terça-feira, 16 de maio de 2023

O BICHO TÁ PEGANDO

 

Foto: Getty Images

Se a F1 nas pistas está bem amena, a situação fora dela já começou a esquentar.

Ainda estamos no início da temporada, mas reações imediatas já prometem abalar as estruturas.

Começando pela Alpine. Em tese, a quarta montadora deveria se aproximar ainda mais das outras três grandes. No entanto, não é esse o resultado que estamos vendo aqui.

Desde problemas nos carros até erros e batidas dos pilotos (incluindo um no outro na Austrália), o CEO da Alpine, Laurent Rossi, já colocou a boca no trombone.

Em entrevista para a imprensa francesa na semana passada, ele basicamente esbravejou que a equipe deveria estar muito melhor na tabela, no desempenho e na distância em relação as outras favoritas e jogou tudo nas costas do chefão da equipe, Otmar Szafnauer.

Ele também afirmou que, se as coisas não melhorarem, ele não vai ficar de braços cruzados. Mudanças vão acontecer, mesmo que sejam bruscas.

Bem, a Renault há tempos tem esse histórico conturbado internamente. Uma equipe que cresce a passos bem tímidos, digamos assim. Apenas uma vitória desde que retornou como equipe.

Bem, Otmar também não geriu bem a questão Piastri e Alonso, além do conhecido relacionamento conturbado entre Ocon e Gasly, mas a culpa não é só dele. A bagunça administrativa que fez o time perder uma de suas promessas também é culpa da alta cúpula.

Se tratando dos franceses, não duvido que tudo isso seja algum motivo para novamente sair da F1, visto que o Pacto de Concórdia precisa ser renovado e, é claro, tudo precisa estar minimamente conforme os interesses da companhia.

Outra notícia forte, mas não surpreendente, é que a batata tá assando para Nyck De Vries. O campeão da F2, estreante aos 27 anos, não pontuou na temporada, assim como o outro rookie Logan Sargeant. O desempenho bem inferior em relação a Tsunoda e as batidas podem estar rendendo um ultimato.

Helmut Marko teria decretado: se as coisas não melhorarem nas próximas etapas europeias, o holandês será sacado do time. E quem seria o favorito? Daniel Ricciardo, hoje reserva da Red Bull.

Liam Lawson, hoje na Super Fórmula japonesa, também corre por fora.

Vamos por partes. Marko destruir a carreira de alguém e queimá-la tão rápido não é surpresa, mas o holandês não se ajuda. No entanto, o tempo para adaptação na F1 hoje em dia é grande. É brutal a diferença de um F2 ou FE para os atuais F1. Nyck precisa de resultados e de tempo, mas no momento é improvável ter os dois a favor.

Sobre o substituto, a própria Red Bull poderia ter colocado Lawson ao invés de trazer alguém de fora para a equipe B, por isso descartaria Lawson. Ricciardo não quis ir para a Haas e ainda está recebendo da McLaren, uma ida tampão para a Alpha Tauri não faz sentido nenhum.

Quer dizer, pode ser um all-in. Vai que ele se imponha diante de Tsunoda e ande mais que o carro, onde a equipe está jogada as traças e já pensando no futuro, se é que ele pode existir.

No entanto, imagina se ele perde para o japonês? Não seria anormal, pois precisaria se acostumar ao carro e a equipe. Enfim, Ricciardo já velho voltando para a Alpha Tauri não faz sentido nenhum, assim como a própria chegada de De Vries.

Sem um grande talento pronto para subir, os taurinos assumiram o risco de bater cabeça nessa escolha. Tirar De Vries para queimar outro talento que certamente ainda não está pronto também não parece prudente e inteligente.

São os bastidores já pegando fogo, e as coisas prometem esquentar ainda mais com o passar do ano, seja pelas especulações de pilotos, seja o Pacto de Concórdia, 2026 ou qualquer outro tema... Afinal, são 23 corridas. É preciso ter assunto para gerar tanto conteúdo, ainda mais que teremos um massacre taurino durante o ano.

