segunda-feira, 23 de setembro de 2019

DE REPENTE, VITÓRIA!

Foto: Getty Images
Existe vitória injusta? Existe, tipo a do Hamilton no Canadá esse ano. Existe vitória que caiu do céu? Aos montes na história, cada vez mais impossível diante da confiabilidade dos motores híbridos e das equipes poupando equipamento até não poder mais, como bem criticou Lando Norris. Enfim, existe a vitória de Johnny Herbert pela Stewart em 1999.

A vitória de Vettel, que encerrou um jejum de 22 etapas sem subir no lugar mais alto do pódio, pode ter dois desses elementos. Sorte, competência ou incompetência da Ferrari? Desde o início da corrida, quando Hulkenberg parou cedo com danos no carro, ele virava mais rápido com pneus duros, de Renault. Apostando no desgaste dos pneus ferraristas, a Mercedes esperou, como uma raposa velha.

A Ferrari, protegendo Vettel do terceiro lugar para evitar o undercut de Verstappen, chamou o alemão. Na volta seguinte, o surpreendente pole, Leclerc, veio fazer o mesmo. Aliás, é muito surpreendente o rendimento da Ferrari em Cingapura. Sem longas retas e o circuito com mais curvas do ano, esperava-se um domínio dos alemães e uma briga com o holandês da Red Bull. Não foi bem assim.

Enfim, voltando, a volta livre com os pneus duros foi o suficiente para Vettel retornar à frente de Leclerc. Não só se protegeu de Verstappen como conseguiu duas posições em uma tacada só! Sorte, competência da Ferrari ou injustiça com o monegasco? Geralmente o melhor posicionado tem a preferência de parar primeiro. Não foi o que aconteceu, e por isso Leclerc ficou irritadíssimo no pós-corrida. Tá chorando demais e se fazendo de vítima, apesar de ter sido mais uma vez sacaneado.

Foto: Getty Images
A 53a vitória da carreira de Vettel, a quinta em Marina Bay, surge no momento mais duro da carreira do tetracampeão, que segurou o choro no pódio. Cena bonita, logo duas semanas após uma rodada justo em Monza, onde Leclerc se consagrou o novo ídolo. Merecia ter vencido antes, no Canadá, assim como Leclerc pode reclamar de ter perdido sua terceira corrida no ano: Bahrein, Áustria e agora. Se, se, se... Pela primeira vez em onze anos a Ferrari emplaca três vitórias seguidas, a mesma coisa na era híbrida, iniciada em 2014. O campeonato e os construtores já estão definidos, mas é sempre bom a Mercedes abrir o olho, ainda mais diante dessa inesperada derrota de hoje.

Quem também reclamou da estratégia foi Hamilton. Segundo ele, seria uma vitória fácil se tivesse parado antes. Perdida, a Mercedes alongou o stint temendo voltar no meio do tráfego e perdeu as posições. Mesmo assim, já são três corridas sem vencer. Mesmo que o campeonato já esteja definido, é a primeira vez que os alemães enfrentam essa situação em cinco anos. Ah se o #44 tivesse um rival do outro lado...

Verstappen já andou reclamando da Red Bull/Honda. É um desperdício vê-lo com a possibilidade de brigar apenas por dois vitórias no ano. Com Leclerc sendo a "nova sensação" em uma equipe grande e mais encorpada que os taurinos hoje, não é de se duvidar que esse casamento possa ruir caso as coisas não tenham uma perspectiva de melhora. Albon, mais uma vez seguro, fez o que pode: o sexto lugar.

Na "zona do agrião", destaque para Norris, o melhor do resto. Hulkenberg, com uma boa corrida de recuperação, contou com o Safety Car para ficar em nono nesse clima de despedida da categoria. Gasly deve ter feito sua segunda melhor corrida no ano e conquista pontos importantes. Por falar em ponto, de um em um Giovinazzi tenta sobreviver na Alfa Romeo, apesar de todos os dramas.

