quinta-feira, 1 de setembro de 2022

GP DA HOLANDA: Programação

 O Grande Prêmio da Holanda aconteceu entre 1952 e 1985, com três pausas: 1954, 1956-1957 e 1972. 

Em 2020, estava marcado o retorno do país no calendário da F1, no circuito de Zandvoort. No entanto, em virtude da pandemia do coronavírus, a volta foi confirmada para 2021, marcando o reencontro dos fãs holandeses com a velocidade depois de 36 anos.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Pole Position: Max Verstappen - 1:08.885 (Red Bull, 2021)

Volta mais rápida: Lewis Hamilton - 1:11.097 (Mercedes, 2021)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Jim Clark - 4x (1963, 1964, 1965 e 1967)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 294 pontos

2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 191 pontos

3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 186 pontos

4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 171 pontos

5 - George Russell (Mercedes) - 170 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 146 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 76 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 64 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 51 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos

11- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 20 pontos

13- Daniel Ricciardo (McLaren) - 19 pontos

14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 18 pontos

15- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 5 pontos

18- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

19- Lance Stroll (Aston Martin) - 4 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 475 pontos

2 - Ferrari - 357 pontos

3 - Mercedes - 316 pontos

4 - Alpine Renault - 115 pontos

5 - McLaren Mercedes - 95 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 51 pontos

7 - Haas Ferrari - 34 pontos

8 - Alpha Tauri RBPT - 29 pontos

9 - Aston Martin Mercedes - 24 pontos

10- Williams Mercedes - 4 pontos


NOVO ALVO

Foto: Getty Images

A Alpine espera o desfecho do caso Piastri para definir o parceiro de Esteban Ocon para 2023. Segundo a Sky Sports, há um candidato destacado caso o Tribunal dê ganho de causa para o australiano: Pierre Gasly.

Além de ser francês, Gasly está num limbo na Alpha Tauri e sem perspectivas de subir para a Red Bull outra vez. Com uma compensação financeira, a Alpha Tauri poderia concordar em liberar o piloto, caso consiga encontrar um substituto (talvez dois) para o francês, pois Tsunoda ainda não confirmado no time.

Inclusive, segundo a publicação inglesa, Gasly está no topo das prioridades até mesmo em relação a Piastri, outrora o filho pródigo da Alpine.

Ocon e Gasly, uma possível dupla francesa numa equipe francesa, seria um sinal de que as animosidades que os dois pilotos têm desde a infância estão mais frias, a ponto de poderem conviver juntos no mesmo teto.

Novo alvo entre aspas, né? Modéstia a parte, eu cantei a pedra aqui há alguns bons meses. Realmente, é a melhor opção para os dois, dentro do contexto que vivem. Alpine e Gasly ganhariam muito. A Alpha Tauri eu não sei, mas pagando bem, tem mais liberdade para continuar o que faz de melhor: revelar pilotos.

NA TORCIDA

Foto: Getty Images

Os amigos e ex-companheiros têm preferências para o ano que vem. No entanto, ao que parece, as expectativas para que os desejos se realizem sejam bem distintas.

Começando por Valtteri Bottas. O finlandês quer que Guanyu Zhou continue na Alfa Romeo para o ano que vem.

“Definitivamente vou torcer por sua continuidade, já que este é apenas seu primeiro ano e, claro, vai conseguir dar um bom passo (de evolução) em 2023. Esse é o meu sentimento. Não acho que ele está se preocupando muito com isso — está apenas focado em terminar esta rodada tripla, conseguir alguns bons pontos e, talvez depois, sentar com a equipe para conversar”, disse.

Bottas também não negou que tenha planos para permanecer por bastante tempo na equipe. No final de 2023, a parceria Sauber e Alfa Romeo termina. A chegada da Audi será somente em 2026. Bottas não descarta continuar no time até a chegada dos alemães.

