quinta-feira, 28 de julho de 2022

GP DA HUNGRIA: Programação

 O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.

Foto: Wikipédia

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:16.629 (Mercedes, 2020)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:13.447 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Esteban Ocon (Alpine)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 8x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 233 pontos
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 170 pontos
3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 163 pontos
4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 144 pontos
5 - George Russell (Mercedes) - 143 pontos
6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 127 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 70 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 56 pontos
9 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) - 37 pontos
11- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 19 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 16 pontos
14- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 15 pontos
15- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos
17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 5 pontos
18- Lance Stroll (Aston Martin) - 4 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 396 pontos
2 - Ferrari - 314 pontos
3 - Mercedes - 270 pontos
4 - Alpine Renault - 93 pontos
5 - McLaren Mercedes - 89 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 51 pontos
7 - Haas Ferrari - 34 pontos
8 - Alpha Tauri RBPT - 27 pontos
9 - Aston Martin Mercedes - 19 pontos
10- Williams Mercedes - 3 pontos

MUITA LENHA PARA QUEIMAR

Foto: Reprodução/Mercedes

Depois de completar 300 GPs, um número significativo, é natural já começar a pensar o futuro a curto-prazo de Lewis Hamilton. Apesar de ter contrato até o fim do ano que vem com a Mercedes, Lewis está sendo constantemente questionado sobre o futuro no esporte, principalmente diante de um 2022 sem grandes possibilidades de triunfo na pista, anormal para um hepta.

Analisando a jornada que está percorrendo, Hamilton afirma ainda se sentir jovem, faminto e confortável na F1:

“Primeiramente, quero agradecer por chegar até aqui. Mas ainda me sinto fresco, e ainda sinto que tenho combustível sobrando no tanque. Estou gostando do que estou fazendo e orgulhoso de trabalhar, todos os dias, com este grupo incrível de pessoas. Estou aproveitando para trabalhar com o esporte mais do que nunca", disse.

Apesar das dificuldades e da nítida evolução da Mercedes no ano, Hamilton admite que vencer em 2022 talvez seja difícil, mas que está determinado a seguir lutando para melhorar o carro, principalmente o do próximo ano.

“Quero voltar a vencer e isso vai levar tempo, mas tenho certeza que vamos sentar algum dia e falar sobre o futuro. Quero continuar construindo. Uma coisa é correr, mas outra é continuar a fazer mais fora do esporte – algo que nós e a Mercedes conseguimos, e vamos, fazer”, finalizou.

Como é bom sentir Hamilton assim. Aquela desilusão do início do ano foi embora. Com as coisas se ajeitando e a compulsão de um competidor tão voraz, é nítido que todas essas atribulações, talvez inéditas na carreira, só servem para motivar e tornar Hamilton, o hepta, cada vez mais forte. Com Russell do lado, a Mercedes tem todas as condições para voltar ao lugar de bicho-papão da F1.

EMPOLGOU

Foto: Getty Images

Mesmo com Leclerc 63 pontos atrás de Verstappen e a Ferrari 82 pontos distantes da Red Bull, o clima é de otimismo entre os italianos, ao menos da boca para fora.

O chefão Mattia Binotto está animado com o progresso e o desempenho da equipe nas últimas duas corridas. Apesar do erro de Leclerc, Binotto acredita que a Ferrari tem grandes chances de vencer todas as corridas restantes no calendário, começando por Hungaroring.

“No final da temporada veremos onde estamos, mas acho que o mais importante é ver que, mais uma vez, tivemos um bom pacote, não há razão para não ganharmos 10 corridas de agora até o final.

Acho que é a maneira de olhar para isso de forma positiva e gosto de ser positivo, mantendo-me otimista. Poderia acontecer algo com Max e Red Bull? Não estou contando com isso, precisamos nos concentrar em nós mesmos e fazer o nosso melhor”, falou.

Mesmo com o duro revés, o chefão saiu da França confiante para a sequência do campeonato:

“Saímos daqui com total confiança no nosso pacote, na capacidade dos nossos pilotos e na nossa velocidade”, encerrou, em entrevista para o De Telegraaf.