Até!

segunda-feira, 8 de maio de 2023

PARA LUTAR CONTRA O ESCORPIÃO

 

Foto: Getty Images

Cheguei a escrever, em 2019, que Leclerc parecia muito mais completo e maduro para disputar campeonatos que Max Verstappen. O recorte até aquele parâmetro me permitia fazer esse tipo de afirmação.

No entanto, quatro anos depois, se revisitarmos tudo isso, parece que sou um idiota. Realmente sou, mas a questão é: qual o motivo dos papéis terem se invertido nesse recorte de tempo? O que aconteceu com Charles Leclerc?

Há alguns motivos que podemos chutar ou conjecturar. Primeiro: pós 2019 e o escândalo dos motores, a Ferrari entrou em desgraça e continua nela, apesar de ter iludido a todos no início do ano passado. Com o pior campeonato em quarenta anos justo na pandemia, é normal que um piloto talentoso como Leclerc queira correr mais que o carro.

Mesmo nessas condições, ele sempre fez poles e pódios porque é bom e muito rápido. O que intriga é que nem na Sauber, quando novato, acontecia tais problemas e as repetições. Claro: a pressão da Ferrari não se compara e Charles ainda é jovem, apesar de ser a quinta temporada no cavalinho rampante.

Andar mais que o carro, juventude, ansiedade, pressão. Tudo isso afeta a confiança. Um atleta de alto rendimento e um cidadão comum duvidam de si mesmo a todo instante, principalmente com aquela velha máxima de que “você é a última corrida que fez” ou algo do tipo. Quando você erra ou vai mal, o fantasma de repetir isso afeta e você quer apenas se livrar da última impressão.

Inevitavelmente, as dúvidas aparecem: será que sou tão bom assim? E tudo é uma espiral... Quando Leclerc vai bem, a equipe o ferra e o chefe coloca o dedo em riste na frente de todo mundo. Quando a equipe não atrapalha, um erro bobo coloca tudo a perder.

O problema é que já são muitos erros bobos para alguém tão experiente. Leclerc está numa equipe que, hoje, precisa de eficiência para alcançar os melhores resultados possíveis. Ninguém discute a qualidade dele, mas a consistência é o caminho. Não adianta ser pole numa corrida e bater dois dias seguidos na semana seguinte. A tabela mostra, assim como 2020 que o menos talentoso Sainz está na frente, entregando mais pontos, mas sem o brilhantismo.

O que acontece com Leclerc? O que será necessário para ter um clique para adotar a consistência? São perguntas que só ele e a Ferrari podem saber.

Ao contrário da fábula do escorpião, é necessário que o monegasco lute contra a própria natureza até aqui na categoria para atingir todo o potencial que existe nele.

Até!

domingo, 7 de maio de 2023

SEM ESFORÇO

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

O bom dessa F1 chata e imprevisível é que preciso cada vez escrever menos. Ainda bem. São muitas corridas, dá para basicamente fazer a mesma estrutura e mudar algumas coisas chave. 

23 corridas com o domínio da Red Bull vai ser uma tortura. Parabéns para a Liberty. O novo regulamento vai demorar para aproximar os times e o Pacto de Concórdia sequer está próximo de ser assinado. Bom, o mais importante para a Liberty é que agora as celebridades trazem engajamento para a categoria, circuitos genéricos de rua estão no calendário e as Sprint Race são um sucesso.

Sobre a corrida, a questão era saber em quanto tempo Verstappen chegaria em Pérez. 15 voltas, mesmo com pneus duros e uma suposta dificuldade em ultrapassar. Parece jogar no fácil. Mesmo de cara para o vento, Pérez só abriu 3,7 segundos para o holandês. A corrida acabou ali.

Estratégias diferentes e era só formalidade a vitória de Max ser confirmada, o que aconteceu no final, após a parada. A questão é que não existe disputa pelo título. Pérez não é adversário para Max. Isso não é uma crítica ao mexicano, é somente a realidade. A estrutura Red Bull foi montada, desde a adolescência de Max, para ele vencer e ser o protagonista. Hoje, igualou Vettel como o maior vencedor da Red Bull.

