terça-feira, 4 de maio de 2021

A ETERNA MONTMELÓ

 

Foto: AutoCircuito

Presente há muito tempo no calendário da F1, Montmeló também virou a casa da pré-temporada regular da categoria. Apesar de uma reforma que extinguiu a última curva, em alta velocidade, transformando-a em uma chicane, isso piorou o traçado, maçante, repetitivo e com poucas variações de estratégia justamente porque todas as equipes conhecem todos os detalhes de Barcelona.

Por isso, é difícil de lembrar grandes corridas inesquecíveis nos tempos modernos. Tentando puxar para a antiguidade: 

1996: primeira vitória de Michael Schumacher com a Ferrari - isso dispensa comentários:



2001: Mika Hakkinen liderava de ponta a ponta pra vencer a primeira na temporada 2001, mas o motor mercedes estourou na última volta e a vitória caiu no colo de Schumacher. Esse, entre outros motivos, fez o finlandês se aposentar no final do ano.



2016: na primeira corrida na Red Bull após a troca com Daniil Kvyat, Max Verstappen aproveitou a batida entre as duas Mercedes de Nico Rosberg e Lewis Hamilton, segurou Kimi Raikkonen e venceu pela primeira vez na Fórmula 1, o mais jovem da história a conseguir tal feito.



Montmeló estava (ou está?) em vias de sair do calendário, só não saiu por problemas em outros circuitos como o Vietnã e a pandemia do coronavírus que cancelou muitas provas ano passado e nesse também. Pode ser uma das últimas edições nesse circuito tão tradicional e cheio de histórias, mas que há tempos não existe uma corrida empolgante. 

Espero que seja dessa vez. 

Até!


segunda-feira, 3 de maio de 2021

ADAPTAÇÃO

 

Foto: RaceFans

Mudar de um ambiente de trabalho sempre requer um tempo para se acostumar e adequar a novos padrões, rotinas, caminhos, colegas, entre outras coisas. Na Fórmula 1, é claro, não é diferente. A mudança de equipe, fábrica, país, engenheiros e a barreira do idioma (embora todos falem inglês) são algumas das realidades. A situação fica mais agravada quando não há mais testes privados e poucos dias de pré-temporada.

Nesse ano, houveram muitas mudanças de equipe, e destaco quatro casos interessantes: simplesmente Daniel Ricciardo, Fernando Alonso e Sebastian Vettel, três dos melhores pilotos da F1, chegaram em um ambiente onde o mais jovem, o novato e menos midiático, já estava adaptado a equipe. Falo de Lance Stroll, Esteban Ocon e Lando Norris. Isso que não mencionei Carlos Sainz na Ferrari, mas Charles Leclerc é uma situação diferente em relação aos três jovens já citados.

Até aqui, o que estamos vendo é uma verdadeira surra de Stroll e Norris em Ricciardo e Vettel, dois dos maiores salários na F1. Ocon também está vencendo Alonso, mas o espanhol deu mostras de evolução na corrida de Portimão.

Ricciardo também demorou para se adaptar a Renault, em 2019, e apenas na metade da temporada que começou a se impor diante de Nico Hulkenberg. O caso de Vettel é mais conhecido: vive uma péssima fase e está em decadência, mas ser tão superado por Stroll, que é somente o filho do dono, é constrangedor para quem é tetracampeão.

O caso de Alonso também já foi amplamente escrito por aqui. É o mais velho dos três, quase quarentão e dois anos afastado da categoria. São desafios imensos para o bicampeão. Quando foi confirmado o retorno para a categoria, sempre deixei claro: aquele Alonso não existe mais. O tempo passa. O Alonso atual é mais para desfrutarmos da nossa nostalgia. No entanto, na primeira corrida o espanhol foi para o Q3 e em Portugal mostrou recuperação. É o que menos preocupa e o que menos deve ser cobrado.

Três pilotos de alto calibre em situações e ambientes diferentes, mas com resultados iguais até aqui. Até os grandes precisam de tempo e paciência para a adaptação.

Até!

domingo, 2 de maio de 2021

IMPERFEIÇÕES

 

Foto: Getty Images

Chega um determinado momento onde, no topo da cadeia alimentar, estão aqueles que são considerados os "melhores". No alto rendimento e na competição, não há margem para o erro, o descuido ou a concentração porque basta um pisar em falso para que o espaço, conquistado diante de tanto suor e sacrifício, seja superado pelo leão mais jovem ou forte.