“Até o momento, o que eu sinto é: “por que não?”. Estou realmente curtindo aqui, sinto que ainda posso pilotar rapidamente e, no futuro, não vejo motivo para isso não acontecer. Ainda tenho muito a dar ao esporte. Obviamente você nunca sabe como vai se sentir daqui 2 ou 3 anos, mas por agora estou realmente aproveitando a Fórmula 1 — e como o esporte está em alta no momento, a atmosfera em cada fim de semana é ótima. Estou em um time bom e o equilíbrio entre vida-trabalho está realmente ótimo para mim no momento, então consigo me enxergar aqui a longo prazo”, finalizou.

Hamilton tem outra torcida: com Russell garantido na Mercedes por longos anos, o Sir quer o retorno da África do Sul no calendário, o que não acontece desde 1993. A questão é que isso parece improvável, ao menos para 2023. A renovação da Bélgica por mais uma temporada parece ser um entrave, diante de um calendário já inchado e cheio de pretendente.
Ainda, de acordo com o portal holandês Racing News 365, as negociações com a F1 pararam pela falta de apoio do governo local. Muitas promessas e poucas garantias até aqui, como por exemplo quem pagaria os US$ 15 milhões necessários para que o autódromo receba o certificado de grau 1 da FIA e esteja apto a receber a categoria.

Nada disso desanima Hamilton, que acompanha as tratativas dos bastidores por perto.

 “Tenho me esforçado bastante para termos um GP por lá. Estou feliz pelas conversas que estão acontecendo, e Stefano tem feito um trabalho incrível para que isso aconteça.

Ainda tenho esperanças de haver um corrida lá no próximo ano, nunca diga nunca, contanto que tenhamos a corrida no calendário. Precisamos ter um GP por lá”, disse.

Zhou merece permanecer. Jovens precisam de tempo de adaptação, ainda mais que não há muitos testes disponíveis. Sobre Kyalami: a ideia é boa, mas precisa ser desenvolvida. Uma corrida na África é muito bom, o problema é que provavelmente vão tirar algum circuito relevante porque é proibido mexer nas aberrações arábes, americanas ou Zandvoort, por exemplo. Vamos ver.

TRANSMISSÃO:
02/09 - Treino Livre 1: 7h30 (Band Sports)
02/09 - Treino Livre 2: 11h (Band Sports)
03/09 - Treino Livre 3: 7h (Band Sports)
03/09 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)
04/09 - Corrida: 10h (Band)



terça-feira, 30 de agosto de 2022

NÃO É BEM ASSIM...

 

Foto: Getty Images

Dias antes da oficialização da saída da McLaren, Daniel Ricciardo indicava que poderia ter alguma carta na manga. Ao falar sobre o amor pelo esporte e citar o exemplo de Sérgio Pérez, demitido duas vezes, deu a volta por cima e agora está na Red Bull, tudo isso poderia simbolizar que existiam alternativas para o sorridente australiano.

Tamanho discurso otimista em meio ao contexto de quase fim de festa (ou expulsão mesmo) só poderia significar duas coisas: há algo em andamento ou um descolamento da realidade. Tudo isso porque Ricciardo descartou outras categorias e não queria ir para uma equipe sem perspectiva.

Bom, diante disso tudo, só há uma alternativa possível: a Alpine. No entanto, as notícias dos últimos dias indicam que os franceses têm outros planos, desde Gasly, passando por Mick Schumacher, Hulkenberg ou até mesmo a confirmação do rebelde Piastri. Nada de Ricciardo.

Dias depois, a conversa otimista e motivadora que de certa forma fui seduzido a acreditar deu espaço para um conformismo: Ricciardo não veria problemas em ficar um ano fora se não tiver lugar disponível. E provavelmente não terá, a menos que aceite se juntar a Haas ou Williams, o que duvido muito.

Pra quem vai ganhar 10 milhões de euros para não trabalhar, não é um problema financeiro. O problema é a carreira e o prognóstico. Ricciardo foi um ótimo piloto e ainda tem espaço no grid. A questão é: com a idade já começando a ficar avançada para a F1 (lembrem-se que ela é um esporte de jovens) e o fato do australiano não ter a mesma grife que um Alonso para voltar tão velho (ou experiente, como queiram), o que aguarda o australiano a partir de 2024?