O discurso externo tem que ser assim mesmo. Mostrar força, autoconfiança, uma resposta rápida depois do desânimo de domingo. A Ferrari está certa, só precisa fazer mais do que falar e faz tempo que isso não acontece. Além do mais, Binotto precisa mostrar a firmeza que Leclerc não tem, por ser muito "sincericida", digamos assim. 

Se a Ferrari entregar os pontos publicamente, o que resta para fazer até o fim do ano? Como diz o poeta: "ânimo galera, as coisas vão melhorar depois da França". Ou não.

TRANSMISSÃO:
29/07 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
29/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
30/07 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
30/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
31/07 - Corrida: 10h (Band)

 




terça-feira, 26 de julho de 2022

LEÕES VELHOS E NOVOS

 

Foto: Getty Images

No MMA, Dana White sempre afirma que o esporte é para jovens. É natural. A quilometragem, as guerras travadas e a idade cobram um preço. Durante um tempo, a F1 foi o inverso disso.

Com os carros desafiadores, pesados e perigosos, era preciso, antes de tudo, ser um homem. Um rapaz experiente, responsável, capaz de domar aquilo que poderia lhe matar na curva seguinte. Não a toa, há vários exemplos de campeões quarentões ou perto disso naquela época, algo impensável hoje em dia.

Apesar da grande quantidade de vagas, equipes, garagistas, aventureiros e falcatruas, era preciso ter muita experiência e dinheiro, claro, para pilotar um carro. Evidentemente, com os carros cada vez mais tecnológicos, a média de idade foi, lentamente, baixando. Ainda assim Senna, por exemplo, estreou “velho” hoje em dia.

Décadas depois, a F1 foi definitivamente para o extremo oposto. Diferentemente do MMA, alguém certamente diria: a F1 é para jovens. Antigamente, “bastava” dirigir. Hoje, é preciso ser um atleta completo para aguentar uma temporada cada vez mais lotada, com o corpo exposto aos efeitos do carro, desidratação, desgaste, cansaço, entre outros.

Dois casos saltam os olhos: Kimi Raikkonen e Max Verstappen. Dois campeões mundiais. Um estreou na F1 aos 18, o outro nem maior de idade era. E é assim, seja no grid ou nas categorias de base. Passando dos 20, o piloto já é considerado “velho” para ser uma promessa. Aí, somente muito dinheiro para conseguir driblar essa questão, como Latifi fez, por exemplo.

E num esporte onde está cada vez mais jovem, é possível ser longevo também. Sempre foi assim, desde Patrese até Fernando Alonso. Claro, é preciso ter qualidade, estofo e talento, ainda mais hoje quando as vagas são escassas. O problema está no meio termo, e as vezes nem quem não deveria sequer ser questionado, é. É a natureza do esporte, cada vez mais predatória.

Nesse universo, existem três pilotos cujo talento são inquestionáveis mas que, por motivos distintos, não possuem futuro garantido na F1. Dois campeões mundiais e um que já foi apontado como candidato a um. Vocês sabem de quem estou escrevendo.

Fernando Alonso. A situação do espanhol é a perigosa, apesar de, dos três, o que menos sente a questão da idade, mesmo já passando dos quarenta. Alonso não parece sentir o tempo, a desaceleração, os reflexos, ao menos não de forma evidente. Ainda assim, guiando o fino dentro das possibilidades, existe o perigo de ser preterido por um jovem: Oscar Piastri, campeão da F2 e grande aposta da Alpine. Não há vagas e o time não tem parcerias. Não dá mais para esperar e Ocon está garantido. É um mano a mano que nem deveria existir, ou então os dois deveriam coexistir na F1. A resposta? Só nos próximos meses.

Basicamente, Alonso pode ser preterido pela própria idade e a juventude inquieta de um concorrente. Ele já esteve nessa posição, mas só sim é que percebemos o tempo passando de forma avalassadora.

