2016: A princípio, teremos 21 provas ano que vem. Se confirmar, será a temporada mais longa da história. Junto com as 19 etapas desse ano, serão acrescentadas o retorno do GP da Alemanha e a inclusão do estreante GP da Europa nas ruas de Baku, capital do Azerbaijão, no mesmo fim de semana das 24 horas de Le Mans. O GP dos EUA corre risco. O Circuito das Américas registrou um grande corte financeiro no último mês e foi chamado pelo presidente, Bobby Epstein, de "financeiramente devastador". Ou seja, tudo é uma incógnita.

Outras novidades são a Rússia saindo de Outubro e sediando corrida em Maio, na quarta etapa e a Malásia, que estava no início do calendário desde 2001, volta para o fim, agora na 16a etapa, em 2 de outubro. O Brasil manteve-se como penúltima etapa, dia 13 de novembro e Abu Dhabi fecha a temporada no dia 27. Calendário completo:

AUSTRÁLIA - 20/3
BAHREIN - 3/4
CHINA - 17/4
RÚSSIA - 1/5
ESPANHA - 15/5
MÔNACO - 29/5
CANADÁ - 12/6
EUROPA - 19/6
ÁUSTRIA - 3/7
INGLATERRA - 10/7
HUNGRIA - 24/7
ALEMANHA - 31/7
BÉLGICA - 28/8
ITÁLIA - 4/9
CINGAPURA - 18/9
MALÁSIA - 2/10
JAPÃO - 9/10
ESTADOS UNIDOS - 23/10
MÉXICO - 30/10
BRASIL - 13/11
ABU DHABI - 27/11

Foto:Ausmotive
TORO ROSSO FERRARI 2015 em 2016: Com a permissão de que as montadoras forneçam especificações de motor do ano anterior homologados pelo Conselho Mundial da FIA ontem, ficou aberto o caminho para o retorno da parceria entre Toro Rosso e Ferrari. O acordo já vinha sendo costurado há algum tempo, mas o pessoal de Maranello não poderia oferecer motores novos para mais de três equipes além dela mesma. Foi com a Ferrari que a Toro Rosso viveu seu melhor momento na F1, em 2008, quando Vettel venceu o GP da Itália.

Foto: AutoSport
GP2 vira F2: O Conselho Mundial de F1 anunciou ontem que a GP2 irá se tornar a F2, extinta desde 2012 e que voltará a ser o último degrau antes da F1. Agora, é hora de formalizar um contrato com a categoria para assegurar o seu retorno em breve. O Conselho Mundial também afirmou, em nota, que já acionou o presidente da FIA para iniciar as tratativas com os promotores da GP2 para agilizar os processos legais. A GP2 existe desde 2005, criada por Flávio Briatore.

Foto: Arte grandepremio.com.br
ASTON MARTIN DE VOLTA? Ao que tudo indica, sim. Segundo o diretor de operações da Force India, Otmar Szafnauer, o anúncio está próximo, provavelmente com o desfecho do negócio na próxima semana, em entrevista a AutoSport. A Aston Martin abandonou a F1 há 55 anos. Se o acordo se confirmar, a Aston Martin chegará no melhor momento da Force India na F1: Quinto lugar nos construtores, com 1 pódio de Sérgio Pérez.


Por enquanto é isso, voltaremos semana que vem para começar as análises desta temporada que passou! Até lá!



quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

TESTES DE ABU DHABI

Foto: Divulgação
Ontem foi o primeiro dia dos testes de Abu Dhabi. O objetivo é as equipes testarem o novo composto ultra-macio da Pirelli, além de outras possíveis alterações aerodinâmicas antes dos testes de fevereiro do ano que vem.

Bom, é estranho dizer isso, mas a McLaren de Vandoorne terminou com o melhor tempo do dia. Será que o pessoal de Woking está cumprindo a estratégia das equipes pequenas, que consiste em andar com o mínimo de combustível possível e marcar os melhores tempos para buscar algum acordo de patrocínio? Me parece o caso.

Raikkonen foi o segundo e Ericsson o terceiro. Apenas nove pilotos titulares participaram da sessão (Kimi, Vettel, Ericsson, Palmer, Ricciardo, Verstappen, Hulkenberg, Bottas, Kvyat e Sainz). Confira os tempos:

1 -   Stoffel Vandoorne   (McLaren)       1m44s103 (99)
2 -   Kimi Raikkonen      (Ferrari)       1m44s456 (56)
3 -   Marcus Ericsson     (Sauber)        1m44s480 (50)
4 -   Jolyon Palmer       (Lotus)         1m44s568 (90)
5 -   Sebastian Vettel    (Ferrari)       1m44s940 (56)
6 -   Pascal Wehrlein     (Mercedes)      1m45s605(107)
7 -   Daniel Ricciardo    (Red Bull)      1m45s805 (57)
8 -   Max Verstappen      (STR)           1m45s849 (54)
9 -   Nico Hulkenberg     (Force India)   1m45s852 (71)
10 -  Valtteri Bottas    (Williams)       1m45s940 (103)
11 -  Daniil Kvyat        (Red Bull)      1m46s309 (48)
12 -  Carlos Sainz Jr     (STR)           1m46s995 (56)
13 -  Adderly Fong        (Sauber)        1m48s439 (57)
14 -  Alfonso Celis Jr    (Force India)   1m48s545 (65)
15 -  Rio Haryanto        (Manor)         1m49s593 (56)
16 -  Jordan King         (Manor)         1m49s661 (59)

Nessa semana, já saíram muitas notícias da F1 para a temporada que vem e os anos subsequentes. Pretendo, em breve, fazer um resumão com as informações mais importantes e relevantes! Até lá!