Grosjean já mostrou o cartão de visitas renovado ao alijar Russell da prova e começar o caos dos três Safety Car. Kvyat e Raikkonen se estranharam e ficaram pelo caminho. A Haas segue o calvário sem perspectiva de melhora. Ricciardo parece mais preocupado em dar show e se divertir nas disputas de pista do que propriamente com a pontuação. E tá errado?

Justa ou não, a vitória de Vettel pode ser um combustível para o alemão finalmente sair da maré negativa, apesar dos prognósticos não serem bons. Afinal, para alguns ele "herdou" o resultado hoje e vem de seguidas derrotas nos treinos. Não parece estar bem adaptado ao SF90. Mesmo assim, que a cabeça volte a ficar no lugar e se imponha como um tetracampeão deve fazer.

Confira a classificação final do GP de Cingapura:


Até!



sexta-feira, 20 de setembro de 2019

ENCONTROS E DESPEDIDAS

Foto: Divulgação
A medida que a temporada vai se encerrando, as especulações viram (ou não) confirmações. A Williams, por exemplo, não terá Kubica em 2020. O polonês vai sair no final da temporada, provavelmente com destino para a DTM. Trata-se de uma linda história de superação ao retornar sete anos após o grave acidente de rali que quase tirou o braço direito, mas claramente o polonês não é mais competitivo. Apesar disso, é o responsável pelo único ponto da equipe no ano, o que mostra que o talento ainda está lá. Parabéns Kubica pela história de superação e que siga bem nos próximos passos da carreira. Nicholas Latifi, vice-líder da F2 e atual piloto de testes, é o favorito.

A Haas é assustadora. Dois pilotos inconstantes, um carro e ruim e o que é feito? Continuidade no trabalho. Mais um ano com Magnussen e Grosjean. Ao menos a diversão está garantida. Depois não adianta criticar a F1 pelos custos com uns pilotos desses, ainda mais agora sem dinheiro de uma patrocinadora. Que decepção, Gunther Steiner. E o Hulk, hein? Agora as chances de permanecer estão quase escassas.

Bom, indo para a pista, tivemos no primeiro TL1 Verstappen como o mais rápido e uma batida de Bottas. No segundo treino, Hamilton dominou. Como é de se esperar, Mercedes é favoritaça para dominar, com Verstappen em segundo plano. A Ferrari será coadjuvante. Pelo traçado travado, Cingapura exige bastante dos freios e sempre é promessa de Safety Car e corridas malucas. Espero que isso aconteça.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!

GP DE CINGAPURA - PROGRAMAÇÃO

O Grande Prêmio de Cingapura é disputado desde 2008 e foi a 1a corrida noturna da história da Fórmula 1, que foi vencida de forma polêmica por Fernando Alonso, pilotando a Renault, após se beneficiar de um Safety Car oriundo de uma batida proposital de seu companheiro de equipe Nelsinho Piquet e o abandono do então líder da corrida Felipe Massa, da Ferrari, após a mangueira de reabastecimento ter ficado presa em seu carro. O caso ficou conhecido como Cingapuragate.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Kevin Magnussen - 1:41.905 (Haas, 2018)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:36.015 (Mercedes, 2018)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Sebastian Vettel (2011, 2012, 2013 e 2015) e Lewis Hamilton (2009, 2014, 2017 e 2018) - 4x

SEGUE O JOGO

Foto: Getty Images
Depois da constrangedora crise e troca de farpas via redes sociais, finalmente chegou ao fim a "parceria" entre a Haas e a Rich Energy. Isso é apenas a ponta do iceberg da péssima temporada que vive a equipe americana, estagnada na evolução do carro e com dois pilotos no mínimo inconstantes.


