Foto: Byrn Lennon/F1 |
A imagem mais emblemática do final de semana foi, pasmem,
graças a uma inútil Sprint Race. Tudo porque, na disputa, George Russell tocou
em Verstappen. O holandês recuperou a posição e terminou em terceiro, mas teve
um buraco no carro causado pelo incidente, o que não passou batido.
Verstappen foi prontamente discutir com Russell ao vivo,
para o mundo todo, reclamando do incidente. Russell respondeu que os pneus
estavam frios, mas Max não aceitou conversa. Disse que da próxima vez vai
revidar e ainda chamou de otário. O dono do pedaço agindo como um valentão.
Não foi a primeira vez. Lembram dele empurrando Ocon em
Interlagos depois de perder a vitória? Tudo bem, ali ele tinha razão, mas me
chamou a atenção a passividade de Russell no negócio. Ao optar por dar de
ombros e mostrar Max como um desequilibrado, a impressão que passa é justamente
o contrário: parece que ninguém ali consegue peitá-lo.
Estamos na era Max Verstappen e não existe um antagonista
definido para o holandês, fruto da discrepância dos carros no estágio atual.
Leclerc e Russell são os naturais candidatos, talvez Norris se tiver um carro
bom. Hamilton, hoje é o grande rival, mas o Sir está próximo de se aposentar,
não é algo para o longo prazo.
Verstappen reclamar de incidentes ríspidos com os outros não
faz sentido porque esse é (ou foi) o modus operandi do holandês até ser
campeão: inconsequente, onde muitos acidentes não aconteceram porque os outros
recolheram. Hamilton, disputando o título em 2021, cansou dessa política de boa
vizinhança e mostrou que sabe fazer a mesma coisa. Não faz sentido. Verstappen
reclamando que os outros foram “Verstappen” com ele.
Falta isso para a F1: alguém que peite Max. Ele está muito
confortável. Na Red Bull isso jamais vai acontecer, mas se os próprios rivais
forem tão passivos, aí fica complicado. A F1 precisa de uma rivalidade,
disputa, alguém que se apresente a ser o antagonista do atual bicampeão, futuro
tri. Do contrário, narrativas não se constroem, se perdem e o produto fica desinteressante,
além de ser uma grande oportunidade de um piloto mostrar personalidade para os
fãs.
Senna foi cobrar o jovem Schumacher e deu um soco em Eddie
Irvine. Quem não lembra da discussão em Nurburgring onde Massa, em italiano,
xingava Alonso, o bicampeão e o “cara” do momento, que retrucava em espanhol?
Para Fernando, surgiram Hamilton e Vettel. Para Max, por enquanto, não há
ninguém.
A F1 precisa, entre tantas coisas, urgentemente de uma
rivalidade.
Até!
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