Na F1, onde um campeonato é disputado por dois pilotos, um erro ou uma tarde/noite pouco inspirada podem comprometer um projeto, por mais que agora tenham muitas corridas - 23. Os dois protagonistas, Hamilton e Verstappen, tiveram desempenhos parecidos: imperfeitos, porém com resultados diferentes.

Hamilton não largou bem e na relargada causada pelo Safety Car e o acidente de Kimi Raikkonen (onde claramente parece já estar sentindo a idade nos reflexos) foi presa fácil para Max. Caiu para terceiro e parecia em dificuldades. No entanto, encontrou o ritmo e, escalando degraus, deixou o holandês e Bottas para trás para vencer a segunda na temporada. Em entrevista após a corrida, o próprio reconheceu que esteve longe de ser um dia tão bom ou inspirado, mas o que valeu foram os 25 pontos e o aumento da vantagem no Mundial.

Verstappen foi o contrário: tirou Hamilton para nada na relargada mas depois sucumbiu no ritmo de corrida. Contou um problema de sensor e aquecimento de pneus na Mercedes de Bottas para conseguir o segundo lugar. No sábado e domingo, voltas anuladas custaram uma pole e um ponto extra de volta mais rápida. Detalhes assim podem fazer a diferença num campeonato que parece estar muito equilibrado, mesmo que os alemães ainda sigam levemente soberanos.

Bottas, o pole, mostra que está um degrau abaixo e é desperdício de vaga na Mercedes. Norris parece muito mais maduro e já constrange Ricciardo. Por falar em constrangimento, escrever sobre Sebastian Vettel é chover no molhado. Cansei. Na Ferrari, uma estratégia equivocada com o segundo piloto (sempre com o segundo!) custou uma corrida sem pontos para Carlos Sainz, que completou a primeira volta em primeiro.

Esteban Ocon se destaca na Alpine, enquanto Fernando Alonso fez uma corrida espetacular. Escrevi há tempos que o espanhol na Renault que trocou de nome seria igual a Jordan no Wizards: dane-se o desempenho, o que vale é a magia. E hoje ele teve ambos, o espanhol soberbo, para delírio daqueles que acompanhavam o grande prêmio.

Mick Schumacher é outra grande notícia. No pior carro do grid, pressionou Latifi, forçou o canadense a errar e fez uma ultrapassagem. Muito seguro, além de colocar um minuto no dono da equipe. 

O final de semana em Portimão permitiu que as imperfeições e desvios de rendimento nem sempre tem o mesmo peso e consequência para diferentes competidores. No entanto,a chance de recuperação é rápida: em Barcelona, no dia das mães, o quarto round dessa temporada que será tão cansativa para todos os envolvidos.

Confira a classificação final do GP de Portugal:


Até!

sexta-feira, 30 de abril de 2021

VENTANIA

Foto: Getty Images

 

Nesta sexta-feira, o vento foi um fator que dificultou o trabalho das equipes nos treinos, embora não tenha acontecido nenhum incidente digno de nota.

O que chamou a atenção é que os tempos do TL1 foram superiores ao do TL2, quando geralmente é ao contrário. Isso aconteceu, claro, por influência da ventania.

Bottas e Hamilton, com Verstappen colado. O mesmo de sempre. Destaco a briga do pelotão intermediário. As Alpine bem, com Alonso no papel de líder e até George Russell ficando entre os 10. A Alpha Tauri um pouco mais atrás, as McLaren tímidas (mas em Ímola mostraram a que veio nos treinos; talvez estejam escondendo o jogo) e a Aston Martin mais atrás.

O que preocupa é Vettel. Três corridas e parece que serão três cassetadas de Lance Stroll. É um abismo sem fim. Na Alfa Romeo, Ilott estreou na primeira sessão, o que claramente foi um prêmio de consolação da Ferrari pelo vice-campeonato na F2. Mick Schumacher fazendo o que se espera: surrando o Mazepin.