Apesar disso, a pintura da VF19 vai seguir a mesma: preta e dourada, sem o logo da ex-patrocinadora, é claro. Talvez o grande acerto desta temporada tenha sido a cor do carro, realmente muito bonito. Com a temporada perdida, é hora de pensar em 2020. Grosjean não pode mais receber oportunidades e tem Hulkenberg dando sopa no mercado. Uma dupla (ou trio) explosiva com o desafeto Magnussen mais a figura carismática de Gunther Steiner é tudo que a "F1 Lado B" precisa neste momento.


BERNIE QUER CALENDÁRIO MAIS CURTO

Foto: Getty Images

O ex-chefão da Fórmula 1 é contra o atual longo calendário de corridas da Fórmula 1. Nesta temporada, são 21 etapas. No ano que vem, teremos um recorde de 22, com as entradas de Zandvoort e Vietnã e a saída da Alemanha. Para 2021, é possível que sejam até 24 grandes prêmios, o que Bernie é contra:

“Isso seria muita coisa, definitivamente. 16 corridas já seria o suficiente. Quanto mais corridas, mais o produto se desvaloriza. Já tivemos essa supersaturação no tênis. São mais de 100 torneios, mas nem dez deles importam", afirmou à revista alemã "Auto Motor und Sport".

Bernie concluiu a linha de raciocínio:
“Se forem só 16 corridas, os organizadores vão precisar pagar mais, de acordo com isso. E eles vão pagar, porque o evento se torna mais valioso, já que o número de GPs fica escasso”, destacou.

O calendário de 16 corridas era comum até o início dos anos 2000. De março a outubro. Da Austrália ao Japão. Bem simples. O mais engraçado e irônico é que o aumento desse número foi justamente na gestão Bernie, que passou a explorar o mercado asiático com corridas no Bahrein, Índia, Coreia do Sul, etc. No último ano de Bernie como chefão, o número de etapas foi exatamente igual ao atual: 21 corridas.

Bernie é um personagem maravilhoso, para o bem e para o mal. Na lógica de gestor, talvez não esteja errado. No entanto, para os fãs, quanto mais melhor, de preferência todas as semanas.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 284 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 221 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 185 pontos
4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 182 pontos
5 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 169 pontos
6 - Pierre Gasly (Toro Rosso) - 65 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 58 pontos
8 - Daniel Ricciardo (Renault) - 34 pontos
9 - Alexander Albon (Red Bull) - 34 pontos
10- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 33 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 31 pontos
12- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 31 pontos
13- Sérgio Pérez (Racing Point) - 27 pontos
14- Lando Norris (McLaren) - 25 pontos
15- Lance Stroll (Racing Point) - 19 pontos
16- Kevin Magnussen (Haas) - 18 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 8 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 3 pontos
19- Robert Kubica (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 505 pontos
2 - Ferrari - 351 pontos
3 - Red Bull Honda - 266 pontos
4 - McLaren Renault - 83 pontos
5 - Renault - 65 pontos
6 - Toro Rosso Honda - 51 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 46 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 34 pontos
9 - Haas Ferrari - 26 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

TRANSMISSÃO:







quarta-feira, 18 de setembro de 2019

ANDARILHO

Foto: Divulgação
Depois do passado tenso com a Ferrari, os escândalos na primeira passagem da McLaren e a má fama de desagregador, Alonso deixou a F1 no fim do ano passado cansado de andar no fim do grid e com a estagnação da McLaren, além do fracasso com a Honda.

Isso fez do espanhol, o bicampeão, considerado ainda um dos melhores pilotos do mundo, cair no limbo, sem saída. Diante do objetivo de conquistar a tríplice coroa, continuou na WEC até a metade do ano, onde foi campeão e mais uma vez vencedor das 24 Horas de Le Mans, tentou outra vez a sorte na Indy 500. A parceria McLaren/Carlin foi um fracasso e o espanhol sequer ficou entre os 33. Um mico mundial.