Sebastian Vettel. A situação mais tranquila. Só depende dele. Uma crise existencial. Continuar correndo no meio do grid sem objetivos mesmo tetracampeão, rico e sucedido, ou curtir a família e os projetos ambientais que tanto fala e dá visibilidade ultimamente? Tudo isso junto faz o alemão se sentir um pouco contraditório, segundo alguns. Repito: só depende de Vettel, que também é acionista da Aston Martin. Foi contratado como o líder de um novo projeto supostamente ambicioso, mas que até aqui só andou para trás. Esperar o novo túnel de vento ficar pronto? Vettel é ainda jovem e bem sucedido, apesar do auge ter ido embora há tempos. Ainda assim, nesse caso, o que está em cheque é a motivação na jornada do herói. Só Vettel e a validade do amor pelo automobilismo em alto rendimento é que podem responder.

Aqui, a situação é mais desesperadora no longo prazo, porque Daniel Ricciardo é o mais jovem dos três, mas ainda assim em situação delicada. Ao perceber a preferência por Verstappen na Red Bull, optou pela carreira solo. Apostou na Renault e agora naufraga na McLaren, que tem no jovem Norris o líder quase formado, agora referendado pelos resultados de pista. É um massacre.

É repetitivo afirmar que Ricciardo não justifica o investimento que vale. Tem mais um ano de contrato, mas a permanência não é garantida e tampouco enfatizada pelo chefe Zak Brown. Especulações e soluções para o lugar do australiano não faltam. O problema principal é a perspectiva: Ricciardo não será campeão do mundo e a McLaren foi a última chance de liderar um projeto. Quem pagaria um salário alto para quem desligado do time de Woking, se isso acontecer?

Bem, por mais que o panorama desenhado aqui seja o mais alarmista e fatalista possível, ainda é permitido sonhar, olhar o copo meio cheio. Se Ricciardo não é um líder, ainda assim tem grife para ser um segundo piloto numa eventual mexida de mercado. Se reinventar em outra categoria não seria ruim.

E se Vettel sair? A Aston Martin vai precisar de um cara com bagagem para liderar o time. Ricciardo pode ser esse cara. Alonso, se for preterido por Piastri, também. Se Ricciardo permanecer na McLaren, Alonso pode ser o líder de Lawrence Stroll enquanto Vettel curte a aposentadoria.

Há muitas possibilidades nesse universo, inclusive dos três continuarem onde estão e tudo isso não passar de um sensacionalismo opinativo. Eu não contaria com isso. Como já escrevi, a F1 é um esporte para jovens e também gente de bagagem. As vezes, nem isso é suficiente para superar a irresistível jovialidade do tempo.

Até!


segunda-feira, 25 de julho de 2022

HAMILTON, 300

 

Foto: Reprodução/Mercedes

Diante de tantos recordes impressionantes, muitos deles os mais importantes da F1, Lewis Hamilton completou uma marca que não parece muito significativa, mas na verdade é o símbolo de seu legado e longevidade: 300 grandes prêmios na F1.

É uma lista seleta, que estão outros nomes como Michael Schumacher, Kimi Raikkonen, Fernando Alonso, Rubens Barrichello e Jenson Button. Em breve, terá Sebastian Vettel. Ela diz por si só. É claro que hoje é mais “fácil” chegar a esses números porque há mais corridas, mas ficar 15 anos na F1 não é pra qualquer um.

Ficar 15 anos no topo da F1 não é mesmo pra qualquer um. Hamilton chegou logo numa equipe de ponta, algo inédito no esporte. Do lado dele, um certo Alonso, que seria o sucessor natural de Schumacher. O novo rei. Bom, a história mostra o que aconteceu. Ser forjado na disputa interna e guerras mentais ajudou Lewis? Com certeza, mas voltar onde tudo começou é o que me fez escrever.

2007 já é uma década e meia atrás. Hamilton tinha sempre a definição: primeiro negro na F1. Isso não mudou muito com o passar do tempo, mas agora é: o maior ou um dos maiores da F1. Venceu em todos os anos que disputou, mesmo campeão, quase, carros inconfiáveis ou quando viveu o pior momento da carreira, apelidado como Nigelmilton, ou algo assim.

Hamilton sempre foi muito rápido, mas faltava temperar nas disputas de pista. É o amadurecimento. Assim como outros nomes, apesar de começar no topo, teve o entendimento para buscar novos desafios. Perceber que a McLaren não era mais o que ele conhecia e embarcar na construtora que sempre o apoiou desde a infância é o salto que separa Hamilton, piloto campeão do mundo e muito rápido para Hamilton, heptacampeão mundial e recordista de poles e vitórias.

