Foto: Getty Images |
Terceira etapa do ano. Terceira vez que a corrida se
encaminhava para um final, digamos, morno. Bottas deu um undercut no Vettel,
que atacava e tenta ultrapassar o finlandês. Parecia até questão de tempo para
vencer pela terceira vez no ano.
Se na Austrália as Haas tiveram problemas e acabaram
beneficiando indiretamente a Ferrari... dessa vez as duas Toro Rosso bateram.
Gasly, empolgado pelo quarto lugar, achou que Hartley iria lhe dar passagem na
grandiosa disputa pelo antepenúltimo lugar. Os dois bateram, e pedaços dos
carros ficaram pela pista.
Duas voltas depois, o Safety Car. Igual na Austrália.
Charlie Whiting o aciona logo após os líderes Vettel e Bottas passarem pela
reta. A Red Bull não pensa duas vezes: Ricciardo e Verstappen nos boxes. Com
pneus macios novos contra os médios da concorrência e o grid realinhado, a
dobradinha estava quase garantida.
Foto: Sky Sports |
Em três corridas, pela terceira vez um elemento “anormal”
acabou mudando a corrida de cabeça para baixo, dando emoção e
imprevisibilidade. Não é ruim. O problema é depender sempre disso. De novo, sem
criticar: lembra muito as bandeiras amarelas da Indy e da Nascar. É bom para o
espetáculo? É. Mas nem sempre é assim que funciona. Hamilton tinha tudo para
vencer tranquilamente na Austráiia sem ser incomodado. Se não fosse a Ferrari
mudar a estratégia (muito em virtude do atropelamento do mecânico), outra
corrida seria marcada por uma procissão.
Se não fosse a irresponsabilidade de Pierre Gasly, só
teríamos uma disputa entre Bottas e Vettel, que valia a vitória, mas sem saber
até quanto tempo. O alemão era mais rápido. Bom, com o fato novo, o melhor
ultrapassador da F1 abriu caminho e, na especialidade da casa, venceu pela
sexta vez na carreira. Não desperdiça nenhuma oportunidade. Cirúrgico e
preciso. E pensar que quase não participou do treino depois do primeiro motor
Renault ter ido pro saco no TL3.
Quem não aproveita as chances que têm é Verstappen.
Devidamente escrito e explicado na semana passada, o que vimos foi apenas mais
uma jornada irresponsável do nosso Montoya do século XXI. Uma surpresa: admitiu
o erro e se desculpou com Vettel. Será que é o início de uma jornada de
amadurecimento? Era para ter vencido.
Foto: Reprodução |
Bottas se recuperou da péssima impressão deixada na
Austrália. Embora pudesse ter sido mais contundente no Bahrein, dessa vez fez
uma boa jornada na China, passando o compatriota na largada e ter feito um undercut
para assumir a liderança. No campo do “se”... poderia ter vencido uma ou até
duas corridas no ano. E o mais importante: duas semanas seguidas amplamente
superior ao tetracampeão.
Hamilton. A pontuação é muito acima do desempenho. Se na
Austrália ele deveria ter vencido e no Bahrein o problema do câmbio o limitou,
na China a falta de aquecimento de pneus o fez coadjuvante. Só apareceu na
corrida no enrosco com Verstappen e Ricciardo. Mesmo assim, soube capitalizar
diante desses incidentes e por pouco não conseguiu um pódio que não seria
merecido. De possíveis e incríveis 36 pontos de desvantagem, acabou apenas 9
atrás do líder Vettel. Não há do que reclamar.
Chega a ser triste o papel que Raikkonen presta na Ferrari.
Justo ele, o último campeão pela escuderia e com personalidade suficiente para
se impor. Entretanto, nada disso basta. A tradição ferrarista de concentrar
todos os esforços em um piloto atinge situações ridículas. O finlandês teve a
corrida sacrificada para segurar Bottas, visando uma aproximação e tentativa de
ultrapassagem de Seb. Depois de descartado, parou para ficar esquecido em
sexto. Sorte dele que o Safety Car mudou tudo e conseguiu um pódio. Enfim, não
faz diferença para o IceMan. Sendo justo, está andando bem aos sábados e
razoável aos domingos. Suficiente para renovar por mais uma temporada. É aqui
que Ricciardo quer parar? Tem que pensar bem.
Foto: LAT Images |
A McLaren comprova que falta chassi e um pouco de potência
para ter finais de semana melhores. Alonso, de novo nos pontos. Nas corridas o
panorama muda. Vandoorne foi abaixo de sua capacidade. Se o faminto Lando
Norris ganhar a F2 facilmente como se espera, sei não...
Outro destaque é para Hulkenberg, que vem batendo facilmente
Carlos Sainz, quando todos finalmente esperavam um desafio a altura na Renault.
Ou o espanhol se cuida ou pode ver sua provável vaga para a Red Bull caso
Ricciardo saia ficar com o novo queridinho, o #10 da Honda.
Contrastes, contrastes.
Até!
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