Foto: Getty Images |
Cheguei a escrever, em 2019, que Leclerc parecia muito mais
completo e maduro para disputar campeonatos que Max Verstappen. O recorte até
aquele parâmetro me permitia fazer esse tipo de afirmação.
No entanto, quatro anos depois, se revisitarmos tudo isso,
parece que sou um idiota. Realmente sou, mas a questão é: qual o motivo dos
papéis terem se invertido nesse recorte de tempo? O que aconteceu com Charles
Leclerc?
Há alguns motivos que podemos chutar ou conjecturar.
Primeiro: pós 2019 e o escândalo dos motores, a Ferrari entrou em desgraça e
continua nela, apesar de ter iludido a todos no início do ano passado. Com o
pior campeonato em quarenta anos justo na pandemia, é normal que um piloto
talentoso como Leclerc queira correr mais que o carro.
Mesmo nessas condições, ele sempre fez poles e pódios porque
é bom e muito rápido. O que intriga é que nem na Sauber, quando novato,
acontecia tais problemas e as repetições. Claro: a pressão da Ferrari não se
compara e Charles ainda é jovem, apesar de ser a quinta temporada no cavalinho
rampante.
Andar mais que o carro, juventude, ansiedade, pressão. Tudo
isso afeta a confiança. Um atleta de alto rendimento e um cidadão comum duvidam
de si mesmo a todo instante, principalmente com aquela velha máxima de que
“você é a última corrida que fez” ou algo do tipo. Quando você erra ou vai mal,
o fantasma de repetir isso afeta e você quer apenas se livrar da última
impressão.
Inevitavelmente, as dúvidas aparecem: será que sou tão bom
assim? E tudo é uma espiral... Quando Leclerc vai bem, a equipe o ferra e o
chefe coloca o dedo em riste na frente de todo mundo. Quando a equipe não
atrapalha, um erro bobo coloca tudo a perder.
O problema é que já são muitos erros bobos para alguém tão
experiente. Leclerc está numa equipe que, hoje, precisa de eficiência para
alcançar os melhores resultados possíveis. Ninguém discute a qualidade dele,
mas a consistência é o caminho. Não adianta ser pole numa corrida e bater dois
dias seguidos na semana seguinte. A tabela mostra, assim como 2020 que o menos
talentoso Sainz está na frente, entregando mais pontos, mas sem o brilhantismo.
O que acontece com Leclerc? O que será necessário para ter
um clique para adotar a consistência? São perguntas que só ele e a Ferrari
podem saber.
Ao contrário da fábula do escorpião, é necessário que o monegasco
lute contra a própria natureza até aqui na categoria para atingir todo o
potencial que existe nele.
Até!
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