300 corridas. 7 títulos. Mais de 100 poles e vitórias. Muitos números. Embora a história de Hamilton se confunda com a da Mercedes, a minha cabeça sempre vai associá-lo a McLaren e o capacete amarelo inspirado no Senna. Igual o Raikkonen: campeão e com muitas corridas na Ferrari mas a lembrança marcante também é dos tempos da McLaren.

2022 é um ano desafiador para Hamilton. Ainda não venceu no ano, algo inédito. Um hepta jamais fica acostumado a não ser protagonista. Dessa vez, culpa da Mercedes, mas acontece: eles têm muitos créditos, aparentemente. Mesmo assim, com a idade avançada, mostra porque é um dos maiores da história.

Agora, as coisas se inverteram. Hamilton é o veterano multicampeão dividindo ambiente com um novato prodígio do time. Claro, não há guerra interna, muito pelo contrário, mas é um desafio que Hamilton não enfrentava desde Button: o companheiro de equipe. George Russell é duríssimo. Ser campeão ou não depende de muitos fatores, mas há ali talento e consistência para acreditar nessa possibilidade. Basta a Mercedes entregar o carro para os dois.

A corrida da França mostra essa maturidade e a diferença nos níveis de competição. Se acostumando com um carro diferente dos títulos que brigou e conquistou, Hamilton se adaptou. A algum custo, é verdade. Na tabela, ainda está atrás de Russell, mas aquela diferença incômoda não existe mais.

É claro que Hamilton não precisa provar mais nada para ninguém nas pistas. É evidente que os resultados importam, mas para o Sir, isso hoje em dia é secundário. Lewis não apresenta sinais de desaceleração. Ele e Alonso, quem diria, são os velhinhos do grid, junto com Vettel. Diferentemente do alemão, o talento continua.

O grande legado e objetivo de Hamilton é voltar para as vitórias, é claro. Depois, voltar a brigar para ser o primeiro octa e, mais importante que isso: continuar sendo um exemplo, mostrando que não é somente um piloto histórico, mas sim um ser humano excepcional.

A grande conquista de Lewis Hamilton é ser reconhecido como Lewis Hamilton, que abre caminhos para os negros na F1 e luta, dentro de suas possibilidades, contra as injustiças do mundo.

Lewis Hamilton não é o piloto heptacampeão. Lewis Hamilton é Lewis Hamilton.

Até!


domingo, 24 de julho de 2022

SENTINDO ALGO NO CAMINHO

 

Foto: Getty Images

No que talvez (e tomara que) seja a última corrida da F1 em Paul Ricard, diante de tantas alternativas no calendário para os próximos anos, vimos um circuito não oferecer pontos de ultrapassagem. Não é crítica. Os carros estão andando juntos, mas nem mesmo a asa permite muitas emoções.

Elas só aconteceram porque Sainz, com motor zerado, saiu do fundo do grid. É até injusto com os demais. Fazendo corrida de recuperação, o espanhol, quem diria, foi o grande nome da Ferrari no domingo. Essa frase, obviamente, não é algo positivo para os ferraristas.

Mais uma pole para Leclerc. A parada seria duríssima contra a Red Bull, que parecia mais forte. Max pressionava na primeira parte da prova, mas não tinha espaço para ultrapassar. Nem precisava. Há um campeonato no horizonte. A Red Bull antecipou a parada para forçar a Ferrari a algum erro. E foi isso que aconteceu, basicamente.

Ao invés de parar imediatamente, a Ferrari optou por Leclerc ficar na pista para, mais tarde, apostar na diferença dos compostos para vencer. Uma estratégia questionável que tivemos apenas o benefício da dúvida, porque Leclerc saiu da pista sozinho, rodou e bateu. Fim de prova. Um erro bobo e inacreditável. Estilo Vettel em Hockenheim, mas pior, porque não tinha chuva. Abandonar no moderno circuito, cheio de áreas de escape, é um feito para poucos.