Quais vagas de renome poderiam estar disponíveis? Claro que depende muito das forças mudarem ou não na hierarquia das equipes. Assim sendo, já dá para descartar de imediato as ex-equipes Red Bull, McLaren e até Alpine. Sobrariam a Mercedes, contando com a aposentadoria de Hamilton e, no meio do pelotão, no máximo a Alfa Romeo, que vai juntar forças com a Audi só em 2026, quando o australiano já teria 36 anos.

Neste momento, sem olhar para as outras categorias do automobilismo onde poderia ser feliz, como a Indy ou até mesmo a WEC, a carreira de Ricciardo é uma grande provocação: navegando pelo incerto e idolatrando a dúvida.

Até!


RETRÔ E VINTAGE

Foto: Getty Images

 Grandes rivalidades encerram-se quando, obviamente, os dois não têm mais o que dar, um dos dois já é muito superior ou quando os parâmetros de competição não são os mesmos.

Será que as rivalidades realmente acabam? Só ver o caso Hamilton e Vettel, por exemplo. De Vettel jogar o carro e querer brigar até a admiração pública mútua, o que mudou? Bem, Hamilton conquistou dois títulos contra o alemão, que entrou em declínio. Não era mais um adversário direto, o principal. Concorrência superada.

Claro: os posicionamentos extrapista também fazem a diferença, mas os dois não são vistos como iguais porque Hamilton aniquilou qualquer dúvida que pudesse existir entre ele e Vettel.

O texto fala de outro rival do Sir: o maior da carreira. Sim, muito maior que Rosberg. Tão intensa quanto explosiva, ela também ajudou a moldar a carreira do maior nome da história da categoria, em números.

A rivalidade com Alonso esfriou na última década pelo motivo óbvio: o espanhol, pelo temperamento difícil, deixou de ocupar os principais assentos da F1. Relegado ao pelotão intermediário pelas escolhas equivocadas da carreira, não haveria o que disputar. A rivalidade estaria no passado e no campo da hipótese.

Ou Alonso voltaria ao topo ou Hamilton teria que baixar o padrão. Aconteceu a segunda opção. Nesse meio tempo sem disputas relevantes, os dois manteram a boa política. Elogios mútuos, homenagens quando o espanhol saiu da F1 pela primeira vez e muito respeito. Para Hamilton, faz todo o sentido: valorizar o bicampeão por ter dividido a mesma equipe quando estreante e no auge de Fernando só engrandece o feito.

Se Alonso e Hamilton estão distantes nos números, em termos de qualidade não. Muito pelo contrário. É claro que a comparação fica prejudicada pela carreira errática na gestão de escolhas que a Fênix fez, mas aí há um bom debate: quem é ou foi melhor?

Não é esse o intuito do texto de hoje. Na verdade, a abordagem é simples: com os dois no pelotão intermediário, ambos disputam os mesmos objetivos. Tudo bem, a Mercedes está alguns degraus a frente. No entanto, nunca esteve tão fragilizada em uma década, comparando-se com si mesmo e os rivais.

Então, num ambiente e num esporte naturalmente competitivo, com pessoas que competem desde a infância no kart, tudo vale alguma coisa. Não é só apenas a vitória ou um título. É espaço, prestígio, ego, a vitória psicológica.

Hamilton e Alonso juntos sempre vai ter aquela lembrança cada vez mais distante de 2007. Quinze anos. Os dois mais longevos do grid. Agora, há chance maior de competir. Por isso o incidente de ontem não é apenas um erro de cálculo ou algo de corrida. É simbólico.

É retrô e vintage, porque remete a um passado relativamente próximo e está em ótimo estado de conservação. Para Alonso, tem uma importância maior. A chance de tirar uma casquinha, de mostrar o que poderia ter sido se simplesmente fizesse uma leitura melhor da carreira e do temperamento. Por isso a reação explosiva no rádio.