Embora a McLaren esteja de volta ao grid em tempo integral na junção com a Peterson no ano seguinte, a participação de Alonso é uma grande incógnita. Um ponto de interrogação gigante no que se refere ao médio/longo-prazo da Fênix. Qual será o próximo passo de Alonso?

Ao menos na página seguinte, o próximo objetivo é o Rali Dakar, no início de 2020. Alonso já havia realizado alguns testes com a Toyota no ano passado e agora os intensificou. É o novo alvo do andarilho.

Na semana passada, Alonso participou de uma etapa da Série Cross Country, na África do Sul, o Lichtenberg 400, tendo como co-piloto Marc Coma, campeão do rally de motos. Na fase de treinos, o "prólogo", Alonso foi competitivo: fez o terceiro melhor tempo, apenas atrás de Henk Lanegan, líder do campeonato, e Giniel De Villers, campeão da competição e vencedor de Dakar em 2009.

No entanto, existem os perigos e armadilhas de uma corrida num rali. Aos 23 quilômetros do primeiro estágio, Alonso capotou. Com o impacto, o para-brisa quebrou e os dois precisaram usar óculos de proteção para finalizar o estágio. Com o carro reparado, a dupla foi autorizada a começar o segundo estágio 15 minutos antes dos demais, só que logo no início o carro atingiu um bando de pássaros que novamente danificou o pára-brisas. Coma teve que segurar a tela de danos no lugar que desmontou até o final. A dupla terminou a prova mas não se classificou em virtude do tempo perdido. Lategan venceu, seguido de De Villers e Chris Visser.

Foto: Divulgação


A prova era uma espécie de aquecimento para Alonso, estreante na Toyota Hilux, para o próximo desafio: o rali de Marrocos, que acontece entre 3 e 9 de outubro e vai ter as presenças de grandes nomes do rali como Carlos Sainz (o pai), Nani Roma e o atual campeão Nasser Al-Attiyah. É um preparatório pesado para o Rali Dakar, portanto é uma prova bem importante para Alonso ganhar experiência. São 2500 km disputados, sendo 1.868 deles cronometrados.

E assim segue a saga da Fênix, provando que o mundo da velocidade é muito mais que a F1. Claro que ele está sendo forçado a fazer isso pela figura controversa que era na categoria, mas mesmo assim não deixa de ser interessante e um pouco triste um talento desses longe dos grandes palcos. Me lembrei, de certa forma, do Ronaldinho jogando no Querétaro. Um desperdício, mas uma experiência muito interessante e um aprendizado enorme.

Seguimos acompanhando a saga da Fênix, o andarilho da velocidade.

Até!

terça-feira, 10 de setembro de 2019

O MONSTRO

Foto: Getty Images
No texto da corrida do GP da Itália do ano passado, fiz um paralelo entre a obra "O Médico e o Monstro". Nela, traçei um paralelo dividindo as duas personalidades, onde o "Médico" seria Lewis Hamilton e o "Monstro" seria Sebastian Vettel, um pela frieza nos momentos importantes e o outro pelo oposto nas mesmas situações.

Nada mudou. Hamilton segue cerebral e dominante, a caminho do hexacampeonato. Enquanto isso, Vettel tem zero vitórias nesse meio termo, está longe de brigar pelo título e vê um fantasma se repetir: o novato que chega botando banca e, aos poucos, vai conquistando o espaço que deveria ser do tetracampeão.

Até domingo, Vettel estava na frente de Leclerc nos pontos, mas as atuações não condiziam. De modo geral, desde a França que o monegasco estava começando a bater o tetracampeão, que deveria ter uma vitória, que foi roubada no Canadá, enquanto Leclerc perdeu o Bahrein graças a Ferrari e na Áustria por uma certa ingenuidade diante do visceral Verstappen.