Há semanas, reclamei da Ferrari sobre Leclerc. Hoje, não há o que contestar. Em 2019, achava Charles um piloto mais temperado, que se tivesse um carro capaz, conseguiria disputar o título com mais maturidade. É um engano. Talvez seja a pressão da primeira vez, mas o monegasco também erra demais, e se pressiona. Parece sentir, ficar abalado. Mostrar essa fraqueza pode ser ótimo para a própria imagem, autoestima e relação com imprensa e fãs, mas a vulnerabilidade certamente será explorada pelos rivais. 

O campeonato depende de um problema da Red Bull ou algum surto infantil de Max Verstappen para ter alguma emoção. Enquanto isso não acontece, o holandês vence tranquilo pela sétima vez no ano e abre incríveis 63 pontos antes das férias de verão. Uma vantagem que pode até aumentar na semana que vem. Com o carro mais equilibrado e errando menos, Max sobra. Não tem rivais para esse ano. O título tem cara de, cheiro de, gosto de... cada vez mais fica a impressão de "quando será?".

Enquanto a F1 tenta alguma emoção na disputa para a metade final do ano, a Mercedes evolui em passos lentos. O pneu demora para esquentar. Não são competitivos nas voltas rápidas, mas o ritmo de corrida é bom, quando os pneus esquentam. O problema é que isso demora para acontecer, o que inviabiliza vitórias.

No entanto, vimos hoje uma aula de Lewis Hamilton. 300 corridas, 187 pódios, 15 anos de longevidade justificam as muitas camadas que existem entre os grandes pilotos e os bons. Colocou Sérgio Pérez no bolso. Em nenhum momento foi atacado pela Red Bull, o que parecia improvável até aqui. Quarto pódio seguido, segundo lugar, o melhor resultado do ano e um recado: se a Mercedes conseguir aquecer os pneus mais rapidamente, ela embola a briga depois do verão europeu, o que seria ainda pior para a Ferrari e a possibilidade de perder mais pontos na briga pelo título. Aliás, a diferença nos construtores não está pequena, hein?

A Mercedes tem a melhor dupla de pilotos. É um carro consistente, com pilotos consistentes, que tiram tudo e mais um pouco desse carro. O azar foi o W13 não ter dado certo. Tomara que o W14 seja mais competitivo. Russell não desistiu, caçou, cercou, atacou, fez dive bomb e conseguiu passar Pérez no final após o fim da bandeira amarela virtual. Manobra de quem é esperto. Pela primeira vez, os dois do time alemão no pódio. Russell, com um carro capaz, tem tudo para fazer maravilhas.

Checo teve uma das piores corridas desde, sei lá, a época da McLaren no começo da decadência do time de Woking. Sem ritmo, não merecia o pódio mesmo. O agravante foi ter perdido numa aparente desatenção do VSC. Inaceitável. O desempenho do mexicano caiu nas últimas corridas. Pérez está ali para acumular pontos, mas precisa voltar a andar mais próximo de Max. Talvez as novas atualizações não o tenham ajudado, mas o nível caiu em relação aos últimos meses.

Sainz brigou muito, se aproveitou do motor novo e foi o quinto. Teve uma punição porque a Ferrari o liberou de forma perigosa. Os italianos sempre atrapalhando... Todavia, o erro de Leclerc e a situação trágica do time no campeonato após repetidos erros deixa isso em segundo plano.

Finalmente, Alonso sem problemas! Sexto lugar e a Alpine consolidada como quarta força no Mundial. Depois Norris, o invisível Ocon em oitavo, Ricciardo fazendo dois pontinhos em nono e Stroll décimo, com direito a fechada em Vettel na última curva. Quem é filhinho do papai dono pode se dar ao luxo de fechar um tetracampeão mundial sem sofrer nenhuma consequência.

Haas e Alpha Tauri fora do ritmo, com Gasly melancólico e decepcionante. Albon brigador, mas parece sozinho na maré da Williams. Alfa Romeo com problemas de confiabilidade e Bottas sumiu do campeonato.

A Ferrari e seus pilotos revezam erros e comandam formas inéditas de entregar a paçoca. A Red Bull e Max Verstappen agradecem e sentem algo no caminho.

Como canta Stephanie Mills no sample de "Make Me Feel", do Joey Badass: tem alguma coisa nesse jeito que torna tudo muito, muito bom.