Evidente que isso é normal no calor do momento, mas reparem: “Hamilton só sabe largar quando está na frente”. Há, no entendimento do espanhol, uma deficiência no Sir, mascarada por ter sempre um carro competitivo e/ou dominante a carreira toda enquanto o espanhol precisou se “provar mais”.

Hamilton deu o pulo do gato que Alonso gostaria quando foi para a Mercedes. O resto é história. Por isso que há mais animosidade do espanhol do que o contrário. Quem perde não esquece. Claro, eles ficaram empatados em pontos em 2007 e perderam o título para Raikkonen.

Alonso era o bicampeão e sucessor de Schumacher. Hamilton era apenas o novato protegido por Ron Dennis que, com o passar do tempo, provou que também era um piloto diferente. Não só em 2007, mas vocês já sabem...

Hamilton e Vettel “roubaram” o trono que estava destinado a ser de Alonso, o responsável por encerrar a Era Schumacher. Foi encerrado pelos dois talentos prodígios. Para o ego e a competitividade de alguém, isso dói muito. Desde então, mesmo tentando, a Fênix não conseguiu novos títulos e ficou sempre no campo da hipótese: “ah se tivesse um carro bom...”

Um ressentimento de 15 anos. Na explosão do momento, Alonso deixou explícito o que pensa de Hamilton. O inglês não precisa retrucar porque sempre soube disso e talvez seja recíproco. É natural se não for, porque o tempo deu razão a Lewis para conquistar e dividir a atenção com outros adversários menos intensos e mais estressantes, como Nico Rosberg e agora Max Verstappen.

Para Alonso, é uma chance de uma mínima reparação. Por isso, a cada disputa, roda com roda e entrevistas, não é apenas uma situação de corrida. São 15 anos de uma temporada que mudou a carreira dos dois. Melhor para Hamilton.

Isso também serviu para mostrar aos mais novos um pouco do que era aquilo. Hamilton, com a segurança de ser o nome mais popular do esporte no momento, tem nos títulos e na experiência a condição necessária para responder a altura.

Sempre praticando os jogos mentais via imprensa, rádio e gestos, Alonso nunca se furtou de ser o anti-herói e o vilão. Ele sempre teve essa natureza mesmo agora, quando ficou mais divertido e carismático conforme ficava cada vez mais longe das glórias. Ele sabe que irrita e por isso o faz. Por isso também é único.

Quantas disputas épicas poderíamos ter nos últimos nove anos se dessem um carro decente para Alonso? O que seria dessa rivalidade, que em um ano já virou uma das maiores da história da categoria e digna de filme? Perguntas que a F1 não quis responder.

Resta nos contentar com as migalhas que valem algum lugar entre os 10 ou o pódio. Tudo bem. Não é sobre as posições, e sim sobre as personalidades e o carisma.

Todo campeão precisa de um antagonista. Lauda e Hunt. Senna e Prost. Hamillton e Verstappen. Rosberg. Alonso.

Os circuitos relevam muito mais que as qualidades técnicas dos pilotos, como vocês já puderam entender, eu acho. Muito mais.

Até!

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

TIRANDO PRA COMÉDIA

 

Foto: ANP via Getty Images

A incerteza ficou só na sexta feira mesmo. No treino, com o motor novinho, Max Verstappen tinha grandes possibilidades de no mínimo ficar no pódio. Ele mesmo havia declarado no sábado que seria uma vergonha isso não acontecer.

O que se viu em Spa Francorchamps foi um passeio. A expectativa era que Leclerc também pudesse se recuperar, mas aí depois voltamos para esse assunto. Coincidência ou não, os trabalhos de Max e Charles ficaram um pouco mais fáceis porque as Alpha Tauri largaram dos boxes. Caminho livre e pedido da equipe principal?

Sainz e Pérez dependeriam de um bom ritmo e sorte para tentar sonhar com uma vitória. Com a Red Bull melhor, a impressão é que o time de Adrian Newey progrediu com as novas regulamentações técnicas, além do fato de ter evoluído muito nos circuitos de alta velocidade, com muitas retas.