Com ventania ou não, teremos mais um final de semana equilibrado e, espero eu, com emoção também, embora esse circuito de Portimão não me inspire grandes expectativas, mas é o que temos para o momento.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!


quinta-feira, 29 de abril de 2021

GP DE PORTUGAL: Programação

 O Grande Prêmio de Portugal foi disputado em duas fases: primeiro entre 1958 e 1960 em Boavista e Monsanto e entre 1984 e 1996 em Estoril. Em virtude da pandemia, a corrida retorna para solo português, agora sendo realizada pela primeira vez no Autódromo Internacional do Algarve.

Em 2021, a corrida novamente entra de última hora no calendário em virtude de alterações decorrentes da pandemia do Coronavírus.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:16.652 (Mercedes, 2020)

Volta mais rápida: Lewis Hamilton - 1:18.750 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior vencedor: Alain Prost (1984, 1987 e 1988) e Nigel Mansell (1986, 1990 e 1992) - 3x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 44 pontos

2 - Max Verstappen (Red Bull) - 43 pontos

3 - Lando Norris (McLaren) - 27 pontos

4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 20 pontos

5 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 16 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 14 pontos

7 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 14 pontos

8 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 10 pontos

9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos

10- Lance Stroll (Aston Martin) - 5 pontos

11- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos

12- Esteban Ocon (Alpine) - 2 pontos

13- Fernando Alonso (Alpine) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 60 pontos

2 - Red Bull Honda - 53 pontos

3 - McLaren Mercedes - 41 pontos

4 - Ferrari - 34 pontos

5 - Alpha Tauri Honda - 8 pontos

6 - Aston Martin Mercedes - 5 pontos

7 - Alpine Renault - 3 pontos


TAPA BURACO (DE NOVO)

Foto: Getty Images

O Canadá vive uma nova onda de coronavírus e, com a F1 querendo mais dinheiro do governo canadense como compensação a ausência de público, o cancelamento do GP é uma questão de tempo, o que aconteceu nesta quarta-feira (28).

Com isso, a organização já correu atrás de mais um circuito tampão. Trata-se de outro velho conhecido: a Turquia, palco da caótica corrida que deu a Lewis Hamilton o heptacampeonato no ano passado.

A corrida está marcada para o dia 13 de junho. O que credenciou os turcos foi o fato da distância em relação ao Azerbaijão, palco da corrida do dia 6 de junho, ser a metade (2000 km) em relação a Nurburgring, outro circuito que estava concorrendo a vaga.

A Turquia foi fantástica no ano passado pela chuva e as zebras que isso proporcionou. Como qualquer circuito atual da F1, no seco é uma incógnita. No entanto, os turcos merecem um voto de confiança. O Canadá, por sua vez, fica de fora de novo, mas ultimamente as corridas em Montreal não foram tão marcantes assim, tirando a polêmica da placa do Vettel, justamente a última edição por lá. Uma boa troca dentro das opções disponíveis.

LÁ VAMOS NÓS... (DE NOVO)

Foto: Red Bull Content

Essa parece uma notícia copiada de qualquer outro post que eu tenha feito nos últimos quase sete anos, mas não. A Red Bull, que vai fabricar o próprio motor a partir do ano que vem, tenta alguma parceria com a Audi para 2025, quando um novo regulamento técnico específico vai entrar em vigor.

Quem diz isso é o próprio Helmut Marko, em entrevista para a Servus TV:

“Nosso plano é construir nosso próprio motor até 2025, mas se a Audi se apresentar nesse ínterim, avaliaremos se a cooperação é possível”, afirmou.

Vale ressaltar que Marko jogou no ar essa possibilidade. A Audi sequer procurou a Red Bull e nem o contrário. Bom, se os alemães jamais entraram na F1, não é agora que isso vai acontecer. Próximo!

TRANSMISSÃO:



terça-feira, 27 de abril de 2021

DO LADO OPOSTO

 

Foto: Reprodução/ Motorsport.com

Mesmo sem estar competitiva lá na frente, o fato é que a F1 teve corridas muito boas e uma ótima temporada em 2020, muito em virtude da utilização de palcos diferentes em virtude da pandemia do coronavírus.

Os circuitos mais antigos, os “clássicos”, desconhecidos pela maioria dos pilotos e sem as grandes áreas de escape dos tilkódromos propiciaram emoção, drama e disputas. A presença de Portimão, Mugello, Ímola, Turquia, entre outros, foi a grande notícia de um ano muito complicado na categoria. O desejo seria que esses circuitos ganhassem espaço em um calendário normalizado.