A diferença entre pilotos também é notória. Repito, os adversários de Max estão nas equipes inferiorizadas. Alonso, Hamilton, Russell... esses poderiam dar algum calor se tivessem equipamento competitivo. Como não há, a corrida é uma questão de saber quando Max vai vencer. Se larga na pole, a cobra foi morta no sábado. Quando algo diferente acontece, são 15 voltas até a formalidade acontecer.

Alonso completou o pódio e mostra que a consistência, mesmo no fim da carreira, é comovente. Khabib diz que não existe um segundo auge, mas a Fênix e Nas podem provar o contrário. A Mercedes vai depender do pacote da temporada européia. A Ferrari e seus pilotos não se ajudam, embora Sainz pelo menos não está batendo e trazendo pontos. Por falar nisso, a Alpine conseguiu um final de semana normal pela primeira vez no ano.

Magnussen trouxe um pontinho em uma das corridas da casa. A McLaren parece ser um caso perdido e a paciência de Norris talvez não exista mais. É isso que sobrou.

Em um campeonato particular, estamos vivendo a segunda era Red Bull, a primeira de Verstappen. Com calendário cada vez mais inchado, infelizmente isso será mais longo do que estamos acostumados. Bom, o esporte sempre foi assim. Para quem chegou depois de 2021, acostume-se.

Confira a classificação final do GP de Miami:


Até!


sexta-feira, 5 de maio de 2023

À ESPERA

 

Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images

Miami e suas excentricidades. No início é tudo novidade e inovador, afinal estamos apenas na segunda edição do Grande Prêmio. Os americanos sabem como fazer entretenimento, então certamente isso não é um problema. A questão é saber se o entretenimento será consumível, digamos.

Depois de ter escrito isso, vamos ao que interessa. Primeiro que aparentemente informaram errado os horários dos treinos: 15h e 18h30 ao invés de 15h30 e 19h. Perdi uns 20 minutos do TL1 nessa brincadeira e quando parei para assistir um pouco, Hulkenberg bateu e gerou uma bandeira vermelha.

O TL1 é mais para instalação e alguns testes, mas ainda assim não deixa de ser interessante que o top 3 da sessão foi Russell, Hamilton e Leclerc. Significa alguma coisa? Provavelmente não em termos do resultado final na corrida, mas fica a torcida para que essas equipes se aproximem da Red Bull e ao menos deem algum calor no time dos energéticos.

A questão é que a Ferrari repetiu o bom desempenho no TL2 e a Mercedes não. Difícil explicar o que isso significa, mas enquanto escrevia isso, Leclerc bateu sozinho. Pode ser um problema para a classificação até a equipe conseguir consertar o carro. Foi só eu escrever... Quando não é a Ferrari, são os pilotos que não se ajudam.

Na midiática Miami, pode ser que aconteça uma repetição de Baku: Ferrari competitiva nas voltas rápidas, mas soterrada pelo ritmo de corrida colossal da Red Bull. É torcer que o ar de Miami traga alguma surpresa, algum entretenimento digno de Hollywood.

Confira os tempos dos treinos livres:




Até!

quinta-feira, 4 de maio de 2023

GP DE MIAMI: Programação

 O Grande Prêmio de Miami aconteceu pela primeira vez na história em 2022, em um circuito de rua de 5,4 km. O contrato inicial com a categoria é de dez anos.

Foto: Wikipédia

STATÍSTICAS:
Pole Position: Charles Leclerc - 1:28.796 (Ferrari, 2022)
Volta mais rápida: Max Verstappen - 1:31.361 (Red Bull, 2022)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Max Verstappen - 1x (2022)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 93 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 87 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 60 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 48 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 34 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 28 pontos
7 - George Russell (Mercedes) - 28 pontos
8 - Lance Stroll (Aston Martin) - 27 pontos
9 - Lando Norris (McLaren) - 10 pontos
10- Nico Hulkenberg (Haas) - 6 pontos
11- Oscar Piastri (McLaren) - 4 pontos
12- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 4 pontos
13- Esteban Ocon (Alpine) - 4 pontos
14- Pierre Gasly (Alpine) - 4 pontos
15- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 2 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Alexander Albon (Williams) - 1 ponto
18- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 180 pontos
2 - Aston Martin Mercedes - 87 pontos
3 - Mercedes - 76 pontos
4 - Ferrari - 62 pontos
5 - McLaren Mercedes - 14 pontos
6 - Alpine Renault - 8 pontos
7 - Haas Ferrari - 7 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 6 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 2 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