As primeiras voltas também facilitaram o trabalho que já não seria tão hercúleo para Max. Escalando o grid, teve o Safety Car provocado por mais uma barbeiragem de Latifi e que vitimou Bottas.

Antes disso, 15 anos de ressentimento: Hamilton foi otimista demais, tentou passar por fora, deixou Alonso sem espaço e voou. Com danos, teve que abandonar. Os melhores também erram. Hamilton desperdiçou uma boa chance de pódio. A Mercedes tem um ótimo ritmo, mas falta velocidade. A Red Bull se distanciou. Os alemães dão alguns passos atrás.

Alonso, fulo da vida com a manobra, destilou os anos de ressentimento no rádio. Na raiva, foi genuíno. Uma pena que escolhas da carreira não permitiram que os dois se encontrassem mais nas pistas. É natural que Alonso sinta isso, pois tem o ego e a competição envolvidos. É natural. Quem tenta dominar sempre vai ter dificuldade com os semelhantes.

Um Safety Car facilitou o trabalho de Max porque não permitiu que Sainz disparasse. Era para ele e Leclerc chegarem nos ponteiros, mas o azar falou mais alto na Ferrari. Uma sobreviseira que Max tirou foi parar no duto de freios do ferrarista, superaquecendo-o. Parada prematura e desgaste de pneus fizeram com que Charles se descolasse do principal pelotão. Mais uma vez, fora da disputa. Mas o pior estava por vir.

Max está sobrando. É como se jogasse no muito fácil. Na Hungria, largou em nono. Agora, em décimo terceiro. Mesmo assim, em 12 voltas, era o líder, mesmo com pneus macios. Os médios de Sainz e Pérez se desgastaram muito mais rápido. Fácil, extremamente fácil. E meteu 20 segundos de vantagem. O carro está melhor e mais adaptado para Max. Os rivais ficam cada vez mais distantes e não evoluem, pelo contrário.

Leclerc parou para colocar pneus novos e fazer a volta mais rápida, só que no meio do caminho tinha Alonso. O ponto não foi possível, mas veio o pior: acelerar demais no pit lane rendeu cinco segundos de punição. Leclerc, que teria 11 pontos, saiu com 8. São quase 100 pontos de desvantagem. O campeonato acabou, sejamos francos.

O psicológico também conta. Ou Leclerc erra ou a Ferrari o prejudica. São tantos erros repetidos que culminaram muito precocemente numa suposta disputa, justamente quando a Ferrari estava mais competitiva. Agora, com a Red Bull cada vez melhor e o crônico problema dos italianos em evoluir durante o ano, agora é questão de tempo. Nem o discurso externo existe mais.

Pérez e Sainz no pódio. Os dois segundões. A diferença é que, de forma bizarra, a Ferrari coloca as melhores estratégias no espanhol. Daqui a pouco, mesmo com um ritmo inferior, é capaz de ultrapassar o monegasco no campeonato. O Senhor Consistência Russell teve uma boa possibilidade de pódio, mas é inegável que o retorno das férias foi um soco no estômago da Mercedes, como Hamilton disse no sábado.

Apesar dos danos causados no incidente com o Sir, Alonso segue somando pontos e mostrando porque deve continuar na F1 por muito tempo. Nele, a idade não parece agir. Ainda por cima, mostrou um lado vintage que está disfarçado de humor e carisma em virtude de não andar mais no topo da categoria. Alonso é um patrimônio da F1 porque é único. Hoje, ele lembrou os antigos e respondeu aos novos porque é não há meio termo: ame ou odeie.

Ocon é tão regular que quase esqueci de mencioná-lo, mesmo repetindo a épica ultrapassagem que o Hakkinen fez na reta oposta. Tão consistente quanto Russell e ainda menos inserido no radar do que quando surgiu da base para a categoria.