2021 chegou e, embora houvesse a tentativa de normalizar tudo, mudanças são necessárias porque o covid não deu trégua. Austrália foi adiada, Vietnã cancelado, Canadá deve ser cancelado, São Paulo é um grande ponto de interrogação. Tudo isso permitiu que Ímola, Portimão e agora até a Turquia possam voltar de novo. Em Ímola, tivemos uma grande corrida, muito em virtude dos erros cometidos na pista serem fatais, sem chance de volta e fazendo os pilotos andarem no limite.

Ao mesmo tempo, horas antes da prova, a F1 finalmente confirmou que o GP de Miami acontece já no ano que vem. Assim como a Arábia Saudita, essa vai ser uma prova de rua. Com tantos circuitos americanos, por que diabos correr em um local sem história no automobilismo, somente pelos interesses comerciais? Isso se aplica a Miami e Jeddah, é claro.

A F1 vê diante dos olhos que o caminho é um, mas prefere seguir o outro: mais dinheiro e glamour? Com certeza. Corridas medonhas? Provavelmente. Artificialidade igual as corridas classificatórias e mostrando a incompetência da categoria em dar emoção genuína para o público ao invés de medidas vazias? Com certeza.

Assim, a F1 caminha para o lado oposto de sua história de sucesso e engajamento com os fãs. É uma pena, mas não é algo que nos surpreenda, francamente.

Até!


segunda-feira, 19 de abril de 2021

O PERIGO DA ESPERA

 

Foto: Getty Images

Em tese, parece ser uma questão de tempo para que George Russell seja promovido a Mercedes, seja no lugar de Valtteri Bottas, seja de Lewis Hamilton. Piloto da academia, vem acumulando bons desempenhos na Williams, então pior carro do grid, embora ainda não tenha pontuado pelo time de Grove. Quando substituiu Hamilton on ano passado, só não venceu por culpa da Mercedes. As credenciais estão aí para todo mundo ver, certo?

Como todos sabem, a vida é incerta e muda muito rápido. Russell está na terceira temporada na Williams, onde não há perspectiva de evolução e parece impaciente. Seus contemporâneos, Lando Norris e Charles Leclerc, já venceram corridas, fizeram poles, foram pro pódio ou são líderes de equipe, especialmente o monegasco. Isso deve frustrar George, que bateu Lando na F2 em 2018 antes dos dois subirem a F1. E nada mudou desde então.

Russell faz o jogo da espera, assim como a Mercedes. No entanto, essa impaciência ficou evidente no acidente justamente com Bottas, seu "rival" que tem o contrato encerrando no final da temporada. Ao reclamar, dar um tapa no capacete do finlandês (que retrucou com um dedo do meio) e acusar que Bottas teria um comportamento diferente na disputa na pista se fosse outro piloto, Russell mostra que não tem mais paciência ao mesmo tempo em que sente que pode fazer o que quiser porque parece ser questão de tempo chegar na Mercedes.

A reação de Toto Wolff depois da corrida não segue o mesmo caminho. O chefão fez muitas críticas a George, praticamente discordando de tudo o que ele falou, queimando-o e protegendo seu piloto mais experiente e pressionado. O recado foi claro: faça seu papel que nós fazemos o nosso. Se for se meter de pato a ganso, Russell pode ficar para trás na hierarquia, o que não seria inédito na Mercedes. Esteban Ocon e Pascal Wehrlein podem falar melhor sobre isso.

Isso simboliza as vantagens e desvantagens da tal academia de pilotos. Abre-se um grande caminho para a F1 através das principais montadoras. No entanto, o piloto torna-se também refém desses interesses e o sonho pode virar pesadelo muito rapidamente, às vezes nem chega a começar.

Russell precisa pensar mais na Williams do que na valorização pessoal. Não é a primeira vez que desperdiça oportunidade de pontos fundamentais para a equipe em erros crassos. O carro tem condições de brigar com a Alfa Romeo e alguns pontinhos eventuais, então o inglês precisa ser mais cerebral e menos passional e não contar com os ovos da galinha. O perigo da espera pode ser destrutivo para uma carreira tão promissora.

Até!