Confira a classificação final do GP da França:


Até!

sexta-feira, 22 de julho de 2022

CONFRONTO DIRETO

 

Foto: Getty Images

Queria eu escrever que, a partir dos tempos dos treinos livres do GP da França, que a Ferrari tinha uma grande possibilidade de dar um "pulo do cavalo". No TL2, com os pneus macios, os italianos mostraram a habitual superioridade em voltas rápidas. O problema é que Sainz foi punido em dez posições, consequência da troca do motor estourado na Áustria, e aparentemente é carta fora do baralho para a corrida.

Sérgio Pérez tem problemas de consistência e já começou a ficar bem para atrás. Com boa vontade, pode-se pressupor que o mexicano talvez tenha trabalhado em algum setup diferente na sexta, mas a julgar pelo histórico, as atualizações deixaram Max definitivamente mais confortável com o carro, devolvendo o também habitual abismo entre o holandês e os últimos companheiros de equipe que teve.

Com os escudeiros distantes da briga, Le Castellet tem tudo para ser mais um confronto mano a mano entre Verstappen e Leclerc. Muitas dúvidas: a Ferrari finalmente tem um ritmo de corrida superior, igual no início da temporada? Áustria foi um acidente para a Red Bull? Estamos ansiosos.

Para o bem do campeonato, digamos assim, seria ótimo ver mais uma vitória da Ferrari, com Leclerc tirando nem que seja uma desvantagem mínima. É do interesse de todos. Max parece estar mais comedido, não disposto a grandes brigas para manter a distância confortável que tem. Nunca se sabe quando um motor pode falhar... Leclerc vai arriscar tudo? A desvantagem já é grande, mas qualquer problema ou erro de cálculo pode significar as chances de título virarem mera estatística do imponderável.

Acho no mínimo divertido considerar Nyck De Vries, ex-McLaren, campeão da F2 e hoje na FE como piloto "novato". Agora na Mercedes, ele simplesmente substituiu Hamilton no TL1. O Sir, inclusive, chega na impressionante marca de 300 corridas na F1. Diante de recordes mais "relevantes", isso parece algo menor, mas significa o passar do tempo, a longevidade. Acho que é um bom assunto para escrever nas próximas semanas.

Assim como o "novato" Kubica, que traz um patrocínio para a Alfa Romeo que justifica qualquer presença que possa ser considerada aleatória demais por ali.

A Mercedes parece distante do bolo do topo outra vez, mas marca presença ali, como terceira força. A McLaren parece bem, assim como pontuais tempos de Gasly e Schumacher. Correndo em casa, a Alpine tenta surpreender, mas ainda é uma incógnita.

Le Castellet. A Ferrari pode vencer três seguidas pela primeira vez em muito tempo. A Red Bull quer retomar o controle. No forte calor europeu, certamente vai ser uma disputa de tirar o fôlego.

Confira os tempos dos treinos livres do GP da França:



Até!

quinta-feira, 21 de julho de 2022

GP DA FRANÇA: Programação

 O Grande Prêmio da França foi o primeiro a ter justamente o nome "Grande Prêmio". A primeira edição aconteceu em 1906, nos arredores de Le Mans.

No calendário desde 1950, a corrida francesa passou por diversos circuitos, entre eles Reims (1950-1951, 1953-1956, 1958-1961, 1963 e 1966), Rouen-Les-Essarts (1952, 1957, 1962, 1964 e 1968), Charade (1965, 1969-1970), Dijon (1974, 1977, 1979, 1981 e 1984), Paul Ricard (1971, 1973, 1975-1976, 1978, 1980, 1982-1983, 1985-1990) e mais recentemente Magny Cours (1991-2008).

Dez anos depois de ter saído do calendário, a F1 retorna ao país no lendário circuito de Paul Ricard.  Em 2020, em virtude da pandemia do coronavírus, a corrida não foi disputada, retornando ao calendário em 2021.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:09.593 (Ferrari, 1990)

Pole Position: Nigel Mansell - 1:04.402 (Ferrari, 1990)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Michael Schumacher (1994, 1995, 1997, 1998, 2001, 2002, 2004 e 2006) - 8x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 208 pontos

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 170 pontos

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 151 pontos

4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 133 pontos

5 - George Russell (Mercedes) - 128 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 109 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 64 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 52 pontos