Vettel, Gasly e Albon conseguem pontos importantes. Uma boa atuação do alemão, num circuito onde a Aston Martin foi competitiva. O tailandês consegue o quarto pontinho com a Williams e isso precisa ser sempre muito bem comemorado. Mesmo em uma temporada decepcionante, Gasly tenta encontrar um rumo também para a carreira.

Quem ficou abaixo foi a McLaren, que saiu zerada. Parece que a Alpine está melhor nas pistas de alta. Vai ser uma disputa interessantíssima nos construtores, ainda mais com a questão Piastri no meio.

Max Verstappen e a Red Bull tiram a concorrência pra comédia. É fácil e até humilhante: não interessa de onde sai, nada parece ser capaz de deter o bicampeonato do holandês, que corre em casa na semana que vem. Imagina a euforia?


Até!

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

INCERTEZA DIVERTIDA

 

Foto: ANP via Getty Images

Diria que a palavra que melhor descreve a F1 em Spa Francorchamps neste final de semana é incerteza. Por vários motivos, mesmo quando algumas certezas se confirmam.

A parceria Alfa Romeo e Sauber vai acabar no ano que vem. A marca do Grupo Fiat deixa a F1. Isso pode significar o retorno da independência da Sauber na gestão de equipe por duas temporadas: 2024 e 2025. No fundo, essa independência já existia agora. Afinal, mesmo com o motor Ferrari, não há nenhum piloto da academia no time.

Tudo isso porque, a partir de 2026, a Audi chega na F1. Finalmente. Ela e a Porsche. A Audi está próxima de comprar a Sauber. Seria uma parceria no estilo da saudosa Sauber BMW (2006-2009), o melhor momento do time de Peter Sauber em mais de 30 anos na categoria. É até estranho reportar isso como algo oficial. Ainda restam quatro anos para o novo regulamento e teto de motores das fabricantes. Se as coisas continuarem do jeito que estão, talvez surjam novas hierarquias.

Ah, a Porsche vai se aliar a Red Bull, mas pretendo escrever sobre esses assuntos de forma mais ampla no futuro próximo.

Outra incerteza é o futuro de Daniel Ricciardo. Também me alongarei mais sobre durante a semana. Há um certo otimismo, mas também um desejo claro: se não for a Alpine, não será ninguém e o australiano pode fazer o tal "ano sabático". O problema é que, para alguém da idade dele, o sabático pode ter uma duração maior.

Spa tem várias incertezas, começando pelo contrato. A F1 já anunciou que a França está fora do calendário de 2023 e pode retornar no tal sistema de revezamento. Esta pode ser a última edição do circuito favorito de todo mundo que gosta de automobilismo. Tomara que tenha corrida desta vez. 

Apesar do tempo incerto de hoje, com chuvas esparsas durante o dia belga, a tendência é que domingo tenha pista seca. O sábado pode ter surpresas com uma possível pista molhada. Naturalmente já é assim...

No entanto, a corrida ganha uma incerteza pelo lado que é muito positivo. Seis carros vão trocar componentes de motor e câmbio e largam no fim do grid. Entre eles Verstappen e Leclerc. Vão sair lá de atrás, escalando o pelotão. Num circuito longo e rápido igual Spa, não deve ser muito difícil chegar no topo. A vitória é outra conversa.

Tudo vai depender do ritmo de seus companheiros. A notícia significa que a Mercedes tem uma grande chance de finalmente vencer em 2022. Não é loucura. A questão é o ritmo de corrida em relação a Max e Charles, que saem lá de atrás. Se Hamilton e Russell se livrarem do ritmo mais cadenciado de Sainz e Pérez, teremos uma corrida mais emocionante ainda. A possibilidade está aberta até para mais uma pole no ano.

Também é chance de Alonso aprontar no sábado. Além da dupla que lidera o campeonato, Ocon, Bottas, Mick Schumacher e Norris também estão punidos. Spa vira uma incerteza divertida, em todos os sentidos.