ELE FICA

Foto: Getty Images

Fundamental para o projeto Red Bull desde quando chegou, em 2006, Adrian Newey vai continuar nos taurinos. Com contrato expirando no final da temporada, ainda não houve anúncio oficial, mas segundo o Autosport, as conversas estão praticamente fechadas. 

Christian Horner não cansou de elogiar o amigo durante toda a trajetória no time:

“Adrian tem sido uma parte muito fundamental desde o início, praticamente.

Ele cobre muitas áreas, e ter a fundo sua experiência e conhecimento, além da forma como ele trabalha com os jovens, é ótimo. Ele está tão motivado como sempre esteve. É claro que ele tem um grande interesse no que está acontecendo no Powertrains e no Red Bull Advanced Technology também.

Portanto, ele cobre os três pilares em Milton Keynes.

É possível ver que ele comprou totalmente o conceito e também o potencial que ele realmente traz a longo prazo”, disse para a Autosport.

Evidentemente é uma grande notícia. O mago da F1 levou a Red Bull a ter grande vantagem pela experiência com o efeito solo há 30 anos. Claro, há toda uma equipe competente em diversas áreas que auxiliam e contribuem em todo esse aparato, mas Newey já provou ser a diferença nessas três décadas e é um dos únicos lembrados nessa função. É o mago.

ELOGIOS DO DOUTOR

Foto: Getty Images

É raro, mas as vezes acontece. O exigente Helmut Marko teceu palavras positivas para Sérgio Pérez após o mexicano vencer pela segunda vez no ano no último domingo, em Baku.

“Verstappen não teve sorte com o safety car, mas Sergio tem mais pódios aqui e é um circuito de rua. Portanto, não subestime Sergio. Ele mudou muito desde que chegou até nós. Ele começou a trabalhar!
Antes, ele era um piloto mexicano que estava curtindo a vida. Ainda faz isso, mas agora faz o trabalho necessário", disse para o podcast F1 Nation.

Realmente, isso é raro, vindo de Helmut Marko, um destruidor e moedor de carreiras. Não deixa de ser um trunfo mental interessante para Pérez: ao menos conquistar um mínimo de admiração ou satisfação de Marko. É evidente que isso não significa que algo possa mudar na hierarquia do time, mas aparentemente o ambiente interno é ótimo, mesmo que os dois pilotos não se biquem tal qual em 2021.

TRANSMISSÃO:
05/05 - Treino Livre 1: 15h30 (Band Sports)
05/05 - Treino Livre 2: 19h (Band Sports)
06/05 - Treino Livre 3: 13h30 (Band Sports)
06/05 - Classificação: 17h (Band e Band Sports)
07/05 - Corrida: 16h30 (Band)


terça-feira, 2 de maio de 2023

O DESESPERO DA ARTIFICIALIDADE

 

Foto: F1

O texto é até repetitivo, mas a F1 não tem novos assuntos ou personagens para discussão. A temporada será longa e, consequentemente, a Red Bull vai ter outro domínio. Tudo que a categoria não queria está acontecendo: o tal do novo regulamento não surtiu efeito.

Aí, como tentativa de solução, a F1 está apelando para o artificial: pistas de rua repetitivas, trocentas corridas no mesmo país e corridas classificatórias que são um fiasco. Um falso espetáculo não se sustenta, e me parece que muitas pessoas estão percebendo isso.

Parece tudo uma cortina de fumaça até esperar o novo regulamento de motores em 2026 e a chegada de Audi, Ford e talvez Porsche e Honda. Sem testes, talvez essas gigantes demorem um tempo para serem competitivas, tal qual Renault e Honda quando retornaram a categoria.