9 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 29 pontos

11- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 17 pontos

13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 16 pontos

14- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 15 pontos

15- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 5 pontos

18- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

19- Lance Stroll (Aston Martin) - 3 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 359 pontos

2 - Ferrari - 303 pontos

3 - Mercedes - 237 pontos

4 - McLaren Mercedes - 81 pontos

5 - Alpine Renault - 81 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 51 pontos

7 - Haas Ferrari - 34 pontos

8 - Alpha Tauri RBPT - 27 pontos

9 - Aston Martin Mercedes - 18 pontos

10- Williams Mercedes - 3 pontos

CHEFÃO DA ALPINE PREFERE PIASTRI

Foto: Getty Images

Apesar de garantir que nada está decidido, Otmar Szafnauer, o chefão da Alpine que chegou na equipe esse ano, diz que o jovem Oscar Piastri está pronto para a F1.

De forma nada sutil, Szafnauer deixou explícita a preferência pelo jovem australiano pelo seguinte motivo: ele não estava lá quando a então Renault recontratou Alonso.

“Eu não estava na equipe quando contrataram Fernando. Aqui ele tem todo um ambiente, uma atmosfera, os empregados e o carro que ele necessita. Acho que teremos um dos três melhores carros em dois anos”, disse.

Por outro lado, o chefão rasgou elogios para Piastri. É desejo da equipe francesa colocar o australiano na categoria no ano que vem, seja na Alpine ou quem sabe um empréstimo para outra equipe. Há alguns meses, é ventilada a possibilidade da ida para a Williams.

"Oscar já tem potencial para a Fórmula 1. No entanto, ainda não tomamos a decisão em relação ao segundo piloto. Mas não tenho nenhuma dúvida de que Piastri está preparado”, encerrou.

Alonso, por sua vez, reafirmou o desejo de continuar no time onde foi bicampeão, mas sabe que não depende apenas dele:

“A Alpine é a minha prioridade, mas não posso colocar uma arma na cabeça deles para renovar. A Alpine é a minha família, me sinto fresco e motivado, pronto para mais alguns anos. A minha intenção é renovar”, afirmou.

Nada político o Szafnauer. Que clima que está na Alpine, hein? Claramente ele não quer o bicampeão por lá, mas não é uma decisão apenas dele. No entanto, isso dá um bom indício... Nessa queda de braço, Szafnauer chegou agora no time. Duvido que seja voto vencido. Caso Alonso permaneça, como seria a relação de continuidade? 

É uma declaração com timing ruim e infeliz, além da escolha. Um bicampeão como Alonso merece mais respeito. Dentro da pista, é mais vítima de azares e erros do time do que falta de velocidade. Se caprichar, a Alpine consegue deixar os dois no grid. Do contrário, mesmo com a juventude e potencial de Piastri, a equipe perderia e muito com a ausência de alguém que ainda não deu sinais de desaceleração.

METEU ESSA?

Foto: Getty Images

Toto Wolff não se mostra um grande entusiasta das corridas classificatórias, especialmente as de 2022. Diferentemente do ano passado, quando existia um confronto equilibrado entre Mercedes e Red Bull, agora os taurinos têm certa superioridade em relação a Ferrari, que é superior ao resto do grid.

Em uma corrida curta e com poucos benefícios, os pilotos não arriscam. Como resultado, a corrida classificatória não atinge a expectativa desejada na época que foi criada.

Empacado como a terceira força do grid, distante do resto, Wolff falou sobre o que pensa das corridas classificatórias:

“Acho que a razão pela qual as corridas têm gerado menos entretenimento é que há uma diferença de performance muito grande entre as equipes. Você tem o Verstappen disparando na frente, as duas Ferraris sendo o único entretenimento durante a corrida e nós no meio de uma terra de ninguém.

Aí os outros estão ainda mais atrás e você ainda tem os trens de DRS. Isso nunca vai gerar uma boa corrida sprint”, criticou.

Wolff tem razão, mas falar isso agora que a Mercedes não corre mais sozinha depois de sete anos beira a cara de pau. Nem arde. Ademais, essas sprint races já podem acabar no ano que vem, né? Não há nada muito interessante nesse formato, só para o videogame as categorias de base.