A Ferrari liderou a primeira sessão e a Red Bull a segunda. A bola e a responsabilidade estão com Sainz e Pérez. Sem os companheiros implacáveis, eles precisam se afirmar e mostrar que são escudeiros úteis. Do contrário, o bicho papão alemão prateado guiado pelos ingleses vai chegar, roubar o doce das crianças e disparar rumo a glória inédita em 2022.

Confira a classificação dos tempos livres:




Até!


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Reprodução/Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:41.252 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)

CLASSIFICAÇÃO:
1 – Max Verstappen (Red Bull) – 258 pontos
2 – Charles Leclerc (Ferrari) – 178 pontos
3 – Sérgio Pérez (Red Bull) – 173 pontos
4 – George Russell (Mercedes) – 158 pontos
5 – Carlos Sainz Jr (Ferrari) – 156 pontos
6 – Lewis Hamilton (Mercedes) – 146 pontos
7 – Lando Norris (McLaren) – 76 pontos
8 – Esteban Ocon (Alpine) – 58 pontos
9 – Valtteri Bottas (Alfa Romeo) – 46 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) – 41 pontos
11- Kevin Magnussen (Haas) – 22 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) – 19 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) – 16 pontos
14- Sebastian Vettel (Aston Martin) – 16 pontos
15- Mick Schumacher (Haas) – 12 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) – 11 pontos
17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) – 5 pontos
18- Lance Stroll (Aston Martin) – 4 pontos
19- Alexander Albon (Williams) – 3 pontos

CONSTRUTORES:
1 – Red Bull RBPT – 431 pontos
2 – Ferrari – 334 pontos
3 – Mercedes – 304 pontos
4 – Alpine Renault – 99 pontos
5 – McLaren Mercedes – 95 pontos
6 – Alfa Romeo Ferrari – 51 pontos
7 – Haas Ferrari – 34 pontos
8 – Alpha Tauri RBPT – 27 pontos
9 – Aston Martin Mercedes – 20 pontos
10- Williams Mercedes – 3 pontos

AINDA É DA ELITE

Foto: McLaren

Recém dispensado da McLaren em virtude do desempenho muito aquém e por não ser barato, Daniel Ricciardo ainda acredita fazer parte do grupo de elite da F1 e está muito motivado para continuar "prosperando" na categoria, apesar o futuro incerto.

"Acredito que ainda posso prosperar, porque creio que pertenço à F1 e que posso fazê-lo. Isso é o que realmente me deixa motivado", disse para a australiana Speedcafe.

O que ainda faz o australiano continuar estimulado é o fato de uma quantidade muito pequena de pilotos estarem aptas para a F1. O australiano definitivamente ainda se sente parte dessa elite.

“A competição… Deve ser um dos únicos esportes no mundo em que só há 20 pessoas competindo. A competição envolve apenas um grupo pequeno de 0,001% das pessoas. Então, poder fazer parte desse grupo e competir nesse grupo é uma coisa única. E eu amo isso”, salientou.

É bom que Ricciardo ainda se sinta assim, mesmo com a situação tão complicada na categoria em virtude do desempenho decepcionante na McLaren, apesar de ter vencido uma corrida.

De fato é uma elite. Poucos pilotos aptos para poucas vagas. Mesmo assim, são aptidões diferentes, desde o talento, a posição nas academias e a quantidade de dinheiro que alguém é capaz de trazer para um time. As portas estão quase se fechando para Ricciardo. No entanto, todos sabemos de sua qualidade. Não há tempo a perder. Só depende dele para continuar na elite do automobilismo.

SEM VENDER A ALMA

Foto: Reprodução/Red Bull

A F1 passa por expansões e mudanças no calendário. Circuitos tradicionais estão dando lugar para novos lugares e praças sem tradição na F1 e/ou no automobilismo. 

Stefano Domenicali, chefão da categoria, garante que não vai montar um calendário e uma F1 baseado apenas no dinheiro, embora ele seja fundamental, é claro:

“Não vou vender a alma da Fórmula 1. São mudanças normais, estamos nos abrindo para todo o mundo. Dinheiro também é importante em tudo quanto é lugar: para nós, também”, disse.