Logo em Monza, outro erro. Uma escapada de traseira enquanto era o quarto colocado. Sempre foi sua dificuldade lidar com esses problemas na traseira, acentuados após a era Adrian Newey. Pior foi a saída de juvenil, batendo em Stroll e quase provocando uma catástrofe. Agora com nove pontos na carteira, se Vettel "conquistar" mais três pontos em Cingapura ou na Rússia, será suspenso por uma corrida.

Errar assim em meio a vitória do novo ídolo local e em casa, quebrando um jejum de nove anos sem vitórias em Monza é mais um baque psicológico para Seb. Além das deficiências que vêm apresentando na pista, me parece que a cabeça também anda bem ruim. Muitas críticas, muita pressão por resultados, por ser o líder que não parece ter mais condições de ser na equipe. E pensar que se não fosse a honra da palavra do falecido Marchionne era para Raikkonen ainda continuar na equipe, com tudo isso sendo mascarado.

Vettel nunca venceu largando abaixo do top três. Isso quer dizer muita coisa. Claro que teve grandes atuações, como Abu Dhabi 2012 e mais recentemente na Alemanha, mas a tônica do alemão é: se não sair voando na ponta logo no início, as coisas se complicam. Na Red Bull, essas deficiências praticamente não se mostravam pela eficiência do carro. Agora está tudo mais claro.

Como escrito até durante o auge da Era Vettel/Red Bull em outros lugares, Seb nunca foi piloto para quatro títulos mundiais, não é demérito disso. Dois já estaria de bom tamanho. Concluo que, diante das más atuações, erros e ascensão de Leclerc, o futuro do alemão não é dos mais promissores. Sem Hamilton, a tendência é que o protagonismo seja do #16 e de Max. Com contrato até ano que vem, talvez não seja surpreendente que o emocional Vettel peça o boné no fim do ano. Não há espaço em outras equipes. Aguentaria andar em uma equipe intermediária para coletar pontos e andar sem pressão?

O monstro está quase tomando conta do piloto Sebastian Vettel. O tetracampeão ainda existe ou é um estado acelerado de decomposição da carreira do terceiro maior vencedor da história da categoria?

Até!

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

ERA PARA SER - PARTE 2

Foto: Getty Images
Depois de tanto namorar com a vitória, Charles Leclerc já teve mais um encontro com a bandeira quadriculada. Mais uma vez, teve muita emoção e incerteza até o final, mas diferentemente da semana passada, o monegasco pode extravasar em frente aos tifosi, quebrando um jejum de nove anos sem vitória ferrarista em Monza, templo segredo do automobilismo que anualmente mostra porque é a alma da Fórmula 1. A reta toda tomada para saudar o novo herói que veste macacão vermelho.

Ninguém é capaz de engolir a Ferrari nas retas e, consequentemente, em circuitos de alta. No entanto, o miolo do carro ferrarista é claramente inferior as Mercedes e até mesmo a Red Bull. Leclerc teve que ir até o limite para garantir duas vitórias italianas que podem demorar a acontecer outra vez. Diante de uma pressão incessante de Hamilton por mais de 40 voltas, o monegasco chegou a cometer erros e foi malandro ao correr o risco ao passar pela salsicha da chicane e espremer Hamilton na saída do retão. Para punição? Não, embora tenham feito isso com o brasileiro Sette Câmara na F2, uma injutiça, mas o inglês deixou bem claro que não gostou: no jogo mental, entendeu o que o monegasco é capaz de fazer. Depois de Verstappen na Áustria, "Charlinho" adotou uma postura completamente agressiva que vai dando resultados até aqui.

Os pneus de Hamilton não aguentaram a pressão e passou reto na chicane. Deixou mastigadinho para Bottas, com pneus mais frescos, matar a questão. Pra variar, Bottas não foi combativo e sequer ameaçou Leclerc. Quando tentou, travou e errou. Essa é uma das corridas que se nota claramente a diferença entre as "prateleiras dos pilotos", e o finlandês não está no topo delas. Inexplicavelmente ganhou mais um ano com as flechas de prata. Que desperdício.