TRANSMISSÃO:
22/07 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
22/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
23/07 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
23/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
24/07 - Corrida: 10h (Band)


terça-feira, 19 de julho de 2022

CHEGA DE CLUBINHO

 

Foto: Getty Images

Já faz alguns anos que a F1 virou uma WEC com grife, dividida entre duas montadoras (Mercedes e Ferrari) e a Red Bull, uma empresa de energéticos. A única exceção é a Renault, que de tempos em tempos deixa a categoria. De resto, todas as outras têm alguma ligação com as três citadas.

Com o alto custo da F1, principalmente do novo regulamento, Jean Todt não se importou em agir contra o constrangimento de ter só 10 equipes e 20 carros no grid. A F1 sempre foi sinônimo de garagistas tentando a sorte, histórias dos “journeyman” e o lado B do glamour da F1. É óbvio que aquilo não existe mais porque os custos não permitem, mas o clubinho protegido já passou dos limites.

Com menos equipes, o fundo de prêmios da categoria fica maior para todos. Essa questão ganha mais importância a partir do momento que a F1 colocou em prática o teto orçamentário. Uma equipe a mais significa menos receitas coletivas, o que seria pior para os times mais pobres, apesar de todos terem alguma dificuldade, principalmente após o Covid.

Menos times, menos vagas. Seja para os pilotos talentosos, aqueles que só têm dinheiro ou aqueles das academias. Que sonho ter 11 ou 12 times, igual em 2010 e 2011.

Claro, se é para ter uma equipe que ande muito distante do resto do grid, melhor não ter. Por isso que a F1 e o clubinho colocaram uma alta taxa para qualquer sonhador entrar na categoria: 200 milhões de dólares. Um valor inviável, ainda mais no pós-Covid. Tudo para proteger o clubinho e as principais montadoras. O último aventureiro foi Gene Haas, em 2016.

Eis que existem algumas possibilidades para isso mudar. Tirando algumas equipes, o status quo não parece muito satisfeito com essa possibilidade e vai tentar barrar isso o quanto for possível.

Audi e Porsche só precisam da confirmação do novo regulamento de motores para 2026 para oficialmente anunciarem o plano de finalmente estarem na F1. Dizem que o grupo Volkswagen vai fazer parcerias com a Red Bull e outras equipes, mas não descarta a possibilidade de um time próprio. Se tudo for realmente confirmado, seriam quatro anos de preparação.

Há uma outra esperança americana: Michael Andretti. No ano passado, ele quase comprou a Sauber/Alfa Romeo, mas não deu certo. Agora, o ex-F1 e campeão da Indy quer, assim como a Haas, ter a própria equipe Andretti na F1. A ideia é entrar a partir de 2024.

Para isso, os americanos aguardam a resposta da FIA sobre o pedido de entrada do grid. Uma equipe a mais, como já escrevi, significa repartir em mais uma parte as receitas da F1, o que ninguém quer. Por outro lado, a Andretti pode ter um trunfo dentro da própria categoria: a também americana Liberty Media.

Depois de três circuitos americanos no calendário, falta a cereja do bolo: pilotos dos Estados Unidos. Apesar da Haas ser uma equipe do país, toda a sede e estrutura é da Europa, além das parcerias com a Ferrari. A Andretti já deixou claro que pretende apostar nos pilotos do país, o que seria comercialmente muito interessante para a F1, caso eles também consigam desenvolver bem o projeto nos anos posteriores para brigar por pódios ou vitórias.

Até lá, é tudo hipótese e especulação. Os Andretti, na figura de Michael e do pai, o campeão Mario, quase imploram de joelhos pela atenção dos europeus, que parecem céticos e querem proteger o clubinho de investimentos.

Que a F1 pare de ser uma WEC com grife e entenda que todos ganham com a entrada de mais equipes: mais vagas para todos, mais empregos, desde que tudo seja devidamente controlado financeiramente, com teto orçamentário e uma F1 menos intocável.

Por mais Andrettis, Porsches e Audis, de preferência em várias equipes. Que volte a pré-classificação, o caos e o romantismo de antigamente na era moderna da F1. Me deixem sonhar, porque esse grid esvaziado é um pesadelo de olhos abertos.

Até!