O novo Pacto de Concórdia, a partir de 2024, ainda não foi assinado pelos times. Isso também será um grande motivo de discussão e notícias nos próximos tempos, até porque existe uma nítida rixa entre a Liberty, que organiza os direitos da categoria, e a FIA. Quem ganha essa queda de braço? A FIA quer novos times, as equipes querem proteger os investimentos. Mais equipes, mais pilotos, mais oportunidades, menos dinheiro. Contas a pagar.

No fim das contas, como também sempre escrevo, a F1 sempre foi e sempre será marcada por eras. A diferença é que antigamente, com os testes liberados, os mais endinheirados podiam se recuperar mais rapidamente. Agora, dependendo do nascimento do projeto no novo regulamento, é um processo que leva muito tempo.

Enquanto isso, o desespero da artificialidade pelo engajamento e manchetes fáceis, onde o clique que importa, nos leva a ter coisas que são contra o verdadeiro espírito da F1. É bom que alguns bem intencionados já estão caindo na real. O fiasco de Baku foi muito necessário.

Nesse desespero, só falta fazer o que todo mundo clama: grid invertido, para priorizar o entretenimento fácil e vazio, ou então proibir a Red Bull de ganhar, algo do tipo.

O desespero da artificialidade rende cliques vazios, mas torna a F1 mais desinteressante de forma cada vez mais rápida durante as eras e os domínios de uma equipe/piloto.

Até!

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O DONO DO PEDAÇO

 

Foto: Byrn Lennon/F1

A imagem mais emblemática do final de semana foi, pasmem, graças a uma inútil Sprint Race. Tudo porque, na disputa, George Russell tocou em Verstappen. O holandês recuperou a posição e terminou em terceiro, mas teve um buraco no carro causado pelo incidente, o que não passou batido.

Verstappen foi prontamente discutir com Russell ao vivo, para o mundo todo, reclamando do incidente. Russell respondeu que os pneus estavam frios, mas Max não aceitou conversa. Disse que da próxima vez vai revidar e ainda chamou de otário. O dono do pedaço agindo como um valentão.

Não foi a primeira vez. Lembram dele empurrando Ocon em Interlagos depois de perder a vitória? Tudo bem, ali ele tinha razão, mas me chamou a atenção a passividade de Russell no negócio. Ao optar por dar de ombros e mostrar Max como um desequilibrado, a impressão que passa é justamente o contrário: parece que ninguém ali consegue peitá-lo.

Estamos na era Max Verstappen e não existe um antagonista definido para o holandês, fruto da discrepância dos carros no estágio atual. Leclerc e Russell são os naturais candidatos, talvez Norris se tiver um carro bom. Hamilton, hoje é o grande rival, mas o Sir está próximo de se aposentar, não é algo para o longo prazo.

Verstappen reclamar de incidentes ríspidos com os outros não faz sentido porque esse é (ou foi) o modus operandi do holandês até ser campeão: inconsequente, onde muitos acidentes não aconteceram porque os outros recolheram. Hamilton, disputando o título em 2021, cansou dessa política de boa vizinhança e mostrou que sabe fazer a mesma coisa. Não faz sentido. Verstappen reclamando que os outros foram “Verstappen” com ele.

Falta isso para a F1: alguém que peite Max. Ele está muito confortável. Na Red Bull isso jamais vai acontecer, mas se os próprios rivais forem tão passivos, aí fica complicado. A F1 precisa de uma rivalidade, disputa, alguém que se apresente a ser o antagonista do atual bicampeão, futuro tri. Do contrário, narrativas não se constroem, se perdem e o produto fica desinteressante, além de ser uma grande oportunidade de um piloto mostrar personalidade para os fãs.

Senna foi cobrar o jovem Schumacher e deu um soco em Eddie Irvine. Quem não lembra da discussão em Nurburgring onde Massa, em italiano, xingava Alonso, o bicampeão e o “cara” do momento, que retrucava em espanhol? Para Fernando, surgiram Hamilton e Vettel. Para Max, por enquanto, não há ninguém.

A F1 precisa, entre tantas coisas, urgentemente de uma rivalidade.

Até!