Foto: Getty Images
E o que escrever sobre Sebastian Vettel? Não haveria lugar e momento pior para errar mais uma vez. Talvez seja mais uma ação emblemática. Entrarei em detalhes no texto de amanhã, mas tenho que frisar: como pode um tetracampeão voltar para a pista como se fosse um amador, causando o risco de causar uma catástrofe gigantesca naquela freada? Pior: Stroll, que sofreu a barbeiragem do alemão, fez a mesma coisa com o coitado do azarado Gasly logo depois! Inacreditável! Vettel está sendo engolido por Leclerc, finalmente os números mostram isso: 2 vitórias e 4 poles, agora 13 pontos a frente na tabela. Erros que não acabam, mental abalado, mais de um ano sem vencer, falta de adaptação ao estilo do carro... vários são os motivos para Ferrari e Vettel repensarem seus futuros até o final do ano.

Quem aproveitou isso foi a Renault, que conquistou seu melhor resultado desde o retorno à F1. O criticado motor mostrou boa resposta em um circuito de alta. Ricciardo e Hulk reinaram tranquilos na quarta e quinta posições, aproveitando-se da inconsistência da Honda, que voltou a lembrar os tempos da McLaren, apresentando problemas de potência e durabilidade com suas equipes. Albon de novo fez seu papel dentro do possível. Verstappen já estava com a corrida prejudicada, piorando ainda mais na largada ao trocar o bico e somar apenas alguns pontos.

Pérez voltou bem das férias, assim como a Racing Point, e herdou a boa corrida que fazia Stroll até Vettel aparecer no meio do caminho. Giovinazzi finalmente passou Kubica nos pontos e ameniza a pressão. Norris fez o que pode e sai com um pontinho. A Haas é uma bagunça e um fracasso em 2019. Um carro até veloz, mas que vai caindo até o final do grid de forma assustadora.

Depois do desabafo da corrida da França, a F1 vem numa sequência de grandes corridas, decididas no detalhe, deixando todo mundo tenso, atento e torcendo até o fim. Por um momento, até se esquece que Hamilton será campeão daqui algumas semanas. O engraçado é escrever que, paradoxalmente, apesar de brigar com Leclerc e Verstappen, Lewis não teve concorrentes para o campeonato, apenas para as corridas. Se melhorar isso, será a cereja do bolo.

Confira a classificação final do GP da Itália:


Até!

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

CHOVE E NÃO MOLHA

Foto: Getty Images
Com a provável possibilidade de que todo o final de semana seja chuvoso na Itália, desta vez os pilotos foram para a pista para continuar os testes ao invés daquela modorrenta volta de instalação que frustra e irrita todos que pagaram caríssimo para passar três dias em um autódromo.

Ainda assim, não é possível tirar uma conclusão. Escrevo isso enquanto chove em Porto Alegre. Leclerc foi o mais rápido nos dois treinos mas na chuva as condições mudam. Nas CNTP, a Ferrari é favoritaça para a pole, mas enfrenta um sério problema no desgaste dos pneus. Uma condição mista ou diferente favorece sempre quem está inferior naquele contexto, que no caso deste final de semana são Mercedes e Red Bull. Só lembrar do que foi em Hockenheim.

O final de semana promete ser épico, com chuva, sol ou os dois ao mesmo tempo. A Ferrari pode repetir o drama do ano passado quando Raikkonen liderou a prova toda mas no final, sem pneus, sucumbiu para Hamilton. Com a chuva, entra em questão Verstappen e o sempre imponderável de uma pista em condições úmidas. Hoje tivemos várias escapadas e batidas pois há muita dificuldade para todos em achar a temperatura ideal dos pneus.

Como é bom estar de bem com a Fórmula 1, mesmo que sejam necessário muitas coisas para que ela fique cada vez melhor.

Confira os tempos dos treinos livres desta sexta em Monza:



Até!