França, Spa e Mônaco podem estar de saída. O contrato se encerra nesse ano. Por outro lado, Arábia Saudita, Catar, Miami e Las Vegas estão garantidos por um longo tempo na categoria. Domenicali não quer criar um desequilíbrio entre os circuitos favoritos dos fãs e dos pilotos e um monte de pista de rua genérica sem alma que paga muito mais que a concorrência.

“Mas não olhamos só para isso: todo o pacote tem que fazer sentido. Se olhássemos apenas para contas bancárias, o calendário das corridas seria definitivamente diferente”, afirmou para o jornal alemão "Bild".

Domenicali diz que não quer vender a alma da F1. Ela já foi vendida. É um discurso apaziguador. Quem sabe, na pressão, uma ou outra pista mais popular consiga se salvar, mas honestamente: o futuro não vai ser muito diferente disso. Não há mais autódromos hoje em dia. Cada vez mais teremos as pistas de rua genéricas com eventos musicais e gastronômicos nos grandes centros mundiais e é isso aí. Mais fácil, prático e lucrativo. Acostumem-se.

TRANSMISSÃO:
26/08 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
26/08 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
27/08 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
27/08 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
28/08 - Corrida: 10h (Band)







quarta-feira, 24 de agosto de 2022

O TRAMPOLIM

 

Foto: McLaren

O que era óbvio foi devidamente confirmado na semana que a F1 retorna. Daniel Ricciardo está oficialmente fora da McLaren. Em comum acordo, a equipe e o australiano concordaram em encerrar o vínculo no final da temporada. Em compensação ao fim de contrato, Ricciardo ainda vai receber 10 milhões de euros (R$ 50 milhões) pelo acordo.

Que o desempenho de Ricciardo era ruim e não se justificava a manutenção dele no time pelo desempenho direto contra Norris e o salário que recebe (um dos maiores da F1), numa equipe que vive dificuldades financeiras, todo mundo sabia. No entanto, o que ficou evidente desde o caso Piastri é que o time de Woking precisaria se livrar de Ricciardo e isso não seria barato.

Ou seja: a McLaren está pagando para o australiano ir embora. O que isso significa, também, é que há o entendimento de que Piastri está encaminhado. Há alguma segurança jurídica para isso. Do contrário, certamente a equipe não tomaria essa atitude. Imagina ficar sem dois pilotos, igual a Alpine?

Bom, a pergunta que começou a ser respondida nas últimas semanas é: e o futuro de Ricciardo? Obviamente, a única vaga compatível com o que ele ganha e almeja na carreira é um retorno para a Alpine. Ou é isso ou reduzir drasticamente os vencimentos para andar no fim do grid, como a Haas, outra equipe que foi surpreendentemente ventilada pela imprensa européia.

Outra alternativa é ir para o automobilismo americano. Todavia, diante da idade do australiano, isso poderia resultar no fechamento de portas definitivo na F1.

Com a iminente saída, Ricciardo deu várias entrevistas interessantes, inclusive hoje, quando anunciou a saída da McLaren. Desde falar que o amor e o fogo pela categoria não diminuíram até mesmo a se comparar com o caso de Pérez, demitido da própria McLaren em 2013 e da Racing Point em 2020 e que mesmo assim deu duas voltas por cima para continuar na F1 e ter o destaque merecido, mesmo que tardio.

Mesmo com a vitória em Monza que significou o fim do jejum da McLaren, Ricciardo sempre esteve muito abaixo das capacidades, principalmente neste ano. Ao sair da Red Bull por entender que toda a estrutura estava voltada para Max Verstappen, o australiano fez duas tentativas: a Renault, onde optou por encerrar precocemente a parceria e a McLaren, onde fracassou e viu a ascensão de Lando Norris.

O que resta para Ricciardo é a Alpine, não tem jeito. Não é o que ambos querem, mas é o que ambos têm a disposição. 

A McLaren era o trampolim de Ric, mas o próprio australiano serviu de trampolim para o compatriota: Oscar Piastri.

Até!